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A tipologia da Estação de Vitoriana era padrão à época: são dois blocos e a Plataforma no meio. A distância entre Vitoriana e Botucatu é de 16Km e o desnível entre as cidades é de 251m... É muita subida para pouca quilometragem. Assim, saindo de Vitoriana a cada 4 km tinha uma Estação para abastecer e dar fôlego para as Marias Fumaça. (Voluntários do Túnel). Página 3
DO CONDE DE SERRA NEGRA à chegada da SOROCABANA, dos primeiros imigrantes, a VILA de VITÓRIA, depois VITORIANA, sempre foi o caminho seguro para BOTUCATU, então “Boca do Sertão” por sua posição geográfica estratégica para todo o oeste do Estado até o Paraná e o Mato Grosso. As suas Fazendas de Café receberam os imigrantes, italianos em sua maioria, que vieram enriquecer a nossa região com toda a cultura milenar européia...
A ESTAÇÃO DE VICTÓRIA DA EFS ESTRADA DE FERRO SOROCABANA
Estação de Vitoriana (ex-Victória) em 2011. Foto Daniel Gentili
A localidade de Vitoriana, um distrito pouco habitado e afastado da sede do município de Botucatu, já foi um ponto importante da ferrovia Sorocabana entre os anos de 1888 e de 1954.
A linha, que buscava o centro de Botucatu para dali seguir para a promissora aldeia de Bauru (e também para a foz do rio paranaense Tibagy no Paranapanema), chegou a Victoria, nome original da estação em 1888.
Mapa da região, desenhado durante a revolução de 1924, quando os revoltosos fugiram de São Paulo
Na mesma época, a Sorocabana havia ganhado a sua Batalha de Pirro: conseguiu ficar com as linhas da Ytuana que vinham de Piracicaba por navegação fluvial através do rio Piracicaba e depois do Tietê, depois de longa batalha jurídica advinda dos famosos “direitos de zona” e ficou com as linhas férreas da concorrente que vinham de Porto Martins, no Tietê, e seguiam até a estação de Igualdade e São Manuel.
Porém, as linhas, além de terem bitola diferente (0,96 m contra um metro das da Sorocabana), eram mal construídas e teriam
de se unir com as desta última, que estavam chegando ao mesmo ponto na mesma época. Isso significava altos custos não previstos para uma empresa que já não estava bem das pernas. Finalmente, em 1892, quebrou. Daí surgiu a CUSY (Companhia União Sorocabana-Ytuana), que viveu um longo período de dificuldades até ser adquirida pelo Governo Paulista em 1905.
Victória acabou sendo a estação escolhida para juntar-se às linhas da Ytuana. Isto fez do lugarejo um entroncamento. O nome parece não ter sido nenhuma homenagem à rainha Victoria da Inglaterra, nem aos feitos da Guerra do Paraguay, mas, sim, à própria vitória jurídica contra o rival.
Mas as linhas, nem de uma ferrovia, nem de outra, eram maravilhas. Acidentes nas linhas próximas a Victória não eram incomuns O primeiro relatado ocorreu meses depois da inauguração do trecho Alambary-Victória. No fim de novembro de 1888, houve um descarrilamento em Alambary, fazendo os passageiros pernoitar ali (outro lugarejo; pergunta-se: onde se enfiava esse pessoal?). Em 4 de dezembro, outro, perto de Piramboia, onde um dos carros rodou fora dos trilhos por mais de duzentos metros, sem também deixar mortos. Os dois foram relatados pela diretoria da ferrovia como “falhas do pessoal da manutenção”.
Outros desastres devem ter acontecido. Dois foram reportados e “descobertos” por mim na imprensa. Um em 1929, quando um acidente com um trem cargueiro matou o maquinista bem próximo a Victória e outro em 1948, quando o trem noturno N-5 da Sorocabana sofreu dois descarrilamento seguidos mataram uma pessoa no primeiro, próximo à estação de Oiti, e, seguindo viagem mais rapidamente depois de conseguirem realinhar o trem nos trilhos, quase em Victória outro carro de segunda classe descarrilou, gerando mais pânico e tentou incendiar a composição.
Em 1954, com a entrega da linha nova entre Conchas e Botucatu, que mudou totalmente o traçado entre as duas cidades, Victória, que já se chamava Vitoriana desde 1945, foi desativada, junto com o ramal que seguia para Porto Martins.
De lá para cá, Vitoriana pouco cresceu. A estação, construída no mesmo estilo das estações erigidas por volta de 1911 na ferrovia (como Itararé, Angatuba, Luiz Pinto, Indaiatuba e Piapara, novo nome de Alambary), hoje funciona como escola. Bem conservada, perdeu no entanto toda a cobertura da plataforma e seus dois blocos estão separados. Trilhos, claro, foram retirados logo após a desativação já há 60 anos.
(Blog do Ralph Giesbrecht – 16/11/2014)
Estação de Alambary (hoje Piapara), em 2002 - Foto Adriano Martins
DOMINGOS SCARPELINI
O atual distrito de Vitoriana, que anteriormente se chamava Vitória, nome este que foi dado em virtude de disputa entre as ferrovias Paulista e Sorocabana para ver qual primeiro alcançaria o “pé da serra”, rumo à importantíssima cidade de Botucatu, localizada e florescente no alto da serra e daí rumo ao interior do Estado.
Vitoriana
A conquista coube à Estrada de Ferro Sorocabana e com isso a vitória alcançada. Daí o nome Vitória.
Transformada em distrito no ano de 1929, teve posteriormente seu nome mudado para Vitoriana para diferenciar do nome Vitória, capital do Estado do Espírito Santo
Durante muitos anos, ficou Vitoriana como ponta de linha da referida E.F.Sorocabana, dadas as dificuldades para vencer o trecho “Vitoriana-Botucatu” pela íngreme serra que, apesar de poucos quilômetros uma da outra, apresenta desnível de 400 metros, mais ou menos.
O problema da subida da serra só solucionou com a vinda de engenheiros ingleses, encarregados da construção da mesma ferrovia. Daí se tornar Vitoriana o local de desembarque de um grande número de imigrantes, onde eram procurados por fazendeiros de café de toda a região, para serem conduzidos para suas propriedades, em substituição ao trabalho dos negros escravos, extinto com a Lei Áurea.
Meus avós – lado paterno – com toda a família, inclusive meu pai, foram levados para a então “Fazenda São Bento”, das famílias Dinucci e Lunardi, com centenas de milhares de cafeeiros.
Juntamente com eles foram encaminhados muitos outros imigrantes, a maioria italianos e, em número menor, portugueses e espanhóis. Donde a razão, nesta região, Botucatu, São Manuel, Pardinho, Vitoriana, etc., existir, na época, total prevalência da raça italiana. Foram tempos em que a Vila passou por grande progresso. Aos sábados e domingos, os trabalhadores rurais iam à vila para as compras necessárias e, como atrativo, à Estação para assistirem à chegada de trens de passageiros com parada
obrigatória por alguns minutos, quando se ofertavam às pessoas suculentas frutas da região e deliciosos doces. Além do mais, assistiam às missas, batizados, crismas e às famosas festas em louvor à Nossa Senhora das Vitórias Importa dizer que a planta, bem como a imagem da Santa que até hoje o nicho do altar principal foram ofertas da Condessa de Serra Negra, sendo a imagem oriunda da França.
A zona rural, afora latifundiários com seus milhões de cafeeiros, já era tomada por centenas de minifúndios de propriedade de italianos que foram os que mais se adaptaram ao tamanho da terra. Dadas as facilidades e vantagens proporcionadas, inclusive pelo Governo, permitindo compras a longos prazos e juros insignificantes, milhares de imigrantes se tornaram proprietários de seu “pedaço de terra”, de onde tiravam seus sustentos e de sua família com o plantio de café e outras culturas. Foi um modelo de “Reforma Agrária” que talvez servisse de exemplo para os dias de hoje, quando tanto se tem falado sobre essa questão.
Na Vila, propriamente dita, portanto zona urbana, se estabeleceram com lojas de armarinhos, secos e molhados, etc., diversos imigrantes árabes (o Jacó, o Meserani, o Zacharias, por sinal, grande latifundiário na região e empresário). Registra-se, também, o comércio do italiano Bissacot com seu célebre armazém de secos e molhados e padaria, onde com apenas um tostão ou 100 réis, se comprava um “sanduichão” de mortadela. Fale-se, também, de seu filho Guido Bissacot, exímio violonista, autor de diversas músicas, inclusive “Sinos de Vitoriana” que , na época, foi executada pelo Brasil inteiro. Já havia, como grande orgulho, o Grupo Escolar Conde de Serra Negra.
Dentre os habitantes ou moradores da Vila, existiam duas personagens a respeito das quais muito se falava.
Uma, João Jacó, árabe, primeiro agente dos Correios e Telégrafos e dono de terras no distrito.
Outra, Chico Grandi, fabricante de forma artesanal de famosas botinas “ringideira”, feitas todas com o que de melhor havia em termos de material e altamente disputadas por
fazendeiros, administradores de fazendas e, inclusive, por pessoas da zona urbana. Davam ela “status” de poder. Só figuras importantes tinham o privilégio de calçar as referidas botinas que “rangiam” durante as passadas.
Ficou-se sabendo também que Chico Grandi era um tanto temido por fazer parte de certa sociedade secreta, adoradora do “Bode Preto”. Rumava ele semanalmente para fora do distrito, para fazer parte das sessões. Seria a Máfia? Maçonaria?
- Pela grandeza de seu coração estaria ele mais para maçonaria. Pois bem, as duas figuras acima, por motivos nunca descobertos, viviam às turras. Viviam recíproca e verbalmente se agredindo através de palavrões os mais diversos, colhido do idioma próprio da origem de ambos.
O italiano xingando o “turco” de “Testone” ( cabeça dura, cabeçudo, teimoso), “Leda Cullo” (puxa saco). “Orechione” (nojento, veado), “Malcazone” (bandido), “Maledeto” (maldito), etc. O arábe, por sua vez, não deixava por menos e sacava as suas: “Ibem Charmura” (filho da p.), “Kizeb” (mentiroso), “Harone” (ladrão), “Hasta Tirra” (cabeça dura), etc., etc. Contudo, quando alguém, se achegando do italiano, entendia de falar mal do “turco” caía no desaponto, pois era logo contido pelo italiano com advertência de que, falar mal daquele “turco”, era um direito que só a ele assistia e a mais ninguém. De outra banda, o “turco” procedia do mesmo modo, não admitindo que se falasse mal daquele “Ibem Charmuta”, o direito era só dele. Ou melhor, o direito de se maltratarem mutuamente cabia a ambos e a mais ninguém.
Geralmente a polêmica acabava com a promessa de aquele que morresse primeiro, o sobrevivente seria levado pelo morto, se possível, no mesmo dia ou então dentro do menor tempo possível.
Acontece que João Jacó acabou por morrer antes, para tristeza de Chico Grandi , fato ocorrido no dia 01/04/1958 . Exatamente sete dias depois do falecimento (07/04/58 ) de João Jacó , o velho italiano recebe a visita do velho “amigo turco”, que o encontra em sua residência muito enfermiço. Nesse instante, os espíritos se encontram e se confraternizam em um abraço tríplice e partem juntos para o Oriente Eterno , onde certamente ainda se acham. Assim, a promessa de busca ao sobrevivente se cumpre, também por vontade do G.A.D.U., que é DEUS.
A R T I G O MEU PEDACINHO DE CHÃO
Cármino De Léo Filho
Uma História / Uma Paixão / Muitas Saudades / Meu tributo a ti, Terra Querida, minha Pequena Grande e Soberana VITORIANA . . . Terra natal dos meus sonhos; cheiro de mato; de terra molhada e gosto de mel. Pés ainda a sentir a terra que os encardiam, mãos a sentir as pedras ao longe arremessadas sem destino.
Que saudade, querida... Do verde campo que encantava meus olhos ao azul do céu, que me contemplava. Ora o sol ora a lua, a protagonizarem o espetáculo diário de cores no horizonte com efeitos naturais indescritíveis. Assim eram os teus alvoreceres e entardeceres diários. Mãos a tocar a límpida e cristalina água da mina, pés a sentir a maciez da relva fria do inverno. Meu saudoso abacateiro de galhos fortes a me sustentar num balanço feito em cordas e em peripécias inimagináveis, como que longos braços a me abraçarem, a me proteger. Se terra tombada pelo homem, a frutificar, és terra tombada como patrimônio deste coração a sonhar. Doce berço onde nasci, pé de serra querido das longas procissões de Maio com o “Andor de Nossa Senhora das Vitórias” a glorificar nossas caminhadas resistentes ao sol, às chuvas ou ao intenso frio. Velas em mãos a derreterem sobre nossos dedos,
que, se queimados, eram como indulgências de nossas almas em favor do irrestrito perdão, homenageando o mês Mariano
Ao seu final, quermesse e festa da Padroeira encerravam as festividades do mês de Maria. Um “serviço fixo de alto-falantes”, fundado em 1950 (há 70 anos atrás) por seu então mantenedor, e meu pai Cármino de Léo, encerrava suas atividades diárias no coreto da paróquia voltando às suas dominicais apresentações musicais, partindo do estabelecimento comercial da nossa família, com a razão comercial Bar Central, na rua Condessa de Serra Negra (antiga Rua do Comércio, 85 - centro).
Tudo agora era triste. O sepulcral silêncio noturno tomava conta do pequenino lugarejo, das vielas mal construídas sem
conservação, sem iluminação e de trânsito impossível. Com isso, dando início à contagem regressiva para as próximas festividades da Paróquia. Saudades, muitas saudades. Consagrados deveres, devotos respeitos e sagrados hábitos, eram a tríade a sustentar nossos dias. Lá, os educadores amigos; entremeio escola e lar as filhas de Maria e congregados Marianos cumpriam seu papel, e, de outro lado, na consagrada família nossos pais a nos ensinar, pregavam seus ensinamentos para um futuro melhor. Encantos perdidos, aos dezesseis anos, chorando tive que partir para estudar. Tudo o que “Um dia aqui deixei”, inspiraram-me a te homenagear. “Eis o teu tributo” Vitoriana, Minha Terra querida; meu inesquecível pedacinho de chão; meu pé de serra querido; meu rincão florido”
12ª ESCOLA INTEGRAL!
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Integral Profª Lygia Camargo Pardini
Localizada no Distrito de Vitoriana, é a décima segunda escola Municipal de Ensino Fundamental a oferecer atendimento em regime de período integral, com cerca de 1.230 m² de área construída, conta com dez salas de aula ambiente; sala de informática; sala de leitura; sala dos professores; almoxarifado; secretaria; direção e coordenação; arquivo; banheiro de funcionários, banheiros de alunos; cozinha, despensa, depósito e um amplo refeitório.
O novo prédio abrigará cerca de 240 alunos do 1º ao 5º ano transferidos da EMEF Prof. Raymundo Cintra, que por muitos anos foi compartilhada com a escola do Estado, atendendo a alunos residentes em Vitoriana e nos bairros Porto Said; Rio Bonito; Mina; Alvorada da Barra e diversas fazendas da região.
A unidade escolar, além da grade curricular normal, de Português, Matemática, História, Geografia, Artes e Ciências, oferecerá aulas de experiências em linguagens e literatura, experiências artísticas, experiências em língua e cultura inglesa, experiências matemáticas, experiências em ciências da natureza e experiências recreativas e esportivas. (Fonte: Acontece Botucatu)
Lygia Camargo Pardini, mãe da Sra. Pida Pardini e avó do Prefeito Mário Pardini, valoriza o magistério nas
homenageada foi
primária no Grupo Escolar Conde de Serra Negra, em Vitoriana.