Diário da Cuesta
A HISTÓRIA DE BOTUCATU
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 132
SEGUNDA-FEIRA, 12 de ABRIL de 2021
O
homem só existe porque tem um passado. É o relato de como ele chegou até aqui que o faz inteiro. Sem isso não teríamos referência, não saberíamos o que somos e de onde viemos. Desde quando nós estávamos à beira do fogo e olhavamos o céu procurando direções, tinhamos noção da importância de nossa história. Os mais velhos a passavam para os mais novos em um relato oral. Daí nascia o herói, o vilão, as lembranças alegres e as lembranças tristes, daí vinha o orgulho de pertencer àquele povo. A História de Botucatu é assim, cheia de conquistas, de povos que tentaram ficar e que tiveram de partir de outros que, através de lutas e, por que não, um certo amor pelo lugar, conquistaram o direito de povoar esta cidade. Viva o povo botucatuense! Que é tão rico em seu passado, e soube assim fazer o seu presente. Incomparável.
(livre adaptação do folder /Turismo da Riotur) PÁGINA 3
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PETS EM AÇÃO Beatriz Soares Já pensou em adotar uma ovelha? Que tal? Bora lá! Muita gente gosta de pets não só de cachorros e gatos que são os mais queridinhos, mas também de outros tipos de pets como pigs, galinhas, coelhos, pôneis e por que não, ovelha? Foi o que aconteceu com o Evilásio Carneiro, de 33 anos, que adotou a ovelha Rebeca que hoje é o maior sucesso, tendo direito até a ser a estrela de um clip musical!
um criador de ovinos e pediu que quando houvesse uma ovelhinha rejeitada, que ele queria. Rebeca tem Guia de Transporte Animal e Cartão de Vacinação. Ele até viajou de ônibus pra fora do RJ com ela para conseguir toda a documentação. Apesar do apartamento ser pequeno, tem uma área grande em cima, onde Rebeca passa o dia pulando e correndo. Diariamente, Evilásio leva o bichinho de estimação para caminhar, principalmente na praia, onde ela faz o maior sucesso. “Desde que Rebeca chegou nas nossas vidas foi só alegria. Onde eu chego com ela tem aglomeração. As pessoas perguntam ‘que raça é esse cachorro’, perguntam se é um bezerro ou uma cabra” Rebeca o ajudou e muito com sua ansiedade desde março do ano passado em que perdeu o seu emprego como bancário, o que piorou suas crises. Ela toma leite na mamadeira e usa fraldas! É um charme só!
Ele, sua mãe e Rebeca moram em um apartamento de 45m². A ideia de criar uma ovelha veio depois de uma crise de ansiedade. “Eu percebi que precisava de um bichinho de estimação. E conversando com minha irmã, lembramos da infância quando adotamos a Sabrina (uma cabritinha que nasceu cega e tratamos a cegueira dela) e fomos muito felizes com ela. Daí eu decidi que queria uma ovelhinha”, disse. Foi então que entrou em contato com
Ela não pode ficar longe de Evilásio que já começa a berrar e pensando no futuro, ele planeja se mudar para uma casa, pois não se vê mais longe dela e também porque irá crescer e precisará de espaço. Então, gostou da história de Rebeca e Evilásio? Bora adotar uma ovelha também e ser feliz! DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
Rebeca não só o ajudou com suas crises de ansiedade, mas como também a se socializar, pois por onde passa, principalmente na praia, todos querem saber dela e tirar fotos. Até ganhou uma pintura em um quadro de uma artista carioca.
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A HISTÓRIA DE BOTUCATU
No ano de 1719, A Companhia de Jesus, através do Tenente Estanislau de Campos, Superior da Ordem no Brasil, partia para a formação de duas fazendas, objetivando a sustentação do Colégio de São Paulo em termos de alimentos e renda originada da comercialização dos produtos : as Sesmarias que seriam a base para as fazendas de Guareí e Botucatu. A Fazenda de Botucatu era voltada à pecuária, com currais e ranchos de moradia, sendo que sua população oscilava sempre entre dez a vinte pessoas. Por 40 anosela floresceu fornecendo carne para o Colégio de São Paulo e comercializando gado para todo o sertão. Desde o seu início até o leilão público, fruto da implacável perseguição do Marquês de Pombal aos jesuítas, a fazenda teve vida própria. OS PRIMEIROS BOTUCATUENSES nasceram na Fazenda Botucatu dos padres jesuítas, segundo pesquisa do historiador Hernâni Donato nos arquivos de Sorocaba, então Matrizde toda a região. Segundo relato de Hernâni Donatoem seu “Achegas”, a extensão da Fazenda Botucatu era grande: “...por um lado, a fazenda chegava ao Paranapanema enquanto do outro, conforme anota a doação de Campos Bicudo, tocava o Tietê. Para o sul, ligava-se à fazenda também jesuítica de Guareí”. Em 1760, os jesuítas tiveram seus bens confiscados pelo Marquês de Pombal - o todo poderoso Ministro de Portugal - e foram expulsos dos territórios portugueses e, portanto, do Brasil. As benfeitorias (currais e ranchos rústicos), os escravos (13), as 440 cabeças de gado e os 43 cavalos dos padres ficaram como a mostrar que a fazenda tinha vida própria. Os índios catequizados fugiram, assim como muito gado escapou para o sertão.
SOB O SIGNO DA CRUZ
Citada por Hernâni Donato a posição de historiadores que reivindicam para os jesuítas os méritos maiores de povoadores e remotos fundadores de Botucatu, como Plínio Airosa : “...antiga fazenda, confiscada aos padres jesuítas em 1759, aorigem do mesmo município.” Em outras palavras : Botucatu teria sido uma fazenda, uma GRANDE FAZENDA JESUÍTA e os padres da Companhia de Jesus SEUS FUNDADORES, sendo certo, por registro passado e sacramentado, que os PRIMEIROS BOTUCATUENSES nasceram na Fazenda Jesuíta. Nascida sob o signo da cruz e desbravada pela competente e elitizada ordem religiosa dos jesuítas, a FAZENDA BOTUCATUera parte de real importância no “CAMINHO DO PEABIRU”, na “TRILHA DO SUMÉ” que ia de São Vicente até Cusko, no Peru.
SURGE O POVOADO
A partir de 1830, intensificou-se o afluxo de criadores e lavradores vindos de Tietê, Sorocaba e Itapetininga. Por essa época, a região já estava posseada e dividida em quatro (4) grandes fazendas de criação de gado : FAZENDA MONTE ALEGRE(englobando nossa atual parte central e os bairros do Lavapés, Tanquinho e Bairro Alto), sendo seu proprietário o Cap. José Gomes Pinheiro; a FAZENDA RIO CLARO, pertencente ao Cap. Ignácio Apiaí; a terceira fazenda era resultante da fusão das fazendas BOQUEIRÃO e PULADOR, pertencentes ao Cap. Joaquim Gabriel de Oliveira Lima e José Inocêncio Rocha; e a quarta, a FAZENDA BOM JARDIM, pertencente a um posseiro e criador de sobrenome Marques. Todos os proprietários eram residentes em Itapetininga.
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Dos muitos nomes citados como prováveis fundadores ou benfeitores de Botucatu, fora, é claro, a presença indiscutível dos jesuítas, GOMES PINHEIRO e JOAQUIM COSTA foram os que encontraram melhor acolhida entre os historiadores. Gomes Pinheiro como doador de terras e Joaquim Costa como consolidador e incentivador do povoado. Em 1845, o Cap. José Gomes Pinheiro doou parte de suas terras, já posseadas por Costa, para que se constituísse a Freguesia. Em 1846, o Governador da Província, Manuel da Fonseca Lima e Silva, promulgava a lei criando uma Freguesia no Distrito de Cima da Serra de Botucatu, sob a invocação de Sant´Ana. Pelos meados de 1855, havia em Botucatu aproximadamente 83 habitações, das quais 40 cobertas de telhas. No dia 14 de abril de 1855, foi criado o Município, só instalado a 27 de setembro de 1858.
FORMAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
O Distrito (freguesia) de Botucatufoi criado pela Lei Provincial nº 7, de 19 de fevereiro de 1846. A 14 de abril de 1855, por força da Lei Provincial nº 18, elevou Botucatu à categoria de cidade. A Comarca data de 20 de abril de 1866, criada pela Lei Provincial nº 61. Botucatu é constituída pelos Distritos de Rubião Junior e Vitoriana.
LOCALIZAÇÃO
O município de Botucatu se localiza na região centro sul do Estado de São Paulo e ocupa uma área de 1522Km2, mesmo após o desmembramento que deu lugar à formação do município de Pardinhoe a perda do Distrito da Prata (Pratânia), que primeiro passou a integrar o município de São Manuel e, hoje, Pratânia é município autônomo. Pertenceram a Botucatu: Santa Bárbara do Rio Pardo, Lençóis Paulista, Anhembi, Bofete, Avaré, São Manuel, Aparecida de Água da Rosa, Pardinho e Pratânia. Os limites de Botucatu são com os municípios de Dois Córregos, Santa Maria da Serra, Pardinho, Itatinga, Anhembi, Bofete, São Manuel, Pratânia e Avaré
BOTUCATU
Em busca de progresso e desenvolvimento, Botucatu consegue as suas primeiras escolas, suas primeiras industrias (1º Ciclo Industrial), sua Diocese (1908), sua Escola Normal (1911), o Colégio dos Anjos - Santa Marcelina ( 1912), o Colégio Arquidiocesano Nossa Senhora de Lourdes, hoje, La Salle ( 1913), Escola de Comércio( 1919), a Escola Profissional, posteriormente Escola Industrial, em 1936. Passa por uma grande crise (1929/30) que se arrasta pelos anos 30, passa por seu 2º Ciclo Industrial (meados dos anos 50 até meados dos anos 60), com dificuldades e poucas perspectivas. Consegue, em 1962 com funcionamento em 1963 – comemorando em 2013 seu Jubileu de Ouro! -, as Faculdades Oficiais (Medicina, Medicina Veterinária, Biologia e Agronomia - FCMBB), hoje destacado Campus da UNESP, acrescido de outras Unidades de Ensino Superior como Engenharia Florestal, Zootecnia e Enfermagem. Em meados dos anos 70, tem início o seu 3º Ciclo Industrial que traz uma perspectiva sólida para seu futuro. Com uma população estimada em mais de 140 mil habitantes, Botucatu começa a representar importante polo de desenvolvimento industrial no Estado e são concretas as possibilidades de vir sediar uma Universidade Regional Estadual (Universidade Estadual Regional DR. VITAL BRASIL), moderna e ágil, tendo como base o Campus local da UNESP.
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GERAÇÕES DA CIDADANIA BOTUCATUENSE
HOMENS QUE FIZERAM BOTUCATU!
CONDE DE SERRA NEGRA
Manuel Ernesto da Conceição, foi o maior produtor de café do Brasil na Monarquia e na República, tendo sido agraciado com o título de Conde de Serra Negra pela Santa Sé. Foi casado com Maria Justina de Sousa Resende. O Conde de Serra Negra, tinha “status” e poderio econômico: tinha 15 fazendas de café no Estado de São Paulo e no Rio de Janeiro. De tradicional família paulista, era filho do Barão de Serra Negra que além de grande proprietário rural e produtor de café, era Presidente do Banco de Piracicaba, por ele fundado e benemérito da Santa Casa de Misericórdia, tendo até um bairro (Bairro de Serra Negra) em homenagem à família. O Conde de Serra Negra era genro do Barão de Valença (da família Resende) um dos maiores produtores de café do Estado do Rio de Janeiro. Dessa forma, o Conde tinha milhões de pés de café em suas fazendas no Estado de São Paulo e nas fazendas da família no Rio de Janeiro atingia o total de quase 4 milhões de pés de café. Era o maior produtor e exportador de café do Brasil. Tinha em Paris, além de sua suntuosa mansão, uma moderna torrefação com depósito e distribuição do produto na França e nos países da Europa. O Conde passava seis meses na Europa e seis meses no Brasil, visitando suas propriedades, enquanto a Condessa cumpria as suas obrigações sociais e assistenciais na Corte, no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde a família convivia com o Poder Político e com os grandes financistas paulistas. No ano de 1887, o Conde de Serra Negra mantivera seguidos contatos com o Barão de Parnaíba, Presidente (governador) da Província Paulista, obtendo a promulgação da Lei que autorizava a extensão do traçado da SOROCABANA (Lei nº 25, de 19/03/1887), até Botucatu e São Manuel... A visão de Estadista do Conde de Serra Negra, alertou o mundo oficial brasileiro para a crise do café. Antes de 1910, o Brasil começara a acusar um descontrole em sua política cafeeira, com os portos estocando cada vez mais o excedente da produção, processo que iria culminar com a crise de 1929/30. Era o fantasma da superprodução provocando o declínio dos preços e a triste realidade dos estoques encalhados de café... E o poderio econômico do Conde começava a ser implacavelmente minado... Uma a uma as fazendas iam se acabando
no acerto inadiável dos débitos assumidos e sempre honrados. Uma das últimas foi a Fazenda do Conde Serra Negra, no Distrito de Vitoriana, no município de Botucatu... Essa última perda não foi presenciada pelo Conde. Ainda bem... O PERFIL MÁGICO DO CONDE Assim, o Conde de Serra Negra, sempre sem qualquer vínculo com o mundo político oficial, continuou a “acompanhar” o crescimento de Botucatu e a evolução de sua gente: esteve com o Monsenhor Ferrari em Roma batalhando pela criação da DIOCESE DE BOTUCATU, concretizada em 1908. O Monsenhor Ferrari, grande batalhador, foi o idealizador e responsável pela criação da Diocese de Botucatu. O Conde tinha uma amizade sincera com o comerciante português Antonio Cardoso de Almeida. Pois bem, essa amizade iria levar o Conde a uma série de novas amizades, todas elas ligadas por parentesco com o chefe do clã dos Cardoso de Almeida. Assim, foi com o Monsenhor Ferrari que era cunhado de Dona Alcinda Cardoso de Almeida Ferrari. E Estevam Ferrari e Dona Alcinda tiveram um filho, Alcides de Almeida Ferrari que se formou advogado na São Francisco, tendo sido vereador e promotor em Botucatu, ingressando posteriormente na Magistratura onde chegou a Desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça do Estado. Da mesma forma, seu relacionamento com José (Juca) Cardoso de Almeida, filho de seu amigo Antonio Cardoso de Almeida, que veio a se tornar o político mais influente de São Paulo por toda a 1ª República: foi Deputado Federal e Secretário da Justiça e da Fazenda, Secretário do Interior, Secretá-
rio da Segurança Pública nos diversos governos paulistas (cujos governadores eram, como ele, formados na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco) e, no âmbito federal, foi Presidente do Banco do Brasil e Líder da Maioria no Governo de Washington Luís, sendo exilado na Revolução de 1930, morrendo em Paris, em 1931. O Deputado Cardoso de Almeida viera a se casar com Dona Ismênia Ramos de Azevedo Cardoso de Almeida, irmã do consagrado Arquiteto Ramos de Azevedo, construtor dos mais belos prédios públicos da cidade de São Paulo (Tribunal de Justiça, Teatro Municipal, Mercado Municipal e tantos outros) e, em Botucatu, é seu projeto o prédio do antigo Fórum de Botucatu. E entre tantas conquistas, a Família Cardoso de Almeida fora a responsável pela criação da Empresa de Força e Luz de Botucatu, em 1905 e, também, por sua transformação na CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz, sediada em Campinas. Em ambos empreendimentos, a atuação do Conde de Serra Negra seria marcante: ele indicou o Engenheiro Manfredo Costa para coordenação de toda a parte técnica desses empreendimentos bem sucedidos. Sim, o Conde sempre seu “dedo” colocado para a concretização de tantos ideais e para a obtenção de tantas e tantas conquistas... BIA
O GRANDE HERÓI: LAWRENCE DA ARÁ-
Mas o Conde fizera muito mais pela implantação da eletricidade no Estado de São Paulo: desde 1886, continuando em 1887, fizera várias viagens à Inglaterra para contato com financistas e com as industrias de equipamentos para usinagem de eletricidade, como geradores, turbinas, etc. O livro “Memórias de Botucatu III”, lançado em 2000, trouxe todo o histórico sobre Lawrence da Arábia, publicado em capítulos pela revista Peabiru. Mas essas viagens, com certeza, já são uma outra história... História envolvente, que trouxe progresso e desenvolvimento para o interior do Estado de São Paulo e CONSAGROU UM BELO CASO DE AMOR E DEIXOU MARCADA PARA HUMANIDADE A PASSAGEM DE UM HERÓI MUNDIAL, BENFEITOR DA HUMANIDADE: LAWRENCE DA ARÁBIA – modestamente um botucatuense nascido na CUESTA DE BOTUCATU! (AMD)