Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 134
QUARTA-FEIRA, 14 de ABRIL de 2021
“Princesa da Serra”, poema cívico de Trajano Pupo Jr. É a poesia do Centenário de Botucatu - 14/04/1955 Página 3
Miguel Reale discursa em Botucatu aos 90 anos de idade. Registro Histórico!
BOTUCATU MORADA DA INTELIGÊNCIA
Sessão Magna entre as Academias Paulista e Botucatuense de Letras. Página 2
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Diário da Cuesta
artigo
Miguel Reale discursa em Botucatu aos 90 anos de idade
O grande mestre MIGUEL REALE nos deixou a 14 de abril de 2006, aos 96 anos de idade. Mas Botucatu registrou com orgulho seu discurso no inesquecível e importante evento histórico-cultural que foi a realização da Sessão Magna entre as Academias Paulista e Botucatuense de Letras, em 2001, no Teatro Municipal “Camillo Fernandes Dinucci”. Com a presença maciça dos Acadêmicos da APL foi a primeira reunião formal realizada pela Academia Paulista fora de sua sede na Capital. Na ocasião, comemorou-se os 90 anos de Miguel Reale, homenagem prestada em nome da APL pelo Acadêmico João de Scantimburgo que fez emocionante discurso exaltando a carreira acadêmica de Miguel Reale na Universidade de São Paulo, como Catedrático de Filosofia do Direito na São Francisco, onde também exerceu a Diretoria e, posteriormente, como Reitor da USP. MIGUEL REALE: O PODER DA ORATÓRIA Aos 90 anos de idade, o acadêmico Miguel Reale estava em pleno vigor físico e intelectual. Nas palavras do escritor e membro da APL e da ABL (Academia Brasileira de Letras), João de Scantimburgo, ele “é uma das principais figuras da inteligência brasileira”. Autor de mais de 50 volumes entre artigos de jornal e tratados sociais, políticos, econômicos e filosóficos (seu campo predileto de discussão), Professor Emérito da Academia de Direito do Largo de São Francisco (USP), Reale é também um mestre da oratória. Muito aplaudido no Teatro Municipal, ele relembrou, em discurso inflamado, sua passagem por Botucatu na época da Revolução de 1932, quando ainda era um estudante de Direito (combateu como terceiro Sargento) e o Batalhão a que pertencia já estava em retirada. Após destacar a boa acolhida que teve em Botucatu, tendo pernoitado na Escola Normal, deixou claro a comprovação do grande boicote que sofreu a Revolução de 32, eis que foram encontrados, nessa noite, modernos fusis escondidos, sendo que os revolucionários paulistas tiveram que lutar com velhos fusis, sem preparo adequado e sem condições de combate... Com emoção, o grande
Quadro de Miguel Reale na Galeria dos Reitores da USP tribuno que já exercera a Reitoria da USP, a Secretaria da Justiça e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e era festejado Membro Efetivo das Academias Paulista e Brasileira de Letras, concluía o seu discurso, destacando a cidade de Botucatu e os seus intelectuais: “Botucatu cresceu, desenvolveu-se, tornou-se o que é hoje: um dos centros universitários mais importantes do país, a merecer, sem dúvida, a ser o centro irradiador da cultura universitária na área do interior. E Botucatu desenvolveu-se através de sua espiritualidade e da sua inteligência merecendo, sem dúvida alguma, que seja chamada Morada da Inteligência. E é por ser a Morada da Inteligência que estamos aqui, nós da Academia Paulista de Letras para, numa reunião conjunta de parceria com a Academia Botucatuense de Letras, realizar aquilo que deve ser o anseio e a esperança da gente brasileira: a união complementar dos espíritos, o encontro das vontades e dos sentimentos para a realização de uma grande nacionalidade. E é porque Botucatu tem esse significado fundamental de intelectualidade que eu quero encerrar estas minhas palavras com duas homenagens a homens que apreciei, que aprendi a admirar e a corresponder a um sentimento profundo de gratidão espiritual. Eu me refiro a Francisco Marins e a Hernâni Donato. Ambos dignificam e elevam esta cidade DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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a nível da legislação intelectual e cultural do maior vulto neste país. Um deles, Francisco Marins, soube compreender como ninguém o espírito e o sentimento do adolescente e enriquecer o país com literatura modelar que repercutiria lá fora como uma manifestação fundamental do sentimento brasileiro na compreensão educacional das Letras e a grandeza realizadora do Livro. E Hernâni Donato mergulhou seu espírito na história brasileira e na história paulista e, historiador das batalhas, não viu as batalhas como mero encontro de forças, mas como a significação de algo mais profundo na vivência dos valores da sociedade, de nossa gente, de nossa terra. Eu quero assim, ao terminar estas palavras, dizer: quem tem intelectuais como Hernâni Donato e Francisco Marins, merece ser sede de uma Academia de Letras e corresponder à maior expressão das Letras de São Paulo, que é a nossa Academia de São Paulo. É com isso que eu quero saudar na pessoa desses dois intelectuais a gente de Botucatu e os meus colegas confrades da Academia Botucatuense de Letras. De maneira que quero com essas palavras encerrar esse meu pronunciamento para dizer: comemoram-se os meus 90 anos. Mas o que significaram 90 anos? Significaram, apenas, o desejo de crescer em conjunto com a sociedade, ninguém se eleva acima da sociedade a que pertence. Porquanto se ele dá um passo para a frente, o povo o acompanha, o povo o compreende e ele pode, então, travar um diálogo no sentido mais profundo da compreensão, da terra em que se nasce e que se espera um dia se projetar com pleno desenvolvimento. O Brasil, no que se refere às Letras, no que se refere à arte literária, não é absolutamente um povo subdesenvolvido. Quem tem um Castro Alves ou um Machado de Assis, quem tem um Euclides da Cunha ou um Guimarães Rosa, não está na retaguarda dos povos da terra, mas, ao contrário, está à frente, cultuando os valores da beleza e realizando a arte da poesia, da pintura, como um Portinari, da arquitetura como um Niemeyer e assim por diante, também no campo da ciência, para que o Brasil possa ser como deve ser a grande expressão desse milênio, ou melhor, desse século que começa. Obrigado”.
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Diário da Cuesta
“Princesa da Serra”, poema cívico de Trajano Pupo Jr.
É a poesia do CENTENÁRIO DE BOTUCATU!
De autoria de Trajano Pupo Jr. e declamada por Marisa Pires de Campos Buchignani, foi o ponto alto da Sessão Solene Comemorativa do 1º Centenário de Botucatu, realizada no Cine Casino, no dia 14 de abril de 1955. Essa apresentação foi oficializada pela Comissão de Festejos do 1º Centenário de Botucatu. Botucatu vivia momentos de glória, ganhava seu Brasão Municipal, de autoria de Hernâni Donato e Gastão Dal Farra: era nossa simbologia heráldica que trazia a História de Botucatu. A declamadora foi a profa. Marisa Pires de Campos Buchignani, com atuação na área educacional, tendo sido Diretora da Escola Normal, Delegada Regional de Ensino e Diretora da UNIFAC. O literato e poeta Trajano Pupo Jr., Membro Efetivo e Fundador da Academia Botucatuense de Letras, colaborou com jornais e revistas de nossa cidade. A revista PEABIRU nº02, de março/abril de 1997, publicou este POEMA CÍVICO, extenso e belo, que retrata Botucatu em seus primórdios, sua gente e suas conquistas. Foi uma iniciativa que preservou a memória de Botucatu ao resgatar esta importante obra literária:
“Princesa da Serra” Certa vez, um paulista audaz, desbravador de fazendas, sonhou que havia uma cordilheira de prata de píncaros travessos, que viviam a brincar de esconde-esconde com as nuvens. E, imaginou - como seria bonita uma vila que se instalasse, sobranceira, no cimo da montanha e olhasse, bem do alto, o vale serpenteado de riachos cristalinos. Quando Deus me conceder a graça de concretizar o anseio desse sonho, chamar-lhe-ei - Botucatu : A Princesa da Serra. E um dia, rasgando a terra da natureza bruta, o homem te edificou no altiplano azulado, bem no dorso da vasta serrania. Para que enxergasses o clarão deslumbrante dos dias de sol; para que sentisses o encantamento das noites cheias de luz; para que fitasses as estrêlas, luzindo, como vagalumes doirados, pontilhando o manto do luar; abriu uma clareira - no emaranhado denso e úmido das matas em regiões impenetradas, senão pelo rastreado das feras e pela passada incerta e cautelosa dos filhos das selvas, que vinham decalcando, no acamado farfalhante das folhas mortas, as marcas transitórias das rotas do sertão. No chão da terra virgem e farta, como quem planta uma semente - plantou-te. E, para que germinasses, para que crescesses, para que florisses, para que frutificasses, plantou-te sob a égide da Cruz. Dessa Cruz que é o símbolo da Fé e a messe promissora da Esperança. Assim, nasceu a capelinha branca, no tabuleiro da serra - como se dos algodoais das roças, na promessa das colheitas, desabrochasse, para o sol da vida, um capucho alvo de algodão. Como pequeninos cristais que a pouco e pouco se aglomerassem, ao derredor de um núcleo de atração, nas suas cercanias, foram se pontilhando as casas e, com elas, se pintalgaram de vida as solidões remotas. Ao contínuo adensar do casario foi se apequenando a clareira que a mão do homem rasgara, quando cortou a cabeleira, verde e basta, da floresta bravia. E, guaritás e cedros, caviúnas e imbuias, jangadas e guaiçaras, perobas rijas, de troncos seculares, jequitibás frondosos, araruvas e araribás - tudo caiu da majestade das alturas, ao golpe rude do gume dos machados. Toras enormes, como avalanches, rolaram pela ribanceira e foram acordar,
No correr do século passado, quando a marcha do tempo entremarcava quase o meio da jornada, ao estrugir repetido dos foguetes, ao ronco dos morteiros e das salvas, o arraial, fremia, no alvorôço da sua grande festa - a chegada da Santa Padroeira.
no fragor das quedas, o silêncio tumular das grotas. No recesso das brenhas, mais uma clareira - grande e nova se abrira, ao rastilho dantesco das queimadas. Da cinza das coivaras se ergueram outras moradias. Cresceram roças de espigas, de penachos loiros, como as tranças sedosas e macias daquelas princesas encantadas que moram, no castelo doirado, do sonho dos poetas, ou imperam - soberanas no reino das fadas. E nasceram cafezais que a magia da terra, fez frutificar, em bagas amarelas, como pepitas de oiro, faiscando ao sol. E a chapada se enfeitou, em trama larga e bem viçosa, com ramas de algodão. A planta feiticeira que vem dando : o linter, o óleo das sementes, a palhada para as rezes, o resíduo do farelo que volta, como adubo, para as seáras de onde veio. Dando seiva e dando húmus. Dando força ao solo que se exáure, impedindo que se esgote no cansaço das farturas, e, possa, com a ajuda que recebe, em rebentos novos, abrir-se, ao fulgor de outras primaveras. No fraldeado das íngremes encostas, o capim recamou, em colmos tenros e macios, para o pascentar dos bois mansos e quietos, que sob a soalheira escaldante, na marcha pachorrenta dos seus passos - indo e vindo nas glebas da rechã deixavam como rastro, da longa e poeirenta caminhada, o sulco dos arados. O cantarolar alegre e satisfeito da gente do trabalho e o repicar festivo do sino da igrejinha, todas as tardes - ao esmaecer dos poentes coloridos faziam ecoar, ao embalo dos ventos, as vozes do arraial. Completava-se assim a sinfonia do cadenciado trilar dos inambus, do inervante retinir das arapongas, do gorgeio mavioso do sabiá. Do pio triste dos macucos, do estridente gargalhar das seriemas, que correndo o descampado, ensaiavam o solfejo das notas mais agudas. A natureza, anunciava, pela voz dos seus cantores, o advento das noites de luar e das estrêlas, brilhantes, pequeninas, que tremeluzeriam, como pedras preciosas engastadas, na azulada cúpula do céu. Depois... depois o silêncio. Na quietude da noite, lá no firmamento, a se destacar em brilho, as Três Marias, luzindo perto do Cruzeiro, sob o véu rendado da via-latea, lembravam monjas penitentes, a rezar, velando o adormecer da terra. E o povoado foi crescendo...crescendo, num interminável círculo vicioso : Queimadas - elevando para os céus as labaredas abriam claros, para casas e mais casas, que se erguendo das cinzas - como as Fênix iam largando as distâncias das divisas.
Em simetria, bandeirolas recortadas em papel, brancas e doiradas, purpurinas, róseas, amarelas, côr de cinza, verdes de todas as nuanças, lilazes ou azuis, alaranjadas, às centenas, pendentes dos cordéis, se entremesclavam, demarcando os contôrnos do roteiro. Lanternas de listras coloridas semelhando pedaços de arco-íris, dançavam bailados esquisitos, ao açoitar dos ventos. Palmas e coqueiros, como soldados garbosos e imponentes distendidos em fileira, guarneciam o flanco das estradas, assinalando por onde passaria - no desfile da grande procissão em andar de cravos bem vermelhos entremeados de rosas muito brancas, escoltada por fiéis de opa e de tocheiro, a Imagem da Senhora de Sant’Ana, para ser entronizada na capela da nova e florescente freguesia. O arraial, em passadas de gigante, caminhava, rumo da conquista dos foros de cidade. Aos poucos como as moças que se tornam casadoiras, foi se aformoseando. Por isso, quando a Lua, nas suas entrefases, levava o seu globo luminoso para clarear as cidades que viviam, no lado oposto do hemisfério, os lampiões postados nas esquinas, em chamas tremulantes, amarelas, brilhavam, no encarvoado denso das noites mais escuras. Cada semana que o tempo então marcava, havia no vilejo alguma nova : Chegou a professôra; o doutor advogado; o médico. Uma forja de ferreiro se instalara na rua principal. Lado a lado, na melhor das harmonias, foram se alinhando : - a botica, a loja de armarinhos, o bar e a padaria, um açougue improvisado. O turco mascateiro, vendedor de tantas bugigangas. Mais adiante, entre festas de cunho bem solene, aclamado pela gente do arraial, recebeu as boas vindas, “Seu Vigário”. O tempo, no deslizar suave das rotinas, ia arrancando, dos blocos calendários pregados em cartazes coloridos, sem esquecimentos, ao primeiro clarão das madrugadas, uma por uma, as folhas que marcavam, a sequência dos meses e dos dias. Pelo esforço do homem, tudo cresceu e tudo melhorou. As conquistas do progresso, sem a falha de uma só, se instalaram nas plagas citadinas. O primeiro trem, resfolegante, no arquejo do cansaço, como se tivesse asmáticos pulmões, veio galgando a serra vagarosamente, contornando, em coleios serpentinos, as rampas amortecidas em curvas perigosas. A reclamar, como um velho rabugento - como é longe, como é longe; Como custa p’ra chegar; Como custa p’ra chegar; Como é longe, como custa p’ra chegar. Ofegante, quase sufocado, na dispnéia do esforço das caldeiras, passou entre as rochas escarpadas, vencendo a muito custo os ásperos aclives. Quando transpôs a lombada derradeira da montanha, como se tocasse a clarinada das vitórias, anunciou, apitando longa e repetidamente Botucatu...Botucatu...Botucatu... Logo mais estacava,
entre vivas calorosos, na gare pequenina da estação da “Cidade dos Bons Ares”.
naqueles velhos edifícios solarengos. E, nos seus beirais, largos e compridos, debruçados ao longo das fachadas, edificavam a colônia de seus ninhos.
Os lampiões mortiços, sonolentos, cessaram a frouxa claridade e passaram constritados, a servir de relíquias de outras eras. A luz brotava, sem demoras, nem desmaios, clara e brilhante, no bôjo das lampadas elétricas, ao entreligar dos fios.
Por muitas primaveras, gozaram as andorinhas, do aconchêgo dos beirais. Mas...quando o velho guardião -das cousas que evocavam os primórdios da cidadedormia descuidado, confiante, o cérebro do homem renovador armou o braço do operário e demoliu... deitou por terras os antigos casarões.
No enrêdo de uma história, há sempre alguma cousa que fica para trás. A reminiscência que andara volteando os arredores da cidade, quando já trôpega e cansada, rumava para o asilo, ao passar pela pontinha que lhe marca metade do caminho, vendo tudo calmo, sem ninguém a se mover ou a falar, perguntou ao riacho que corria e que viu a cidade nascer, crescer e prosperar. - Espraiado Lava-pés, para onde foram as mulheres, as moças e as meninas, tagarelas, barulhentas, que punham nas tuas margens, o borborinho da Vida ? E aquelas cantigas lindas do coral das lavadeiras, que sempre se acompanhavam daquele bate-batendo das tábuas de lavar roupa ? E as roupas enxaguadas que estendidas sobre os verdes capinzais, iam formando desenhos de colchas de retalhos, em profusão de formas,de cores e tamanhos ? E o riacho respondeu : Chegando a água encanada, sumiram destas paragens. Com elas também se foram - o conversar barulhento, a trama das suas colchas, as côres de seus desenhos, as suas lindas cantigas, aquela imensa alegria que morava por aqui. Na toada de uma tristeza, cantando nas minhas águas que correm longos caminhos, saudoso, sempre me lembro daqueles tempos tão bons. Calou-se e a reminiscência continuou sua jornada. Tudo se foi modernizando. Com as pobres vestes antiguadas apenas sobrevive o velho chafariz. Outrora, em passeios vesperais, casais de namorados, risonhos e felizes, tomando por verdade a velha lenda - de que, a água da biquinha, radicava no lugar aqueles que a bebiam mal chegando naquele logradouro, as mãos em concha transformavam e sorviam, em goles pressurosos, a linfa cristalina. Agora, ao pôr do sol, no terreno em que mora a velha bica, é tudo solidão. Recoberta de cipós e trepadeiras, esquecida, relegada ao abandono, cumprindo a amarga sina das taperas - a fonte dos amores no triste carpir do seu fadário, deixa correr, no regaço das algas, dos musgos e dos líquens, a torrente das lágrimas vertidas, num pranto de saudade. Quando, buscando as plagas primitivas, os ruidosos bandos de taperás e de andorinhas, tornavam do vôo migratório, anunciando - no alegre cantar do seu chilreio a fuga da invernia, depois de evoluir por largo tempo, com as asas fortes dardejando o espaço, rumavam para o pouso,
Nas ruinas, como nas sombrias campas funerárias, ficaram sepultadas, com as velhas tradições, aquelas largas salas espaçosas em que havia serões em tôrno das lareiras, e, onde, nas festas da família pontificavam vultos memoráveis, vindos da nobreza augusta do passado. Derrubadas pelas mesmas picaretas, progressistas e impiedosas, lá se foram as relíquias mais queridas de outros tempos : A Igreja da Matriz, a Capelinha da Nossa Santa Cruz; a Câmara, o mercado, o coreto e tantas mais, se nivelaram ao solo, no pó das suas taipas. Do passado nos restou aquele espaço que ficou vazio, esperando...esperando pela monotonia côr de cinza do cimento armado das modernas construções Compensando a perda então sofrida das relíquias imoladas ao progresso, uma cidade grandiosa apareceu, cinzelada por artistas de uma nova geração. Cheia de escolas - a difundir ensino; cercada de igrejas - a alimentar a fé; pontilhada de oficinas - a distribuir trabalho; repleta de fazendas - a abarrotar celeiros; num aranhol de estradas - a encurtar distâncias. A prosperar e a crescer, edificando, na sua grandeza - A Princesa da Serra. Quando te vejo grande, pela glória de teus feitos; poderosa, pelo esforço dos teus homens; rica, pelo trabalho fecundo dos teus filhos; brilhando no cortejo imenso das cidades, evoco, reverente ao culto do passado, o teu singelo berço - aquela capelinha branca, como alvo capucho de algodão, que um paulista audaz, desbravador de fazendas, plantou, como semente milagrosa, que germinou, que cresceu, que floriu e frutificou no altiplano azulado dos confins da serra. Meu bravo sertanista - se ao leve sôpro de uma vida, ainda se alentasse o teu velho corpo, de há muito retornado ao pó, e, se possível fosse, reacender o brilho nos teus olhos baços, - tu verias, deslumbrado, como ficou bonita a modesta vilazinha do teu sonho, instalada, sobranceira, no cimo da montanha, olhando, bem do alto, o vale serpenteado de riachos cristalinos. E, do alto das tôrres prateadas, mergulhada no infinito, simbolizando aquela mesma Fé que te alentou, a Cruz da Catedral, imponente e majestosa, esparzindo, por sobre a cidade que se cobre das glórias centenárias, as bênçãos do Senhor ! Botucatu, abril de 1955 TRAJANO PUPO JR
Profa. Marisa e o Dr. Trajano
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COMENTA Rodrigo Scalla
A Capoterapia e seus benefícios para o corpo e saúde mental Estive no Município de São Manuel, na oportunidade conhecendo o Professor Carlos Daniel Alves também conhecido como “Fantasma” e também “Daniel Capoterapia” o qual ministra aulas de Capoterapia com Idosos, Capoeira Luta e Capoeira Pedagógica com crianças, adolescentes, adultos e idosos “não há limite de idade para participar”. Capoterapeuta, credenciado Na Capoeira se pelo Instituto Brasileiro de Capote- faz presente como rapia de Brasília – DF com REGISTRO destaque onde DE nº 476/2013. Promove eventos, quer que esteja palestras, cursos e campeonatos relacionados a capoeira e também a capoterapia, buscando através da arte a transformação social, desenvolve projetos em parceria com a Prefeitura Municipal, proporcionando melhorias e qualidade de vida. Em conversa com Daniel, relata que é convidado para realizar palestras sobre qualidade de vida, e participar de ações que envolvem o público da terceira idade e também pessoas com deficiência, buscando a inclusão social, viajando por todo o país compartilhando seus conhecimentos e adquirindo novos saberes, relatou ainda que participou de entrevistas com as emissoras de TV (SBT, GLOBO, REDE RECORD), divulgando seu trabalho como Capoterapeuta e Capoeirista. Durante a entrevista, Daniel Fantasma relata a importância da capoeira e a Capoterapia em tempos de pandemia, e os cuidados necessários com a saúde mental, haja visto que a prática da atividade física proporciona hábitos saudáveis e melhorias das poten-
Além da Capoterapia, Daniel se dedica a Capoeira
Daniel sendo entrevistado pela TV TEM NOTÍCIAS
cialidades e características psicológicas, além de contribuir com o sistema imunológico, prevenindo o contágio de doenças. Tive o prazer em conhecer o espaço onde são ministradas as atividades, onde Daniel Fantasma relatou que desenvolve suas ações há 08 anos no Centro de Convivência do Idoso – CCI Daniel, professor graduado da Capoterapia da cidade de São Manuel atendendo cerca de 250 Idosos, com o apoio da Prefeitura Municipal, buscando através desta prática auxiliar os Sua técnica é reidosos em suas articulação e músculos, conhecida pelos inúmeros prêmios além de um espaço em que os mesmos que recebeu podem se divertir através dos movimentos adaptados para sua realidade, e no CENTRO DE TREINAMENTO GUANABARA, situado no Centro da cidade, atendendo crianças, adolescentes e adultos, com a modalidade capoeira luta com treinamento Também ministra aulas no Centro de treinamento Guanabara específico visando técnicas para fortalecimento muscular, defesa pessoal, além de contribuir com a autoestima e incentivar os participantes a prática de esportes. Ainda em seu dia a dia, Daniel realiza suas funções como Supervisor Intitucional no Centro de Convivência para crianças e adolescentes de 06 a 15 anos “Projeto Luz” do Lar Anália Franco de São Manuel, sendo está uma instituição centenária, a qual desenvolve suas ações na Proteção Social Básica e Segurança Alimentar com um Banco de Alimentos, com o apoio da Prefeitura Municipal, o qual também é realizada esta prática buscando a interação e usando a capoeira educativa como forma de instrumento e intervenção para a transformação social. Contato: (14) 99124-3189 E-mail: mestrando.fantasma@outlook.com
Antes de qualquer exercícios , o professor ressalta da imMuito estimado na cidade , onde quer que ele apare- portância de aferir a pressão ça é uma grande festa ( foto de arquivo) arterial
Os exercícios ministrados para pessoas da terceira idade
Holofote social
Canal da YouTuber de maquiagens bebel real. A bebel é uma trans que ensina as mulheres a fazer maquiagem. Ganhou diversos prêmios, e também agora uma grande empresa de renome estará com ela. O que faz uma maquiagem. Transforma.
Destaque para um grande profissional da saúde Jeslei Vanni. Dedica todo seu tempo para tratar doentes da Covid e outros males. Aplausos!
Contato com este colunista: Cel.: (14) 99127-9914 rodrigoscalla623@gmail.com
Pique-pique para Andréa Manzini. Foi com muita alegria no coração que estive na linda residência do casal Júnior e Andreia para comemorar idade nova. Tudo muito caprichado e a alegria imperou nos amplos salões da casa. Em tempos de Pandemia usei máscara, afinal de contas estava entre uma família, e por sinal muito querida. Parabéns Andreia,muitos anos de vida e que Deus ilumine cada vez mais seu caminhar pela vida.
A aniversariante feliz na vida posando especialmente para está coluna com o marido e os filhos; Ana Laura Jorge Manzini, Júnior Manzini, a aniversariante Andrea de Aro Jorge Manzini e Andrey Júnior Jorge Manzini. Muitas felicidades!