Edição 180

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ano I Nº 180

SEGUNDA-FEIRA, 7 de JUNHO de 2021

“Quem troca a liberdade por um pouco de segurança, não merece liberdade e nem consegue segurança” No dia em que se comemora a LIBERDADE DE IMPRENSA, o DIÁRIO DA CUESTA apresenta o seu posicionamento firme e absolutamente INDEPENDENTE no exercício do jornalismo cidadão, na certeza de que as comunidades interioranas precisam ter voz forte e destemida na defesa da cidadania. Jornalismo Cidadão + Liberdade de Imprensa. Acho que esse é o caminho, a mídia tradicional cada vez mais se transformando, ela mesma, em mídia nova: ousada, aguerrida, investigativa, histórica/raiz e crítica dos governos que vivem a ludibriar as populações que deveriam servir e defender!

Somente dois brasileiros foram CONFINADOS no Brasil pelo Regime Militar: o ex-presidente Jânio Quadros, em Corumbá/MT e o jornalista Hélio Fernandes, em Fernando de Noronha

Carlos Lacerda liderou movimento pela libertação do jornalista Hélio Fernandes, ao mesmo tempo em que aumentava o clamor pela liberação de Jânio... Página 3


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Diário da Cuesta

EDITORIAL A importância fundamental da liberdade na mídia tem marcado a atuação de líderes democratas através dos tempos. Benjamin Franklin, considerado um dos pais fundadores dos Estados Unidos foi um dos autores da Declaração da Independência. Também fundou a Universidade da Pensilvânia, tendo sido o primeiro embaixador dos Estados Unidos na França. A sua aproximação com a maçonaria americana colaborou para a construção da primeira biblioteca pública da Filadélfia. A sua famosa frase “Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança”, repercutiu e influenciou movimentos democráticos no mundo todo e, no Brasil, passou a ter o lema de um jornal carioca, o “Tribuna da Imprensa”, inspirado em sua frase libertária: “Quem troca liberdade por um pouco de segurança, não merece liberdade e nem consegue segurança”. Carlos Lacerda, ao fundar o jornal “Tribuna da Imprensa” tinha por objetivo aglutinar democratas na fase do processo político de consolidação da democracia brasileira, em 1949. E essa bandeira democrática mobilizou movimentos por todo o Brasil. E, em Botucatu, no interior de São Paulo, um grupo de estudantes elevou a frase/lema do jornal carioca para o seu jornal estudantil: “Tribuna do Estudante”: “Quem troca a liberdade por um pouco de segurança, não merece liberdade e nem consegue segurança”. Ao fundar a Tribuna foi constituído um Conselho Consultivo composto por Adauto Lúcio Cardoso, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, Heráclito Fontoura, Sobral Pinto e Luís Camilo de Oliveira Neto. Foi animador esse lançamento com tão expressivo conselho consultivo. Após Lacerda, a “Tribuna da Imprensa” atuou sob a direção de Hélio Fernandes, aguerrido e conceituado jornalista. E todos que militamos no jornalismo defendemos o Direito à Liberdade da Imprensa. Assim, reveste-se de importância o registro histórico do jornal estudantil “A Tribuna do Estudante” que levava com destaque, acima de seu título, a frase inspirada no ensinamento de Benjamin Franklin: “Quem troca a liberdade por um pouco de segurança, não merece liberdade e nem consegue segurança”. A Direção.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


Diário da Cuesta

Liberdade de Imprensa!

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Hélio Fernandes

Exatamente isso! O corajoso e competente jornalista HÉLIO FERNANDES é, SIM, sinônimo de LIBERDADE DE IMPRENSA! Irmão de Millôr Fernandes, Hélio Fernandes foi, na imprensa brasileira, o maior crítico do Regime Militar. E pagou um alto preço por essa coragem: teve seu jornal por 10 anos CENSURADO com violência pelo Regime Militar. E, após a Lei da Anistia, teve seu jornal destruído por um atentado a bomba. Aguardou até seu falecimento a devida reparação da Justiça Brasileira. Com 92 anos , esperava receber, em vida, a reparação que lhe é devida. Somente ele e o ex-presidente Jânio Quadros foram CONFINADOS no Brasil pelos militares: Jânio, em Corumbá/ MT; Hélio Fernandes, em Fernando de Noronha. É REGISTRO HISTÓRICO! Não é fácil imaginar, hoje, o que era o confinamento de uma pessoa. Naquela época, anos negros da Regime Militar, o brasileiro confinado se tornava verdadeiro pária da sociedade. Ninguém se apro-

ximava nem da sua família... Imaginem a situação da empresa de um confinado! E no caso, uma empresa jornalística: quem iria fazer publicidade na “Tribuna da Imprensa”? Nada mais justa a indenização pedida, via judicial, por Hélio Fernandes. Esse jornal que foi um marco na imprensa nacional. E um dos poucos brasileiros a ter coragem para visitar o confinado ex-presidente Jânio Quadros, em Corumbá, foi o então vereador de Botucatu/SP, Progresso Garcia. Pegou o trem e foi, sozinho, para o Mato Grosso prestar a sua solidariedade ao político cassado e confinado, ou seja, “preso” na longínqua Corumbá. Assim, afastado e longe dos grandes centros, deixava de representar perigo aos poderosos por seu temido poder de mobilizar o povo... Agora, para a ilha de Fernando de Noronha era quase impossível a visita de alguém. O controle era muito mais rígido

O GIGANTE DEITADO

e ainda não havia pacote turístico para aquela encantadora ilha. Dá para imaginar o que passou o jornalista Hélio Fernandes, arrancado do convívio de sua família e de seus amigos e sem qualquer possibilidade de socorrer o seu jornal... HISTÓRICO - O jornal carioca “TRIBUNA DA IMPRENSA” tem tradição de luta democrática e a favor da Liberdade de Imprensa! Durante o governo de Getúlio Vargas, surgiu como um baluarte da oposição, sob a direção do jornalista Carlos Lacerda. Fez vitoriosa campanha pela moralidade pública e contra a CORRUPÇÃO que envolvia os “parasitas” de sempre dos governos constituídos. Isso nos anos 50. Com Hélio Fernandes, após a eleição de Carlos Lacerda como governador do Estado da Guanabara (Rio de Janeiro), passou a fazer, após a eclosão do movimento militar em 1964, oposição aos atos arbitrários do Regime Militar. Foi censurado, perseguido, CONFINADO e teve seu jornal destruído por uma bomba. (AMD)


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artigo Maria de Lourdes Camilo de Souza

“Ah, que teus voos sejam lindos e que os espíritos das brumas te abençoem. Que todo ser vivo seja sagrado diante do teu olhar”. Autor desconhecido

Estava pensando sobre o que escrever hoje, e a palavra me veio a cabeça era “Dançarinos”, e o lugar era o Costa Fortuna onde viajamos para o sul. Tinha vários palcos onde apresentavam grupos de músicos e, sem que os esperássemos, do

ANÔNIMOS DANÇARINOS nada eles surgiam: esses seres alados que embalados pela música iam desenhando sonhos pelo salões com sua leveza e suavidade ora apaixonados, ora dramáticos. Traziam sempre trajes especiais, sapatos bonitos mas confortáveis combinando com a roupa.E o que os destacava era a delicadeza de gestos e passos em perfeita sincronia com seus parceiros.E com os sambas, tangos, valsas, boleros nos encantavam. Até tentávamos os imitar mas, nos faltava a graça e o ritmo ás vezes. No nosso grupo tínhamos um casal que os acompanhava de perto. Pássaros da mesma linhagem, se inspiravam ao som das variadas músicas e nos fascinavam com seu movimento de asas. Anjos em vida terrena que voam aos bandos trazendo sua arte e encanto.

Migravam de salão em salão pelo enorme navio, ao som de sua própria música, alguns como passageiros, outros talvez fizessem parte da tripulação. Quando descia a noite já se podia vê-los pelos corredores, animados buscando o som da música para os embalar. Subiam escadarias e iam deixando sua magia em cada nível do navio. Muitos passageiros muitas vezes podem nem ter parado para os olhar, preocupados em irem para o Cassino arriscar a sorte, pararem no seu restaurante para o jantar, olhar as vitrines das lojas de importados, levar seus filhos nas brinquedotecas. Apenas um olhar mais atento os notava e seguia seus suaves movimentos. Anônimos dançarinos ao sabor das ondas do mar.


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