Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 186
SEGUNDA, 14 de JUNHO de 2021
13 de Junho-Dia de Santo Antônio
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Registro das festas juninas realizadas em Rubião Júnior em louvor a Santo Antônio
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Diário da Cuesta
ARTIGO
SANTO ANTÔNIO DE RUBIÃO JUNIOR Olavo Pinheiro Godoy da Academia Botucatuense de Letras - Centro Cultural de Botucatu A romaria para Rubião Júnior se fazia antigamente, mais do que hoje, em grandes comitivas. Caravanas extensas de famílias que combinavam de ir juntas e de famílias que se alcançavam pela estrada. E como era agradável esse convívio de viagem! Que aspectos interessantes os caminhos! Cobertas de flores de São João às margens dos riachos. Uma comitiva que se juntava à outra, e mais outras, engrossando o caudal da romagem. Nem mesmo as crianças faltavam a elas. E os romeiros caminhavam na poeira fina de junho, debaixo de um sol de inverno. O horizonte se arrepia de serras caprichosas, lindamente recortadas. A fumaça despeja em redor sua poeira, azul, azul. . .. Rodopiam pelas queimadas redemoinhos gigantes, erguendo alto folhas carboretadas, levando longe o cheiro de cinzas. . .
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
Quando o sol vira do meio-dia, a orquestra dos sabiás, dos pintassilgos... os pousos... Armar barracas, abrigos, improvisar bancos, mesas... Aqueles recantos da Serra de Botucatu, tão quietos, se alvoroçam de estranha algazarra: gritos de meninos, badalar de sincerros, rinchar de cavalos, cortar de machados... A festa de Santo Antônio de Rubião Júnior atrai romeiros de recantos afastados. A noite vem. Um punhado de estrelas joga no céu, coruscantes. Conversas junto ao fogo, modinhas ao violão... Tarde, enfim, tudo é repouso no quieto pouso improvisado. Mas, no encosto, os sincerros não parecem a voz esquisita de um pássaro que vigia?... Noitadas alegres e poéticas, noitadas românticas que, desaparecendo, vão deixando vivaz na lembrança do que as viveram uma saudade teimosa! A madrugada é toda cantos de passarinhos. A mata cheirosa, brilhando orvalho, cantando juritis, codornas, nhambus. Quantos mais próximos à romaria, mais frequentes as comitivas. Gente a pé, gente a cavalo, gente de garupa, gente tangendo cargueiros... Povão! A romaria ao morro de Rubião Júnior é festa dos roceiros. O espírito religioso é insofismavelmente o fator primeiro de cooperação social no interior. As promessas constituem capítulo sugestivo da festa. Ao escurecer, na capelinha, construída em estilo medieval, terminada a última função, números grupos vem cantando aos pés da imagem de Santo Antônio mal iluminada pelos “rolos” de cera, mortiços. Esta ladainha meio cantada, meio falada, se prolonga pela noite adentro, triste, triste ... A noite quase só é de rezas, batuques, voz de buzinas... O vai e vem na capela, desde os clarões da manhã, é intenso . Cheio de zum-zum é um colmeal o dia inteiro. Terminada a missa tem lugar os leilões. Os leilões contudo, não tem hoje a importância que tiveram. Decaíram. Enquanto a capelinha, toda preces, olha pelas janelinhas um olhar de devoção, outros grupos de romeiros a rodeiam cumprindo votos. Ao redor, de par com o perfume sutil de flores novas rescendem os frutos do mato. É tudo um jardim cheiroso: matos e campos.
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História da Igrejinha de Santo Antônio, de Rubião Júnior
(foto de Antônio Delmanto - 1949) A Igrejinha de Santo Antônio, de Rubião Júnior, é um dos pontos turísticos mais visitados em Botucatu. Sua história sempre teve muitas versões, algumas até fantasiosas. O certo é que a Família Frederico esteve ligada à religiosidade e à preservação histórica da Igreja e do Morro de Rubião Júnior, desde sempre.
Registro Histórico 1: Durante dez anos fui diretor do jornal VANGUARDA DE BOTUCATU (1970/1980). Em 1980, ele não acabou... Foi transformado no bi-semanário “JORNAL DE BOTUCATU”. O novo jornal surgia, bi-semanário, sem engajamento político, mas com uma linha definida de defesa da comunidade. Foi o primeiro jornal feito no “linotipo” em Botucatu a partir dos anos 70. Até 1980, os nossos jornais eram feitos no “tipo”, artesanalmente, com exceção do “Vanguarda”, sempre feito fora de Botucatu por perseguições políticas dos poderosos de então. Pois bem, em 1980, trouxemos para Botucatu a Gráfica completa do Ariosto Campiteli, de Bauru, que imprimia o “Vanguarda” e passou a ser sócio do “JORNAL DE BOTUCATU”. Ele veio com a gráfica e a família, além do Dalvo Davanço e família. Foi um grande passo da mídia botucatuense. Hoje, o “linotipo” já foi substituído pela off-set. Tudo ficou mais fácil, democratizando o jornalismo.
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gramação para o “JORNAL DE BOTUCATU” no moderno veículo do Grupo do Estadão: o “JORNAL DA TARDE”. Foi um sucesso em Botucatu.
As fotos da Igrejinha são parte do patrimônio histórico de Botucatu. À noite, o morro e a igrejinha formam um visual magnífico. E inesquecível! Todo ano, no Dia de Santo Antônio – 13 de junho! – em Rubião Júnior acontece a Festa de Santo Antônio, com quermesse, festas, barracas de comidas típicas da época e barracas para lazer, além da procissão e da missa rezada na Igrejinha de Santo Antônio. Buscamos a inspiração gráfica e de dia-
Pedimos ao professor Vinicio Aloise – Mestre da Ilustração – que eternizasse a Igrejinha de Santo Antônio, em Rubião Júnior, como logotipo do jornal. Até meados dos anos 90, permaneceu como o melhor jornal e com a maior tiragem da cidade. Circulou até 2005/6. A ilustração permanece como uma preciosidade cultural de Botucatu. (AMD)
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ARTIGO
“Festas Juninas” Maria de Lourdes Camilo de Souza Junho de 2021, mais um ano sem elas. Saudade da Missa de Santo Antônio lá na Igrejinha do Morro, com a benção dos pães. Depois a distribuição dos pães para a fartura nas mesas e a ajuda do Santo para encontrar namorado. Das quermesses, dos bingos, pastel quentinho. Depois São João, a fogueira crepitando alegre, as noites frias , lá no céu as estrelas brilhando e a lua enfeitando o céu.
Saudades das escolas cheias de crianças e jovens, e das apresentações de danças das crianças desde as mais pequeninas até os adolescentes, cada uma mais linda e animada. São Pedro na noite mais fria do ano, mas todos lá, mesmo com ponchos de lã, gorros e cachecol, luvas, todo mundo junto, coberto e misturado, rindo, comendo, bebendo, dançando e cantando adoidado. Saudade de aglomerar com família e amigos. Saudade da música alegre, animada. Saudade das roupas caipiras, calça com remendos e camisa xadrez, vestidinhos de chita com babados, cabelos em tranças amarradas com fitas coloridas. Chapéuzinho de palha, botas.
Rostinhos alegres pintados de sardas, boquinhas vermelhas sorridentes. Casais formados para a dança da quadrilha: “Olha o túnel”...Corre que lá vem chuva”... Churrasco, muita cerveja gelada, quentão, vinho quente, pipoca, arroz doce, canjica, paçoca, maçã do amor. E mais gente alegre e mais dança e calor. As barracas da pescaria e os correios dos bilhetinhos de amor. Quanta saudade contida, quanto beijo e abraço apertado, quanto encontro esperado. Um dia quando tudo isso passar, vamos marcar essa festa em praça pública e festar muito até a gente cansar.