Edição 21

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ano I Nº 21

QUINTA-FEIRA 03 de dezembro de 2020

SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DE LOURDES A IGREJA QUERIDA DA POPULAÇÃO Registro Histórico da foto: Quadro a óleo sobre tela, 42x28cm, de autoria de Gentili, pintor italiano que pintou todo o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, de 1943. Página 4

O CAMPANÁRIO DE LOURDES!

“O Centenário de inauguração do Santuário Nossa Senhora de Lourdes está diretamente ligado à história do Arcebispado de Botucatu. O Santuário teve a sua primeira pedra fundamental em 1911 e foi inaugurado em 1918. Mas é importante que os sinos voltem a badalar. Com o passar dos anos e o aumento exagerado do trânsito nas proximidades do Santuário, a torre passou a não ter condições para manter

os sinos que pesam, os três, quase uma tonelada, segundo afirmação do engenheiro Adriano Ballarin, responsável pelas obras do Campanário. O projeto da obra com 15 metros de altura e toda em concreto, simbolizando a Mãe de Jesus, ajoelhada, orando. Na base da obra terá 3 lagos em desnível, com a água caindo em cascata. Será um monumento admirado e, para

isso, será reformado o muro entre a rua João Passos e a rua Djalma Dutra, com a colocação de vidro temperado para a integração do Campanário com a revitalizada Praça Cel. Moura (Jardim do Paratodos) e para que haja uma maior visibilidade dessa linda arquitetura pela população. Frei Ismael Stangherlin, Superior dos Capuchinhos, resumiu essa empreitada: A

torre não tem condições de sustentar quase meia tonelada dos sinos, assim nós estamos programando para construir um Campanário ao lado do nosso Santuário e assim teremos a alegria de ouvir de novo o bimbalhar dos sinos”. E conclui: “O Santuário além da sua atuação religiosa faz parte da história de Botucatu. É uma obra de arte, uma joia para a cidade de Botucatu”.

SUÉLLEN ROSIM: A PRIMEIRA MULHER A ASSUMIR A PREFEITURA DE BAURU É uma mudança radical. É a velha classe política que não encontra uma interação com a comunidade. O atual Prefeito Municipal, Clodoaldo Gazzetta, não conseguiu se reeleger. O candidato que disputou o 2º turno com ela, o dr. Raul, com anos e anos de atuação política, esteve apoiando Gazzetta na eleição passada e, nesta campanha, teve um posicionamento que repetiu suas anteriores atuações. É uma mudança radical. Suéllem Rosim é jornalista

e foi repórter e apresentadora da TV TEM. Em 2018, concorreu à Assembléia Legislativa e obteve a 1ª Suplência. Agora, candidata pelo Patriotas, con-

seguiu essa brilhante vitória. Apresentamos à prefeita eleita da Cidade Sem Limites, SUÉLLEM ROSIM, os mais efusivos votos de sucesso e firma-

mos nossa posição totalmente contrária aos ataques racistas que sofreu na internet. Sucesso! Avante!


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Diário da Cuesta

artigo

CARDOSO DE ALMEIDA Um grande estadista!

Longe de nós a exaltação pura e simples do passado. Longe de nós a fuga poeirenta do dia a dia... Ao contrário, para nós, o passado é o instrumental indispensável para que cheguemos, sem traumas e excesso de erros, ao futuro. O que buscamos é o novo, a modernidade. No entanto, é necessário que se mantenha o liame, é necessário que se mantenha a unidade. A unidade histórica de uma cidade ou de sua comunidade. Passado, Presente e Futuro não são estanques. Muito pelo contrário... Na análise dos grandes vultos do passado de determinada comunidade conseguimos reconstruir o que essa comunidade foi no seu início e o papel de sua Elite no comando de seu processo evolutivo, a sua postura de liderança em termos regionais e até estadual. Ora, a Botucatu do início do século XX – o século passado! – tinha o seu Plano Diretor Municipal, tinha moderno e avançado sistema de tratamento de esgoto, tinha usina hidroelétrica própria, tinha sólido parque industrial, comércio forte, boas escolas, enfim, tinha liderança política... Essa liderança – a maior de todos os tempos! – representou uma fase áurea para Botucatu. A liderança do Dr. José (Juca) Cardoso de Almeida marcou época. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP) e cedo revelou sua vocação de político e estadista. Teve presença certa nas grandes conquistas de Botucatu à época. O prédio do Fórum (hoje, Pinacoteca) e o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes foram conquistas suas e tiveram projeto do famoso arquiteto Ramos de Azevedo (seu cunhado), sendo que para a construção da Igreja/Santuário tudo correu às suas expensas. Como Deputado Federal teve uma ativida-

de legislativa muito produtiva. Autor de várias leis, com destaque para a que criou a carreira policial, a que deu carreira vitalícia aos escrivães, a que organizou a Força Pública (Polícia Militar), a que proibiu acumulações de cargos remunerados, a que criou os Bancos Populares, a que criou a Bolsa de Café e a que fundou as Caixas Econômicas Estaduais, entre outras. Durante mais de vinte anos exerceu diferentes cargos de Secretário de Estado: foi Secretário da Justiça (Governo Campos Sales), Chefe de Polícia (Governo Bernardino de Campos), Secretário do Interior e da Justiça (Governo Jorge Tibiriçá), Secretário da Fazenda e Interino da Agricultura (Governo Rodrigues Alves), Secretário da Fazenda (Governo Altino Arantes) Presidente do Banco do Brasil (Governo Epitácio Pessoa). Ufa! Foi muito poderoso! Com a Revolução de 1930 e a subida de Getúlio Vargas ao Poder Federal, acabou exilado. Morreu, em Paris, em 1931. Revolução é Revolução e na fritura geral, até o os bons vão junto... O historiador botucatuense, Dr. Sebastião de Almeida Pinto dizia que “...o PERREPÊ, apesar dos pesares, era uma forja de estadistas e um celeiro de homens públicos...” No ano de 1995, a cidade de Botucatu comemorou o 1º Centenário do Grupo Escolar “Dr. Cardoso de Almeida”. É uma vida. É a presença positiva do passado. É o passado se fazendo presente e sinalizando o amanhã... Essa luz de nosso passado é que faz com que visualizemos, para o futuro, uma posição de destaque para Botucatu. Com a “intelligentzia botucatuense” retomando em suas mãos os destinos da cidade, propiciando o surgimento de novos e valorosos CARDOSOS DE ALMEIDA neste novo milênio. (AMD)

CENTENARIO DO SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DE LOURDES

VOCÊ SABIA? Que a Cuesta é a forma de relevo escarpada em um dos lados e apresentando um declive suave do outro? Este verdadeiro “degrau”, que popularmente era conhecido como “serra”, passou a ser conhecido pelo nome da cidade próxima da qual assume proporções mais gigantescas: Cuesta de Botucatu. A Cuesta de Botucatu marca o início do Planalto Ocidental Paulista. Ela tem, na sua escarpa, o limite físico e humano entre o leste e o oeste do estado; só o rio Tietê a ultrapassa (fenda natural); rodovias e ferrovias que a cruzam serpenteiam por entre seus patamares mais suaves para atingir o topo e, depois, deslizar suavemente em direção aos limites com Mato Grosso e Paraná. No seu topo, a suavidade de um tipo climático que talvez tenha induzido os povoadores a reconhecerem ali os “bons ares”. Assim é a CUESTA: um relevo característico de regiões mexicanas, espanholas, francesas, sul-africanas e indianas, mas a Cuesta de Botucatu tem a sua identidade; por sua história, por seu significado; inclusive porque a partir dela se internacionalizou o nome “cuesta” e por se constituir, em nossa região, o espaço mais significativo e marcante do relevo paulista, ela é, por todos os aspectos um patrimônio natural, cultural, histórico, geológico e até artístico – fonte de inspiração para muitos artistas de nossa região.

EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689 O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Inauguração do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes e da Gruta, em 08/09/1918, com a presença do Dr. José Cardoso de Almeida, Frei Modesto, Monsenhor Paschoal Ferrari e Frei Luiz Maria de Sant´Ana, orador oficial.

Lançamento da pedra fundamental de construção do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, em 11/02/1911, com a presença do Dr. José Cardoso de Almeida, do Monsenhor Paschoal Ferrari, de Dom Lúcio Antunes, Bispo Diocesano e de Freo Luiz Mari de Sant´Ana, orador oficial


Diário da Cuesta

CHEGOU DEZEMBRO

BAHIGE FADEL É daí? – pergunto. O que é que muda na história da humanidade esse fato? O que vai acontecer de diferente? Em primeiro lugar, os derrotados nas eleições vão tentar a cura de suas feridas. Uns, que nada mais fazem além de política, já começaram a planejar as próximas eleições. Só sabem fazer isso. Nunca ganharam uma eleição sequer, mas participaram de todas. Arroz de festa em eleições. Só que essa expressão – arroz de festa – já não pode ser usada com tanta frequência. Foi-se o tempo em que se jogava arroz nos recémcasados. É bom guardar o arroz para finalidades mais úteis, pois o arroz está custando ‘os olhos da cara’. Expressão estranha essa: custar os olhos da cara. Dizem que ela remonta ao século XVI, quando um comandante espanhol perdeu um olho no Peru, ao tentar conquistar riquezas para o seu imperador. Essa conquista lhe custou um olho da cara. Mas o mês de dezembro, neste ano atípico – é moderno dizer ano atípico – deve ter

outros fatos. Um deles é essa questão do coronavírus. Vão continuar falando barbaridades desse vírus. Vão continuar culpando gente. É tudo culpa do presidente! É tudo culpa da China! É tudo culpa da irresponsabilidade humana. Não vão encontrar nenhum inocente nessa história. Só vão encontrar culpados. Existem pessoas que sentem um prazer gigantesco em culpar alguém. Como se isso resolvesse o problema. Encontrar culpados não resolve nada. Só piora a situação. Fica um ambiente bélico, de ódio, uns contra os outros,

enquanto a solução fica sendo deixada para depois. Mas pode ser que nesse dezembro um início de solução de repente apareça milagrosamente. É a vacina. Qual vacina? Aí já são outros quinhentos. Melhor dizer que aí são outros bilhões. É isso aí. Já começou uma correria para ver quem sai na frente com a milagrosa vacina. E não é porque estão interessados na saúde da humanidade. Que é isso, cara pálida? Estão querendo ganhar dinheiro. Muito dinheiro. Muito, muito, muito dinheiro. Imaginem quanto ganhará o laboratório, ou a empresa que aparecer com uma vacina confiável. Às vezes, nem tão confiável. Esses empresários estão mais interessados em chegar primeiro do que na confiabilidade da vacina. Se a vacina será confiável de fato a gente saberá bem depois, quando os resultados surgirem. Mas até lá os laboratórios já terão recebido fortunas de muitos países. A vacina vai ser um grande negócio. Um negócio da China! Não é só isso que acontecerá em dezembro. Afinal de

contas, teremos o Natal. E o Natal representa um monte de coisas. Para os cristãos mais fervorosos, representa o nascimento do Filho de Deus, daquele que veio ao mundo para nos salvar. Para aqueles não tão fervorosos assim, representa pelo menos a reunião em família. Com todo cuidado possível, naturalmente. Não se pode facilitar para esse vírus que veio da China. E para os não tão fervorosos e que também não pensam na reunião da família, representa, pelo menos, a incrementação do comércio. E é um ponto positivo. Numa época de economia em frangalhos, é bom que haja um momento em que uma luz surge no fim do túnel. E o Natal, para o comércio, representa isso. Afinal, estamos em dezembro. No mínimo, estamos chegando ao ano novo. E aquela música famosa nunca foi tão oportuna: ‘Adeus ano velho/ feliz ano novo/ que tudo se realize/no ano que vai nascer./ Muito dinheiro no bolso,/ saúde pra dar e vender. Que venha a saúde, depois de um ano em que ela esteve tão cambaleante.

VOCÊ SABIA? Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial? Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo? A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial. Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada em Vitoriana. Verdade ou lenda ?!? Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes da virada do século passado?!? Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica de Lawrence da Arábia: um brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.

O GIGANTE DEITADO (ilustração de Vinício Aloise ao pé do Gigante, as Três Pedras)

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Diário da Cuesta

SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DE LOURDES A IGREJA QUERIDA DA POPULAÇÃO

O SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE LOURDES é um marco na história religiosa de Botucatu. Tudo teve início pela iniciativa de nosso 1º Bispo Diocesano, DOM LÚCIO ANTUNES DE SOUZA com a colaboração efetiva do Dr. JOSÉ CARDOSO DE ALMEIDA , importante político botucatuense que exerceu os mais importantes cargos na administração pública e, sendo cunhado do Arquiteto Ramos de Azevedo, teve destaque na construção do Fórum de Botucatu e da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes. O DR. CARDOSO DE ALMEIDA havia feito uma promessa no Santuário de Nossa Senhora de Lourdes , na França, pela recuperação da saúde de um de seus filhos. Conseguida a graça, esse benemérito botucatuense conseguiu, com apoio efetivo de nosso

fotos Cidinha Forti

primeiro bispo, a vinda dos frades capuchinhos para Botucatu. Doou a área para a construção do Santuário, conseguiu o projeto com seu cunhado Ramos de Azevedo e, sob sua responsabilidade financeira, viu transformar em realidade a construção e inauguração do SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE LOURDES.

Arquiteto Ramos de Azevedo

A pintura interna da Igreja ficou a cargo dos pintores italianos Pietro e Ulderico Gentili que a partir de 1936 realizaram um trabalho admirável. foto Adelina Guimarães

Placa na entrada do Santuário em homenagem a Cardoso de Almeida

O MAIOR BOTUCATUENSE DE TODOS OS TEMPOS As crônicas antigas do cerimonial católico conta-nos da piedade e unção do povo de Deus destas bandas comandadas por Monsenhor Ferrari, zeloso sacerdote da época. Os atos religiosos que marcavam o calendário santo tinham toda a grandeza e a poma da Liturgia de então. As várias cerimonias da Semana Santa contavam sempre com a presença fiel das autoridades enfarpeladas em trajes a rigor. A grande procissão de Corpus Christi saía, regularmente, ao meio dia, num longo trajeto. O pálio do Santíssimo, carregado pelas autoridades, tinha sempre ao seu lado um ilustre botucatuense vindo, onde quer que estivesse, para o ato religioso. Com respeito humano, na pública confissão de fé religiosa,

fazia a guarda do Santíssimo Sacramento e após, segurando uma das hastes do pálio, percorria as ruas vermelhas e esburacadas em demanda da Matriz. Esse era o então político Dr. José Cardoso de Almeida. Católico praticante, piedoso e contrito, cuja presença assegurava à Igreja sua fidelidade e ao povo seu grande e sério apoio. Foi então que Botucatu cresceu. O Dr. Cardoso de Almeida demorava-se entre os seus por alguns dias. Visitava a Santa Casa de Misericórdia do Dr. Costa Leite e o Santuário do Convento Franciscano de Lourdes de que se fizera grande benfeitor.

Na roda de amigos ouvia os justos anseios dos políticos locais. Seu apoio era inestimável. Graças a ele e aos seus trabalhos como Deputado Federal, tivemos para nós, botucatuenses, a instalação da Escola Normal Oficial, do Bispado Diocesano, o serviço de águas e esgoto, a energia elétrica e a ereção do Santuário de Lourdes de que foi o grande benfeitor. Muito trabalhou para que Botu-

catu se classificasse entre outras, como um grande núcleo educacional do Interior. Com a vitória da Revolução de 1930, ele foi exilado e morreu, um ano depois, a 6 de Outubro de 1931, em Paris. O Dr. José Cardoso de Almeida foi o maior botucatuense de todos os tempos. ELDA MOSCOGLIATO Acervo Peabiru


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