Edição 210

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ano I Nº 210

SEGUNDA, 12 de JULHO de 2021

FRANCISCO GUEDELHA:

Cidadão perfeito, Homem evangélico, Catedrático respeitável, Acadêmico dedicado, Bacharel em Teologia e Direito, Latinista e Poliglota estudioso. Páginas 2 e 3

Pardini anuncia a duplicação da Gastão Dal Farra A Prefeitura Municipal de Botucatu inicia a 2ª etapa de duplicação da Rodovia Gastão Dal Farra. Mais um importante trecho da rodovia será revitalizado, com a construção de duas pistas, acostamento, canteiro central, rotatória, calçadas e iluminação em LED. O objetivo é melhorar a distribuição dos veículos que seguem para bairros como Jardim Aeroporto, Cedro, Santa Maria, Maria Luiza, Jardim do Bosque I e II, Residencial Paratodos, entre outros, beneficiando diretamente mais de 20 mil pessoas que moram na região. Mais segurança também no acesso a equipamentos como Fatec, Hospital Estadual, Embraer e Aeroporto Municipal. “Se Deus quiser, até o fim do ano, nossa Gastão será ainda mais bela, eficiente e segura!”, afirmou o Prefeito Pardini.


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Diário da Cuesta

ARTIGO

SERMÃO DO REVERENDO DR. FRANCISCO GUEDELHA.

ANTONIO COINE Pastor da Igreja Presbiteriana Independente Central de Botucatu por muitas décadas. Hoje com o Senhor Jesus. Membro da Academia Botucatuense de Letras – Cadeira de Otoniel Mota. Você pode observar que ele era um pregador clássico, um “scholar”. A sua linha de homilias obedecia às famosíssimas regras da retórica sagrada. Linha que também segui, e ainda sigo, pois tive como professor de Homilética o seu irmão, Reverendo Professor Wilson Guedelha, Presidente da Cadeira de Pragmática na Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (1905). Aproveitamos para colocar aqui, a fim de que você possa se edificar com o esboço de um dos seus sermões. Como este, existem muitos outros esboços que merecem ser publicados para que muitos pastores, e líderes possam aproveitar para transmitir em suas congregações, estudos bíblicos, reuniões, etc.

Tema: VANTAGENS DE ANDAR COM DEUS Texto: “Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si”. (Gênesis, 5.24). Introdução 1) Talmude Babilônico, obra antiga, escrita pelos judeus, recomenda que na escolha das companhias devemos preferir as mais excelentes,

dizendo: “É melhor ser cauda de leão do que cabeça de raposa”. Pois o leão é corajoso, forte, nobre, rei e a raposa é astuta e pérfida. É melhor acompanhar o leão do que guiar a raposa. 2) Jesus, no Apocalipse é igual a “Leão de Judá”. Herodes, nos evangelhos é igual a “raposa”. É melhor seguir a Jesus do que seguir Herodes, o horrendo governador da Galileia. 3) Em nossa peregrinação há necessidade de descobrirmos quem é o nosso companheiro. Felizmente há muitos que acham ser recomendável caminharmos ao lado de Deus. Quais as vantagens? Ex: Enoque. I – APERFEIÇOAMENTO DO CARATER 1) Há forte tendência na pessoa de assimilar as virtudes e os defeitos da pessoa que admira. 2) Eurípedes, poeta grego do século V antes de Cristo, dizia: “Todo homem é semelhante à companheira de sua preferência”. Ex. marido e mulher tornam-se semelhantes. 3) Latinos: “Noscitur a sociis” = “Ele é conhecido pelo companheiro”. 4) Plutarco: “Não andes com o coxo (manco) que aprenderás a coxear (mancar)”. 5) Cervantes: “Junta-te aos bons e serás um deles”. 6) Provérbio espanhol: “Quem anda com o

lobo aprende a uivar”. 7) A companhia de Deus será sempre a melhor. II – AMPARO E PROTEÇÃO DE DEUS 1) Provérbio: “O amigo se conhece na adversidade”. 2) Quem anda com Deus recebe seu auxílio na desgraça: Exs: a) Redenção: Sem Deus? O perdão é concedido por Deus. b) No povo de Israel: Abraão - Deus disse: “Eu serei teu escudo” c) O Mar Vermelho: Alimento no deserto. d) Davi e Golias: Andava com Deus. e) Noé e a Arca: Andavam com Deus. f) Daniel e os Leões: Companhia de Deus. 3) Suaviza a morte: a) Enoque: Não experimentou a morte. b) Davi: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte...” c) O Apocalipse apresenta confortadora promessa: “Bem-aventurados os que morrem no Senhor”. d) São Paulo: “Para mim o morrer é lucro”. Ilustração: Príncipe Alberto, marido da Rainha Vitória da Inglaterra: “Tive riquezas, linhagem e poder, mas se isso fosse tudo o que possuí, como eu seria desgraçado!?” III – FINALMENTE RESULTA NA VIDA ETERNA 1) “Deus para si o tomou”. 2) Jesus: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, elas me seguem e eu dou-lhes a vida eterna”. Peroração Com quem estamos andando? Com coisas materiais? Andemos com Deus.

Posse do Reverendo Francisco Guedelha na ABL – 1973 DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

Na sede social do BTC durante o lançamento do Livro “Memórias de Botucatu”, 1990, Reverendo Francisco Guedelha com o Arcebispo de Botucatu, Dom Antonio Maria Mucciolo, do Arcebispo Emérito de Botucatu, Dom Vicente Marchetti Zioni e do Irmão Lassalista Felipe Eugênio.

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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GERAÇÕES DA CIDADANIA BOTUCATUENSE

HOMENS QUE FIZERAM BOTUCATU!

FRANCISCO GUEDELHA

CRÔNICA - Elda Moscogliato

Nênia para um Amigo, Quando forem escritas as memórias de nossa Academia Botucatuense de Letras que já caminha para os seus vinte anos de existência, ele propiciará por certo, à rotina do memoralista, a imagem perfeita do homem bom, lhano, amigo, ministro, íntegro, cavalheiro atencioso, culto, conversador brilhante, sem ofuscar contudo, seu caráter alegre, bem humorado, extrovertido. Em todos os encontros acadêmicos sua presença era a nota irradiante do companherismo jovial, descontraído e envolvente. Sua bonomia contagiante quebrava o rígido protocolo das reuniões ou assembléias, fazendo se ouvir no muito à vontade de seu aparte sempre oportuno e bem humorado espalhando a satisfação descontraída e risonha de seus companheiros e amigos. Alma cristalina de simplicidade e modéstia, sempre apto às designações de discursos ou palestras, assumia a tribuna com uma invejável naturalidade como se sempre afeito aos auditórios atentos que conquistava pela sabedoria de seus conceitos, pela eloquência de seus enunciados, pelo domínio seguro de seus conhecimentos. Oratória simples de missionário, desataviada e fluente, era sempre um mestre que ensinava, não um discursador empolgante. Sua sabedoria no entanto, tinha raízes profundas sustentadas pelo estudo constante, pela meditação vivenciada no dia a dia do apostolado a que se entregara por vocação. Todos nós os membros fundadores, temos bem viva ainda, a sua participação entusiasta nos dias trabalhosos, discutidos, quando da elaboração cuidadosa dos Estatutos que orientariam de forma objetiva e regimental a então nova Entidade. Ali estava ele, sempre presente, atento às leituras, alerta às minudências da matéria, observante na disposição dos artigos, pronto a acrescentar, a sintetizar e esclarecer os dispositivos diversos, a fim de que nada ensejasse interpretações ambíguas. Seu curriculum foi a confirmação de suas virtudes incontestes de cidadão perfeito, de homem evangélico, de catedrático respeitável, de bacharel em Teologia e Direito, latinista e poliglota estudioso.

Nascido em Agudos, para cá veio em 1944 no cumprimento de uma determinação de sua Igreja assumindo o Presbiterianismo Independente de onde veio a aposentar-se há uns poucos anos. Aqui casou-se, aqui nasceu-lhe a filha única, aqui radicou-se numa afetiva doação à terra que lhe deu, com justa honra, o título de cidadão botucatuense. Espírito ecumênico, fazia de todos o seu mundo amigável, compreensivo e bom. Tinha sempre uma palavra otimista aos que lhe rogavam o alívio das grandes aflições. A alma humana não lhe tinha segredos. Sua filosofia de vida consistia em compreender e desculpar...” (A GAZETA DE BOTUCATU - 27/09/91). “LEMBRANDO O AMIGO” Deixou-nos um Concidadão, não porém o Amigo. Sim. Amigo da primeira hora. Amigo de convivência. Amigo de todas as horas, vale dizer: Amigo sempre. Assim foi, para mim, o Pastor e Professor Francisco Guedelha. Amigo da 1ª hora. Lembro-me como se fora hoje. Não nos conhecíamos ainda. Encontramo-nos primeira vez em Medellin, por ocasião da celebre conferência do Conselho Episcopal Latino Americano (Celam). Com uma carta de apresentação nas mãos. Ele me procurava entre tantos Bispos. A um dado momento, no pátio do grande

Seminário, abordou-me perguntando: O Senhor conhece este Bispo? Mostrou-me a carta. Com a normal euforia de quem, longe da Pátria encontra alguém falando a mesma língua, respondi gracejando: “Eis o jeitão dele”. A partir de então começou e cresceu nossa amizade. Amigo de convivência. Alguns detalhes íntimos. Certa vez convidado a benzer o Almoxarifado da Sorocabana, convidei-o a compartilhar comigo. E ambos abençoamos as instalações! Ao celebrar a “Missa do Cadáver”, na Faculdade de Medicina de Rubião, por alguns daqueles cujos corpos que eram dissecados para estudo, assisti sua pregação e em seguida ele fez o mesmo, depois de me ajudar a preparar o altar para a Missa. Por ocasião do Natal ele costumava percorrer a cidade com o seu Coral, em peregrinação cantante e piedosa. Pois bem. Todos os anos entrava silenciosamente nos jardins da Residência Episcopal para cantando, desejar ao amigo as Boas Festas. E eu, acostumado a essa gentileza que tanto sensibilizava, aguardava-o ansioso para abraçá-lo como irmão, cumprimentando-o à luz das estrelas! . Quantas vezes, na Catedral o vi - honrosa presença -,homenageando-me nas minhas grandes datas. Conservo a obra de Manson “O Ensino de Jesus” com que me presenteou no meu primeiro lustro em Botucatu, enriquecida com expressiva dedicatória de próprio punho, Amigo sempre. Quando de uma enfermidade visitei-o em sua casa, trocamos ideias em termos bíblicos, e - quase sem melhor advertir, citei em latim a grande frase da amizade “Quam bonum et jucumdum habitare frates in unum”(Salmo 133,1) mas sabendo que ele, com a Bíblia nas mãos acenava o mesmo trecho “Vede como é bom e agradável habitar todos juntos como irmãos”. Não seria esta coincidência de identidade, um sinal de que o bom Deus fecundava nossa amizade para o bem? Este foi o Prof. Guedelha! Que digo? Este é o Prof. Guedelha, pois Amigo lembrado é amigo sempre presente! DOM VICENTE MARQUETTI ZIONI Arcebispo Emérito de Botucatu (“JORNAL DE BOTUCATU” - 02/10/91)


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ARTIGO

“A testemunha dos ossos” Maria de Lourdes Camilo de Souza Quando morávamos ali na Cardoso, tínhamos uma vizinha, a D. Albina, que morava num antigo casarão de esquina, e que era amiga da minha mãe. Ela sempre passava em casa para uma conversa. Nos livros de receita da minha mãe tem algumas que foram dadas por ela, e anotada como “Receita de Panetone da D. Albina”. Trocavam informações como endereços e telefones úteis. O jardineiro que prestava serviços na casa da D. Albina: o Sr. Amadeu, também trabalhava em casa e vinha uma vez por mês. Curiosamente, os nossos jardineiros sempre se assemelharam aos hobbits do Senhor dos Anéis. O Sr. Amadeu era muito parecido. Era um homem pequenino, usava óculos de lentes muito grossas. O meu atual jardineiro, o Sr. Irineu também é de baixa estatura, e traz o filho para ajuda-lo, que eu costumo chamar de “O Menino do Dedo Verde”, porque tem jeito com as plantas. D. Albina já tinha seus noventa anos, mas era completamente lúcida, muito

ágil. Muitas vezes a vi passar em casa, bem arrumadinha e alegre, algumas tardes de sol trazia um chapéuzinho na cabeça para proteger-se. Gostava de sair para fazer suas compras, muitas vezes ia pegar ônibus para ir a Vila dos Lavradores, e ia sozinha. Ás vezes quando fazia alguns quitutes trazia um pouco para minha mãe, ou vinha tomar um café e comer um pedaço de bolo em minha casa. Porque em casa, o café com bolo da tarde, sempre foi de lei. Ela tinha uma filha que morava com a família em São Paulo, e que se preocupava bastante pela mãe. Após muito insistir, conseguiu levá-la para morar em uma ótima casa de repouso onde ela pudesse ter melhor atendimento. Vez ou outra tínhamos notícias da D. Albina, que estava se sentindo bem feliz em sua nova morada. Até que chegou a noticia do seu falecimento e ela veio a ser

enterrada no jazigo da família, no Cemitério Portal das Cruzes, aqui em Botucatu. A filha veio para providenciar tudo, e colocou o casarão a venda. Passados uns anos, ela retornou a Botucatu, porque surgiu um problema referente ao túmulo da família e teria que fazer a transferência das ossadas das pessoas ali sepultadas para um outro jazigo. Como minha mãe já era falecida, ela me procurou, bem como a um outro vizinho nosso , o Sr. Ramos, para servirmos de testemunhas dessa transferência. E numa tarde de verão, fomos os três no fusca do Sr. Ramos para essa missão. Chegamos ao Cemitério e procuramos o túmulo e também o funcionário que lá trabalhava para nos acompanhar. Já tinha um pedreiro trabalhando ali, que abriu o túmulo e retirou de lá as ossadas, acondicionadas em sacos de lixo preto e amarrados por cordão. Ali fiz umas orações por suas almas e acompanhei os procedimentos. Me chocou a banalidade da situação, os restos mortais tratados daquela forma. Esse fato me entristeceu profundamente, e em minha mente relembrava as palavras bíblicas “do pó viemos, e ao pó retornaremos”. Colocar a foto da Maria de Lourdes


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