Edição 234

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ano I Nº 234

SEGUNDA-FEIRA, 09 de AGOSTO de 2021 É comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, no dia 09 de Agosto. A criação comemorativa pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1995, pretende garantir condições de existência dignas aos povos indígenas de todo o planeta. O Brasil tem na criação do Parque Nacional do Xingu, em 1961, o marco principal na defesa dos povos indígenas. A partir do argumento dos Irmãos Villas Bôas, todo o projeto de defesa dos índios teve início. O sociólogo Darcy Ribeiro foi quem redigiu o projeto, além do médico Noel Nutes e outras instituições, missionários, antropólogos e médicos. Através de decreto, o presidente Jânio Quadros (Decreto nº 50.455, de 14/04/1961) criou o Parque Nacional do Xingu. A demarcação final do Parque foi estabelecida pelo Decreto nº 68.909, de 13/07/1971, pelo presidente Emílio Médici.

O lendário Orlando Villas Boas e seus irmãos são os heróis nacionais na defesa dos índios. Página 3


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Diário da Cuesta

“Um pouco dele...”

ARTIGO José Maria Benedito Leonel

O meu pai já foi embora, na hora dele, conforme o tempo de cada um. Como acredito em Deus, agradeci a Ele pelo pai que tive. Meu pai fez o que pode por nós, sua família. Parece que ele não tinha vontade de nada para si mesmo. Sua traia de lida nunca veio de Selaria; era, sua traia de lida, cheia de pedaços, sobras, emendas, nós em pontas de cordas. Bão de laço, nunca comprô um laço. Lembro que ganhô um de um afilhado que foi prô Mato Grosso. Deve de tá, esse laço, com o Alencar, seu neto e meu filho. Se não tinha bota feita sob medida, tinha um cano de bota que cobria as botinas e protegia as canelas dos pastos sujos. O Nê Tavares, amigo de meu pai, também usava cano de botas.Ele também já foi embora e deixô tristeza lá em casa. Nunca um chapéu novo e chic, nunca uma bombacha, um pala novo. Nem mesmo uma nova bainha da faca antiga, que ele nunca largava, por precisão da lida. Mas me pôs no dedo um anel de formatura... Gozado, o meu pai foi embora, mas não me deixou hora nenhuma, dia nenhum. Ele tá em mim, na minha prosa, no meu jeito de vivê, nos meus valores. Se erro, não aprendi com ele e, pra ser justo,nem com a mãe. Possa ser eu pros meus filhos o que o meu pai foi pra mim. Sabe, ser pai é fácil, difícil é ser exemplo e merecer saudade. Simples assim.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

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O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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Diário da Cuesta

Sertanistas Botucatuenses

ARTIGO Olavo Pinheiro Godoy Da Academia Botucatuense de Letras Aproveitando o mês

de abril, dedicado aos índios, um turista recostado em cômoda poltrona do Peabiru Hotel, cerra os olhos para uma sesta. Suavemente, deixa ele rolar a memória à procura de recordações que distendam e convidem ao sono. Mas a imaginação é quase sempre caprichosa. E todo capricho, por natureza, é teimoso. As imagens que se lhe apresentam - lá sabe o turista por que - talvez em razão da bela mata que se vê ao longe - são fotos, audiovisuais, filmes que viu, em diferentes ocasiões, sobre índios, seus costumes, suas moradias, seus ritos de festa, de luto e de guerra. ​O candidato à sesta consegue escapar, por fim, a perseguição indígena, pouco propícia à distensão, e de palpebras baixadas, na insistente procura do sono, vai fazendo emergir da memória, mansa e suavemente, a lembrança dos sertanistas Villas Boas que, dos bons ares da serra botucatuense, partiram para as matas no afã de civilizar os índios. ​Lembrou que aqui também aportou para se dedicar ao seu primeiro emprêgo de médico, do Instituto Experimental Agrícola (Fazenda Lageado), o sanitarista e também sertanista Noel Nutels. Segundo depoimento do próprio Noel, que aqui conheceu os irmãos Orlando, Leonardo e Cláudio Villas Boas, foram eles marcantes em sua vida e vocação. ​Tempos depois, o Dr. Noel Nutels encontra-se com o Ministro João Alberto Lins de Barros que, depois de conseguir carta branca de Getúlio Vargas para criar a Fundação Brasil Central, espera poder desbravar e recuperar o sertão. ​O turista, repousando, dolentemente em sua poltrona, rememora que o sertão possui inimigos mortais dentre eles a malária que os espera nos charcos, pantanais eáguas paradas. Independente do homem que chega ou sai. É mal de tocaia. No sertão e no mundo todo. Não é como a tuberculose, mal adventício, pelo menos para o habitante legítimo da selva, seu dono de muitos séculos. Vem na companhia do desbravador. É companheira das injustiças e incompreensões dos que estão chegando. E, os irmãos Villas Boas sabiam disso

tudo. Enfrentaram e sofreram os ataques da malária na defesa de seu ideal maior. ​Nosso turista se distende. Sente que sono se vai acercando. Mas, por seus ouvidos adentro penetra os sons da mata numa lembrança distante. Corria o ano de 1949 e o Ministro João Alberto nomeia Noel Nutels médico da expedição RONCADOR-XINGU, então confiada aos irmãos Villas Boas. Os Villas Boas penetram no sertão de Mato Grosso ao norte do estado, numa zona de transição florística entre o Planalto Central e a Amazônia. A região toda ela plana, onde predominam as matas altas entremeadas de cerrados e campos, é cortada pelos formadores do Xingu e pelos seus primeiros afluentes da direita e da esquerda. Os cursos formadores são os rios Kuluene, Ronuro e Batoví. Os afluentes, os rios Suiá Missú, Maritsauá-Missú, Uaiá-Missú, Auaiá-Missú e Jarina. ​Segundo os irmãos Villas Boas, antes mesmo de ser criada a Expedição Roncador-Xingu, em 1949, já, em 1946, eles haviam chegado aos formadores do Xingu e, os seus povoadores indígenas eram, nas suas várias práticas e costumes, estritamente os mesmos encontrados pelo etnólogo alemão Karl von den Steinem, em 1877, em sua expedição etnográfica. Era idêntica a distribuição das aldeias na região, o mesmo intercâmbio e relações entre elas; a mesma índole pacífica, a mesma hospitalidade, curiosidade, traduzindo-se, ao contato com estranhos, nas atitudes ingênuas e amistosas que tanto impressionaram o explorador alemão, mercendo dele o mais minuciosos e expressivo registro. ​A presença dos irmãos Villas Boas seria uma continuação do serviço de proteção ao índio criado pelo governo em 1910. Um dos grandes idealizadores desse serviço foi, sem dúvida, o Marechal Rondon que sensibilizado com a situação telegráfica, sem empregar a força, conseguira contatos pacíficos com os índios dos territórios atravessados pela linha telegráfica. ​Orlando, Leonardo e Cláudio Villas Boas concretizaram o novo tipo de política indigenista: os índios passam a ter o direito de viver segundo suas tradições, sem ter que abandoná-las necessariamente; a proteção é dada aos índios em seu próprio território, pois já não se defende a idéia colonial de retirar os índios de suas aldeias para fazê-los viver em

Os irmãos Orlando, Cláudio e Álvaro Villas Boas. no destaque, Leonardo Villas Boas, o mais velho e que faleceu primeiro

aldeamentos construídos pelos civilizados; fica proibido o desmembramento da família indígena, mesmo sob o pretexto de educação e catequese dos filhos; garante-se a posse coletiva pelos indígenas das terras que ocupam e em caráter inalienável; garante-se a cada índio os direitos do cidadão comum, exigindo-se dele o cumprimento dos deveres segundo o estágio social em que encontra. ​Ao lado de Darcy Ribeiro, Heloisa Alberto Torres, José Maria da Gama Malcher e do General Rondon, os irmãos Villas Boas vão conversar com o Presidente Vargas para a criação do Parque Nacional do Xingu. Tudo inútil. O parque só seria criado mesmo no governo de Jânio Quadros, em 1961 e, aumentado em sua dimensão, em 1968. ​O turista volta a divagar: Na tribo dita selvagem, não há mandões, nem chefões. O cacique é tão só um líder-conselheiro. Tudo se resolve com o consenso de todos. É uma democracia plena. Não há entre os índios, fazendeiros nem colonos, patrões nem empregados, proprietários nem marginalizados, ricos nem pobres; não há leis, regulamentos, repartições, taxas, impostos, toda esta inferneira que você conhece. Em suma, nada há do que divide, hierarquiza e jugula. A espontânea nudez de ambos os sexos é completa, ou quase tanto. Todos andam inteiramente à vontade pela selva, procurando petiscos para comer: peixe, ave, besouro ou fruta. De volta, repartem com as famílias tudo que pegaram. Ninguém que ser mais do que ninguém, nem pensa muito no dia de amanhã. É, enfim, o paraíso na terra. ​Em entrevista à revista Visão (10/02/1975), Orlando Villas Boas disse: “Se um índio der um tremendo berro no meio da aldeia, ninguém olhará para ele, nem irá perguntar por que ele gritou. O índio é um homem livre”.

Casal Agnelo e Arlinda Villas Boas e filhos: Nelson e Orlando (ao lado do pai), Arlinda Lourdes segurando Álvaro, Cláudio (sentado) e atrás Acrísio. Leonardo (na frente) e atrás, Erasmo.


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Diário da Cuesta

A R T I G O “Os meninos que vendiam canetas” Maria De Lourdes Camilo Souza Dia desses ao entrar em uma grande loja da cidade, perto da escada rolante, ao chegar em frente ao rapaz que tirava a temperatura, e apesar da máscara e dos meus cabelos brancos, ele me reconheceu e também a Regina, amiga querida que me acompanhava. Eu não o reconheci, e enquanto ele falava conosco, ele disse que se lembrava da gente lá da UNESP. Foi uma surpresa e uma emoção encontrar e saber que se lembrava de mim também. Depois Regina foi me contando a estória dele. E mais tarde fui me lembrando. Ele devia ter uns 10 anos na época que eu trabalhava lá. Morava com a família ali em Rubião Junior, e ia pelo lado externo, até os janelões da nossa seção administrativa , levando um irmãozinho com ele, para vender can etas e ganhar um dinheirinho. As vezes traziam também sacos de biscoitos de polvilho, chaveirinhos e outras miudezas. Apesar de seu problema de audição e seu falar tipico, se dispunha em ajudar a família pobre e levava consigo o irmãozinho. Agora já um adulto continua trabalhando. Impossível não se emocionar ao ver um exemplo desse. Hoje bem cedo ao ligar a TV no SBT, vi uma reportagem apresentada por uma moça, mostrando um vídeo, onde uma gangue de moleques talvez um pouco mais velhos, assaltavam uma loja. A mãe de um deles viu o vídeo reconheceu seu filho como um deles, procurou a mãe de um outro menino que participava

do assalto, amigo de seu filho. Foi convencê-la a irem até a polícia para entregar os filhos. Com muita tristeza deu-se conta que para o bem do filho tinha que fazer isso. E o menino, chorando, admitiu sua culpabilidade, dizendo que estava sob o efeito de drogas. Fiquei muito triste ao ver a situação de meninos tão novos já nesse caminho. E me lembrei daquele menino que apesar de sua deficiência, já trabalhava e levava seu irmãozinho para o bom caminho.

Rua José Dal Farra, 493 - Vila dos Médicos - Botucatu - SP - E-mail: femmena@clinicadelmanto.com.br

Praça do Bosque (Botucatu)

você sabia? Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial? Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo? A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial. Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada Vitoriana. em

Verdade ou lenda ?!? Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes virada do século passado?!? da Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica Lawrence da Arábia: um de brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.

GRANDE CAMPEÃO DA F 1 - foi o primeiro/abriu o caminho!!! Emerson Fittipaldi foi o primeiro brasileiro a se tornar campeão mundial de Fórmula 1. Foi bicampeão em 1972 e 1974, campeão (Fórmula Indy), em 1989 da CART e bicampeão das 500 milhas de Indianápolis em 1989 e 1993! Leia “Clã Fittipaldi: uma família que tem carros de corrida e motor nas veias” - Página 4

Felipe Massa & O Tsunami do Azar...

Felipe Massa e o grande Pentacampeão da Fórmula 1, Schumaker, no Vale do Sol. PÁGINA 2

Fotos: Rodrigo Scalla

INI – Na pági– DINUCCI & PARD RO DE BOTUCATU família PARDINI com Botucatu. ORES DO FUTU da OS CONSTRUT profundas raízes ico que traz as em uma na 3, leia o histór sua folha mãe que busca da”) um pingo d’água “Cuesta Rasga tica através de na quarta página Uma viagem fantás Cuesta de Botucatu... (leia da Embaúba no cume

AS LOJAS DO COMÉRCIO ENFEI TAM SUAS VITRINES PARA O NATAL !

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EMERSON FITTIPALDI

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QUARTA-FEI RA 09 de dezembro de 2020

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ue a sua reePardini conseg ipal de O prefeito Mário à Prefeitura Munic i leição (2020/2024) início da campanha, Pardin o Botucatu. Desde na preferência do eleitorado vinha despontando vo da SABESP, teve destaExecuti . frente 35 mubotucatuense dade positiva à i enfrenque por sua capaci Pardin to, te seu manda tu nicípios. Duran ram em Botuca ções que ocorre tou as inunda os generalizados pontes e estrag com queda de tar a pandemia teve que enfren o e, em sequência, tu acompanhou ... Ufa... Botuca capacitada do vírus chinês de uma equipe frente à o conOU a sua seu trabalh Municipais, RENOV e, nas Eleições O ELEITO ! fiança! ELE É

ano I Nº 26

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Diário da Cuesta

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RAUL TORRES é um orgulho para Botucatu. Faz parte do TRIO DA MÚSICA RAIZ: ANGELINO DE OLIVEIRA, RAUL TORRES E SERRINHA. Praticament e região a CAPITAL DA MÚSICA e, fazendo de Botucatu CAIPIRA ou MÚSICA RAIZ! Com estátua na Praça do Bosque, Raul Torres tem resgatado o seu OUTRO LADO MUSICAL: do SAMBA RURAL ou SAMBA DO INTERIOR. O original e excelente TRIO GATO COM FOME, resgata com muito brilho dez sambas de Raul Torres, no álbum EM BUSCA DOS SAMBAS DE RAUL TORRES. Botucatu não poderia ficar desconhecendo esse lado musical de Raul Torres e com o também. Ver matéria completa qual fez muito sucesso, na página 2

Amanhã, 15 de novembro, é dia de Eleição Municipal e é, também, feriado da Proclamação da República. Em Botucatu são 321 seções eleitorais no Município de Botucatu e são 101.025 eleitores. O Chefe do Cartório Eleitoral da Comarca de Botucatu, Igor Ignácio, destacou algumas recomendações para o dia de amanhã: o horário de votação tem 1 hora a mais, começa h. e vai até as 17h., sendo às 7 que os eleitores com mais de 60 anos terão preferência nas 3 primeiras horas. Essa preferência é por todo o dia das eleições. res doentes, deficientes Eleitoou grávidas também terão preferência. Será seguido o Protocolo to social e o uso de álcool de Segurança, com distanciamengel obrigatórios em todas além do uso de máscara. O TRE recomenda que cada as seções, portador de sua própria eleitor seja caneta para assinatura e até para teclar os números na urna. Recomenda também que o leitor leve cumento com foto. doO TSE lembra que o voto é obrigatório. Só não é para os analfabetos, os maiores de 70 anos e nem obrigatório para os maiores de 16 e menores de 18 anos. Quem não puder votar deverá justificar no mesmo eleição, podendo fazê-lo dia da pelo aplicativo e-Título, tendo também 60 dias para fazer a sua justificativa.

Diário da Cuesta

Nº 06 SEGUNDA-FEIRA de 2020 16 de novembro

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SÁBADO DOMINGO 14/15 de novembro de 2020

RNO COMO VOCÊ

E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

RAUL TORRES E O SAMBA RURAL

Nº 05

a Diário da Cuest

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE

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