Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 240
SEGUNDA, 16 de AGOSTO de 2021
16 de Agosto Dia do Filósofo
Dedicado a reflexões e questionamentos sobre a sociedade, política, ética, religião e os mais diversos temas relacionados a vida, o Filósofo tem sua data comemorativa celebrada anualmente no dia 16 de Agosto. Considerado o primeiro filósofo ocidental de que se tem no�cia o grego Tales de Mileto (cerca de 625a.C. – 558 a.C.) deu inicio a formulação de pensamentos sistemáticos, construídos por meio de bases racionais. Seu trabalho gerou a corrente filosófica dos pré-socráticos (filósofos que antecederam Sócrates). Os filósofos utilizam, como ferramentas para embasar e expressar as suas ideias, argumentações lógicas e análises conceituais. Entre os principais nomes da filosofia, destacam-se Aristóteles, Platão e Sócrates, este último consagrado por muitos autores como o “pai da filosofia ocidental”.
Olavo de Carvalho, o Filósofo da Direita Brasileira que abala as estruturas... Página 3
“O Mercador de Ceuta e a refugiada marroquina” Uma refugiada marroquina encontra o seu amor em Ceuta... Tudo é exótico e envolvente. Assim, Maria De Lourdes Camilo Souza – a Cronista de Botucatu! – desenvolveu esta novela apaixonante. Página 4
2
Diário da Cuesta
Gesiel Jr. da ABL – Academia Botucatuense de Letras DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
3
Diário da Cuesta
Olavo de Carvalho, o Filósofo da Direita Brasileira que abala as estruturas...
Ignorado nas universidades do país e tido como guru da direita nas redes sociais e nos partidários do Presidente Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho é, hoje, a maior expressão da intelectualidade brasileira. A medalha recebida de Flávio Bolsonaro em 2012 marcou o início da relação do filósofo com o clã Bolsonaro. Recentemente, em entrevista à “Gramática On-line”, Olavo de Carvalho deu as seguintes respostas às perguntas feitas: Atualmente, as faculdades em geral formam realmente filósofos? Ou são só professores de Filosofia? — Ninguém pode dar o que não tem nem ensinar o que não sabe. Não há um só filósofo no nosso meio acadêmico, e a prova é que esse meio rejeita, por medo e preconceito, todo filósofo autêntico que apareça dentro ou fora dele. Dizer que uma Marilena Chauí, um Leandro Konder sejam filósofos é um ultraje à filosofia. A primeira é uma professora de ginásio, o segundo é um propagandista barato. Mas é só esse tipo de gente que a universidade aceita. Já o Villém Flusser, um gênio espantoso, acabou desistindo do Brasil e foi publicar seus livros na Alemanha, onde imediatamente foi reconhecido como um dos pensadores mais originais das últimas décadas. No Brasil aqueles entojadinhos da USP faziam pouco dele, empinavam o nariz diante dos seus escritos porque eram publicados em jornal – como se Gabriel Marcel ou Ortega y Gasset também não tivessem sido eminentemente jornalistas. Mário Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva também foram postos para escanteio, e até Miguel Reale, reitor da USP, era discriminado dentro da sua própria universidade. Agora, com quarenta anos de atraso, a USP decidiu absorver o prof. Reale, concedendo ao mestre um lugarzinho modesto ao lado de quinze micos na coletânea Conversas com Filósofos Brasileiros, na qual ele é obviamente o único filósofo presente. Ora, esses quatro nomes – Flusser, Reale e os dois Ferreiras – perfazem o essencial da filosofia brasileira deste século – o que vale dizer que a filosofia esteve rigorosamente fora da universidade, por obra de medíocres e invejosos que se empoleiraram como urubus nas chefias de departamentos. O que a universidade brasileira tem feito contra a filosofia é simplesmente criminoso.
Gramática On-line – Nota- se que há muitas faculdades de Filosofia (e Letras) espalhadas pelo país. Essa proliferação de faculdades é boa ou ruim para o ensino qualitativo da Filosofia? — É péssima. Quanto mais gente falando do que não entende, mais confusão, mais empulhação, mais verbalismo oco vai circular pelo país. A filosofia universitária no Brasil só vai começar quando o MEC ou instituição similar fizer uma edição padrão dos escritos daqueles quatro grandes pensadores e a distribuir como leitura obrigatória em todas as faculdades. Não pode haver ensino da filosofia senão com base numa filosofia vivente. Gramática On-line – Pode- se dizer que hoje em dia há grandes pensadores, como Sócrates, Platão, Santo Agostinho, etc.? — Eric Voegelin e Xavier Zubiri superam todos os demais pensadores da segunda metade do século XX. Gramática On-line – Quais são seus autores favoritos (da filosofia e de outras áreas)? — Em filosofia, Aristóteles, Leibniz, Sto. Tomás, Schelling, Husserl, Voegelin, Zubiri, Lonergan, Éric Weil, Louis Lavelle. Na literatura, Dante e Shakespeare, Dostoievski e Stendhal, Camões e Camilo, Manzoni e Scott, Pío Baroja, Thomas Mann e Jacob Wassermann, Antonio Machado, Apollinaire, T. S. Eliot e William Butler Yeats. Mas gosto também muito de ler historiadores – meus prediletos são Taine, Huizinga e Oliveira Martins – e obras de psicologia, principalmente as de Viktor Frankl, Lipot Szondi e Maurice Pradines. Nas ciências sociais, Weber e Ludwig von Mises. Em religião, além da Bíblia, do Corão e dos Upanishads, releio sempre a Legenda Dourada de Giacomo di Varezzo, um livro
que me parece ter certos dons miraculosos. Sou aficionado de temas islâmicos e retorno sempre aos livros de Ibn Arabi, René Guénon, Henry Corbin, Frithjof Schuon, Titus Burckhardt, Seyyed Hossein Nasr. Adoro as polêmicas de Chesterton, de Bernanos, de Nelson Rodrigues. Gosto também de livros de memórias e depoimentos, sobretudo de políticos, agentes secretos e criminosos que um dia envelhecem e perdem o medo de contar o que sabem; mas também relatos de vidas extraordinárias: meu preferido desde a infância, relido com encanto crescente de tempos em tempos, é Hunter, de John A. Hunter (uma coincidência de nome e profissão): memórias de um caçador de leões e elefantes, certamente o melhor livro de psicologia animal que alguém escreveu antes de Konrad Lorenz. Importante destacar que a aversão de Olavo de Carvalho aos “filósofos da Academia” é recíproca: O desprezo parece ser recíproco nas faculdades brasileiras, onde a obra de Carvalho é praticamente ignorada ou tratada como algo sem valor científico. «Na minha geração e entre os meus colegas ninguém leu Olavo de Carvalho. [Ele] é absolutamente irrelevante do ponto de vista filosófico”, afirma José Arthur Giannoti, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) e membro fundador do Centro Brasileiro de Análise e Plenajemento (Cebrap). “Não tenho nenhum interesse em ler o Olavo de Carvalho, a não ser [para] explicar como é que a nova direita o tenha como um ídolo e que tanta gente no Brasil seja influenciado por ele”, acrescenta. Sobre sua influência no Governo de Bolsonaro, Olavo de Carvalho argumenta: “Essa influência que eu exerci está explicada em uma frase de Soljenítsin: “O grande escritor é como se fosse um segundo governo”. Entende porque eu não quero nenhum cargo público? Porque eu já sou esse segundo governo. A influência intelectual é uma coisa, assim, que transcende e engloba a política. E eu já estou nesse posto e estou muito contente com ele. Era o que eu queria ser quando crescesse. Já cresci e já sou”.
4
Diário da Cuesta
ARTIGO
“O Mercador de Ceuta e a refugiada marroquina” Cap.3 MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA
Rodrigo estranhou a loja do seu conhecido. Não tinha letreiro, e parecia mais uma casa abandonada, perguntou sobre ela a um homem que passava se a conhecia. Como recebeu resposta negativa, ligou para o Sr. Sanchez ali da calçada e um homem mal encarado veio até ele e o levou até um portão pequeno que dava para um corredor escuro, no fundo dele um jardim mal cuidado, de uma beleza selvagem, no meio dele uma fonte jorrando água, em frente uma porta de vidro. O segurança abriu e porta para Rodrigo e pediu-lhe que entrasse e aguardasse um pouco. Era uma sala agradável, tinha móveis de madeira escura antiga, tapetes, e janelas torneadas de estilo mourisco. Em seguida um senhor baixinho, careca com enormes sobrancelhas e um vasto bigode veio ao seu encontro sorrindo com os olhos. Deu-lhe um cordial aperto de mãos e o convidou a se sentar, perguntando se aceitava algo de beber. Rodrigo aceitou um café e depois de algumas amenidades de Ceuta e o vôo de chegada, entrou uma senhora com a bandeja do café. Ela os serviu em silêncio e em seguida se retirou, fechando a porta de comunicação. Começaram as negociações, que se estenderam até o horário do almoço. O Sr. Sanchez convidou Rodrigo para passarem ao comedor. Era uma sala de refeições muito agradável e enorme mesa estava posta para os dois, visto que o Sr. Sanchez era viúvo e não tinha filhos. Comeram uma salada de folhas e pulpo á gallega degustando um vinho branco. Após a sobremesa de frutas e queijos, tomaram um café. Voltaram então ao escritório e finalizaram as negociações, não sem antes fazerem uma visita ao antiquário do Sr. Sanchez que tinha lindas peças de marchetaria, esculturas soberbas, quadros magníficos de pintores renomados. Já era umas 16 horas quando Rodrigo despediu-se do Sr. Sanchez que ofereceu-lhe o motorista para levá-lo ao Luxury Hotels, onde sempre se hospedava. Visitando a mesquita, Aisha misturou-se aos outros e fez suas orações da Dhur. Percebeu que as pessoas a olhavam curiosas. Ao terminarem as preces do meio dia, foi falar com o imamo , encarregado de dirigir as preces. Esperou pacientemente que ele falasse com as pessoas e depois dirigiu-lhe a palavra. Contou-lhe sua situação de refugiada e pediu-lhe ajuda. Ali, o imame, ouviu-a atentamente. Depois levou-a até uma mulher, e pediu-lhe que ajudasse a Aisha. Quando elas iam saindo da mesquita, ela viu dois guardas que caminhavam pelos jardins conversando com dois homens que apontavam para ela. Aisha misturou-se as pessoas, cobrindo o rosto com o véu e começou a voltar lentamente buscando um jeito de fugir. Escondeu-se atrás de uma árvore frondosa e depois conseguiu chegar perto de um dos muros, e pulou para o outro lado e fugiu correndo rua abaixo. Correu muito, depois quando se sentiu mais segura caminhou muito até um belissimo lugar, La Ensenada de Los Galápagos. Misturou-se aos turistas que por lá passeavam. Encontrando junto a um muro algumas sobras de umas empanadas
e metade de uma garrafa de água abandonadas. Estava muito faminta. Agradecendo a Alá, comeu rapidamente e vendo um lugar á sombra sentou-se para descansar. Acabou adormecendo, devido á exaustão. Acordou quando era noite já, sendo sacudida por um homem. Assustada tentava desvencilhar-se e fugir. Percebendo tratar-se de um pesadelo, acomodou-se melhor e voltou a dormir, chegando-se mais perto das pedras do que parecia uma antiga fortaleza, tendo a lua e as estrelas por testemunha. Depois de uma noite agradável no Hotel, Rodrigo resolveu dar um passeio por alguns pontos turísticos de Melilla e despedir-se do amigo. Seu vôo de volta a Ceuta estava agendado para o final da tarde. Pediu um táxi e foi até a Coleccion de Arte Sacro y Cuevas del Conventico, pois a arte sacra o encantava. Ficou por lá entretido, mirando todos aqueles belos artefatos, até a hora do almoço, e na volta passou pela Ensenada dos Galápagos. Desceu em frente a Ensenada e foi rever aquele belo lugar. Estava andando por ali absorto quando chocou-se com uma mulher que corria em fuga rumo a saída, seguida pela guarda. No encontrão ficou muito próximo do corpo dela e o perfume da mistura do óleo de argan e especiarias inundou seus sentidos, e seus olhos encontraram os de Aisha. Você? la olhou firme nos olhos dele o reconhecendo mas, Rodrigo precisou segurá-la, pois foi perdendo os sentidos e caindo em seus braços. Os guardas vendo a cena pararam perto perguntando a Rodrigo se ele a conhecia. Rodrigo pediu-lhes ajuda e chamaram uma ambulância, levando Aisha, e Rodrigo acompanhou-a até o hospital. Aisha estava muito desidratada e completamente exausta. Rodrigo comovido segurava sua mão fria e inerte, muito preocupado com a sua palidez. No hospital injetaram-lhe soro e ela após umas horas começou a se recuperar. Rodrigo permaneceu com ela até que abrisse os grandes olhos. Ela muito amedrontada pediu que ele não a mandasse de volta para o Marrocos. Ele garantiu que não permitiria e ela mais tranquila voltou a dormir. Rodrigo ligou para a empresa aérea e mudou seu vôo para o dia seguinte e comprou mais uma passagem para Aisha. Sentia-se responsável por aquela mulher misteriosa, achando mesmo que o destino insistia em os reunir. Enquanto ela se recuperava no hospital, saiu ali pelas redondezas do hospital, e comprou roupas e sapatos ocidentais para ela. Aisha ia passar a noite no hospital em observação. Rodrigo ficou ali com ela. Fez com que se alimentasse e velou seu sono. Dormiu sentado na cadeira ao lado do seu leito, segurando as mãos de Aisha entre as suas. Acordou assustado ao ver que ela não estava mais ali. Levantou-se rápidamente, assustado chamando por ela. Aisha veio do banheiro ao lado, vestindo as roupas que Rodrigo tinha comprado para ela. Tinha se banhado e estava deslumbrante nas roupas novas. Ele ficou ali olhando-a encantado. Então um médico bateu levemente à porta, e adentrou ao quarto cumprimentado-os e dando alta para Aisha. Saíram do hospital e foram de taxi até o Hotel onde Rodrigo estava hospedado. Após um lauto café da manhã, foram até a casa do amigo comerciante de Rodrigo para se despedirem. Depois de algum agradável tempo ali, retornaram ao hotel e de lá partiram para o aeroporto para pegar o voo de volta para Ceuta. Rodrigo já contatava com seus advogados, para regularizar a situação de Aisha na Espanha.