Edição 249

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ano I Nº 249

QUINTA-FEIRA, 26 de AGOSTO de 2021

“HERÓIS PIONEIROS DA TRAVESSIA DO OCEANO ATLÂNTICO”

Os heróis da travessia são 3 italianos: Francesco Pinedo, Carlo Prete e Vitale Zachetti. Aterrisaram na Represa Santo Amaro (Guarapiranga), em 28 de fevereiro de 1927. Seis meses depois, em agosto, com o Hidroavião Jahú, João Ribeiro de Barros repetiu a façanha, com mais 3 tripulantes: Artur Fernandes da Cunha, Newton Braga e Vasco Cinquini. O monumento foi criado (1929) pelo escultor italiano Ottone Zorlini: no topo, uma escultura em bronze, chamada “Vitória Alada”, aponta para o oceano, numa referência ao mito grego de Ícaro – jovem que sonhou deixar a ilha de Creta voando sobre o Mar Mediterrâneo. No alto, está um homem com asas acima da cabeça, uma coluna com capitel em estilo jônico (como os da cidade grega Jônia) é parte de uma construção milenar descoberta no Monte Capitólio, em Roma. A coluna foi doada pelo Governo Italiano ao Brasil. O prefeito Jânio Quadros recuperou o monumento que estava abandonado e o recuperou (1987-2009), colocando-o na Avenida Brasil. Hoje, moradores da região de Santo Amaro, conseguiram que o monumento fosse colocado (2010) no recém criado “Parque da Barragem”, às margens da represa. Assim, os aviadores pioneiros estão de volta ao ponto de chegada.

Botucatu homenageou o Herói Aviador Carlo Del Prete Colocado na Praça Del Prete (parte de cima) do Bosque, o busto do herói aviador Carlo Del Prete está na sede do Centro Brasil-Itália aguardando a sua recolocação na praça. Página 2

Reflexão Cidadã sobre os rumos da política no Brasil. Página 4


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Diário da Cuesta

editorial A importância da Colônia Italiana na formação e consolidação de Botucatu é indiscutível! No início do século XX, o município de Botucatu era o 5º Parque Industrial do Estado de São Paulo. Tínhamos os dois Colégios que abrigaram a juventude de então (de São Paulo, Paraná e Mato Grosso) em seus conceituados e disputados internatos: o Ginásio Diocesano (hoje, La Salle) para os meninos e o Colégio dos Anjos (Santa Marcelina) para as meninas. Tínhamos os nossos Deputados: Estadual e Federal. Botucatu se orgulha do avanço cultural que obteve com sua expressiva sociedade, na qual a colônia italiana, sempre, ocupou lugar de destaque. E o Poder Público (Prefeitura Municipal) soube prestar a sua homenagem à Colônia Italiana: Praça Del Prete e Praça Anita Garibaldi. A primeira, na parte de cima da atual Praça Comendador Emílio Peduti. Nessa Praça Del Prette estava situado o famoso Teatro Espéria e à frente tinha o busto do homenageado. Após o

incêndio do prédio do Espéria (estranho acidente...), a colônia italiana, no resguardo do busto do homenageado, retirou-o para a sede da Entidade (hoje, Centro Brasil-Itália). E para ajudar a Prefeitura na remodelação da praça, fez a doação, expressiva, de todo o custo para a construção e instalação da Fonte Luminosa. Na parte da praça onde estava o prédio destruído, a prefeitura (Gestão do Prefeito João Queiroz Reis) construiu a moderna arquitetura da chamada “brasilinha”, hoje um pouco abandonada... A Prefeitura Municipal poderia recuperar a “brasilinha”, mediante concurso público de projetos arquitetônicos para a sua adequação para abrigar a Secretaria de Turismo: mantendo as suas linhas arquitetônicas e, através de vidros, prepara-la para ser um ponto de visitação turística de Botucatu. A colocação do PAPAMÓVEL, utilizado pelo Papa João Paulo II em sua primeira visita ao Brasil (construído pela CAIO e doado ao Governo Brasileiro e, hoje, encontra-se de posse do Grupo

ESSA PRAÇA TEM NOME, TEM HISTÓRIA E REPRESENTA UMA COLÔNIA!

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

Carlo Del Prete

CAIO/INDUSCAR), ao lado da “brasilinha”, com moderna cobertura envidraçada, poderá ser um grande “point” turístico de Botucatu a um custo mínimo. Além de resgatar a nossa história estaria, o Poder Público, recuperando para a excelência, uma área hoje sem destaque e importância. E, muito importante, recolocando o busto do herói DEL PRETE à frente da praça. E, mais importante ainda, a Poder Público cumprindo com a sua palavra de que iria recolocar o busto do grande herói e recuperar a sua denominação: Praça Del Prete. Mantendo-se a Praça Comendador Emílio Peduti e, na parte acima, restaurando o que já havia sido feito pelo Poder Público. Na visita oficial do Diplomata Franco Fontana – Consul Geral da Italia a Botucatu, o então prefeito municipal João Queiroz Reis, anunciou, conforme amplamente noticiado pela “Folha de Botucatu”, de 21/01/1959” “...que naquela praça seria recolocado, em homenagem à colônia italiana, o busto do heroico aviador Carlo Del Prete...” E esse compromisso oficial do Poder Público de Botucatu foi sugerido, à época, pelos homenageados com a medalha Italia“Stella Della Solidarietá Italiana” – Emílio Peduti e Pedro Stefanini - quando receberam essa importante homenagem do Governo Italiano. Com a palavra o Prefeito Municipal Mário Pardini – herdeiro da Família PARDINI ! – orgulho de Botucatu. A DIREÇÃO.

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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ARTIGO

VIDA ÚTIL GIGANTE Nando Cury Parece que alguns bens nos acompanham de forma definitiva. Há muito tempo habitam nossas casas, funcionam e convivem conosco no dia a dia. Tem alta vida útil, como é chamada a estimativa de tempo de uso de um produto, sem perder suas características essenciais. Olho em meu escritório e vejo uma xícara branca bem exibida, com a gravação do meu nome, cabo em forma de gato e desenho de um elefante com um chapeuzinho verde e amarelo; do outro lado um malabarista segurando uma pequena bola com o nariz. Ganhei esta xícara no meu primeiro aniversário, virou porta-lápis e hoje porta-grafite, tem mais de 60 anos. Na minha frente um PC com tela grande, atingiu a maioridade, e está cheio de auto estima, pois ganhou mais uma atualização recente. Ao lado dele meu querido laptop, com o símbolo do pecado do éden, tem 15 anos. No canto do escritório estão os meus violões, fazendo uma escadinha etária: o primogênito com mais de 60, um folk 12 cordas com mais de 50, outro de cordas de aço com mais de 40 e o caçula de

cordas de nylon tem 10. Todos elegantes, afinados e ressoando muito bem em seus diferentes timbres. Nas estantes, os livros, discos, CDs e DVDs dos quais perdi a conta da idade. Na garagem, meu carro um sedã com mais de 25, continua muito convencido, principalmente quando pegamos estrada. Numa ida à cozinha encontro utensílios domésticos com duração também absurda. Lá estão: panelas de ferro e aço, que se gabam de ter passado pelas mãos das principais cozinheiras da família, e nem se preocupam de ter mais de 50. Talheres que participam fielmente das nossas refeições servindo-nos, sem a mínima preguiça, há mais de 30. Na linha branca, funcionando perfeitamente, desfilam o refrigerador, o freezer, microondas, máquina de lavar, lava-pratos e um fogão, presente do amigo Roberto, todos já passaram dos 20. Ah, na área de serviço está o varal com manivelas que atingiu os 25 anos. Passando pela sala, encaro cristais sempre sorrindo e brilhando. Atrás dos copos de vinho e de cerveja, nas pontas dos pés as taças ficam cochichando algo enquanto olham pra mim. Formam uma turma transparentemente unida, sempre pronta para entrar em ação nos dias de comemoração familiar, e já atingiram a faixa média dos 40. A duração depende de como cuidamos do bem. Algumas características ou suportes ajudam na conservação. Violões são guardados em caixas especiais. Os talheres moram dentro de gavetas. Refrigerador, fogão e colegas da linha branca tem portas que mantém seus interiores mais conservados. Panelas de ferro e de

aço trazem bumbuns resistentes. Cristais ficam bem protegidos na cristaleira. O carro citado é nutrido “a pão de ló” com gasolina aditiva e revisões periódicas. O tipo de cuidado e a manutenção certa no momento certo ajudaram muito a prolongar a vida desses valentes objetos particulares. Acrescento a isso a sorte de comprar produtos numa época onde os fabricantes “brigavam” para trazer qualidade maior, associada a uma durabilidade indiscutível. Se pensarmos na vida útil elevada, é fato que antigamente os fabricantes não se preocupavam com a recompra de seus produtos. Atualmente quando compramos um celular ou televisor, a loja - quase que na pressão – nos vende uma garantia estendida, para que possamos consertar ou até mesmo trocar o produto após o término da garantia normal, que não é tão grande: varia de 3 a 12 meses. Os produtos cuja tecnologia e design fazem toda a diferença na intenção de compra, “já carregam estampado” um selo de obsolescência programada. Assim, nós consumidores já nos acostumamos com a também gigante possibilidade de descartar ou substituir bens. Até aqueles que nos são mais valiosos.


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ARTIGO

VALORES

Bahige Fadel Presenciando essa verdadeira briga de foice no escuro em que se transformou a discussão política no Brasil, em que cada um fala o que bem entende, sem se preocupar com o respeito a nenhum valor moral, comecei a fazer uma reflexão a respeito desses valores. Quais estariam sendo desrespeitados, jogados no lixo da ignorância pelos donos de todas as verdades? A honestidade é o primeiro dos valores morais. Essas pessoas que berram desaforos e críticas, sem nenhuma comprovação, sem nenhum respeito à inteligência humana, estão sendo honestos? Essas autoridades que tomam atitudes autoritárias e intempestivas estão sendo honestas? Por exemplo, é honesto mandar prender alguém por dizer que uma autoridade é corrupta, mas não tomar nenhuma atitude contra alguém que chama outra autoridade de genocida? Outro valor moral é a tolerância. Está ocorrendo tolerância na sociedade de hoje ou estamos chutando o balde por qualquer coisa que contrarie os nossos interesses? Estamos sendo tolerantes com pequenos erros dos nossos adversários como somos com os erros de nossos companheiros? Ou estamos adotando a velha teoria, segundo a qual para os amigos tudo, para os inimigos a lei (interpretada conforme os nossos interesses, claro)? Outro valor importante é o discernimento. Como se sabe, o discernimento é a capacidade de compreender as situações e separar o certo do errado. Está havendo, realmente, discernimento nessas discussões políticas? Ou cada um está jogando lama adoidado naquele que não compactua com a sua ideia? Se é contra, vamos arrebentar. É essa a teoria que vale? Não vale saber o que é certo e o que é errado, mas só o que está a favor e o que está contra? A prudência também é um dos valores morais que devem ser respeitados. Estão sendo prudentes essas

pessoas? É prudente ficar alarmando a população com a divulgação enfática de notícias negativas e o desprezo aos acontecimentos positivos? É prudente falar do número de mortes e desconhecer o número de curas? É prudente espalhar certas atitudes a serem tomadas, sabendo-se que trarão consequências negativas para a população? Importante valor moral a ser seguido é a empatia, a capacidade de nos colocar no lugar do outro. Está havendo isso nessas discussões políticas? Ou cada um está colocando-se do seu lado, impedindo que o outro se aproxime? Ao destilar ódio contra alguém, estamos colocando em prática nossa empatia? Estamos empregando a empatia quando fazemos de tudo para que o nosso opositor tenha dificuldades de realizar certo trabalho que beneficiará outras pessoas? Solidariedade e responsabilidade são outros valores importantes. Quando dizemos algo, temos que ser responsáveis pelas implicações que surgirem. Se mentimos ou aumentamos a importância de algo negativo, não estamos sendo responsáveis. Se ao invés de ajudar alguém a ser melhor, só nos preocupamos em criticá-lo e diminuí-lo, não estamos sendo solidários. Magnanimidade ou generosidade. Acho que está faltando isso há um bom tempo, principalmente nesse bate-boca descontrolado que temos ouvido nos últimos meses. Pessoas perdendo o controle na agressão, na mentira, no ódio. Onde há ódio não pode haver generosidade. Estou achando que essas discussões nos meios de comunicação e nas redes sociais não visam à solução de nenhum problema. O objetivo é vencer ou derrotar. Que a verdade tenha força suficiente para suportar os ataques insanos dos que só pensam na vitória a qualquer custo.


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