Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 271
TERÇA-FEIRA, 21 de setembro de 2021
DIA DA ÁRVORE
21 de setembro
O Dia da Árvore é comemorado no dia 21 de Setembro. Esta data foi escolhida por anteceder o início da primavera no Hemisfério Sul que, dependendo do ano, pode ocorrer entre os dias 22 e 23 de setembro. O objetivo deste dia é conscientizar sobre a importância da preservação das árvores e das florestas, incentivando a proteção do meio ambiente com atitudes que trazem bene�cios à natureza. Com destaque, o DIÁRIO DA CUESTA homenageou a EMBAÚBA: Árvore Símbolo da Cuesta de Botucatu!
“A primeira impressão é a que fica... Verdade. E a Prefeitura Municipal de Botucatu está certa ao padronizar todas as entradas da cidade com um paisagismo florido que tem transformado, positivamente, o visual. Agora, a entrada pela Avenida José Pedre� Neto dos que vem pela Castelinho recebeu um trabalho paisagístico com os canteiros floridos a dar as boas vindas aos que chegam em Botucatu. Parabéns!
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NORMALIDADE
ARTIGO Bahige Fadel
O pessoal já está falando que estamos voltando à normalidade. Será? Para não pisar na bola (deu-me uma vontade danada de escrever ‘pisar a bola’, mas achei que é muito esnobe), fui procurar, no dicionário, os significados da palavra ‘normal’. Não encontrei nenhuma novidade. É como a gente usa mesmo: De acordo com a norma, com a regra; comum. Que ocorre naturalmente ou de maneira habitual; natural, habitual. Que segue um modelo, normal ou padrão. Que se comporta ou age de uma maneira considerada aceitável ou adequada. Daí me lembrei de que a moda é dizer que estamos vivendo um ‘novo normal’. Com o mesmo objetivo, fui ao dicionário: proposta de um novo padrão que possa garantir nossa sobrevivência. Não satisfeito, fui à caça de mais informações: “Novo normal” é uma expressão cunhada por Mohamed El-Erian para caracterizar o fato de que esta crise não é como as que vivemos nas últimas décadas, com repercussões basicamente cíclicas, mas uma crise que provocará uma ruptura estrutural: quando ela passar e as coisas vol-
tarem ao normal, esse não vai ser o mesmo normal de antes. Não reconhecer isso é arriscar a surpresa de se planejar para a volta do normal anterior e se descobrir numa realidade bem diferente. Depois de tudo isso, eu pergunto: Podemos dizer que voltamos à normalidade ou a viver esse novo normal? Pelo jeito, muitas pessoas nunca deixaram de viver o antigo normal. Para elas, a pandemia foi uma ilusão de ótica, incapaz de afetá-las. Podia afetar o vizinho, o desconhecido, o conhecido, o cachorro do amigo, o inimigo, aquele cara lá do outro continente, os chineses, mas ele, jamais seria afetado por essa coisa. ‘Conversa de político pra prender a gente em casa’. Até quando morreu um parente próximo, essas pessoas não acreditaram. ‘Tão inventando essa doença. Todo mundo morre, um dia’. Por outro lado, há as pessoas que continuam enclausuradas, impedidas de fazer qualquer atividade. ‘Distanciamento social’, para elas, quer dizer longe do mundo e de qualquer atividade. Preferem morrer de medo a morrer de COVID, de doença. Como se o medo não fosse uma doença terrível. Tem que existir um meio-termo, né? Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, diziam meus avós. Há um jeito saudável de voltar à normalidade sem correr muitos riscos. Há riscos, sim, mas também há riscos ficando em casa. Mesmo sem pandemia, corremos riscos. Os vírus, os bandidos, os ladrões, os assassinos e a depressão estão em todas as partes. Não é porque a gente fica trancado em casa que estamos protegidos. Podemos proteger-nos mesmo fora de casa. Assim como um assaltante pode entrar em nossas casas, a depressão também pode. Para nos proteger do assaltante, colocamos tranca nas portas, alarme por todas as partes e outros cuidados. Para nos proteger da depressão, muitas vezes a melhor solução é sair de casa. Para nos proteger da COVID, enquanto ela existir, é só tomar certos cuidados higiênicos e de distanciamento social. Você não precisa, agora, ir a uma balada, num espaço de cem metros quadrados, com trezentas pessoas que você mal conhece. Estar num ambiente assim, nunca foi muito normal, sempre ofereceu riscos para a saúde e para a segurança. Na minha profissão, já vivo o novo normal. Recebo meus alunos. Eles e eu estamos de máscara e respeitamos certa distância segura. Posso garantir a vocês que esse novo normal é muito melhor que as terríveis aulas remotas, que fomos obrigados a ministrar durante mais de um ano. É. O novo normal logo se transformará em normal. E o resto será lembrança, uma triste lembrança.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
WEBJORNALISMO DIÁRIO
Diário da Cuesta
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CUESTA RASGADA
Diário da Cuesta
Cláudio de Almeida Martins
No princípio de uma manhã, soltei-me da ponta de uma folha de embaúba, lá do cimo da Cuesta. No início, quase devagar e flutuando, meu corpo começou a girar e a cair. Não havia escolhido o percurso a seguir e nem aonde queria chegar, mas, mesmo assim, atirei-me ao desafio que o destino havia escolhido, com a vontade férrea, que é comum aos seres determinados. Ao primeiro balanço da folha, dei um leve rodopio no ar e já pude divisar, do alto em que me encontrava, um cenário antes nunca imaginado. Pude observar, com os olhos de um menino curioso, os contornos de uma Cuesta extraordinária. À medida que eu viajava, pude ver a união exuberante da natureza. Eram árvores frondosas, médias, miúdas, todas em perfeita harmonia. Eram flores grandes e pequenas, frutos bonitos e outros nem tanto, mas o conjunto dessas diferenças, mostrava um resultado indescritível, uma aquarela divina, que jamais um ser humano conseguiu registrar numa tela ou num escrito. E fui caindo. E fui descendo. Quanto mais ia me aproximando das copas das árvores, pude ir distinguindo as peculiaridades de cada uma. Era o amarelo puro de um Ipê, o rosado de uma Paineira, o verde claro de um Pau-de-Santo, as rugas de um Barbatimão, as folhas enfileiradas de um Cedro, o tronco tortuoso e comprido da Bracatinga, as bolinhas do Cinamomo, o amarelo do Bambu Canário, os espinhos da Mamica de Porca, o brilho das folhas miúdas do Sangue Negro, as vagens do Ingazeiro, as folhas de sobre tom da Fruteira de Lobo, a cor branca dos frutos do Salta Martim. Nesse meu vôo livre, pude perceber, que por entre todo esse emaranhado de árvores e de vegetação rasteira, outro tipo de vida existia. Eram Preás em atividades incessantes, Pacas num contínuo remoer, Veados em bandos, Tamanduás escarafunchando cupinzeiros, Cachorros do Mato em matilhas, Gatos do Mato ariscos no
ambiente, Capivaras no tijuco, Sanhaços nos pés de amora, Sabiás, Coleira, Laranjeira e Póca nos pés de Guabiroba, Almas de Gato com ares de sonhadores, Jandaias arrelientas, Siriemas correndo atrás de pequenos insetos, e pude ouvir o zumbido do frenético vai e vem das abelhas e sentir o aroma do mel que produziam. E fui descendo em queda livre até que toquei numa folha de amendoizeiro e escorri pelo seu tronco. Dali, precipitei-me novamente no vazio. Agora minha viagem já se fazia mais rápida. Fui girando. Fui dando voltas e mais voltas. Sabia que estava bem mais próximo a ter contato com uma nova realidade antes nunca experimentada. E cheguei. Bati numa rocha de cor escura e pelas suas fendas fui deixando parte de mim. Deslizei rápido, mas não tão rápido que me impedisse de observar a realidade que se mostrava. Passei por grotas maravilhosas e encantadoras, que, se vistas por poetas ou escritores, com certeza se tornariam o centro de uma obra prima. Despenquei de uma pedra lisa para a imensidão, não sei precisar quanto tempo fiquei no ar, mas foi o suficiente para ver que por um pequeno vão da mata, um grupo de pessoas caminhava. Consegui observar que não eram mais que três figuras e não estavam sós. Junto a eles, cinco animais caminhavam. Eram burros carregados com tralhas, pelo que pude perceber, bem pesadas. Os homens caminhavam lentamente, e de forma ritmada buscavam o acesso mais fácil não tocando nas vegetações à volta. Verifiquei que respeitavam-se mutuamente, a natureza permitia a passagem deles e eles, em contrapartida, não a agrediam. Sei que não é possível, mas senti lágrimas correrem de mim, um casamento perfeito. De repente, deixei de ver os homens e pude sentir que estava en-
trando em contato com outros iguais. Entrei num turbilhão de irmãos. Todos unidos, presos a um só rumo. Segui, não me opus. Com essa união me senti mais forte e mais rápido, a cada momento sentia encantamento diferenciado. Em determinado momento estava no centro de um redemoinho, em outro fazia parte de uma correnteza, em outro nas voltas dos remansos e, num relance, fui sumindo. E fui me desfazendo. Fui me sentindo mais leve. Alcei vôo por entre as árvores em forma de neblina e fui alcançando suas copas. E fui caminhando. Num relance, senti que estava vendo a folha da Embaúba que me recolhera. Fui-me distanciando. Subi. Viajei. E como viajei. Não sei quanto tempo girei pelos ares e por onde, só sei que divisei mundos diferentes, mundos verdes, secos, floridos, frios, agradáveis e indiferentes. Não sei se foi por causa do meu nascimento, mas nunca deixei de pensar na minha folha de Embaúba e da Cuesta de minha infância. Nunca achei outra vista tão bela quanto àquela da primeira experiência. Num momento, que para mim foi mágico, fui me formando como no início. Senti que tomava corpo. Senti que os meus pedaços estavam se unindo novamente. Em meio a fortes barulhos e clarões pude ir distinguindo meus novos rumos. Foi rápido. Desci felozmente num redemoinho e parei sobre uma superfície lisa. Quando abri os olhos novamente, vi que me encontrava numa folha de embaúba, no cimo da Cuesta. Fiquei radiante de alegria. Até que enfim estava de volta ao lugar que mais me agradava. Aguardei ansioso para a viagem que por certo iria fazer. Fiquei por um bom tempo repousando na minha folha mãe, sentindo a ternura e a carícia do amor materno. Enfim o momento tão aguardado chegou. Soltei-me com o maior prazer no devido momento, agora iria rever o meu cenário de sonho. Eu queria ver minha natureza estampada na retina dos meus olhos. Onde, onde se escondera a minha infância? Não conseguia mais ver muitas das árvores, irmãs de nascimento. Aonde estavam os Sangues de Negro, as Paineiras, os Gravatás, os Ingazeiros? Aonde estavam? E os Sanhaços, os Bem-te-vis? Cadê as Codornas, as Perdizes, cadê? Muito pouco pude encontrar em meu retorno, e o que encontrei, estava todo escondido, camuflado, amedrontado.
Procurei pelas flores, pelos frutos e nada. O muito pouco é o nada para mim. Vestígios, nada mais que vestígios. Dos homens, que observei respeitando o meu mundo, nem os rastros. Agora, percebi cicatrizes imensas encravadas na carne de minha Cuesta. Pude sentir o cheiro acre da poluição que as máquinas deixam ao subir pelas costas desse corpo sagrado. As comitivas se tornaram predadoras. Minha Cuesta foi rasgada. Tiraram dos meus olhos a beleza da minha infância e, em seu lugar, nada puseram. Desta vez foi rápido. Não consegui caminhar devagar, não tinha onde me segurar, desci velozmente. Minha Cuesta, sou um pequeno pingo d’água que perdeu seu brilho porque você foi violentada, foi açoitada e não consegue mais mostrar sua beleza natural. Minha Cuesta, você foi rasgada e não consegue mais viver feliz. Eu também não consigo mais viver, não consigo mais completar meu ciclo natural de vida. Tudo mudou. Os meus irmãos não podem ser normais, eles vivem se alternando, mudando suas trajetórias. E assim ocorreram as inundações, surgiram os estios infernais, e minha Cuesta nunca mais foi igual. Estou em peregrinação constante pelos céus, atento a tudo que acontece na terra. No dia em que minha Cuesta receber o curativo, para fechar a sua ferida, volto à minha folha mãe, da Embaúba, e começo minha vida de pingo d’água, feliz, brilhante, e sei que, meus irmãos, generosos como são, se unirão a mim e assim retornarão as estações normais na Cuesta. Eu fui um pingo d’água e hoje sou vapor, mas posso retornar se você trabalhar para reunir meus pedaços. As feridas podem ser curadas e para isso necessitam de muito amor e carinho. Sei que cicatrizes ficam, serão restos de uma história infeliz, da ação de ignorância violenta. Espero que, em minha próxima viagem, possa descer tranquilamente em minha folha mãe, e nunca tenha que atravessar um buraco de telhado para repousar, sobre a tela de quadro de Museu, que tenta retratar uma folha de Embaúba...extinta. S. O .S. S. O .S.....Cuesta Cláudio de Almeida Martins (Acervo Peabiru)
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Diário da Cuesta
Esportes Lucas Nogueira
Reta final do campeonato de Fórmula 1, disputa cada vez mais acirrada entre Hamilton e Verstappen Faltando apenas 8 Grande Prêmios para o fim da temporada, a diferença entre Hamilton e Verstappen de 5,5 pontos O campeonato de Fórmula 1 de 2021 vem chegando ao seu fim, passados 14 Grande Prêmios, vimos grandes disputas entre duas lendas vivas do esporte. O jovem Max Verstappen, da Red Bull, vem liderando o campeonato após oito vitórias enquanto seu rival, Lewis Hamilton está logo atrás no segundo lugar, acumulando quatro vitórias e diversos pódios ao decorrer da temporada. Desde o início do campeonato, já dava para notar que teríamos ótimas corridas e com desfechos tão inesperados. Como em fins de semanas como os da Hungria e da Itália em que venceram Esteban Ocon com a Alpine e Daniel Ricciardo com sua McLaren. A temporada foi marcada pela disputa de Verstappen e Hamilton. Lewis era o favorito para o título no início do campeonato, tendo em vista seu sétimo título conquistado no ano anterior, no entanto, a Red Bull mostrou-se mais forte e habilidosa neste ano e conquistou o favoritismo com Max Verstappen. É impossível falar do campeonato de 2021 sem mencionar os acidentes envolvendo os dois pilotos. Em Silverstone, Max vinha por fora para se defender de Hamilton que vinha por dentro na curva Copse do circuito e tiveram contato. Como consequência, Max bateu no muro de proteção com a força de 51G; Lewis levou a vitória. Em Monza, no último Grande Prêmio, colidiram novamente com Hamilton defendendo a posição após sua saída do box, na curva 1 eles entraram lado a lado e tiveram um toque, pouco antes de entrar na segunda curva, o carro de Max “atropela” o de Hamilton e fica com uma roda em cima do capacete do heptacampeão. Ambos não retornaram a pista após o acidente e Hamilton relatou dores no pescoço após o ocorrido. O chefe da Associação de Pilotos da Fórmula 1 acredita que ainda acontecerá mais acidentes entre os talentonsos pilotos, visto que como é um esporte de alto rendimento, é natural que essas disputas com o
intuito de “marcar o território” ocorram. No calendário ainda temos oito corridas pela frente, a próxima acontecerá neste final de semana na Rússia, no Grande Prêmio de Sochi. O fim de semana se iniciará na sexta-feira às 5h30 com o primeiro treino livre e se encerrará no domingo com a corrida às 9h do horário de Brasília.