Edição 281

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Diário da Cuesta

ano I Nº 281

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

SÁBADO E DOMINGO, 02/03 de outubro de 2021

“Assis Chateaubriand vai chamar, em 1934, esse grupo industrial de “O ESTADO MATARAZZO”, lembrando que São Paulo tinha uma renda bruta de 400 mil contos e o parque industrial Matarazzo uma receita de 350 mil, acima de qualquer outra unidade federativa brasileira...O Conde Matarazzo, financeira e economicamente é o segundo Estado do Brasil...” “...negli anni1930/40 lui era considerato l’italiano piu ricco del mondo!”


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Diário da Cuesta

Ufa! O trabalho ficou pronto! O “Momento MAIOR Itália/Brasil = Conde Francesco Matarazzo!” é fruto de pesquisas feitas por vários anos. Fui construindo, pedra a pedra, o edifício-representativo da importante contribuição da Colônia Italiana à construção do Estado Brasileiro. Tão perfeita e motivada foi essa participação que, hoje, a Colônia Italiana já está completamente integrada à pujante Nação Brasileira. E o trabalho está centrado na vida magnífica desse empreendedor singular que impulsionou o nosso país industrialmente, sem nunca esquecer a “Mãe-Pátria”. E o título de CONDE dado pelo Rei da Itália é a prova provada do merecimento desse imigrante italiano: Conde Francesco Matarazzo! E São Paulo, com as Industrias Reunidas Francisco Matarazzo – IRFM, passou a ser exemplo para todo o interior do Estado e para outras colônias localizadas em outros estados. Assim, o Hospital Humberto Primo (conhecido como Hospital Matarazzo) motivou iniciativas menores, mas no mesmo sentido. A Maternidade do Hospital Matarazzo era considerada a maior e a melhor da América Latina. Da mesma forma, a industrialização no interior do estado, seguiu, também em menor escala, o exemplo do complexo industrial Matarazzo. A citação da cidade de Botucatu/SP é meramente referencial. Em Sorocaba ( a “Manchester Paulista”), Jundiaí, Ribeirão Preto e em outras cidades o desenvolvimento industrial ocorreu com igual ou maior amplitude. E, finalmente, a CULTURA! A atuação de Ciccillo Matarazzo é impressionante e exuberante. Incansável batalhador e visionário, sabia conviver com diferentes realidades culturais e, captar delas, a essência a ser preservada para as futuras gerações. A sua atuação como Presidente da Comissão do IV Centenário, escolhendo o Ibirapuera para os eventos e contratando o arquiteto Oscar Niemeyer para projetar os prédios e Roberto Burle Max para fazer o paisagismo, já dá a sua dimensão e visão, sendo certo que estava ocorrendo em São Paulo, uma “avant-première” do que seria Brasília nas mãos desses dois gênios: Niemeyer e Burle Max!!! Um Matarazzo Mecenas da Cultura Brasileira Francisco Antonio Paulo Matarazzo (Francisco Matarazzo Sobrinho), conhecido como Ciccillo Matarazzo, era sobrinho do Conde Francisco Matarazzo e nasceu na capital paulista. Após recusar por duas vezes o convite do Rei da Itália para que participasse do Senado Italiano, o Conde Matarazzo indicou seu irmão, Ângelo Andrea Matarazzo, pai de Ciccillo, para o Senado Italiano.

E Ciccillo Matarazzo viria a ser o grande promotor das artes, indiscutivelmente o grande Mecenas da Cutura Brasileira. Estudou dos 10 anos aos 20 anos na Itália, como era costume das famílias italianas, àquela época, mandarem estudar seus filhos na Pátria-Mãe. Também estudou Engenharia, sem concluir o curso, em Nápoles e na Bélgica. Juntamente com o primo Julio Pignatari dirigiu a Metalúrgica Matarazzo – Metalma. Em 1943, casou-se, no México, com Yolanda Penteado, de tradicional família pau-

lista. A cultura brasileira teve a marca pessoal de Ciccillo Matarazzo: o Teatro Brasileiro de Comédia, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, a Cinemateca Brasileira, a construção do Parque do Ibirapuera, o Museu de Arte e Arqueologia da Universidade de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o Presépio Napolitano, o Balé do 4º Centenário e as representações brasileiras nas Bienais de Veneza. Matarazzo & Votorantin Este trabalho, espero, há de dignificar a participação pioneira e entusiasta dos imigrantes italianos na construção da Pátria Brasileira! Essa lembrança do Império Matarazzo, lembra outras estórias. Na industrialização do Brasil, dois grupos industriais preponderaram: o Grupo Matarazzo e o Grupo Votorantin. Agora, a coincidência: os dois estabelecidos na mesma rua, na então considerada “Manchester Paulista”, que era Sorocaba. Primeiro, Francesco Matarazzo, Francesco Grandino iniciavam, em Sorocaba a construção do Império. Já em Botucatu, para onde foram os trilhos da EFS – Estrada de Ferro Sorocabana, levando o progresso, estava instalado Pedro Delmanto, também imigrante de Castellabate e tinha, como colega e amigo na profissão de comercio de calçados, o imigrante português Antonio Pereira Ignácio. Após alguns anos, já casado, Pereira Ignácio vai para Sorocaba, instalando-se na mesma rua do comércio de Matarazzo e instala seu comércio de caroço de algodão. Em pouco tempo, começaria a construir o império da Votorantim... De Sorocaba, Francisco Matarazzo leva seu império para a Capital Paulista: são as IRFM – a maior potência Industrial da América Latina e, ele, o italiano mais rico do mundo! Com o fim das Industrias Matarazzo, já na terceira geração, o Brasil passa a admirar o, agora, maior Império Industrial Brasileiro: a Votorantim. O Comendador Antonio Pereira Ignácio casa sua filha Helena com o engenheiro José Ermírio de Moraes (pai do empresário Antonio Ermírio de Moraes), que viria a comandar, consolidar e expandir o Grupo Industrial da Votorantim. É Registro Histórico. (AMD) Registro Histórico - O Comendador Antonio Pereira Ignácio iniciou, de fato, sua atividade profissional em Botucatu. Aqui chegando em 1900, instalou-se na Vila dos Lavradores (Major Matheus), com uma sapataria. Tornou-se muito ligado a Pedro Delmanto que tinha sua loja de calçados, sua fábrica de calçados e o Curtume Bella Vista, no Bairro Alto. Atuando no mesmo ramo, tornaram-se amigos.Posteriormente, Pereira Ignácio montou armazém e continuou a atuar no comércio do algodão. Aqui em Botucatu, casou-se com Lucinda Rodrigues Viana. Tiveram 3 filhos: João, Paulo e Helena De Botucatu, Pereira Ignácio voltou a Sorocaba onde acabou por estrutrar essa potência que é o conglomerado Votorantim.Veio a ser seu genro, o engenheiro José Ermirio de Moraes, que o sucedeu em suas empresas, tornando-se, anos mais tarde, Senador da República. Para Botucatu, o Comendador Antonio Pereira Ignácio sempre mostrou sua gratidão. A sua casa própria, doou-a à Misericórdia Botucatuense, sendo que o seu retrato e de Dona Lucinda se destacam na galeria dos benfeitores do Hospital. Anos depois de sua partida, Pereira Ignácio voltou a ajudar a Misericórdia Botucatuense. Quem faz o relato é o Dr. Antônio Delmanto (filho de Pedro Delmanto) que foi Diretor Clínico do Hospital e responsável pela modernização da Misericórdia, consolidando, assim, essa grande obra do Dr. Costa Leite: “...Outro problema a resolver era o aparelho de Raio X, cuja aquisição era dificílima, quase impossível, dado o preço do mesmo, absolutamente fora do alcance da Misericórdia. Lembrei-me do Comendador Pereira Ignácio, amigo e colega de meu pai na mocidade, quando trabalhava na Vila dos Lavradores com comércio de calçados. Depois foi para Sorocaba onde fundou esse império que é a Votorantim ( é avô do empresário Antonio Ermírio de Moraes). Apelei para o Comendador Pereira Ignácio, expondo as nossas dificuldades e a impossibilidade financeira de adquirirmos tão caro equipamento. Pedi que ele abrisse a campanha para a aquisição do Raio X. Qual não foi a nossa grande surpresa quando Pereira Ignácio enviou, de presente, um novo e moderníssimo Aparelho de Raio X para a Misericórdia Botucatuense...” ( do livro “Memórias de Botucatu II”, pág. 30, 1993).

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

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Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

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Conde Francisco Matarazzo: O Empreendedor do Século XX

Transformações profundas mudavam o perfil da sociedade nos campos da literatura, da arte e da música: desde a revolucionária Semana de Arte Moderna de 1922 até a nova música que surgia carregada de folclore e brasilidade na maestria criativa de Heitor Villa Lobos... Ao mesmo tempo que a crise de 1929/30 abalava, de forma definitiva, as estruturas econômicas e sociais da sociedade brasileira, havia algo de novo, havia esperança: era a crescente industrialização paulista! O grande fluxo migratório trazido em sua grande maioria para a cafeicultura, passou a dar nova característica à sociedade paulista: muitos vieram tentar uma nova vida, ou como dizem, para “fazer a América!” A crescente industrialização abrangeu muitos setores, mas para que o cenário mágico da realidade paulista, em 1934, possa ser bem compreendido e avaliado vamos focar, como exemplo, as industrias Matarazzo, que ocupavam indiscutível liderança nesse importante segmento da economia. No ano de 1934, o ano do cenário mágico paulista, o Conde Francisco Matarazzo estava comemorando seus 80 anos... “Ottant’anni !” Nessa época, as industrias Matarazzo representavam realmente a maior força econômica do Brasil, depois dos orçamentos da União e do Estado de São Paulo... Não se pode falar em processo de industrialização no país sem que se destaque a presença forte do imigrante italiano Francisco (Francesco) Matarazzo. O ESTADO MATARAZZO “Assis Chateaubriand vai chamar, em 1934, esse grupo industrial de “O ESTADO MATARAZZO”, lembrando que São Paulo tinha uma renda bruta de 400 mil contos e o parque industrial Matarazzo uma receita de 350 mil, acima de qualquer outra unidade federativa brasileira...O Conde Matarazzo, financeira e economicamente é o segundo Estado do Brasil...” “Monteiro Lobato na mesma época, compara-o a Henry Ford: a atuação de ambos no criar foi um permanente “rush” para cima...” “Miguel Couto, Presidente da Academia Brasileira de Letras: “Aos que buscavam e rebuscavam na sua prosápia o sangue azul que achavam que estava faltando, Napoleão Bonaparte, feito Imperador da França, respondeu desdenhosamente: “Eu sou filho de mim mesmo”. Felizes os que, de menor altura embora, podem dizer com o mesmo orgulho – eu sou filho de mim mesmo... Isto é, sou o exclusivo produto do meu trabalho, do meu descortínio, da minha inteligência. Tal é Francisco Matarazzo”. HISTÓRICO – Em Castellabate, distante 180 km de Nápoles, nascia Francesco Matarazzo, em 09 de março de 1854. Francesco era filho de um médico e rico proprietário, Costábile e de Mariângela. Seu pai faleceu quando ele tinha 19 anos. Com a depressão econômica que vivia a Itália, foi obrigado a abandonar os estudos para cuidar da família. Aos 27 anos, sabendo das condições favoráveis para os imigrantes no Brasil, imigra. Traz junto uma boa quantidade de queijos e vinhos, além de um reforço em liras italianas. Queijos e vinhos se perdem quando o navio atraca no Rio de Janeiro, afundados com a embarcação que ligava o navio ao porto. Sem desanimar, parte para São Paulo disposto a multiplicar as suas liras. Contando com a colaboração de outros imigrantes que o precederam, entra firme no comércio, participa de caravanas, conhece outros estados e se estabelece em Sorocaba, então limite das paralelas poderosas da Estrada de Ferro Sorocabana que levava o progresso e o desenvolvimento para o interior inexplorado. Logo, passou a ter um grande rebanho de suínos. Passou a fazer banha e a comercializá-la, em latas. Importa e vende farinha e monta uma tecelagem para fazer os sacos de farinha... Daí para frente foi num crescente, num multiplicar inacreditável. Resumindo: em 1934, as Industrias Matarazzo assumiam o seu auge que foi crescente até 1950, quando chegou a possuir 38 mil e setecentos funcionários, com controle acionário majoritário ou expressivo em 365 empresas, possuindo 12 unidades navais, uma Casa Bancária, enfim, um complexo industrial que chegou a ter o terceiro orçamento do Brasil! É indiscutível a grandiosidade do “Império Matarazzo” no processo de industrialização do Estado de São Paulo e, portanto, do Brasil. O interior do estado e todo o Brasil se espelhava na força, ousadia e competência desse empreendedor valoroso. Matarazzo motiva o Empreendedorismo dos imigrantes italianos No inicio dos anos 20, a então poderosa colônia italiana no Brasil e, em especial no Estado de São Paulo, atingia o auge de sua prosperidade. Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte. A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica. Longe deles qualquer sentimento divisionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma origem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas. Como ocorrera, com muito sucesso, na capital, onde a colônia italiana erguera o imponente Hospital Umberto Primo (Hospital Matarazzo), em 1904, ampliando-o sucessivamente, o exemplo passou a ser seguido pelos núcleos mais expressivos dos imigrantes italianos nas cidades do interior do estado. E, como exemplo, vamos retratar uma cidade do interior paulista: Botucatu. Estava situada no limite de onde chegara a Estrada de Ferro Sorocabana, em 1889 e dali partindo para a conquista do interior, “plantando” cidades com o progresso que as suas poderosas paralelas levavam: Lençóis Paulista, Bauru, Assis, Ourinhos e Presidente Prudente se destacando entre tantas outras...

Na segunda metade dos anos 20, Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) já tinha completado seu ciclo produtivo: com fazenda de gado, curtume, fábrica de calçados (máquinário importado da Alemanha) e loja de comércio, sendo que exportava calçados para a França e a Alemanha. Era um imigrante empreendedor de sucesso. Mas tinha um grande sonho: um hospital para atender a forte colônia italiana de Botucatu e dirigido por seu filho primogênito, Aleixo, que se formara em Medicina pela Real Universidade de Parma, na Itália. Assim, construiu e inaugurou a Casa de Saúde Sul Paulista, em 1928, trazendo como seu Diretor Clínico, o Professor Titular de Cirurgia Clínica da Real Universidade de Nápoles, Dr. Ludovico Tarsia que tivera que se exilar no Brasil por problemas políticos na Itália. O exemplo de Botucatu é meramente referencial a mostrar o Empreendedorismo dos Imigrantes a se espalhar por todo o Brasil. Elege o irmão para o Senado Italiano Por duas vezes é convidado para o Senado Italiano. Por fim, indica seu irmão, André Matarazzo que foi eleito para a Câmara Alta Italiana. Com sua “Casa Bancária” representa no Brasil o Banco de Nápoles, liderando a arrecadação para ajuda financeira dos italianos residentes no exterior para envio para a Itália (cerca de 85 mil contos, 50% do déficit nacional). Esse grande e patriótico trabalho levou o Rei Vittorio Emanuelle III a lhe conferir o título nobiliárquico de Conde, em 1917, concedendo-lhe, em 1926, a hereditariedade ao título. NO ANO MÁGICO DE 1934 - Afora as comemorações pelos oitenta anos, o Conde Matarazzo viveria seguidas vitórias: foi considerado o “Empreendedor do Século”; o sucesso da publicação do livro “Il Conde Matarazzo a ottant’anni”; a conquista do Tri-Campeonato Paulista de Futebol (1932/33/34) pelo Palestra Itália (Palmeiras), clube da Colônia Italiana presidido por Dante e a eleição, com a maior votação do estado, do Deputado Estadual Constituinte, Dante Delmanto. Dante era filho de seu conterrâneo (Castellabate) e amigo, o imigrante italiano Pedro Delmanto, industrial no interior do Estado (Botucatu). O OCASO DO IMPÉRIO – Quem poderia imaginar que o “Império Matarazzo” poderia acabar?!? Quem imaginaria o ocaso?!? É o fim, a pobreza? Não, seguramente, não! A família continuará, por gerações, a viver bem, mas é o ocaso do complexo industrial... Estudos acadêmicos nos mostram que duas empresas seguiram rumos diferentes, ambas empresas familiares: IBM e IRFM. Os donos da IBM abriram o capital social, perderam o controle direto, mas ficaram acionistas da que é hoje uma das maiores empresas do mundo. A IRFM, optou , após a morte do Conde (1937), pela administração familiar. Com o falecimento do sucessor, Conde Matarazzo II (início dos anos 80), com as desavenças entre os filhos pelo controle acionário do grupo, ficou inviabilizada economicamente a empresa... A verdade é que tudo mudou e apenas restou a imagem lendária do menino que naufragou nas costas do Brasil, perdeu uma partida de queijos e vinhos, iniciou a revolução industrial brasileira e virou Conde... (AMD) Comentários (Blog do Delmanto): Caro Delmanto, 1 - Recebi com muito prazer a matéria que fez sobre Francesco Matarazzo. Realmente um homem que mudou o Brasil e nos deixou um exemplo incomparável. Muitos de seus princípios nos norteiam até hoje. Seja como industrial como também na vida pública. Gostei demais dos comentários sobre a matéria. Significam que as pessoas sabem separar as coisas. Te agradeço a atenção. Um forte abraço Andrea (Andrea Matarazzo - amatarazzo@sp.gov.br). 14 de julho de 2011 2 - Prezado Armando, Agradeço pelo material enviado. O abraço, Senador Eduardo Matarazzo Suplicy. 5 de julho de 2011 3 - Caríssimo Armando. Foi nessa Casa de Saúde Sul Paulista que Dr. Tarsia operou meu pai de uma apendicite aguda no ano de 1932, época da revolução. Ainda quero lhe contar: Meu avô Luiz Smaniotto trouxe da cidade italiana de Trento um navio de imigrantes pelo ano de 1800 e não sei quantos, aportou nas costas de Santa Catarina, adquiriu um pedaço de terra e fundou a cidade de Nova Trento (terra de irmã Paulina, hoje Santa Paulina) Com duas mulheres meu avô foi pai de 33 filhos. Em l895, alí nasceu minha mãe. Hoje, Nova Trento é uma cidade bonita e orgulha os catarinenses por ser a terra de Santa Paulina e abriga grande número de turistas devotos. Parabéns pelo belo artigo neste blog, exaltando os imigrantes italianos. Lembro-me perfeitamente das famílias ali citadas, desde a cervejaria Bacchi perto do pontilhão da Sorocabana. A filha do “patriarcha” Bacchi foi a primeira mulher a dirigir carro em Botucatu. Tempo muito saudoso. Abraço forte. Neide (neidesanches@uol.com.br). 5 de outubro de 2011 19:47 Delmanto disse... Salve, Neide. Seu comentário é muito valioso. É preciso resgatar esse período tão importante para Botucatu, como foi o da implantação e existência da Casa de Saúde Sul Paulista. O seu testemunho sobre o Prof. Tarsia é o primeiro caso concreto que temos conhecimento sobre a sua atuação em Botucatu. No início dos anos 30, era uma honra para uma cidade de porte médio contar com a experiência e competência de um Cirurgião Catedrático de uma Universidade da Europa (Nápoles). E sobre a colônia de Nova Trento é uma verdadeira riqueza. Obrigado por seu interesse. Grande abraço,5 de outubro de 2011 4 - Caro Sig. Delmanto, È con enorme piacere che ho avuto conoscimeto del tuo lavoro. “Momento MAGGIORE Italia/Brasile = Conte Matarazzo!” Già conoscevo la fama del Conte Matarazzo, essendo certo che negli anni1930/40 lui era considerato l’italiano piu ricco del mondo! Questo lavoro ritratta bene l’importanza dell’immigrazione italiana per il Brasile . La stesso è occorso in altri Paesi come Stati Uniti, Canada e L’Australia. A compitua integrazione della Colonia Italiana con i brasiliani à il principale distaco per aspetto positivo di questa immigrazione. Saluti per il bello e ricco lavoro. Cordialmente, Paolo Trevisani (paolo.trevisani@comune.bologna.it) 4 de outubro de 2011


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A R T I G O GRANDEZA DO BRASIL Há 20 anos, em 20 de março de 2001, a Folha de São Paulo publicou o mais belo texto que já li sobre nosso País. Na esperança de que ele também seja profético, decidi reproduzi-lo. Roberto Mangabeira Unger

ROBERTO DELMANTO

De repente, o Brasil se levantará. A ascensão do Brasil não passará por ódios e guerras, nem se fundará sobre novidades deslumbrantes na maneira de organizar a sociedade. As novidades – instituições diferentes – virão, porém só depois. Será um milagre de iniciativas óbvias e singelas, por falta das quais uma vitalidade desmedida não conseguia, até então, ser fecunda. Juntando homens e mulheres que não confundem o realismo com a rendição, o Brasil reinventará o desenvolvimento no ato de retomá-lo. Democratizará o mercado, descentralizando o acesso aos recursos da produção. Com isso, dará oportunidade aos dois terços da população adulta que hoje tentam sobreviver na economia informal. O Brasil rejeitará a escolha entre um Estado que pouco faz pela produção e um Estado que, em nome da produção, distribui favores entre apaniguados. Governos e empresas trabalharão juntos, sem favorecimentos, para identificar o que falta. Em vez de impor uma única estratégia

de cima, deixarão que muitas estratégias convivam. Não teremos medo de crescer, porque teremos aprendido a diminuir nossa dependência de importações e dinheiro de fora, sem nos fechar ao mundo. A chegada do Brasil ao concerto das grandes nações forçará a substituição de um consenso autoritário por uma diversidade libertadora. Acercando-nos de outros grandes países, como a China e a Índia, e desenvolvendo com os Estados Unidos uma relação não desnorteada pelo medo, trabalharemos por uma ordem mundial que ajude os países a manter e construir, por rumos próprios, civilizações diferentes. Nossos impostos, ainda altos, deixarão de onerar a produção. Nossas poupanças serão organizadas para servir aos produtores e para nos dar os meios de nos integrar no mundo sem deixar de desbravar nosso caminho. Haverá ordem no Brasil. Os criminosos, sejam brancos ricos ou pretos pobres, cumprirão penas mais longas em prisões humanizadas. Neste ambiente ordeiro, nossa obsessão nacional será consolidar um ensino público que capacite os brasileiros e aproveite seus talentos. E que prepare uma sociedade sem classes. Entre nossas crianças, pobres e morenas, serão revelados gênios, até aquele dia ocultos e mudos, que acordarão a humanidade do torpor do desencanto. Imaginando o possível, nossos pensadores compreenderão melhor o existente. Nossos artistas criarão uma arte visionária, que nos abrirá os olhos para a magia do mundo. Continuaremos tão tortos quanto éramos antes. Entretanto, menos temerosos de tornar o Brasil brasileiro e menos dispostos a tolerar as injustiças que nos dividem e abatem, seremos mais fortes. E, por isso, mais magnânimos. Não mais teremos de escolher entre a decência e a doçura. O engrandecimento do Brasil soará, em todos os recantos da terra, como o grito de uma criança ao nascer, prometendo novo começo para o mundo. Presos em seus afazeres, tentando esquecer que morrerão, homens e mulheres pararão, por um instante, perturbados por uma esperança inesperada. Ouvirão neste grito a profecia do casamento da grandeza com o amor.


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Hospital Umberto Primo / Hospital Matarazzo

Com a força do Império Matarazzo, o Conde Matarazzo foi o principal patrocinador da fundação, em 1904, do Hospital Umberto Primo. E não parou aí. A ampliação foi constante, chegando a 27.000 m2 de área construída a um quarteirão da Avenida Paulista. O crescimento do complexo hospitalar foi constante: • Prédio original do Hospital Umberto I (pavilhão administrativo), 1904 • Casa de Saúde Francisco Matarazzo,1915 • Capela, 1922 • Casa de Saúde Ermelino Matarazzo, 1925 • Cozinha, Lavanderia e Refeitório, 1929• Residência das irmãs, Ambulatórios e Enfermarias, anterior a 1930• Clínica Pediátrica Amélia de Camilis, 1935 • Pavilhão Vitório Emanuele III, 1937 • Maternidade Condessa Filomena Matarazzo, 1943• Prédio Hospitalar (ampliação), 1974 Na década de 50, chegou a ter 500 leitos e nos anos 70 passou a ser referência na formação de profissionais, ao firmar convênio com o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), sendo que sua maternidade era vista como a melhor da América do Sul. Com o fim do Império Matarazzo, o hospital também entrou em crise. Já transformado em um ícone arquitetônico e por sua importância histórica foi tombado, em 1986, pelos órgãos do patrimônio. A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI, comprou o prédio, em 1996, para transformá-lo num complexo turístico e hotel. Não realizou o planejado e o vendeu, neste ano de 2011, para a PUC –Pontíficia Universidade Católica que fará o aproveitamento dos prédios, colocando um Campus Universitário e um complexo cultural.

EMPREENDEDORISMO DOS “ORIUNDI” NA SAÚDE! No inicio dos anos 20, a então poderosa colônia italiana em Botucatu atingia o auge de sua prosperidade. Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte. A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica. Longe deles qualquer sentimento divisionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma origem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas... Como ocorrera, com muito sucesso, na capital, onde a colônia italiana erguera o imponente Hospital Umberto Primo, em 1904, ampliando-o sucessivamente, o exemplo passou a ser seguido pelos núcleos mais expressivos dos imigrantes italianos nas cidades do interior do estado . E Botucatu estava situada no limite de onde chegara a Estrada de Ferro Sorocabana, em 1889 e dali partindo para a conquista do interior, “plantando” cidades com o progresso que as suas paralelas levavam: Lençóis Paulista, Bauru, Assis, Ourinhos e Presidente Prudente se destacando entre tantas outras... Na segunda metade dos anos 20, Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) já tinha completado seu ciclo produtivo de calçados: com fazenda de gado, curtume, fábrica de calçados (máquinário importado da Alemanha) e loja de comércio, sendo que exportava calçados para a França e a Alemanha. Era um imigrante empreendedor de sucesso. Mas tinha um grande sonho: um hospital para atender a forte colônia italiana de Botucatu e dirigido por seu filho primogênito, Aleixo, que se formara em Medicina pela Real Universidade de Parma, na Itália. Assim, inaugurou a Casa de Saúde Sul Paulista, em 1928, trazendo como seu Diretor Clínico, o Professor Titular de Cirurgia Clínica da Real Universidade de Nápoles, Dr. Ludovico Tarsia que tivera que se exilar no Brasil por problemas políticos na Itália.


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COMENTA Rodrigo Scalla

Professores Doutores; Benedito Barraviera, o pró- reitor Edson Cocchieri Botelho e Rui Seabra Ferreira Júnior em pose especial para esta coluna

Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da UNESP/ CEVAP recebe visitas ilustres

Foi com grande júbilo que o CEVAP ( Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Unesp ) teve a honra de receber em seus domínios na pessoa do Prof. Dr. Benedito Barraviera, anfitrião da visita ocorrida no dia 28 de setembro , o Prof. Dr. e Pró- Reitor de pesquisa da Universidade Edson Cocchieri Botelho e de seu assessor Prof.Dr. Reginaldo Barboza da Silva. O intuito dessa visita era de que o Prof. Dr. Edson participasse as atividades dos laboratórios, assim como as atividades desenvolvidas pela empresa e o projeto da Fábrica de Amostra de Medicamentos para pesquisa clínica. A comitiva, acompanhada do Prof. Dr. Benedito Barraviera também participou as novas e modernas repaginacoes do local como plantio de flores e árvores no entorno, e também do asfaltamento do local para viabilizar o acesso de quem ali for visitar. Notei um encontro proveitoso com a participação de alunos e funcionários do local seguido de um delicioso almoço capitaneado por Alessandra Bronzatto e sua equipe do Itália in Bocca. No salão de reuniões o que for notado por este colunista, um bate papo descontraído entre o anfitrião e os convidados. Tudo correu a “ fios de carretéis” , como diria a saudosa jornalista e colunista social Vera Martins, presidente da Apacos (Associação Paulista dos Colunistas Sociais) e da Febracos (Federação Brasileira dos Colunistas Sociais). Foi uma ma- Prof. Dr. Celso Pereira Prof. Dr. Rui Seabra nhã e tarde para guardar na lembrança. Caricati, pesquisador Ferreira Júnior

O homenageado do dia, o pró- reitor da universidade Prof. Dr. Edson Cocchieri Botelho

Prof. Dr. Reginaldo Barboza da Silva , assessor Quadros de colaboradores do pró- reitor do CEVAP

Um registro especial durante o almoço, momento de confraternização

A la Cuoca Alessandra Bronzatto ( Chef de Cozinha em Italiano) foi a grande responsável pelo menu, indiscutivelmente, o melhor

Só para dar água na boca

Fiz questão de levar flores a grande dama do CEVAP e esposa do Dr. Benedito a senhorita e amiga há muitos anos Prof. Dra. Silvia Barraviera pela qual tenho grande carinho e estima

Tudo preparado com capricho

O anfitrião Prof. Dr. Benedito Barraviera do CEVAP

Almoço oferecido pelo Prof.Dr. Benedito Barraviera aos convidados

Meu grande e estimado amigo, companheiro de muitas serestas na cidade José Antônio Granieri. Muito bom rever tantos amigos do coração presentes no almoço

Registrei a chegada do pró-reitor ao CEVAP totalmente repaginado


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