Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 285
QUINTA-FEIRA, 07 de outubro de 2021
Aluno do Pedre� que virou diretor da escola e a está reformando com as próprias mãos Mário foi eleito o diretor mais jovem do estado de São Paulo
Por Bianca Somera/Solutudo Você já dever ter passado por escolas que marcaram muito a sua vida. Esse é o caso do botucatuense Mário Engela, que aos 32 anos se tornou Diretor da escola em que ele estudou no ensino médio. Inspirado em fazer acontecer, Mário, que há um mês, assumiu a diretoria da Escola Estadual José Pedre� Ne�o, já está realizando mudanças significativas no colégio. Após passar quase um ano parada, por conta da pandemia, a escola, localizada na Vila Maria, precisava de uma reforma e uma boa limpeza. O Diretor, que já ganhou prêmios de desempenho em outras escolas da nossa região, colocou a mão na massa e com a ajuda dos funcionários, está melhorando as condições do local. “Essa escola faz parte da minha vida. Eu nasci nesse bairro, esses jovens que estudam aqui são filhos dos meus vizinhos, das pessoas humildes que eu conheço, gente que eu sempre convivi e que merecem o melhor.” Afirma Mário. Colocar novas lâmpadas, pintar as paredes, tirar o mofo, remover o entulho, trocar equipamentos, enfim, são muitas tarefas a se realizar antes dos alunos voltarem, mas para o novo diretor, nada disso é impedimento: desde o dia que assumiu, Mário não parou de trabalhar com sua equipe para reconstruir a escola e receber os alunos da melhor forma possível. Educação = Esperança em um futuro melhor É perceptível o amor de Mário pela profissão, ele fala com muito carinho sobre os alunos. A trajetória da sua profissão começou após Mário se graduar em história e concluir seu mestrado na Unesp de Bauru. Ele contou que sempre soube que queria ser engajado na área da educação, depois de trabalhar alguns anos como professor, ele passou em um concurso para ser diretor de escola. A primeira experiência do professor como diretor foi aos 29 anos. Na época, Mário foi eleito o diretor mais jovem do Estado de São Paulo, e atuou em uma escola de Torre de Pedra, uma pequena cidade da nossa região, com pouco mais de 2 mil habitantes. Graças ao diretor, a escola de Torre de Pedra alcançou índices altíssimos de ensino. O reconhecimento fez com que Mário recebesse um convite para um grande desafio em 2021: estar a frente da Escola Pedre�, implantando a 2ª escola em tempo integral de Botucatu e ele garante que já começou com o pé direito! “Educação é a base de tudo, sem ela não vamos a lugar nenhum.”
O GIGANTE DEITADO
(ilustração de Vinício Aloise ao pé do Gigante, as Três Pedras)
Aos 32 anos Mario Engela é o diretor mais jovem de Botucatu Foto: Bianca Somera
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Diário da Cuesta
ARTIGO Faz seis anos que publiquei essa crônica. Parece que, de lá pra cá, não mudou muita coisa.
PODE MELHORAR? Bahige Fadel Vira e mexe, a mídia espalha resultados pífios da educação no Brasil, como se fosse uma grande novidade. Um dia desses, estava eu assistindo a um ‘interessante’ jogo da série B do campeonato brasileiro de futebol (às vezes, eu me imponho sacrifícios dessa natureza), quando um amigo meu me telefona: Estou vendo aqui na internet que a situação do ensino médio no país é catastrófica. Mostra um resultado de avaliação externa, em que o nosso ensino médio registra que há analfabetos nesse nível. E me contava tudo que havia lido, como se tivesse descoberto a América antes de Colombo. Ao perceber que eu não me entusiasmava muito com as ‘novidades’, ele me pareceu decepcionado. Puxa vida, você sempre se mostrou interessado com coisas que se referem à educação. Perdeu esse interesse? Esclareci ao preocupado amigo que não me tinha desinteressado, mas que o que ele me contava não revelava nenhuma novidade. Os resultados das avaliações do ensino médio são sempre sofríveis. Os caras sabem disso há muito tempo, só que não têm a mínima noção do que devem fazer para mudar esse estado de coisas. Perdão, estou sendo radical. Eles
até têm noção do que precisam fazer, ou melhor, do que já deveriam ter feito há séculos. O que eles não têm é vontade de fazer. Agora, a notícia oficial é que o currículo do ensino médio vai ser flexível. E as ‘otoridades’ educacionais do país marcam entrevista coletiva com a imprensa para darem a grande notícia. Querem dizer que estão inventando o ‘emplasto Brás Cubas’ da educação moderna brasileira. Estou desconfiado de que essas ‘inovações’ todas terão o mesmo fim do emplasto Brás Cubas de Machado de Assis. Vai morrer a educação antes mesmo de existir a reforma desejava e necessária para ela. A flexibilidade curricular há muito tempo não é novidade no Brasil. É só lembrar o tempo em que se estabeleceu, por lei, que deveria haver o núcleo comum e a parte diversificada, de livre escolha dos sistemas de ensino. Deu certo? Se tivesse dado certo, o resultado das avaliações do ensino médio não seriam o que são. Querem que a árvore da educação dê bons frutos, regando apenas as folhas, enquanto as raízes permanecem secas. Se não tomarem cuidado, morrerão as irrigadas folhas e as secas raízes. A solução para o ensino médio, como para qualquer nível da educação nacional, não é tão simples. Ouvi, um dia desses, um cara dizendo que é preciso pagar bem aos professores, se quisermos que a educação melhore. Até quero que paguem muito bem aos professores. Tenho um filho que é professor e pode ser beneficiado. E eu mesmo sou professor aposentado. Pode ser que alguma coisa dessa possível melhoria no nível salarial respingue para mim. Só que isso, isoladamente, não melhora o nível da educação. Assim como não melhora o nível do ensino médio o simples fato de se adotarem currículos flexíveis, que, aliás, não são novidade. Esse negócio de reforma-engana-trouxa precisa acabar. Para se melhorar a educação no ensino médio, é preciso resolver antes a educação no ensino fundamental. Hoje ainda existe um problema entre o ciclo I e o ciclo II do ensino fundamental. E parece que a maioria das prefeituras se nega a tentar uma solução para esse problema. Assim, o aluno, que cursou os dois ciclos do ensino fundamental sem o menor projeto de continuidade, é colocado no ensino médio. Daí, os professores do ensino médio reclamam que receberam os alunos sem pré-requisitos. É muito chique dizer que o aluno não tem pré-requisitos, como se ele fosse culpado por isso. Só que esses professores, por culpa de um sistema de ensino que os engessa, não têm um plano para dar aos alunos os requisitos necessários. Assim mesmo, pode acreditar, caro leitor, esses alunos chegarão à universidade e a deixarão, após alguns anos, sem os mesmos pré-requisitos.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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ARTIGO
"O que passou..." José Maria Benedito Leonel
Gosto de visitá o passado. Nele me vejo criança lá no canto de invernada onde nasci. Gosto de vê a mãe moça, morena dos zóios preto e da sombraceia bordada, achegando-se ao meu pai que guentô os pulos da mula Pitanga que o Ernesto tropeiro largô pra ele, da ultima vez que descansô a tropa lá em casa. Gosto de vê, lá no passado, o meu lugarejo, a minha escola rural, a minha professora dona Dalva e as outras crianças, meus amigos pra sempre. Gosto de me vê na “meiga escola da grande Via Látea”, na cantina do seu Guazeli ( que não me traía a memória), olhando as normalistas lindas, respeitada a faixa amarela do pátio.
ARTIGO
E como me lembro, tim tim por tim tim, da história da minha vida com a dona da pensão e do coração. As limitações todas eram vencidas pela mocidade e pelo querer bem, nas praias humildes e nos velhos fuscas. Eta Mongaguá, CPP (obrigado Pida) e barraca do Maurílio. Dava-se sempre um jeito e a gente foi feliz. E vieram os filhos e vieram eles, os netos. E a vida seguiu trazendo maturidade pra entender, mais ou menos, os ganhos e as perdas. Ora me vejo na lida com o pai ensinando, ora me vejo com o filho, aprendendo com ele quanto pesa e quanto vale a vaca amarela que desmamô o bezerro baio. Assim foi e é e sigo a varsa da vida. E o futuro? Com lealdade, confesso que há projetos nas gavetas e no coração. Confesso que não acho amargo o chimarrão na cuia. O tempo não passa a toa e ele já deixou pra mim a paciência para sondar o destino. Quando o amanhã for hoje e o hoje for ontem, ontem quero ter saudade tanto quanto hoje. E mais, aprendi desde criança que o futuro a Deus pertence. Sei que não fui rico, nem celebridade, nem excelentíssimo, mas a meu ver, fui feliz na vida. Repito, o futuro a Deus pertence e eu acredito n’ ELE.
A Princesa e a Ervilha
Eduardo J.R. Santos Universidade de Coimbra Hoje lembrei-me, a fechar o computador, dos contos de fadas, daqueles seres que não existem, mas fazem toda a diferença! Do Hans Christian Andersen: “A Princesa e a Ervilha”, simples assim de sabedoria... Era uma vez um príncipe que queria casar com uma princesa — mas tinha de ser uma princesa verdadeira. Por isso, foi viajar pelo mundo fora para encontrar uma, mas havia sempre qualquer coisa que não estava certa. Viu muitas princesas, mas nunca tinha a certeza de serem genuínas, havia sempre qualquer coisa, isto ou aquilo, que não parecia estar como devia ser. Por fim, regressou a casa, muito abatido, porque queria uma princesa verdadeira. Uma noite houve uma terrível tempestade; os trovões ribombavam, os raios rasgavam o céu e a chuva caía em torrentes — era apavorante. No meio disso tudo, alguém bateu à porta e o velho rei foi abrir. Deparou com uma princesa. Mas, meu Deus! O estado em que ela estava! A água escorria-lhe pelos cabelos e pela roupa e saía pelas biqueiras e pela parte de trás dos sapatos. No entanto, ela afirmou que era uma princesa de verdade. — Bem, já vamos ver isso — pensou a velha rainha. Não disse uma palavra, mas foi ao quarto de
hóspedes, desmanchou a cama toda e pôs uma pequena ervilha no colchão. Depois empilhou mais vinte colchões e vinte cobertores por cima. A princesa iria dormir nessa cama. De manhã, perguntaram-lhe se tinha dormido bem. — Oh, pessimamente! Não preguei olho em toda a noite! Só Deus sabe o que havia na cama, mas senti uma coisa dura que me encheu de nódoas negras. Foi horrível. Então ficaram com a certeza de terem encontrado uma princesa verdadeira, pois ela tinha sentido a ervilha através de vinte edredões e vinte colchões. Só uma princesa verdadeira podia ser tão sensível. Então o príncipe casou com ela; não precisava de procurar mais. A ervilha foi para o museu; podem ir lá vê-la, se é que ninguém a tirou.Aqui têm uma bela história! Como o autor dizia, ainda hoje a celebrarmos o dia internacional da música, “onde as palavras falham, a música fala”. Do seu reino da Dinamarca, uma lufada de música de qualidade. Bom fim de semana :-) e muitos “tales”!
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“Digressão”
ARTIGO Maria De Lourdes Camilo Souza
Saboreando um cappuccino e ouvindo uma música, nesta tarde chuvosa, voltei no tempo. Um tempo não muito longínquo. E aí sorrio pensando o que seria esse tempo? Lembrei de um comentário a um post sobre o Dia do Idoso, que por acaso comemora-se
hoje. Em seu comentário o amigo, apesar de sua idade, não se sentia um idoso e percebi que concordo com ele, também não me sinto uma. Houve um tempo em que saia cedo de casa e descia da minha casa até a Rua Amando. Dava uma parada na loja do Boticário para comprar algum presente. Depois seguia caminho até uma loja de aviamentos que ficava numa esquina da General Telles. Às vezes comprava uma baguete recheada e um delicioso bolo de frutas na Padaria Jacarandá. Seguindo a caminhada descia a Quintino Bocaiuva e indo até a Rua Amando dava uma parada na Lojika. Isso antes da boa reforma que fizeram lá. As vezes encontrava algumas amigas pelo caminho e conversávamos um pouco. Depois ia ao Banco. Aproveitava para almoçar num restaurante em frente o Café do Ponto. Sempre encontrava por lá um ou outro conhecido. De lá passava pelas Lojas Pernambucanas e atravessava a rua para comer um petit gateau no Chiquinho. Tudo muito apreciado e saboreado com aquela leveza do dia de férias. E só então retornava para casa. E a sensação era daquela felicidade das coisinhas simples em minha própria companhia. E vinha a hora da sesta, Chérie deitada ao lado do meu cadeirão recebendo de vez em quando um ou outro afago, ao que se espreguiçava sorrindo. Então vinha a hora de assistir um capítulo de uma das minhas séries favoritas. Basicamente muito disso mudou com a pandemia. Dia desses dei-me conta que preciso retomar esses programinhas matutinos, nem que seja para ficar na fila do Idoso no Banco.
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