Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 288
SEGUNDA-FEIRA, 11 de outubro de 2021
ONDE ESTÁ O DINHEIRO ?!?
Foto Rodrigo Scalla
REPETINDO: ONDE ESTÁ O DINHEIRO DO ESTADO ?!? O que estão fazendo com o CARTÃO DE VISITAS DE BOTUCATU?!? Ação OMISSA do Governo do Estado que nos faz lembrar da frase do Prefeito Pardini: “Não espero mais nada do Governo do Estado”. Mas se trata de um PATRIMÔNIO CULTURAL e HISTÓRICO DE BOTUCATU!!! Sem força política representativa a nível estadual, contamos com a boa vontade do Prefeito Pardini, mesmo não sendo
função de sua gestão e, sim, do GOVERNO DO ESTADO! Mais uma grande decepção com o governador JOÃO AGRIPINO DORIA. Mais uma! Na última semana em reunião na Prefeitura de Botucatu com representantes da Reitoria da UNESP e das Faculdades sediadas no campus do Lageado foi confirmada uma parceria para a reconstrução da ponte da Fazenda Lageado destruída com a forte chuva de fevereiro de 2020. A parceria também deverá reabrir a Fazenda Lageado à visitação pública e recuperar e reabrir o Museu do Café.
DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO: Ex-relator da ONU para o combate à fome não compreende como o Brasil – pátria do sociólogo, médico e ex-dirigente da FAO, Josué de Castro! – procura não só ignorar Josué de Castro, mas adotar políticas assistencialistas a lembrar dos antigos “Coronéis do Sertão” que “davam migalhas” para seus “currais eleitorais” em troca do voto eleitoral... Página 3
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Diário da Cuesta
JOSUÉ DE CASTRO: 40 ANOS SEM O GRANDE MESTRE! (2013) DOIS MOTIVOS PARA O TEMA “FOME”: O LIVRO “DESTRUIÇÃO EM MASSA” E O ARTIGO “40 ANOS SEM JOSUÉ DE CASTRO”:
GEOPOLÍTICA DA FOME!!! “O livro que o leitor terá em mãos, embasado diretamente na experiência dessa década de ação combativa, é o fruto mais recente da inesgotável capacidade de trabalho e de luta de Ziegler. Resgatando – e sobretudo reivindicando – a herança do inesquecível mestre (outro grande intelectual público internacional) que foi Josué de Castro, Ziegler opera uma rigorosa desmistificação das várias formulações ideológicas contemporâneas (neomalthusianas ou não) que naturalizam o fenômeno da fome, situa-o como o ominoso e criminoso escândalo do tempo presente, aponta os seus verdadeiros responsáveis e desmascara os seus falsos e mentirosos argumentos. Ao mesmo tempo, não se limita à denúncia necessária, mas sugere as vias de solução, indicando os sujeitos sociais que podem implementá-la”. José Paulo Netto. O lançamento do livro “Destruição em Massa – Geopolítica da Fome”, do sociólogo Jean Ziegler coloca em discussão o combate à fome no Brasil. Ele é claro: “O combate à pobreza precisa de mudança de 180º no Brasil”. E arremata: “Não houve a reforma agrária no Brasil, prometida por Lula e Dilma. E o problema é que, agora, só o assistencialismo (Bolsa Família) não dará resultado.” Ziegler destaca que “é verdade que o Brasil adota uma política de superávit comercial. Além disso, Lula precisava governar e isso exigiu acordos com a Bancada Ruralista no Congresso... Politicamente, eu entendo tudo isso. Mas, intelectualmente, precisamos deixar claro que o modelo fracassou. Com um país do tamanho do Brasil, não há motivo para não conseguir alimentar sua população. Não há nenhuma justificativa.” É famoso e competente o sociólogo suíço, Jean Ziegler. A polêmica e a provocação fazem parte da trajetória de Ziegler. Ex-relator da ONU para o combate à fome não compreende como o Brasil – pátria do sociólogo, médico e ex-dirigente da FAO, Josué de Castro! – procura não só ignorar Josué de Castro, mas adotar políticas assistencialistas a lembrar dos antigos “Coronéis do Sertão” que “davam migalhas” para seus “currais eleitorais” em troca do voto eleitoral... Josué de Castro Nestes 10 Anos de Governo do PT, não vi um programa sério para solucionar a pobreza e a fome do povo brasileiro. Uma ação efetiva e não meramente assistencialista! E o que o sociólogo Ziegler coloca é, exatamente, o fracasso dessa ação meramente assistencialista. NADA de REFORMA AGRÁRIA. Nada de se prestigiar o pequeno agricultor. É preciso que se coloque em discussão os trabalhos do brasileiro e ex-dirigente da FAO, Josué de Castro. É preciso escutar o “recado” dado pelo sociólogo Jean Ziegler, ex-relator da ONU para o combate à fome. O PT precisa se reencontrar com os problemas do POVO BRASILEIRO, sem as “espertezas” de um Lula da Silva... (AMD)
Campanha de Luta contra a Fome, (ONU); do conselho do Comitê Intergovernamental para as Migrações Européias; do Centro Internacional para o Desenvolvimento, em Paris, e do Comitê Mundial por uma Constituição dos Povos, em Denver (EUA); além de vice-presidente da Associação Parlamentar Mundial em Londres, e professor da Sorbonne em Paris. Josué de Castro escreveu 29 livros, traduzidos em mais de 25 línguas. Preocupado com o futuro, foi o pioneiro na defesa do meio ambiente, um semeador de idéias que encantava o público com seus discursos. Darcy Ribeiro o considerava “O homem mais inteligente e brilhante que eu conheci”. GEOPOLÍTICA DA FOME Era famoso nos EUA e Europa também como “advogado do Terceiro Mundo”, depois do sucesso do livro “Geopolítica da fome”. Em 1971, foi indicado pela segunda vez ao Prêmio Nobel da Paz. Em 1958, foi eleito deputado federal com 33.657 votos, o mais votado do PTB no Nordeste. Seu companheiro de chapa para deputado estadual era Francisco Julião, advogado e líder das Ligas Camponesas. E seria indicado para disputar o governo do Estado com apoio do ministro do Trabalho João Goulart. Josué foi um dos fundadores da Academia Nacional de Cultura junto com os amigos Mário de Andrade, Jorge Amado, Vinícius de Moraes, Anísio Teixeira, Cecíia Meireles, Cândido Portinari, Darcy Ribeiro, Oscar Niemeyer, Barbosa Lima Sobrinho, Celso Furtado, entre outros. Quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, liderou a Ação da Cidadania Contra e Fome, a Miséria e pela Vida, em 1992, teve a patente do pioneirismo de Josué de Castro. O ex-presidente da ABI Barbosa Lima Sobrinho, disse: “O Brasil tem duas cartas de descobrimento. A primeira é a de Pero Vaz de Caminha. A segunda é Geografia da Fome, de Josué de Castro. Em 1955, visitou a URSS em plena guerra fria, e conseguiu a façanha de ser reconhecido, por seus estudos, tanto pelos soviéticos como pelos norte-americanos. Os países inimigos consagraram o estudo de Josué como fundamental para se pensar a existência da humanidade na mancha subdesenvolvida – como produto do desenvolvimento e a miséria na África, parte de Ásia e na América Latina. Na escola do MST, em Veranópolis (SP), os ensinamentos do sociólogo servem de base teórica para a organização do movimento dos sem-terra. CASSADO NO AI-1 Logo após o golpe militar de 1964, Josué teve os direitos políticos cassados pelo Ato Institucional Nº 1 juntamente com Miguel Arraes, Leonel Brizola, Celso Furtado, Darcy Ribeiro e outros, considerados perigosos agentes do comunismo. Seu crime: ter denunciado ao mundo a vergonha da fome como obra dos homens. Viveu exilado durante nove anos até a sua morte, aos 65 anos, em Paris. Quando o SNI autorizou a sua volta, em 28/9/1973, Josué de Castro já estava morto desde o dia 24. Somente vestido de caixão, para lembrar os versos de João Cabral de Mello Neto sobre os camponeses pernambucanos, os militares permitiram a sua volta. Mas era um homem grande demais para caber em sete palmos de terra. Enquanto houver fome, latifúndio e subdesenvolvimento, ele estará vivo entre todos nós. A morte do sociólogo da fome foi manchete nos jornais do Brasil, e nos principais jornais da Europa e Estados Unidos. E Josué havia confidenciado aos amigos no exílio parisiense, em 1973: “Não se morre só de enfarte, ou de glomero-nefrite crônica… morre-se também de saudade”.” ( “Tribuna da Imprensa”, 30/09/2013)
OS 40 ANOS SEM JOSUÉ DE CASTRO Sergio Caldieri Josué Apolônio de Castro nasceu em 5 de setembro de 1908, em Recife, e morreu em 24 de setembro de 1973, durante o seu exílio em Paris. Médico, geógrafo, escritor, filósofo, sociólogo e político. Estudou Medicina em Salvador e Filosofia na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, foi uma das personalidades que mais se destacaram no cenário brasileiro e internacional não só por seus trabalhos científicos sobre a fome no mundo, mas também por sua atuação no plano político e em organismos internacionais. O sociólogo da fome, como era conhecido mundialmente, foi professor de Geografia Humana na Faculdade Nacional de Filosofia; pertenceu ao Serviço Técnico de Alimentação Nacional; presidente do Conselho da Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO); do comitê governamental da
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DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
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Lageado: o Cartão de Visitas de Botucatu
A FAZENDA DO LAGEADO – importante “campus” da UNESP – abrigando, hoje, a Agronomia, a Engenharia Florestal e a Zootecnia e, para amanhã, abrigará toda a estrutura funcional da Faculdade de Medicina Veterinária. É um sucesso! A FAZENDA LAGEADO assume - pela sua história rica e grandiosa – ares mágicos de um passado substancioso a marcar o poderio que foi a produção de café. No HISTÓRICO DA FAZENDA DO LAGEADO, apresentamos valioso trabalho de pesquisa que publicamos em várias edições do “JOPRNAL DE BOTUCATU”, de autoria da profa. Inês Antonini, da equipe de pesquisas da Faculdade de Agronomia. É um resgate histórico a mostrar que essas conquistas contam, sempre, com a atuação cidadã de homens públicos compromissados com a comunidade que representam. Hoje, o LAGEADO É O CARTÃO DE VISITAS, O CARTÃO POSTAL DE BOTUCATU! Merecidamente. Bem administrado pela UNESP, representa o mais importante POLO CULTURAL de Botucatu. Reunindo artistas plásticos, cantores e atores teatrais. Possue TRILHA ECOLÓGICA, com áreas verdes preservadas e prédios históricos em harmonia com modernas e funcionais construções. O MUSEU DO CAFÉ é modelar. O LAGEADO é a prova provada de que o FUTURO é POSSÌVEL! O FUTURO, no Lageado é HOJE!!! “Fazenda Lageado: O Futuro é Possível!” “É isso aí. Sem tirar nem por. Hoje, o Lageado é o Cartão de Visitas, o Cartão Postal de Botucatu. Mas é mais, muito mais! Hoje, o Lageado é a prova provada de que o futuro existe e é possível, agora, já! Botucatu não viu, nos últimos 20 anos, volume igual de obras. Pensou-se grande, sem os adminículos dos políticos menores. Lá, no Lageado, provou-se que se pode apostar no futuro, com competência e persistência. Lá restou provado que hoje é impossível gerir um empreendimento sem um Plano Diretor que o defina, o limite e o projete para o futuro. Lá, no Lageado, houve uma equipe que acreditou no planejamento racional e apostou tudo nele. E teve sucesso. Tanto é assim que hoje já está em sua segunda experiência administrativa à frente da Agronomia da UNESP, tendo uma magnífica obra para mostrar. No dia 24 de Maio comemorou-se mais um aniversário da Agronomia de
Botucatu. Bem a propósito. Houve comemoração. Registro da história. Discursos. Nada mais justo. Hoje, o Campus do Lageado, pertencente à UNESP, abriga vários outros cursos universitários. Mas eu me permito prestar um testemunho para que se registre o trabalho e a liderança de quem soube acreditar no planejamento, exercer a sua liderança e partir para a construção do futuro. Em sua primeira gestão como Diretor da Agronomia, o Professor Ricardo de Arruda Veiga, soube montar uma coesa equipe técnico-administrativa. Sem descuidar da área docente, arregimentou excelentes colaboradores. Entregou à competência do arquiteto Eugênio Monteferrante Netto a incumbência da elaboração do Plano Diretor do Lageado. Não é preciso dizer que o resultado foi uma obra prima... a partir daí, mãos à obra... Lembro-me que em 1987 fui convocado pelo Dr. Ricardo para promover um contato com o então Vice-Governador Almino Affonso, a quem eu prestava assessoria. Fomos a São Paulo bem cedo, o Dr. Ricardo, o Dr. Monteferrante e eu, levados pelo Adilson. Falamos com o Almino, chegamos à Secretaria dos Transportes (ligada politicamente ao Almino) para tentar conseguir a Patrulha Rodoviária (Serviços de máquinas pesadas para terraplenagem, abertura de estradas, etc.) para abrir as novas vias de comunicação (avenidas) do Lageado. Para isso seria pago apenas o
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combustível. Houve outras colaborações políticas. Conseguiu-se o objetivo: o maior volume de movimentação de terra já visto na cidade. Faltava o asfaltamento... Ao depois, contatos políticos para conseguir o asfalto. Muita luta. Muitas promessas. Por fim, num trabalho “interna-corporis”, o Dr. Ricardo conseguiu da Reitoria a verba necessária. Após quase um decênio de lutas, estava tudo pronto... Vitória! No entanto, é preciso que se destaque a garra e a persistência do Prof. Ricardo de Arruda Veiga e a competência de toda a sua equipe. O respeito ao Plano Diretor e a postura de preservá-lo às naturais resistências dos contrários às mudanças... Valeu a pena! O Lageado, hoje, é a certeza de que o futuro é possível... É a maior obra turístico-viária de Botucatu dos últimos 30 anos... Desde o seu início com tantos professores desbravadores e competentes. Com a firmeza na Direção do Kimoto, do Júlio Nakagawa, do Flávio Abranches e, por duas vezes, com o comando seguro do Ricardo Veiga. Valeu a pena! Hoje, ao comemorar mais um aniversário, a Agronomia (Lageado) assume a certeza de que é o Cartão de Visitas, o Cartão Postal de Botucatu. O Lageado e a UNESP comemoram o futuro que chegou. Botucatu comemora a descoberta de uma equipe competente e arrojada que lhe deu a grande obra deste final de século. Visitem o Lageado! Vejam que o futuro é possível...” (“Memórias de Botucatu”, Armando M. Delmanto, 2ª edição, 1995)
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ARTIGO
“Mudanças radicais”
Maria De Lourdes Camilo Souza Era um daqueles domingos vadios e intermináveis, chovia e fazia frio. Depois do almoço e de uma soneca, Dafne ouvia música e estava aborrecida. Deu uma zapeada nas redes sociais, e eram uma sucessão das mesmas mensagens. Resolveu olhar o Google. E depois de ver alguns itens, seu olhar parou naquele anúncio: “O governo de Malta oferece residência permanente e visto por um ano para nomades digitais”. Nomad Residence Travel era o nome do programa do governo de Malta para atrair moradores. Seu espírito aventureiro acordou sorrindo dentro dela. Em sua mente veio a pergunta : onde fica Malta? E a resposta veio a seguir. Arquipélago situado na região central do Mediterrâneo entre a Sicília e a costa norte da África. Ficou imaginando-se nas suas praias paradisíacas. Ouvindo o povo de lá falando o idioma maltês: uma espécie de mistura de árabe, italiano e inglês. Pessoas queimadas de sol, pescadores, barcos, águas cristalinas. Comida mediterrânea, frutos do mar de longe a sua preferida. Ficou imaginando-se sentada a beira mar comendo um pastizzi ( massa folhada recheada parcialmente com ricota, queijo e ervilhas e bebendo um kinnie gelado ( suco de um tipo de laranjas muito comum por lá. Muitos locais históricos para visitar como fortalezas, templos megalíticos, e o Hipogeu de Hal Saflieni: um complexo subterrâneo de corredores e câmaras funerárias de 4.000 AC. Composto de 3 ilhas: Malta, Gozo e Comino. Sendo que Comino é a menor das três. No clássico A Odisséia de Homero, a ilha de Gozo era a casa de Calipso, a ninfa que aprisionou Ulisses, herói da Guerra de Tróia. Pode-se visitar a Caverna de Calipso, protagonista da obra de Homero.
Paraíso dos mergulhadores, Malta teve grande influência britânica. Foi base do Reino Unido na Segunda Guerra. Pode-se encontrar por lá as tradicionais cabines telefônicas e caixas postais vermelhas. Até 1979 tinham como soberana a Rainha do Reino Unido. Hoje faz parte da União Européia. Dafne riu quando descobriu que os malteses são muito supersticiosos. Suas igrejas tem dois relógios acima da entrada. Um deles mostra a hora certa e o outro a errada, artifício usado para distrair o demônio. Os barcos dos pescadores têm olhos pintados na frente, segundo sua crença, mantém os demônios afastados quando estejam pescando em alto-mar. Outra curiosidade sobre o país é que é o menor da União Européia. Dafne saiu em busca do passaporte, e começou a pesquisar como fazer parte desse sonho. Em seguida já começou a ver passagens aéreas e a planejar seu novo ano em Malta.