Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 310
SEXTA-FEIRA, 05 de NOVEMBRO de 2021
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Centro de Especialidades Odontológicas A Prefeitura Municipal de Botucatu inaugurou o novo Centro de Especialidades Odontológicas, equipamento que será referência na cidade para o atendimento odontológico da população. Inicialmente serão 10 dentistas atuando nas áreas de endodontia, cirurgia, diagnóstico bucal, periodontia, ortodontia preventiva, pacientes especiais e radiologia. O prédio tem 7 consultórios, equipados com cadeiras odontológicas e diversos outros equipamentos. Também, em muito breve, o CEO contará com aparelho de raio-x panorâmico e mais dois dentistas. Essas novas instalações têm como objetivo, além de aprimorar o serviço realizado, centralizar o atendimento, facilitando o acesso à população botucatuense. O prédio foi totalmente revitalizado e é um anexo do CS1, em frente ao Senac, na região central. A equipe tem a coordenação da Dra. Renata Bastos. O esforço continua para ampliar o acesso da população a saúde pública e aprimorar o atendimento de saúde bucal na cidade.
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ARTIGO
“Ilha de Páscoa”
Maria De Lourdes Camilo Souza Vi um desenho animado muito engraçadinho chamado Lava, sobre uma ilha que se sentia muito solitária no meio do mar. Um dia sumiu no meio do mar. Tinha uma outra Ilha submersa que escutava seus queixumes de solidão e sonhava um dia através de uma emoção juntar-se a ele. Não vou contar o resto, vejam no YOUTUBE. Enquanto me encantava com esse lindo filminho lembrei do tempo que era jovem e que fiz uma lista das coisas que gostaria de fazer. Sabe aquela lista dos Sonhos? Essa mesma. Uma delas era conhecer a Ilha de Páscoa.
Li tudo que encontrei a respeito dela. Surgiu de erupções vulcânicas que ocorreram há 3 milhões de anos atrás. Imagine que cerca de 4 vulcões foram responsáveis, os quais atualmente estão inativos. Seu nome original, Rapa Nui, fica no território chileno e é famosa por seus sítios arqueológicos. Tem 900 estátuas monumentais chamadas Moais, que foram criadas pelos habitantes durante os séculos XIII a XVI. Figuras humanas gigantes esculpidas com cabeças gigantes. Foi descoberta pelo almirante holandês Jacob Roggeven num domingo de Páscoa de 1772. Deve ter sido habitada por algumas civilizações, entre elas os plenários, vindos da Ásia. O que me intrigava encantava no Chile eram os poemas de Pablo Neruda, de quem tenho alguns livros, e a Ilha de Páscoa. E justamente sobre aqueles Moais extraordinários. Naquela época já tinha lido “Eram os Deuses Astronautas?” Minha fantasia predileta era que seres extraterrestres tivessem colocado os moais ali olhando para o mar. Assim como as pirâmides do Egito, outro da minha lista. Eu ainda irei lá, me aguardem.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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ARTIGO
CHATICE Bahige Fadel
Fui procurar no dicionário o significado da palavra chato, para ver que havia algo diferente daquilo que a gente sabe. Não há. É aquilo mesmo: ‘ Indivíduo de companhia ou convivência desagradável, inconveniente, desinteressante, não só pela obviedade e previsibilidade, com também pela falta de conteúdo de suas afirmações. Estorvo. Aquele que causa incômodo ou tédio.’ É isso mesmo. O mundo atual está uma chatice danada. Está causando tédio. E não que seja algo ocasional ou de pessoas de pouca cultura. Não. Há muita gente de status chata pra dedéu. Caramba! Está insuportável. Acho que nem os chatos estão se aguentando de tanta chatice. Vocês viram a definição do dicionário? Obviedade e previsibilidade. Querem coisa mais chata do que isso? Você vai assistir a um programa de TV para ver o que há de novo. E o que você vê? O blá-blá-blá de sempre. Aquele que é contra só fala contra. Não consegue ver uma virtude. Aquele que é a favor só fala a favor. Não consegue ver um defeitozinho sequer. Chatice total. Insuportável. Nessa história chata, todo mundo é maniqueísta. Parece que ninguém se propõe a sair desse quadrado. Ninguém
3 quer ampliar horizontes. Ninguém quer refletir um pouco mais, para ver se existe algo mais. É a santificação de um lado e a demonização do outro. Só que o que é santificado por um lado é demonizado pelo outro e vice-versa. Santos e demônios são os mesmos. Tudo depende de quem está falando ou escrevendo. Pode? Será que não há nada entre o santo e o demônio? Vejam a questão dos preços dos combustíveis. Os situacionistas tentam justificar a elevação dos preços, isentando de responsabilidade o governo. Os oposicionistas soltam sapos e lagartos sobre o governo, dizendo que ele é o único responsável por essa elevação. E daí? – pergunto eu em minha santa ingenuidade. A situação não sugere uma ação que possa mudar esse estado de coisas. A oposição, além de fel e veneno, não oferece nenhuma solução palpável. Em primeiro lugar, quero saber objetivamente se existe uma solução. Em segundo lugar, quero saber se essa solução é aplicável no Brasil. Em terceiro lugar, quero saber o que deve ser feito para que essa solução seja colocada em prática. Em quarto lugar, quero saber em quanto e por quanto tempo essa redução de preços ocorrerá. Você tem alguma resposta, caro leitor? Mas eu não quero tiros ou flores. Quero dados, caminhos e prazos. Mas não é só nisso que a chatice do mundo é gritante. Em vários outros aspectos. Tudo é motivo para violência. Tudo é motivo para indignação. Tudo é motivo para uma guerra de gestos e de palavras. Tudo é motivo para transformar em inimigo o amigo. Está cansando. Nasci numa região em que tudo é motivo para guerra. E lá estão eles procurando motivos e guerreando. Ninguém dorme sossegado. Ninguém acorda sossegado. Ninguém diz bom-dia sossegado. Vim para um país em que as coisas eram resolvidas em paz, no diálogo, na compreensão. Eram. Agora, aprenderam a guerra. Aprenderam o ódio. E gostaram. Infelizmente, gostaram.
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“Eia, senhores! Mocidade viril! Inteligência brasileira! Nobre nação esplorada! Brasil de ontem e amanhã! Daí-nos o de hoje, que nos falta” Rui Barbosa No Dia Nacional da Cultura – dia 5 de novembro! - que é comemorado no dia do nascimento de RUI BARBOSA, vamos procurar fazer um retrospecto da atuação desse grande brasileiro que soube dignificar o exercício da cidadania e representar – com competência e idealismo! – a ciência jurídica no Brasil. Foi um dos Fundadores da Academia Brasileira de Letras – ABL , tendo sido seu presidente de 1908 a 1919. Rui Barbosa cursou a tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco -USP, berço de muitos estadistas, inclusive, de 9 ex-Presidentes da República: Prudente de Moraes, Campos Sales, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Venceslau Brás, Delfim Moreira, Artur Bernardes, Washington Luís e Jânio Quadros. De todos eles - todos brilhantes e patriotas modelares - a figura de Rui Barbosa se projeta em primeiro lugar, exatamente ele que por duas vezes disputou a Presidência da República sem conseguir o seu intento, vencido pela velha oligarquia política que manipulava os currais eleitorais e fabricava os dirigentes. Hoje, poucos haverão de se lembrar dos que foram eleitos na “disputa” presidencial com Rui Barbosa. Por outro lado, toda a Nação Brasileira o cultua e tem Rui Barbosa como orgulho da Pátria e exemplo às novas gerações! Iremos abordar a vida desse grande brasileiro por 5 aspectos que lhe caracterizaram a trajetória de homem público: o político, o jurista, o jornalista, o diplomata e o exilado. Nascido aos 5 dias do mês de novembro de 1849, na cidade de Salvador, Bahia, realizou seus estudos no Ginásio Baiano e, ao depois, matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife, transferindo-se, posteriormente, para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. O POLÍTICO Na tradicional Faculdade do Largo de São Francisco(USP) é que teve início a sua militância política : a 13 de agosto de 1868, pronunciava seu primeiro discurso político para homenagear José Bonifácio “a encarnação mais fascinadora das idéias liberais”, que vinha assumir a sua cátedra de mestre. A partir daí, nunca mais ficou ausente da vida pública brasileira. Em 1868, ainda estudante, Rui atira-se à campanha abolicionista e participa de debates na Loja América (loja maçônica que reunia o pessoal ligado à Faculdade de Direito, juristas, advogados e universitários), fazendo com que seu ponto de vista a favor de que todos os membros daquela Loja libertassem o ventre de suas escravas, prevalecesse. Com a República, passa a ter destaque especial na tribuna do Senado por longos anos. É considerado o Estadista da República, assim como Joaquim Nabuco foi considerado o Estadista do Império. Na verdade, Rui não fora um republicano. É ele mesmo quem nos diz: “Sinceramente monarquista era eu em 1889. Não por admitir pre-excelências formais desse ao outro sistema de governo; mas porque a monarquia parlamentar, lealmente observada, encerra em si todas as virtudes preconizadas, sem o grande mal da República, o seu mal inevitável. O mal gravíssimo e inevitável das instituições republicanas consiste em deixar exposto à ilimitada concorrência das ambições menos dignas o primeiro lugar do Estado e, desta sorte, o condenar a ser ocupado, em regra, pela mediocridade”. Rui, sem ter sido um republicano foi, no entanto, o homem que fez a República. O destino traçou-lhe essa tarefa...
Seus artigos no Diário de Notícias, fendiam o arcabouço da monarquia. E ele não pregava a República. Logo após a Proclamação da República, Rui Barbosa é convocado por Deodoro.. O Marechal o designa como Ministro da Fazenda e lhe entrega a tarefa de dar forma jurídica ao novo sistema de governo. Na condição de Ministro da Fazenda e Vice-Chefe de Govêrno, Rui redigiu o decreto nº 1 da República, chamado de “providencial”, porque em seu artigo 1º, salvara a unidade nacional que o Império realizara: “a bandeira da federação passava, nesse dia, das colunas do Diário de Notícias, pela mão de Rui, para a letra de decreto que proclamava a República Federativa dos Estados Unidos do Brasil.” Naquela fase memorável da história do nosso país, só um homem de cultura e de capacidade acima do comum poderia salvar o Brasil da anarquia. É dele o projeto da Constituição de 24 de fevereiro de 1891. Redigiu-a em 2 dias, de seu próprio punho. Modelou-a com carinho, deu-lhe formas que o seu gênio lhe inspirara, caprichou na confecção dos seus contornos, lapidou-a com a beleza incomparável da sua arte de mestre da língua e da pureza de estilo. Para fazê-la, Rui Barbosa buscou o modêlo norte-americano. Achou que nesse modêlo estava o ideal para o Brasil, de acordo com nossa índole e a nossa formação democrática. O Govêrno da Lei. A impessoalidade da Lei acima dos homens. Essa foi a linha mestra da construção de Rui : o seu projeto é o de uma República organizada pela Lei e da Lei interpretada pelos Tribunais. Com o passar dos tempos, o próprio Rui passa a propugnar pela alteração constitucional, de acordo com as mudanças sociais que se verificavam em todo mundo. Já em 1919, em sua campanha presidencial, Rui Barbosa reconhecia: “As nossas constituições têm ainda por norma as declarações de direitos consagrados no século XVII. Suas fórmulas já não correspondem exatamente à consciência jurídica do universo. A inflexibilidade individualista dessas cartas, imortais mas não imutáveis, alguma coisa tem que ceder (quando já lhes passa pelo quadrante o sol do seu terceiro século) ao sopro da socialização que agita o mundo.” Candidato duas vezes à Presidência da República (1909 e em 1919), por dois movimentos de opinião nacional, um contra as ditaduras militares, outro contra as oligarquias civis, em ambas ocasiões levou ao seio da população, nas capitais dos grandes estados, a sua proposta, a sua bandeira. A luta não fora improdutiva : ficara a semente. A idéia de um país moderno, sob o império da Lei, e de uma democracia vigorosa e de um povo livre, ficara gravada na memória cívica do brasileiro. O JURISTA Formado a 28 de outubro de 1870, Rui inicia a sua carreira ao lado do Conselheiro Souza Dantas. É o próprio Rui que se auto-define como advogado : “Um invencível horror à violência, uma sede insaciável de justiça constitui o fundo de minha índole e tem modelado irresistivelmente a minha vida inteira. Simpatizei sempre com os fracos, respeitei sempre os vencidos, patrocinei sempre os oprimidos. Minha estréia na tribuna popular, ainda estudante, foi a defesa de um escravo contra o senhor. Minha estréia na tribuna forense foi a desafronta da honra de uma inocente filha do povo contra a lascívia opulente de um mandão. Minha estréia na tribuna parlamentar foi o patrocínio da eleição de um conservador contra o partido liberal em que eu militava.” O JORNALISTA Ainda estudante fundou com Américo de Campos , Luís Gama, Elói Benedito Ottoni e Bernardino Pamplona, o Radical Paulistano : era a campanha abolicionista. Depois o Diário da Bahia, o Jornal do Comércio, O País, até que em 1889 - ano da República - funda o famoso Diário de Notícias. Seus artigos no Diário de Notícias foram reconhecidos como peça básica para a derrocada da monarquia. Sofreu o exílio e, na provação, escreve matérias jornalísticas de fundo liberal democrático. Funda a Imprensa, milita em outros órgãos jornalísticos de projeção nacional. Era o jornalista na acepção da palavra. Defensor das liberdades e crítico implacável dos poderosos que atropelavam os direitos humanos e conspurcavam a democracia. Foi um lutador e deixou marcada a sua presença e as lições de patriotismo.
O DIPLOMATA Em 1907, o Barão do Rio Branco convida Rui para que aceite a Chefia da Delegação Brasileira à 2ª Conferência de Paz, em Haia, Holanda. Rui hesita em aceitar, mas acaba atendendo aos apelos feitos. Rui chegou a Haia em junho de 1907, sendo nomeado, por indicação da Rússia, Presidente Honorário da 1ª Comissão. Sua atuação surpreendeu os representantes das grandes nações. Rui defendia os pequenos países e propugnava pela igualdade de tratamento entre as nações. Discursava em perfeito inglês e em inatacável francês. O brasileiro, pequeno de estatura, surpreendia o mundo pela sua cultura e pelo seu preparo. De sua atuação, dizia W. Stead, in “O Brasil em Haia” : “As duas forças pessoais da Conferência foram o Barão Marshall, da Alemanha, e o Dr. Barbosa, do Brasil. Atrás do Barão Marshall, porém, se erguia todo o poder militar do Império Germânico... Atrás do Dr. Barbosa estava apenas a longínqua república desconhecida, com um exército incapaz de qualquer movimento militar e uma esquadra por existir. Todavia, ao acabar a Conferência, o Dr. Barbosa pesava mais (counted for more) do que o Barão Marshall. Maior triunfo pessoal, na recente conferência, nenhum dos seus membros o obteve tanto mais notável foi quando o alcançou ele por si só, sem nenhum auxílio estranho.” Estava criada a imagem do «Águia de Haia». Logo após o seu regresso, era convidado pela Universidade de Yale (EUA) para realizar uma série de conferências. Em 1914, é convidado a ser Embaixador Especial do Brasil às comemorações do centenário de Tucumán. A 14 de julho de 1914, recebe o Diploma de Membro Honorário da Faculdade de Direito e Ciências de Buenos Aires. O EXILADO. Já nos primeiros anos de República, um clima político tumultuado, que foram marcados pela tentativa de Deodoro da Fonseca querendo a dissolução do Congresso e poderes especiais. Rui Barbosa passaria para a oposição ao governo federal e temendo por sua própria vida, vê-se compelido ao exílio no exterior, primeiramente em Buenos Aires, depois em Lisboa e Paris, e, finalmente, em Londres, onde residirá entre 1894 e 1895. De lá, escreve as famosas “Cartas da Inglaterra”, escritas sob a forma de correspondência para o Jornal do Commercio, entre 1894 e 1895. “Cartas de Inglaterra” são a mais rica expressão do pensamento político e filosófico de Rui Barbosa. Em uma delas, dá a definição do que entendia por militarismo: “Entre as instituições militares e o militarismo vai, em substância, o abismo de uma contradição radical. O militarismo, governo da nação pela espada, arruína as instituições militares, subalternidade legal da espada à nação. As instituições militares organizam juridicamente a força. O militarismo a desorganiza. O militarismo está para o exército, como o fanatismo para a religião, como o charlatanismo para a ciência, como o industrialismo para a indústria, como o mercantilismo para o comércio, como o cesarismo para a realeza, como o demagogismo para a democracia, como o absolutismo para a ordem, como o egoísmo para o eu. Elas são a regra; ele, o desmantelo, o solapamento, a aluição dessa defesa, encarecida nos orçamentos, mas reduzida, na sua expressão real, a um simulacro”. Esse é o homem. Esse é o mito: Rui Barbosa. Impossível citar tudo o que se tem de registro da atuação patriótica e brilhante de Rui nos destinos do Brasil. A 1º de março de 1923, morria o maior de todos os brasileiros. Hoje, a nossa pequena homenagem. Que fique o seu exemplo. Que fique a sua atuação cívica. Que fique o seu idealismo. Que fique o seu patriotismo! Nota: “As ilustrações de Rui Barbosa são de Armando Pacheco, para o livro “História da Vida de Rui Barbosa”, de Américo Palha, Distribuidora Record, 1963”.