Diário da Cuesta
ano II Nº 316
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
SEXTA-FEIRA, 12 de NOVEMBRO de 2021
A Noite da Agonia Na madrugada do dia 12 de novembro de 1823, D. Pedro I ordenou a invasão do Plenário da Assembleia Constituinte pelo Exército, em um episódio que ficou conhecido como “A Noite da Agonia”. Os membros da Assembleia tentaram resistir durante horas, mas não foi possível evitar a sua dissolução. Deputados foram presos e deportados. Eles se preparavam para redigir a primeira Constituição do Brasil. No dia seguinte, o Imperador e seus conselheiros assinaram um documento que reprimia e punia discussões e reuniões políticas públicas. Depois disso, D. Pedro I reuniu pessoas de sua confiança e, a portas fechadas, foi redigida a primeira Constituição do Brasil, outorgada em 25 de março de 1824. Nela, houve o fortalecimento do Poder Moderador, exercido pelo Imperador, e que estava acima dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo. Esse poder era pessoal e privativo do imperador, assessorado por um Conselho de Estado. É Registro Histórico.
O LAGEADO SERÁ LIBERADO PARA O ACESSO PÚBLICO.
O Lageado será reaberto para o público. A Congregação Universitária da UNESP aprovou a reabertura. Essa era a reivindicação da população botucatuense. A recuperação da ponte já havia sido decidida em parceria com a Prefeitura Municipal. A recuperação e reabertura do Museu do Café será o próximo objetivo. Nos próximos dias, o acesso será liberado ao Cartão de Visitas de Botucatu: A FAZENDA DO LAGEADO.
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ARTIGO
“Só quero ajudá...” José Maria Benedito Leonel Por que queremos o que não temos? Será que o que temos é insuficiente? Será que se não tivéssemos o que já temos, seria, o que já temos, o que quereríamos? Se o que temos é pouco, quando teríamos muito? Realmente precisamos do que não temos? É essencial ou supérfluo no quotidiano de minha vida? Tá bom, sei que o que é supérfluo pra mim é vital pr’ocê e até respeito. Eu só tô pensando. Satisfeito um desejo, outro virá? Vem com ele uma nova insatisfação com o que se tem?
Minha faca vale mais na lida ou no churrasco? Pra mim, na lida. A lida é o meu dia a dia, o churrasco é quando dá. Olho meu neto caçula... se alegra com o presente, mas quer brincar com a vó; o presente amontou-se com os outros. Acontece assim: comprei/ganhei, usei, mostrei-me e agora? O que preciso prá uma nova alegria? Há bens que não se compra, se conquista! O que por exemplo? O coração do outro, a prosa serena, a parceria no enredo das histórias que todos temos, a cumplicidade nos olhares e nos sonhos, a alegria de quem não anda só. São bens imateriais. Onde buscá-los? Em nós mesmos. Como? Usando as ciências humanas( filosofia, psicologia, sociologia, direito) para se auto conhecer, para dar um sentido à vida , para ser feliz.
VOCÊ SABIA?
Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial? Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo? A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial. Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada em Vitoriana. Verdade ou lenda ?!? Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes da virada do século passado?!? Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica de Lawrence da Arábia: um brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
WEBJORNALISMO DIÁRIO
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ARTIGO
AS CIÊNCIAS DO VENTO
Nando Cury Portas batendo sozinhas. Assobios que se formam pelas venezianas semiabertas. São obras de um ser poderoso, veloz e invisível. Que marca presença e desaparece de repente, após os seus repentes. Que move os sinos pendurados na sacada, de quem os sons viram mensageiros da felicidade, espantam os maus espíritos, decoram e harmonizam os ambientes, como prega o Feng Shui. Ar mágico que flui, carrega e espalha para os outros cômodos da casa os cheiros de café, das comidas que cozinham no fogão, do jasmim florido da varanda. Ente que ajuda na semeadura de novas plantas. Ser dos ares, que viabiliza voos. Tapete voador dos pássaros, planadores, balões de gás, asas delta, pipas de papel e objetos voadores. Gerador de energia limpa. Fato gerador dos esportes náuticos, que faz os esportistas aprenderem a domar seus movimentos para velejarem nos barcos à vela, se equilibrarem em pranchas nas curvas do mar do surf. Recurso de localização e orientação espacial. Inspirador da rosa dos ventos, que habita o centro da bússola composta pelos pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste), colaterais (Nordeste, Sudeste, Noroeste e Sudoeste) e sub colaterais. E componente de mapas geográficos, aéreos e náuticos. Força descomunal que provoca os furacões, tufões e ciclones. Ventania que levanta telhas, calhas e a poeira. Ventarola que, sorrateira, invade as janelas abertas e espalha os documentos do contador, mistura as provas do professor, esparrama no chão os guardanapos da sorveteria, descola os cartazes lambe-lambe colados no muro do terreno ao lado do estacionamento. Misteriosa cápsula que capta e propaga os sons de nossas vozes, dos pássaros e barulhos que chegam da vizinhança. Figura onipresente e presente, radar e pombo correio, que põe os poetas em contato com seus amores e paixões. Assim é citado em “Vento” (Djavan e Ronaldo Bastos), gravado por Gal Costa no álbum de 1987: “Minha mulher, minha irmã. Minha cara metade. ...Vento que bate na porta. Trazendo notícias. Que tem de alguém. Vento que entorna a manhã. Do meu bem. Me leva, me leva. Vento Bate suas asas... Traz minha morena do além-mar”. Nascido em Salvador, Bahia, Dorival Caymmi tem uma relação muito especial
com os elementos da natureza, que assumem papéis de destaque em suas composições. O vento é confidente em “Coqueiro de Itapoã”, de 1947: “Oh vento que faz cantigas nas folhas. No alto do coqueiral. Oh vento que ondula as águas. Eu nunca tive saudade igual. Me traga boas notícias daquela terra toda manhã. E jogue uma flor no colo de uma morena em Itapoã”. E em 1949, na canção “O Vento” recebe um apelo do autor para ajudar os pescadores: “Vamos chamar o vento (2x) (Assobio) Vento que dá na vela. Vento que vira o barco. Barco que leva a gente. Gente que leva o peixe. Peixe que dá dinheiro, Curimã” (tainha). Outra canção de apologia ao vento, que tem versos semelhantes a Coqueiro de Itapoã, é a conhecida “Prece ao Vento”, composta por Alcyr Pires Vermelho, Fernando Luiz Câmara e Gilvan Chaves, gravada pelo Trio Irakitan em 1954: “Vento que embalança as palhas do coqueiro. Vento que encrespa as ondas do mar. Vento que assanha o cabelo da morena. Me traz notícias de lá.” Feito cenário, surge em “Na asa do vento” (Luiz Vieira e João do Valle), incluída no LP Jóia por Caetano Veloso, em 1975. “Deu meia noite, a lua faz o claro. Eu assubo nos aro, vou brincar no vento leste. A aranha tece puxando o fio da teia. A ciência da abeia, da aranha e a mi-
nha. Muita gente desconhece”. O mineiro Lô Borges e seus parceiros também foram enfeitiçados por esse elemento aéreo. Em seu disco Nuvem Cigana (1982) há 4 canções que falam dele. O vento entra na música título “Nuvem Cigana” (Ronaldo Bastos e Lô Borges): “Se você quiser eu danço com você. No pó da estrada. Pó, poeira, ventania... Meu nome é nuvem. Pó, poeira, movimento. Meu nome é nuvem, ventania. Flor de vento”. Aparece também em “A força do vento” de Rogério Ribeiro de Freitas, em “Vida nova” (Lô Borges e Murilo Antunes) e em “O vento não me levou” (Lô Borges e Ronaldo Bastos). Lô ainda inclui o vento em outras duas composições famosas: “Trem azul” (Lô Borges e Ronaldo Bastos), lançado no disco Clube da Esquina Nº 1 (1972): “Coisas que a gente se esquece de dizer. Frases que o vento vem às vezes nos lembrar. Coisas que ficaram muito tempo por dizer. Na canção do vento não se cansam de voar”. E ainda em “Vento de Maio” (Lô Borges, Márcio Borges e Telo Borges), gravada por Elis Regina no álbum Trem Azul, de 1982: “Vento de maio, rainha de raios, estrela cadente. Chegou de repente o fim da viagem. Agora já não dá mais pra voltar atrás”. Se ouvir um assobio diferente, ou receber um pé de ar por aí, fique tranquilo(a): mais um poeta foi abduzido e criou nova canção pro vento.
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ARTIGO
“As diabruras de Mindy” Maria De Lourdes Camilo Souza Ontem pela tarde tocou a campainha e ao atender o porteiro eletrônico, uma vozinha me respondeu: “Sou eu, tia”, e reconheci a voz do Lucas. Corri abrir o portão enquanto a Chérie e a Mindy quase o derrubaram felizes com o visitante e precederam ao meu abraço. Éramos os quatro num aconchego demorado de saudade, emoção, felicidade, carinho, amor, tudo junto e misturado. Ficamos um tempo ali abraçadinhos enquanto a Chérie foi escapulindo e a Mindy a foi seguindo cheia de preocupação até a calçada do vizinho, dono dos dois pugs. Convidei o Lucas a entrar enquanto chamava a Mindy, que me obedece mais que a Chérie. Acredito que devido a idade, esteja um pouco surda ou esteja querendo mesmo é fugir para longe da Mindy que é bastante desajeitada em seus carinhos. Meu “Bebê dinossauro”, como eu a chamo. Quando consegui pegar a Chérie para a carregar no colo para casa, coisa que acho ela adora, a safadinha. Ficamos ali conversando, eu e Lucas, enquanto meu jovem aspirante a veterinário era muito acarinhado pelas duas cachorras querendo a sua atenção. Ele trazia uma sacolinha com uma caixa, que depois ele me informou, estava cheia de sua iguaria preferida, bolinhos de chuva, preparados pela Vó Ângela com muito carinho. Entramos na sala de estar e ele sentou-se no sofá enquanto as cachorras o enchiam de lambeijocas meladas. Enquanto conversávamos sobre a família e os últimos acontecimentos que ele animado, ia me pondo a par. Enquanto falávamos, tirou do bolso traseiro do shorts o celular e o fone de ouvido que colocou sobre a almofadada do sofá, enquanto escorregava para o chão da sala ainda muito assediado
pelas cachorras carinhosas. Avisei que tomasse cuidado com o fone de ouvido para que a Mindy não o comesse. Ele assentiu com a cabeça. Conversamos mais um tempo, aí ele levantou-se dizendo que ia para a casa da Vovó Adelina. Preocupada olhei o tempo enfarruscado pela janela comentando: “espere mais um pouco, está chovendo”. Continuamos a conversar e quinze minutos depois a chuva tinha passado e Lucas juntou suas coisas para sair. Fomos até o portão e demos um último e apertado abraço de despedida enquanto mandava minhas recomendações para a sua avó, tios e primo. Despedi-me com um último aceno olhando o menino esguio descendo a rua resoluto, enquanto mentalmente considerava: “como Lucas cresceu”. Entrei e fui fazer minhas coisas. Um pouco depois choveu novamente e ficamos sem eletricidade. Fato que julguei curioso, pois não passou de um chuvisco. Após uma hora sem luz elétrica, liguei para o vizinho para saber se também estava com o mesmo problema, já que havia luz na rua e na Escola Nair, logo na frente de casa. A energia retornou algum tempo depois. Hoje pela manhã enquanto prepararava o café, percebi que a Mindy mordiscava algo. Como ela sempre está comendo algo, pensei que fosse alguma folha ou flor trazida pelo vento. Aí notei que tinha algo dobradinho entre as almofadas do sofá. Peguei e vi que era dinheiro trocado. Guardei encima da mesa da sala de jantar para a Mindy não comer, enquanto pensava de quem seria. Aí olhei para a Mindy que voltou a comer aquele treco. Aí me lembrei da visita do Lucas e “Eureka”: o dinheirinho era dele. Nesse momento consegui pegar o negócio todo babado que a Mindy mastigara e percebi ser um pedaço de uma nota de R$ 5,00. Enquanto andava pela casa identifiquei outro pedaço molhado da mesma nota, dizendo “Mindy, sua comedora de dinheiro”. E comecei o dia rindo muito com essa traquinagem da minha bebêssauro.