Edição 327

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Diário da Cuesta

ano II Nº 327

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

QUINTA-FEIRA, 25 de NOVEMBRO de 2021

Eça de Queiroz, com muita honra, um escritor luso-brasileiro José Maria Eça de Queiroz, autor da obra “O Crime do Padre Amaro”, considerada o marco inicial do Realismo em Portugal. Nascido no dia 25 de novembro de 1845 na cidade de Póvoa de Varzim, Portugal. Filho de pai brasileiro, mãe portuguesa e foi criado pelos avós paternos. Era aluno interno no Colégio da cidade do Porto e ingressou em 1861 na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito em 1866. Exerceu a advocacia e seus primeiros trabalhos no jornalismo. Em 1867, já na cidade de Évora, dirigiu o jornal de oposição “O Distrito de Évora”. Voltou para Lisboa e iniciou como escritor no folhetim “Gazeta de Portugal”. Em

1869, atuando somente como jornalista, assistiu a inauguração do Canal de Suez no Egito, vivência que inspirou a criação da obra “O Egito”. Em 1871 escreveu a novela policial “O Mistério da Estrada de Sintra”, com a colaboração do escritor Ramalho Ortigão. Nesse mesmo ano lançou o folheto mensal “As Farpas”, recheado de sátiras direcionadas à sociedade portuguesa. Em 1871, Eça de Queiroz profere uma conferência no Cassino de Lisboa, com o tema “O Realismo Como Nova Expressão de Arte”. Em 1872 ingressa na carreira diplomática e é nomeado cônsul em Havana, sendo transferido para a Inglaterra em 1874. Faleceu na França, em 1900.

Ministro da Saúde garante que o Governo Bolsonaro entregará as vacinas de reforço para toda a população de Botucatu! Dia importante e de definições no Ministério da Saúde. A dose de reforço em massa para toda a população adulta de Botucatu será realizada no dia 19/12 (lote de 70 mil doses), domingo, no mesmo modelo adotado na primeira e segunda doses em massa! O Prefeito Mário Pardini e o Secretário da Saúde, André Spadaro, estiveram com o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga em Brasília,

para onde foram de carro. Em um momento em que a Europa se mostra o epicentro de novas ondas de COVID-19, a imunidade de nossos cidadãos será reforçada, trazendo mais segurança e esperança às vésperas das festividades do final de ano!!! PARABÉNS PREFEITO PARDINI !!!


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ARTIGO “Dia da Saudação O amor é a saudação dos anjos.”

Victor Hugo

MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA Não sei se já reparou que a gente fica um tanto desajeitada para cumprimentar nestes tempos que vivemos? Como diz minha sobrinha neta Olivia se escondendo atrás do papai Chico, “estou tímida” ela diz. E nós da família ficamos extasiados, sabendo ser normal, afinal tivemos pouco contato, pois eles moram na Inglaterra. Estes dias cruzei com um casal de amigos e estava num restaurante comendo e tinha guardado a máscara, quando eles ao ver-me se aproximaram. Busquei a máscara correndo, e não houve tempo pois já chegaram me abraçando. Fiquei entre encantada e hesitante. A gente ainda tem receio. Sabemos que fomos privilegiados com a imunização em massa, mas ainda restam algumas variantes soltas e não queremos ser a nefasta possibilidade de transmissão desse vírus. E hoje um dia atípico 21/11/2021, curiosamente celebram o Dia da Saudação. Ficamos por quase dois anos proibidos de um contato mais próximo fisicamente. Surgiram então algumas formas diferentes e criativas. Tocar com os cotovelos, ou com os punhos fechados. Ou dizendo a uma boa distância: sinta-se abraçada. E com o uso da máscara muitas vezes até temos dificuldade em reconhecer algumas pessoas e sermos reconhecidos. Notamos o que a ação do tempo e da pandemia causou as pessoas. Ficamos tanto tempo fechados em casa que

agora até estranhamos as pessoas passeando com seus pets. Certo dia caminhando cruzei com um casal que levava um rato, que é seu bicho de estimação. Pensei comigo que em outros tempos essa raça de animal de estimação causaria um certo mal estar. Mulheres subindo encima da mesa com medo, o extremo oposto de hoje que chamam a

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

WEBJORNALISMO DIÁRIO

Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

atenção, todos querem chegar perto, tirar uma foto. Outro caso que me chamou a atenção foi um gato angorá de belos olhos verdes que ia levado pela guia pela sua jovem dona. E ele era muito sociável e aceitava o carinho e o assédio das pessoas. Dias diferentes com muitas novidades. Fiquei me imaginando tentando levar as minhas meninas lindas e enfeitadas. Chérie Lady e a bebessauro Mindy num passeio pelo Shopping. Esta ao ver o doce bichano, sai correndo desabalada e se solta da guia rosa toda de brilhos, e pula de boca no pescoço daquele inocente gato. Coloco as duas mãos na cabeça e dou meu sonoro berro sertanejo: “Pára Mindy !” provocando um escândalo. Podem deixar sua gargalhada, seria hilário.

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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COPIANDO, IMITANDO

NANDO CURY Algumas expressões grudam na memória, feito cola da boa. Lembro de uma para ilustrar o nosso tema: “Ser zôtro”. Usada de forma brincalhona pela querida tia Cida, refere-se às criações pessoais e às novas modas que eram copiadas e trazidas para o carnaval e outras festas realizadas em alegres feriados, que passávamos em família no interior. Imitar e copiar faz parte da vida. Está dentro do processo de aprendizagem de todos nós. Quando pequenos copiamos letras, palavras e frases para nos alfabetizar, criar vocabulário. Mais tarde para treinar línguas, fazer redações. Repetimos histórias para nos expressarmos melhor, tanto na escrita quanto oralmente. Também copiamos hábitos de nossos antepassados, de nossos pais, amigos, colegas e pessoas com as quais temos mais afinidade. Nos inspiramos pelos dons de pessoas que admiramos, para agirmos com mais sucesso em nossas atividades profissionais, esportivas, fazer nossas compras, realizar consultas médicas e planejar o futuro. No mundo dos negócios, “fazer benchmarking” é um modo inteligente de agir, utilizado pelos empresários para justificar o monitoramento e o “empréstimo” de ações ou estratégias de empresas concorrentes ou não, que serão adaptadas em suas empresas, independentemente do segmento de atividade das que estão sendo coladas. Isso vale para produtos, preços, serviços, logísticas, formas de comunicação, sistemas de produção, atendimento ao cliente e muito mais. Na música, aparecem cantores e cantoras que começam suas carreiras se alavancando num jeito parecido de compor ou de cantar de outro compositor(a) ou cantor(a) famoso(a). De repente, ouvimos a música “Final Feliz”, e achamos que é a nova canção de Djavan. Engano, pertence a Jorge Vercilo. Se este caso parece mera inspiração, existem aqueles artistas que não compõem, mas copiam fórmulas prontas de reconhecidos artistas. Estes são chamados de covers. Há dezenas de Elvis Presley, Michael Jacksons, U2s, AC/DCs, Led Zepelins, Beatles Covers, presentes no mundo e no Brasil. Os álbuns de bandas cover geralmente são denominados Tributos a... e Bandda Tributo é um codinome para elas também. Covers fazem turnês, enchem os salões de dança de clubes e podem receber boas remunerações pelos seus trabalhos, Mas, se parece fácil ser cover, vamos pensar nos requisitos necessários pra virar um. É preciso ser muito bom cantor e muito bom instrumentista para executar o repertório. Treinar muito para reproduzir exatamente os mesmos arranjos, ter a mesma presença de palco para cantar e tocar. Investir em instrumentos e equipamentos semelhantes, que são caros. Atualmente existem equipamentos que simulam o som original de antigos. Ainda é desejável que os integrantes tenham semelhança física com os ído-

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los, o que gera mais afinidade com a plateia. Nesse quesito entram o corte parecido de cabelo e um figurino com as mesmas roupas das bandas ou cantores originais. Para encontrar por exemplo Bandas Beatles Cover é mais fácil consultar um guia, feito o Portal Beatles Brasil. Em ordem alfabética, identificamos algumas das mais conhecidas como o Abbey Road, All you need is love, Beatles4ever, Beatles Para Crianças, o Comitatus e a Revolution Beatles Band. Os covers brasileiros continuam a ser requisitados para eventos, contando com os fatos de que muitas bandas originais já se desfizeram e muitos artistas famosos por eles representados nunca se apresentaram no país. Na área de benchmarking musical, quero levantar uma famosa polêmica, envolvendo as bandas Secos & Molhados (1971 a 1974, na formação original) e Kiss (1973 até hoje). Foi o Kiss quem copiou a maquiagem dos Secos e Molhados? Ou aconteceu o contrário? Foi Ney Matogrosso ou Gene Simmons do Kiss quem primeiro mostrou a língua ao cantar? Oficialmente o Secos & Molhados surgiu em 1971, com Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrado apresentando-se em shows com roupas extravagantes, rostos pintados em máscaras e trazendo músicas com letras de protesto. A capa do LP de lançamento dos S&M, em agosto de 1973, apresenta uma montagem de fotos com as cabeças dos integrantes servidas em bandejas de prata, num trabalho inovador do fotógrafo Antonio Carlos Rodrigues. E contém sucessos como: “Sangue Latino”(João Ricardo e Paulinho Mendonça), “O Vira” (João Ricardo e Luli) e “Rosa de Hiroshima” (Vinicius de Morais e Gerson Conrad). No mesmo ano do lançamento do disco do S&M, em Nova York surgia o Kiss, expondo figurinos em couro, acessórios estranhos e as icônicas máscaras-pinturas de seus integrantes que assumem personagens: Starchild (Paul Stanley), The Demon (Gene Simmons), Spaceman (Ace Frehley) e Catman (Peter Criss). Estudiosos dos fenômenos S&M e Kiss, como o jornalista Emílio Pacheco, procuram defender que houve coincidências. É fundamental considerar que nos anos 70 não havia internet, nem celular. Os shows eram gravados com câmeras que usavam filmes de 35, 16 ou 8mm. Os álbuns traziam como suportes os LPs, conhecidos por discos de vinil. Vamos ficar com o mesmo veredito de Pacheco?


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ARTIGO

EÇA DE QUEIROZ EM BOTUCATU OLAVO PINHEIRO GODOY Da ABL – Academia Botucatuense de Letras A devoção de todos que falam a língua portuguesa por Eça de Queiroz tomou vulto por ocasião da passagem do centenário de seu nascimento. Surgiram de todos os cantos, de todas as penas, das mais modestas às mais fulgurantes, artigos, ensaios e livros em torno desse excelso estilista, de quem disse Emilio Zola: “Os portugueses tem um grande escritor, como a França conta poucos. É o extraordinário Eça de Queiroz”. Eloy do Amaral em seu livro “Eça de Queiroz In Memoriam” deu a gratidão a esse mestre do estilo, a esse inigualável senhor da ironia, tão necessário hoje em que uma desvairada onda de estilofobia bate e espanca os altaneiros recifes do bom gosto! A obra de Eça de Queiroz marcou presença em Botucatu através do cronista, filólogo e acadêmico Sebastião da Rocha Lima.

Filho de portugueses, natural de Alambari (SP), Sebastião da Rocha Lima, tornou-se na juventude um autodidata autêntico, o que lhe valeu para os anos afora, a grande e profunda cultura humanística que lhe aureolou o título de intelectual. Missivista, manteve intensa correspondência com escritores de todo o Brasil, em toda a América Latina e Europa. Membro fundador da Academia Botucatuense de Letras, onde ocupou a cadeira nº 14 tendo como patrono o poeta Manuel Bandeira. Como descendente de lusitanos, Rocha Lima amava Portugal, mantendo, por largos anos, correspondência com escritores como Fidelino de Figueiredo, Fernando namora, Joaquim Montezuma d Carvalho e Hernani Cidade. Quando o prof. Eloy do Amaral cogitou em organizar o livro em homenagem ao grande escritor português, reunindo em torno de si cerca de mais de sessenta intelectuais, não esqueceu de consultar, além mar, o filólogo Rocha Lima – amante da literatura portuguesa – que lhe forneceu dados importantíssimos, compilados de sua vasta hemeroteca de autores lusitanos. Com a fundação do Centro Cultural de Botucatu, cuidou Rocha Lima da organização da biblioteca – sustentáculo do sodalício – e preencheu as primeiras estantes com as obras de Eça adquiridas na Livraria Lello & Irmão, famosa casa editora da cidade do Porto/Portugal. O amor de Eça de Queiroz à terra portuguesa estendeu-se além-mar, pelas mãos de Sebastião da Rocha Lima, ele que tinha, como Eça, com traço muito forte da sua possante individualidade, o entranhado amor às coisas portuguesas. Até Fidelino Figueiredo, que considerou Eça como “um grande escritor castiçamente português, portuguesíssimo” reportava essa frase ao amigo de Botucatu. Citando o famoso romance “As Cidades e as Serras” o trabalho de divulgação das belezas lusas alastrava-se na literatura, afirmando aos botucatuenses, de que se poderia estudar os costumes de Portugal pelos livros de Eça de Queiroz. Todos nós que fomos embalados pela linguagem poética dos livros enfeitiçantes desse extraordinário luso, quantas e quantas vezes não lhe deixamos a leitura com uma alegre ideia das terras portuguesas, visto através das possantes lentes queirozianas, esquecidos de que os tipos criados por ele palmilham todas as terras! Nem as extravagantes proibições clericais que impediam as jovens do Colégio dos Anjos de ler “O Crime do Padre Amaro”, nem as censuras governamentais impediram que os romances de Eça entrassem em todas as casas, desempoeirando a língua, causticando os costumes, desancando destemidamente a vida padresca, desmascarando a politicagem, patrioticamente pondo tudo em pratos limpos! Que falta nos faz hoje, na era cibernética, Eça de Queiroz! Daqui, desta ilustre serra dos bons ares, separados embora pelo imenso Atlântico, existiu um “botuluso” que sempre se confessou ser...apenas um pobre homem...de uma pobre terra de pescadores!


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