Diário da Cuesta
ano II Nº 334
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
SEXTA-FEIRA, 03 de DEZEMBRO de 2021
Homenagem ao escritor Dante Alighieri
A exposição em homenagem ao famoso autor de “A Divina Comédia” e também pai da língua italiana irá até 17 de dezembro no Congresso Nacional (Salão Negro): “Dante 700 anos: os olhos de Beatriz”. Página 3
O escritor Hernâni Donato relançou em 2009 uma edição especial comemorativa aos 30 Anos da publicação de sua incomparável tradução da “A Divina Comédia”. O Diário da Cuesta fez o registro do trabalho do saudoso escritor botucatuense.
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ARTIGO “A alma rasgava, e eu a costurava . O coração descosia, e eu o remendava . O corpo desalinhava, e lá ia eu, realinhá-lo. Passamos a vida toda assim: Costura daqui, remenda dali.” Laura Méllo
MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA Se tem algo que eu aprendi com a minha mãe foi a arte de remendar, cerzir. Pregar botões, fazer acabamento. Essa arte não se aplicava só a roupas, mas a objetos, eletrodomésticos. Com a idade aprendi que a energia de uma casa, seu ambiente precisa que se limpe, se arrume, inclusive se jogue fora, ou doar o que não nos serve mais. Mas o mais difícil é nos relacionamentos amorosos. Nunca tentei remendar. Tinha mais facilidade em deixá-los ir com a minha benção para que fossem muito felizes. Acredito que não tem maior infelicidade que tentar atar alguém a outra pessoa que não retribui um sentimento, seja de amizade ou amor. Deixar ir, agradecer, abençoar, desejar o melhor, aprender com ela, e o mais difícil entender e perdoar. Muitas vezes nos sentimos enredados em teias muito semelhantes. Situações que se repetem indefinidamente como círculos viciosos. E nos sentimos estagnados. Nos perguntamos: “até quando vais me tentar Catilina?” E de novo as situações se repetem sucessivamente. Parecemos mendigos batendo a portas que nunca vão se abrir para nós. Não somos merecedores ? Nos perguntamos frequentemente. Se não aprendemos com as lições, repetimos aquela matéria na escola da vida. E muitas vezes se não aprendemos pelo amor, aprendemos pela dor. Então após quase 70 anos de vida entendi que tem a ver com energia. Não se trata de ser a pessoa mais bonita, boa, rica, perfeita. Nada disso!
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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Pode ser até um ponto de atração para alguns. Se a pessoa não o reconhece deixe-a seguir. O mais estranho que possa parecer é que a energia não é impedida de chegar ao seu destino por nada deste mundo. Ninguém tem poder sobre ela. Você poderá estar em outro país, as ondas energéticas se propagarão. Lembro-me do que dizia sabiamente o “Sanatório”, um ex-noivo, estudante de veterinária e com muita propriedade do assunto na sua área profissional :- “um boi preto cheira o outro”. Você quer atrair passarinhos? Plante flores em seu jardim. Papo manjado, mas efetivo!
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
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Homenagem ao poeta e escritor Dante Alighieri A exposição em homenagem ao famoso autor de “A Divina Comédia” e também pai da língua italiana irá até 17 de dezembro no Congresso Nacional (Salão Negro): “Dante 700 anos: os olhos de Beatriz”. Realizada pela Câmara dos Deputados e pela Embaixada da Itália, a exposição tem curadoria do presidente da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi, estudioso da obra de Dante. A visitação pode ser feita às segundas, quintas e sextas, das 9h às 17h, para o público em geral, mediante prévio agendamento pelos telefones (61) 3216-1770/3216-1771/3216-1772. Nas terças e quartas, a visitação é restrita ao público interno do Congresso, das 9h às 17h. A entrada é gratuita. Divina Comédia A mostra resgata a atualidade da Divina Comédia, principal obra do poeta florentino e um dos maiores monumentos literários da história do Ocidente. Nela, Dante, que também foi político e prior de Florença, expressa, em poesia sublime, toda a riqueza de seu pensamento filosófico, teológico, moral e político. Sendo um clássico, a Divina Comédia traz em seus mais de 14 mil versos uma miríade de temas perenemente atuais, tais como o amor, o mal, a busca pelo sentido da existência, o aspecto moral intrínseco à política, o perdão, entre outros. O visitante fará uma “excursão” aos três reinos da Divina Comédia, obra traduzida para quase todas as línguas. Como Dante, conhecerá o Inferno, o Purgatório e o Paraíso - universo cosmológico e simbólico da obra. Imagens e livros raros A mostra proporciona uma imersão no conteúdo obtido a partir de diferentes instituições, com reprodução de imagens da Biblioteca Nacional e da Biblioteca da Câmara. Passa pela forte presença de Dante no Brasil, incluindo o Carnaval do Rio e propostas teatrais, como a coreografia de 300 dançarinos assinada por Regina Miranda nos anos de 1990 no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM-RJ). No cenário, livros raros da Câmara, traduções e estudos da Divina Comédia em livros, folhetos e cordéis, narrações e filmetes históricos. Outro destaque é
para as referências a Dante em discursos proferidos na Câmara dos Deputados, dos séculos 19 ao 21; e a perspectiva ética e política mais alta da Divina Comédia, que demarca a singularidade da visão de Dante enquanto místico, filósofo, político e poeta. Dez módulos Em “Dante 700 anos: os olhos de Beatriz”, são propostos 10 módulos ao visitante. O primeiro módulo é dedicado à vida de Dante, a Florença, às cidades estados, ao império e ao papado. Do segundo ao quinto módulo, o foco é a Divina Comédia, com uma viagem do Inferno ao Paraíso. Do sexto ao nono, a exposição situa Dante no Brasil, com sua influência na obra de poetas brasileiros; as traduções de sua obra desde as primeiras edições, no século 19; e o Dante político, influente inclusive no parlamento brasileiro. A décima e última parada traz as imagens do balé de Regina Miranda.
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ARTIGO
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O NATAL NO FOLCLORE NACIONAL ELDA MOSCOGLIATO Uma das mais, senão a mais completa obra sobre o folclore nacional é o grande legado que o Brasil herdou de Alceu Maynard Araújo, e nosso familiarmente muito querido “botucatuense de Piracicaba”, que aqui viveu, diplomou-se professor-normalista e foi após, por este País afora, devassar-lhe todos os quadrantes, conviver com a gente simples dos sertões sem-fim, estudando-lhes as crenças, os usos e os costumes tradicionalmente ricos de ingênua crendice, de deliciosas usanças de onde ressalta a índole sentimental e amorável de uma das mais originais e complexas etnias americanas. Em seu livro “Cultura Popular Brasileira” considerado clássico no gênero, Alceu Maynard Araújo pesquisou, estudou e coligiu fatos e coisas sobre o Natal, nos vários setores regionais do País. E nos deixou páginas de leitura saborosa e sedutora. O Natal, no-lo diz, é a principal festa do solstício do Verão. É, como o sabemos, festa importada e universalizada. Festa importada no Brasil colonial, trouxeram-na os jesuítas catequisadores, que para melhor fazê-la compreendida, dramatizaram-na entre os índios, tornando-se por isso, os precursores no nosso teatro nacional. O Natal integrou-se ao folclore nacional pela grande contribuição afro-portuguesa. Muito embora alicerçado no sentimento religioso, de vasto sabor ecumênico, tem manifestações típicas originais que falam mais a um sentido paganizante do que propriamente religioso. Em todo o Brasil, três coisas se evidenciam nas celebrações natalinas: o presépio, as danças e as músicas populares. No Norte, no Nordeste e interior baiano, o povo se extravasa de uma forma quase profana pelas ruidosas manifestações que perdem muitas vezes, o sentido religioso. São as “folias de reis”. De 24 de Dezembro até 6 de Janeiro ou 2 de Fevereiro, os sítios e cidades são percorridos por bandos de músicos populares que saem cantando à noite, louvando o Deus-Menino e os Santos Reis Magos. Uma das canções nitidamente populares é graciosa na sua poesia : O galo canta, nasceu Jesus
O mundo inteiro encheu-se de luz Acordai quem está dormindo Levantai quem está acordado, Na sua porta parado. O galo canta, nasceu Jesus O mundo inteiro, encheu-se de luz. A par das “folias de reis” há sempre o peditório de prendas, em favor da festa. Esses peditórios são secundados por danças que assim homenageiam o Deus-Menino. Em geral se desenvolvem frente aos presépios. No interior de Pernambuco e demais região açucareira, ainda subsistem as Pastorinhas, um tipo de rancho popular que, vestidas a caráter, saúdam nas ruas o Deus-Menino. É muito comum em tais ranchos engajarem- se figuras grotescas de palhaços, viva reminiscência de folclore europeu, em seus trajes vermelhos, chapéus cônicos e relho nas mãos. É a figura de Satanás dentro do lirismo natalino. A cantoria monótona de cantochão popular, ressalta mais os Reis Magos, a Estrela de Belém, secundarizando a Anunciação e o Nascimento do Menino. O presépio, nos sertões longínquos, é armado em forma de simples “lapinha” rudimentar tábua retangular cujos cantos são unidos ao alto por fio de arame, e revestidos de papel prateado enfeitado por flores artificiais. No seu interior é colocada a imagenzinha do Deus-Menino. O Sul do País empresta às festas do Natal, mais acentuada religiosidade. Os presépios aqui são armados com as figuras tradicionais : Deus-Menino na manjedoura ladeado por São José e Maria. Ao alto, o Anjo anunciando o “Glória in excelsis. . .”. O presépio-caipira assim folcloricamente chamado, compõe-se de vinte e tantas figurinhas onde se destacam os pastores. Há sempre um, com a ovelhinha ao ombro e outro, tocando o rude pífano. Os Reis Magos são, no geral, colocados posteriormente, em 6 de Janeiro. Essa é a clássica figuração fiel do Evangelho. Em Minas, os presépios são mecanizados, com características propriamente regionais. Neles aparecem os remanescentes de um estágio de vida rural: o monjolo, alçapremas, pilões, carros de bois. Seja, porém, de caráter popular ou profundamente místico-religioso, o Natal é, na universalidade de sua mensagem celeste a festa máxima na vida dos povos e das nações.