Edição 361

Page 1

Diário da Cuesta

ano II Nº 361

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

FLORBELA ESPANCA

TERÇA-FEIRA, 04 de JANEIRO de 2022

A grande e revolucionária poetisa portuguesa tem, aqui no Brasil, uma das maiores autoridades sobre sua obra e sua vida: MARIA LÚCIA DAL FARRA! Página 3

MARIA LÚCIA DAL FARRA Destacada pelo Caderno 2 do Estadão como o principal destaque entre os poetas modernos. Página 4

O GIGANTE DEITADO


2

Diário da Cuesta

Florbela Espanca e Homenagem a Maria Lúcia Dal Farra

N

a sua obra de estreia, Livro de Mágoas, publicada em 1919, Florbela inicia uma carreira literária que, durante longo tempo, reivindicará o seu lugar (e de outras escritoras) no cânone literário português, enfrentando inicialmente enormes resistências por parte da sociedade e da crítica. Décadas depois, é o trabalho pioneiro da académica e escritora Maria Lúcia Dal Farra que vem estabelecer o lugar de direito de Florbela entre os grandes nomes da literatura portuguesa. Nesse percurso, Maria Lúcia Dal Farra não só resgata a obra de Florbela, como também se afirma ao longo dos últimos vinte e cinco anos através de uma literatura já premiada no Brasil, agraciada com o Prémio Jabuti em 2012. A sua obra lírica e ficcional dialoga com a de Florbela e com a de muitos outros escritores; não deixa, contudo, de afirmar a sua plena singularidade expressiva, caracterizada pelo rigor e pela depuração formais e pelo fulgor poético do real que transfigura Biografia Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de dezembro de 1930),[1] batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d’Alma da Conceição Espanca, [2] foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade[3] e panteísmo. Há uma biblioteca com o seu nome em Matosinhos. Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca

(1866-1954), nasceu no dia 8 de dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo. O seu pai foi sobretudo um antiquário e um fotógrafo, tendo também ganho a vida com outras atividades, como a de projeção de filmes. De facto, foi um dos introdutores do “Vitascópio de Edison” em Portugal. O seu pai era casado com Mariana do Carmo Inglesa Toscano, que era estéril, sendo filho de José Maria Espanca (18301883) e Joana Fortunata Pires Espanca (1830-1917). Com a autorização da mulher, João Maria relacionou-se com a camponesa Antónia da Conceição Lobo, filha

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

WEBJORNALISMO DIÁRIO

Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

de pais incógnitos, criada de servir, mulher bela e vistosa. Assim nasceram Florbela e, três anos depois, Apeles, em 10 de março de 1897, ambos registados como filhos de Antónia e pai incógnito[4]. João Maria Espanca criou-os na sua casa. Apesar de Mariana ter passado a ser madrinha de batismo dos dois, João Maria só reconheceu Florbela como a sua filha em cartório 18 anos após a morte desta.[5] Entre 1899 e 1908, Florbela Espanca frequentou a escola primária em Vila Viçosa.[4] Foi naquele tempo que passou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição.[6] As suas primeiras composições poéticas datam dos anos 1903-1904:[5] o poema «A Vida e a Morte», o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmão Apeles e um poema escrito por ocasião do aniversário do pai «No dia d›anos», com a seguinte dedicatória: «Ofereço estes versos ao meu querido papá da minha alma» [7]. Em 1907, Espanca escreveu o seu primeiro conto: “Mamã!” No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas 29 anos, vítima de nevrose.[5] Espanca ingressou então no Liceu Nacional de Évora, onde permaneceu até 1912.[8] Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar um curso liceal.[6] Durante os seus estudos no Liceu, Espanca requisitou diversos livros na Biblioteca Pública de Évora, aproveitando então para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Garrett. (Wikipedia)

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


Diário da Cuesta

artigo

3

Florbela Espanca

Hoje, Maria Lúcia Dal Farra é poetisa consagrada e - por merecimento! – PATRONA DA ACADEMIA BOTUCATUENSE DE LETRAS. No início, honrou a ABL como MEMBRO CORRESPONDENTE. Filha do Prof. Gastão Dal Farra e da Profa. Jesumina Domene Dal Farra, nasceu aos 14 de outubro de 1944. Concluiu seus estudos em Botucatu, inclusive em Música e Canto Orfeônico. Cursou Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Foi professora assistente de Teoria Literária e Literatura Portuguesa do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. Fez Curso de Canto Comemoramos 120 anos do nascimen- Lírico, na capital. Estudou em Lisboa e em to (08 de dezembro) de FLORBELA ESPAN- Paris. Em Sergipe, foi Professora Titular em Letras pela Universidade Federal de CA Sergipe, chegando a exercer a Pró-Reito“O meu mundo não é como o dos ou- ria. Na UNICAMP fez parte da pioneira e tros, quero demais, exijo demais, há em histórica equipe de ANTONIO CÂNDIDO, mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo com- responsável pela fundação do Departapreendo, pois estou longe de ser uma mento de Teoria Literária (1975). Lançou, pessimista; sou antes uma exaltada, com em 1994, o “Livro Auras” e, em 2002, o uma alma intensa, violenta, atormenta- “Livro Possuídos”. Especializou-se no estudo da literatura da, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!” portuguesa e é considerada a maior especialista sobre literatura de Portugal, sendo ―FlorbelaEspanca famosos e elogiados os estudos e as publiA grande e revolucionária poetisa cações que fez sobre a poetisa FLORBELA portuguesa tem, aqui no Brasil, uma das ESPANCA, assim como os estudos sobre o maiores autoridades sobre sua obra e sua poeta HERBERTO HELDER. Mantendo e ampliando a ligação vida: MARIA LÚCIA DAL FARRA!

da intelligentsia botucatuense com os intelectuais e a literatura de Portugal, Maria Lúcia não só fez estudos literários e publicou livros sobre o assunto, mas tem tido uma participação muito efetiva como conferencista nas universidades portuguesas e como consultora literária tem participado de concursos e simpósios culturais. O conceituado “Prêmio Portugal Telecom de Literatura – 2009” contou com a participação especial de Maria Lúcia Dal Farra como Curadora Especialista em Literatura Portuguesa e Africana. Em 2010, no mês de maio, nas comemorações do CENTENÁRIO DA REPÚBLICA PORTUGUESA, a Universidade de Lisboa realizou o “Colóquio: Literatura Portuguesa e a Construção do Futuro”. Entre os convidados, podemos destacar nomes como Cleonice Berardinelli, Carlos Reis, Maria Lúcia Dal Farra, Helder Macedo, Mario de Carvalho, Nuno Júdice, Gonçalo Tavares entre outros. Na produção literária de Maria Lúcia, podemos destacar “O Narrador Ensimesmado – estudo dos romances de primeira pessoa de Vergílio Ferreira”; “A Alquimia da Linguagem – leitura cosmogonia poética de Herberto Helder”; “Florbela Espanca – Trocando Olhares”; “Florbela Espanca”; “Poemas de Florbela Espanca”; “Lira dos Vinte Anos de Álvares de Azevedo”. No prelo, “Correspondência de Florbela Espanca”(Lisboa, Circulo de Leitores). (AMD)


Diário da Cuesta

4

ARTIGO

MARIA LUCIA DAL FARRA

ELDA MOSCOGLIATO

Correspondente. De lá para cá, correu muito tempo. Ela galgando vitórias e enaltecendo o brilho do berço. Espalhando inteligência, saber e incrível simpatia. Como foi bom, ao nosso velho coração, revê-la. Sinceramente não nos surpreende tanto a viva inteligência que já aquilatáramos desde a infância promissora – como aquela imanente chama que através de suas páginas robustas de conhecimento, análise e estudos profundos de cujos textos crepitam as luminosidades de sua formação num lar em que imperou o inesquecível Gastão – amigo de todas as horas – e a Jesumina artista, discípula da famosa Escola de Artesanato do Santo Marcelina que tantos primores deu a Botucatu, de cuja arte somos confessadamente incapaz. Por isso mesmo, admiradora fiel. Reconhecendo-lhe contudo, a grandeza de espírito e de inteligência, Maria Lúcia será sempre para nós, num cadinho rico de memórias, a eterna meninazinha de vestidos farfalhantes de “laise” bordada e organza esvoaçante, figurinha semelhante aos cromos imortais que celebrizaram os quadros de Isabel Vigée Le Brun, da escola pictórica de Renoir. Sapatinhos de verniz e o caprichoso laço de fita prendendo-lhe as tranças de menina-moça, cujos dedos adolescentes vibravam ao piano e espalhavam melodias na vozinha doce e aveludada de soprano enfeitiçando os transeuntes fascinados. Como não ter orgulho de tanta sedutora graça? Como se não bastara Milton Marianno, neto do velho Vi�, e Pedre� Neto besuntando de pixe as fechaduras do antigo solar de D. Isabel da Cruz Maffei, agora vem se juntar a eles Maria Lúcia Dal Farra. Sim, porque além de botucatuense, Maria Lúcia nasceu na rua Curuzu, que antes fora Rua das Flôres, Velho Quartier Latin, do começo do século, entrada encantadora da recém-cidade, onde se mesclavam aos nacionais, os imigrantes vindos de longe. Aquele velho reduto de artistas e boêmios que, através de sucessivas gerações legaram aos artistas da palavra e do verso aquela boemia cantante que a nossa querida amiga poetiza com tanta ternura. Lá, o velho sapateiro que fora alfabetizado pelo cura da aldeia, natal, falava latim. O gorducho açougueiro tinha nos grandes espetáculos do belo Casino, sua frisa per-

A educadora botucatuense, profa. Elda Moscogliato, então Secretária da Academia Botucatuense de Letras, escreveu artigo para a revista Peabiru sobre o lançamento do livro de poesias da autora botucatuense Maria Lúcia Dal Farra, LIVRO DE AURAS. Um abraço gostoso e muito terno reuniu-nos na Sede local da OAB, gentilmente cedida a Maria Lúcia Dal Farra. Não, à mulher vitoriosa, soberana nos di�ceis planos da Literatura estrutural hodierna que ela maneja com notoriedade absoluta, após aulas ministradas em Lisboa e Sobornne, dando com seu delicioso encanto um recado bem botucatuense à Europa Clássica.

Não é exagerado ufanismo, não. A verdade aqui está. Em 30 de Maio último, num rodapé do Caderno 2 do Estadão, de circulação internacional, estudava-se a dificuldade de editoriação com sucesso dos poetas modernos e eis que nos despertou um reconfortante entusiasmo o juízo dos críticos severos de nosso maior jornal: “Excetuando-se os “clássicos” João Cabral, Drumond, Vinicius, Quintana – e os “novos” Rubens Rodrigues Tôrres Filho e Maria Lúcia Dal Farra que já tem duas décadas de estrada – praticamente não sobram outros nomes.” Sem sombra de cabotinismo, a verdade apenas, Nomes botucatuenses nossos! Muitos anos separavam-nos de sua última estada em Botucatu, quando foi festivamente recebida em nossa Academia Botucatuense de Letras como distinto Membro

manente. O operoso e rotundo funileiro fazia das filhas, professoras. Os músicos amadores programavam às quintas-feiras a audição de operetas. O jovem sonhador Angelino de Oliveira, no salão do barbeirinho flautista ensaiava as músicas de seu cancioneiro Nardini, admirador de Poe, na falta de um corvo, convivera com uma coruja. O industrial, antigo bersagliere, escrevia romances. O velho viajante-cometa, no regresso das longas caminhadas, fazia teatro. O vendeiro da esquina lia Dante. Na bizarria daquele mundo encantador de sonhos e fantasias, cantava a alma boêmia dos imigrantes, saudosistas incuráveis da Pátria distante. No entanto, dessa terna sentimentalidade nasceram os herdeiros da. Latinidade latente que se expande em seus filhos e eleva a rua Curuzu a um bairro histórico. Onde nasceu a Suite Botucatuense do 1º Centenário? De onde, a parceria do primeiro brasão, romântico e inesquecível ao coração botucatuense? Ah! Maria Lúcia! Quanta coisa linda tem você ainda, as espalhar às brisas – as suas auras – através de seus versos delicados, ternos, plenos de lírica poesia! Enquanto a poetisa não adentrava o Salão lemos a terceira parte do Livro de Auras, aqui lançado. Aquela que se refere às suas raízes, à sua infância plena de memórias que se não apagam nunca, cheias de simplicidade e beleza dos versos: Ouço ao longe p chocalho da burra madrinha: É o nono que se avizinha, Cometa que chega do confim das terras. ou Como era longo e branco O cabelo da minha nona! ou Tia Ester sabia Por compressas na própria dor. ou A velha jabuticabeira só se sustém Com as escoras do meu puro amor. Oh! Maria Lúcia! Possam os céus coroá-la de mil auras douradas e refulgentes mas não deixe morrerem nunca, os versos da sua infância, da sua rua, da nossa rua� Como tudo é real, redivivo, belo aquém como você, prende-se ao berço, por puro amor. Um abração! Acervo Peabiru.


Diário da Cuesta

Esportes

5

Lucas Nogueira

Comediante Whindersson Nunes anuncia luta de boxe com o pugilista Popó No último final de semana, o youtuber anunciou a data da versão brasileira da disputa entre Logan Paul e Floyd Mayweather O youtuber, humorista e cantor piaiuense Whindersson Nunes anunciou no último dia do ano de 2021 a data de sua luta amistosa de exibição contra o ex-pugilista Acelino Popó de Freitas. A disputa está marcada para o fim de janeiro, no dia 29 e ainda não tem um local confirmado oficialmente, mas rumores indicam que acontecerá nos Estados Unidos. O ex-pugilista e tetracampeão mundial, Popó, “provocou” o humorista após a confirmação da data. “Tomou coragem Whindersson? Agora eu te pego! Confirmado 2022 já começa quente! 29 de janeiro vem aí! E eu nunca subi em um ringue para brincar! Não será essa a primeira vez!”, respondeu o lutador. Whindersson e Popó já trocaram alguns golpes no passado em uma forma de aula. O digital influencer estreará no boxe profissional com a ajuda de seu personal Caio Franco, que vem treinando Whindersson desde 2020 e tem tido treinos diários que intercalam entre lutas de boxe e preparação �sica. Seu treinador é conhecido também por treinar outras celebridades, dentre elas Ana Hickman, Caio Castro e Léo Picon. O humorista vem enfrentando a depressão há algum tempo e buscou terapia nos ringues. Whindersson também havia anunciado uma pausa na sua carreira de quase dez anos de shows, com o intuito de acordo com ele, de criar um novo futuro e “voltar 10 vezes mais forte”.

A luta de exibição entre os dois tem como objetivo o entretenimento, ou seja, chegar até o último round sem que haja nocaute e durante o podcast “18K” transmitido em setembro de 2021, Whindersson divulgou que os ganhos entre os lutadores será em torno de R$ 12 milhões. Whindersson está empolgado para a sua estreia nos ringues profissionais, ele afirma que sabia que um dia teria que lutar de verdade após tanto treino e por quê não com seu maior ídolo do esporte? O comediante almeja para seu futuro na carreira do boxe, enfrentar o também youtuber, Logan Paul que em 2021 estreou nos ringues profissionalmente e uma luta de exibição contra Floyd Mayweather que é 12 vezes campeão mundial, invicto com 50 vitórias em 50 combates (sendo 27 nocautes) e foi campẽao em cinco categorias diferentes em sua carreira.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.