Edição 367

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Diário da Cuesta A VIDA BANDIDA DE DIOGUINHO

ano II

Nº 367

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

TERÇA-FEIRA, 11 de JANEIRO de 2022

“Em um baile, Dioguinho deixou seu chapéu de palheta sobre uma cadeira e foi dançar. Quando voltou, uma pessoa estava sentada no chapéu. “Ele atirou e matou a pessoa. Ele sempre estava armado”. Página 4

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Dioguinho não admitia nada de errado em Botucatu, onde vivia sua família. Vida bandida por aí, aqui não... E assim foi até seu estranho desaparecimento, muito estranho...

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Moacir Bernardo é um entusiasta. É incansável. Já pela segunda vez resgata tipos populares de nossa história. Primeiro, com Ana Rosa, agora, com esse bandido famoso que chegou a merecer 2 filmes sobre sua vida, vários artigos na imprensa, livros, documentários de televisão. Ora, nos EUA tivemos Jesse James, aqui entre nós, tivemos o Cangaceiro, Meneguetti e tantos outros tipos com profundas raízes no imáginário popular... Dioguinho é um desses ídolos ao aveso, exatamente pela vida bandida que levou.

Uma época, Dioguinho tinha um bando. Eram 10 a 12 pessoas + o irmão e ele. Todos marginais, como ele. Lembravam o Bando de Lampião que só surgiu depois de 25 anos do desaparecimento de Dioguinho.

Diogo da Silva Rocha, nasceu em Botucatu, dia 9 de outubro de 1863 e recebeu o seu batismo no dia 13 de outubro. Morava em uma casa na atual rua Amando que foi demolida há pouco tempo. Era de uma família tradicional de portugueses.


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ARTIGO

“Caminhos”

Maria De Lourdes Camilo Souza

Conversando com uma pessoa da família, há muito tempo atrás, ela me contou um sonho que sempre tinha. Ela andava por uma estrada carregando um enorme fardo. Sentia-se exausta e com os ombros machucados. E na noite seguinte continuava levando o mesmo fardo. Nas minhas reminiscências dos meus sonhos, um se repetia muito também. Eu estava sempre indo a pé até minha cidade natal, Avaré. Conhecia cada canto, cada curva, cada morro, cada árvore dessa estrada. E andava apressada para chegar antes do anoitecer. E na chegada ver o grande flamboyant florido ao lado da linda igreja branca lá encima no morro. As estradas foram mudando. A estrada que era de terra foi asfaltada, a entrada da cidade mudou, a casa da vovó foi demolida, muitos dos nossos queridos nos deixaram para viver em outro plano. Se voltar a Avaré ainda reconheço muitos lugares. Quando menina andávamos muito a pé pela cidade. Você ganha outras dimensões de espaço, conhece cada pedra do caminho.

As ruas tinham nomes de estados brasileiros. Sabia como chegar na cidade de trem. Como ir para a casa dos meus avós. Onde ficava a casa de cada tia, da Nona Constantina. A sorveteira na esquina da praça e o sabor do sorvete de coco queimado que gostava tanto. Como chegar ao cinema descendo a praça central. Depois começamos a usar ônibus. E chegávamos na rodoviária onde meu tio Omar sempre nos recebia porque trabalhava lá, ou o querido Tio Domingos ia nos buscar com sua kombi. Sabia a rua e a casa de cada amiga da minha mãe, pois íamos visitá-las a cada férias. Lembro-me muito de D. Zilá, era mãe de uma das nossas amiguinhas, a Maria Cristina, que era uma menina irritantemente linda e educada, exemplo constante da minha mãe a ser seguido. Era muito diferente de nós, loira e com grandes e lindos olhos azuis que enfeitavam sua delicada carinha de boneca. Nossas mães conversavam muito, e me lembro que a partir de um tempo eram conversas que entristeciam minha mãe , pois sua grande amiga estava muito doente. Numa das nossas férias já não fomos visitá-las, pois tinham se mudado para São Paulo, aonde D. Zilá poderia ter um melhor tratamento médico. Muito tempo depois nos encontramos com Maria Cristina, que se tornou uma linda moça. Seus pais tinham falecido, ela continuava morando em São Paulo. E o Rio da vida foi mudando o seu curso suave e firmemente, mas na minha memória ainda sei o rumo.

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

WEBJORNALISMO DIÁRIO

Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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HARMONIA

NANDO CURY Pode ser definida pela combinação de elementos ligados por uma relação de pertinência, que produzem uma sensação agradável e de prazer. Ou quiçá por um jeito muito especial de se conviver, através de olhares convergentes. Entra na receita do casamento que dá certo. É a fórmula mágica para oferecer resultados surpreendentes nos grupos de pessoas que se integram e interagem com interesses comuns. Mas é o nome estampado na placa de uma rua da Vila Madalena, em São Paulo. Isto me lembra do Mozart, arquiteto, conterrâneo de Botucatu, tocador de cavaquinho, parceiro em festivais de músicas anos atrás e que morou lá. Harmonia me leva à Travessia Oficina de Música, dirigida pelo Ricardo Ibri, nos anos 80. Ressoava numa casa de esquina da Rua Mourato Coelho, também na Vila Madalena. Cheguei na escola pelas mãos do amigo Toni Liutk. Lá conhecemos a Mônica Parmigiani, Natasha e o Félix Fink, Ana Sílvia do piano, Rodolfo Ramina, Zé Maurício, Ana Elisa da flauta... Lá tivemos a oportunidade de conhecer a Ná Ozetti, o Paulo Nin Ferreira, o Ricardo Brein, o Muri Costa e tantos outros incríveis professores, músicos e cantores. Na Travessia, nosso objetivo maior era aprender a harmonia musical, estudar as relações de encadeamento das notas tocadas simultaneamente. Queríamos entender a formação dos acordes no violão e no piano. Como é que os acordes completavam os arranjos de melodias nas composições. Mônica, Toni, Felix e eu formamos o Piruá. Fomos cantar em barzinhos e no Programa Bem Brasil do Rolando Boldrin. Ana Sílvia foi lecionar em colégio. Beto Birger, Aninha, Vange e tantos outros seguiram carreiras musicais. Mônica Parmigiani, após aperfeiçoar seus conhecimentos, com faculdade e tudo o mais, leciona harmonia e apresenta o badalado projeto “Um jeito de tocar”, no Youtube. Toni, Roberto e eu imaginamos releituras de harmonias pras músicas dos Beatles no Beatles For All. Vale destacar a importância do quesito harmonia nos sambas do Carnaval. Mas a harmonia tem um

3 rico significado além das fronteiras da música. É modo de combinar objetos distintos, como na decoração. É a forma de escolher as folhagens e flores que vão integrar um projeto paisagístico. Está presente nos diversos elementos que se intercalam para montar um projeto arquitetônico. Nas cores, pinceladas, passepartouts e telas dos pintores. Nos layouts das peças de comunicação. Nos cenários de filmes e de programas de televisão. No marketing, dentro das fórmulas e design de produtos, nas medidas da composição dos serviços, nas cores e tecidos da moda. Em várias atividades da cultura, esportes e do lazer. A harmonia é brutal entre os elementos da natureza. E é aquele oásis que cada um de nós quer achar, permanecer, usufruir para bem viver. “Harmonia é ver o sol nascer. Com o brilho da lua ainda lá. Harmonia é a rua e é você É a luz do escuro no olhar. Que desejo tão fácil de se ter. Que presente difícil de ganhar. Mas é sina do homem procurar harmonia.” (Harmonia, Sá & Guarabyra)


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?Lampião paulista? aterrorizou a região no final do século 19

?Dioguinho?, nascido em Botucatu, andava em bando e foi acusado de vários assassinatos. Ele sumiu numa emboscada da polícia, mas o corpo nunca foi encontrado

por Rita de Cássia Cornélio Um homem bem vestido, de família tradicional botucatuense se tornou um bandido temido no Interior paulista. O fantasma de “Dioguinho” que, na pia batismal recebeu o nome de Diogo da Silva Rocha, assombrou por várias décadas a comunidade interiorana.

Mesmo depois de morto, sua vida foi retratada em pelo menos cinco livros. Em documentários e inúmeras páginas de jornais da Capital, seu jeito rude de agir fez com que o bandido “Dioguinho” se tornasse uma lenda para cidades da região de Ribeirão Preto. Seu corpo, nunca foi encontrado, por isso, acredita-se que somente seu irmão tenha sido morto em uma emboscada preparada pelo governo do Estado de São Paulo. As pessoas que o delataram à polícia foram morrendo misteriosamente, após seu desaparecimento. Daí nasceu a lenda de que ele não tinha morrido na emboscada e continuava agindo. Para o pesquisador e historiador botucatuense Trajano Carlos De Figueiredo Pupo, a imagem que ficou de “Dioguinho” em Botucatu é de homem corajoso, porém mau. “Ele enfrentou o sistema, ousou enfrentar a polícia, mas nunca para defender os pobres como Robin Hood.” Na comparação, o historiador arrisca a dizer que a faceta negativa do bandido sobressaiu sobre a positiva. “Um herói que enfrentou a polícia, porém como um cangaceiro.

Ele está mais para Lampião do que para Robin Hood.” Moacir Bernardo, autor de “A Vida Bandida de Dioguinho”, obra datada de 2000, ressalta no livro que o protagonista faz parte da história do faroeste caboclo. “Nos Estados Unidos da América viveram muitos bandidos sanguinários que faziam verdadeiras carnificinas, assassinatos em emboscadas, assaltos a bancos entre outros crimes. Foram imortalizados em livros e filmes do gênero faroeste ou western.” No Brasil, na década de 20/30, os cangaceiros de Lampião, bando de marginais liderados pelo capitão Virgulino

Ferreira da Silva infernizaram e levaram pânico à região do nordeste brasileiro. Eles invadiam e saqueavam fazendas e pequenas cidades. Foram imortalizados em livros, matérias jornalísticas, músicas, poesias, teatro, filmes e tantas outras publicações. “No faroeste caboclo, ‘Dioguinho’ figura como um dos mais conhecidos.” Segundo o autor da obra, “Dioguinho” teria matado mais de 50 pessoas em sua trajetória bandida. Em Botucatu, sua terra natal, ele não cometeu crimes. Atuou mais na região de Ribeirão Preto. Sua marca registrada era sua elegância no trajar. “Estava sempre bem arrumado. Era um bandido chic. Um jornalista, de Ribeirão Preto, escreveu um livro de 500 páginas e descreve o bandido com tules e rendas.” Bernardo lembra que seu livro é o quarto sobre a vida de “Dioguinho”. “Depois saiu um quinto. O meu é um resumo da história. Eu tenho conhecimento de que em 1907 fizeram um livro, 1920 outro, 1940 outro, além dele figurar em muitas revistas e jornais como: Diário Popular, Notícias Populares, o Estado de São Paulo. Tem ainda um documentário feito pela afiliada da Globo em Ribeirão Preto.” (JCNET)


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Esportes

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Lucas Nogueira

Final da Le Mans Virtual Series terá última etapa contará com grandes nomes do automobilismo mundial Entre a lista da participantes da grande prova, campeões de Fórmula 1, IndyCar e outras categorias do esporte

A corrida final das 24h de Le Mans Virtual está programada para acontecer nos dias 15 e 16 de janeiro e a lista de participantes para esta etapa foi divulgada no dia 7 de janeiro. O campeonato que é promovido pela Motorsports Games Inc busca novamente este ano mostrar charme da maior corrida de endurance, mas através de simuladores que estão espalhados pelo mundo e conectados virtualmente. Dentre os divulgados da lista, que tem pilotos das categorias de Fórmula 1, IndyCar, Fórmula E, W Series e grandes nomes do eSports. O atual campeão de F1, Max Verstappen participará da etapa, o bicampeão Fernando Alonso também está participando liderando a equipe virtual da Alpine e o atual campeão da IndyCar, Alex Palou. A ex-estrela da F1 Juan Pablo Montoya fará parte de uma equipe com seu filho, Sebastian Montoya que correrá com uma carro de convidado. Os brasileiros Sérgio Sette Câmara e Felipe Drugovich, pilotos respectivamente, da Fórmula E e Fórmula 2. Grandes pilotos femininos da W Series como Fabienne Wohlwend, Ayla Agren, Emily Jones e Lyobuv Ozeretskovskaya também estão na lista. Apesar dos grandes focos da prova ficarem sobre os pilotos da realidade, nomes como o de Joshua Rogers, que foi vencedor das 24H virtuais de 2020 na GTE, Kevin Siggy, Bono Huis, Atze Kerkhof, Michi Hoyer, Jernej Simončič e Nikodem Wisniewski são os de quem disputarão lado a lado com profissionais com talento e determinação. A fim de celebrar a clássica corrida de endurance francesa, a prova de 24H contará com 200 pilotos, unindo o real e o virtual na disputa do título e do prêmio aos competidores de toda a temporada. Até o momento não foi divulgado por onde poderá ser acompanhada a prova e será divulgado ao decorrer da semana nos canais de mídia da Le Mans Virtual.


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