Edição 381

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Diário da Cuesta

ano II Nº 381

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

QUINTA-FEIRA, 27 de JANEIRO de 2022

Bispo de Braga/Portugal deu o nome aos dias da semana na Língua Portuguesa

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OLAVO DE CARVALHO O Diário da Cuesta prestou sua homenagem a Olavo de Carvalho em vida, no Dia do Filósofo O Brasil perdeu o filósofo, escritor e professor OLAVO DE CARVALHO (29 de abril de 1947 * 24 de janeiro 2022), falecido nos Estados Unidos. Responsável pelo respaldo cultural e intelectual ao Governo de JAIR BOLSONARO, o prof. Olavo de Carvalho deu, principalmente ao Brasil, um pensamento de DIREITA que era praticamente inexistente durante as décadas de domínio do pensamento de ESQUERDA na política brasileira, na mídia e em nossas Universidades. Foi o responsável pelo fim da hegemonia esquerdista sobre o pensamento brasileiro. Leia na página 3 artigo sobre a obra de Olavo de Carvalho.


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Bispo de Braga/Portugal deu o nome aos dias da semana na Língua Portuguesa

Já se poderá alguma vez ter perguntado por que razão os dias da semana são tão diferentes em português, quando em outros idiomas de origem semelhante se mantêm os nomes da semana com a mesma raiz. Basta ver o Monday inglês e o Lunes espanhol, que significam “dia da lua”, enquanto em português o mesmo dia tem o pouco original nome de segunda-feira. A resposta está na influência do antigo Bispo de Braga, São Martinho de Dume. Enquanto nas outras línguas latinas se manteve os nomes dos dias da semana com a referência aos deuses romanos, patronos de cada dia. Assim, temos o dia do sol, o principal dia da semana (Solis Dies), que serviria como dia de descanso e de culto aos deuses, que abençoariam os dias que se seguiam; o dia da Lua, segundo astro mais importante no culto romano (Lunes Dies); No dia de Marte, Deus da guerra (Martis Dies), dedicava-se o tempo às artes da guerra e dos exercícios físicos; Mercuri Dies (ou dia de mercúrio) era dedicado a o patrono de comerciantes e viajantes; Jovis Dies, dia de Júpiter (o Deus-Pai), criador da natureza, chuvas e colheitas; Veneris Dies, dia de Vénus, dia em que os soldados romanos recebiam o seu pagamento em ouro; e a Saturno, Deus do tempo, dedicava-se o último dia da semana, dia dedicado à reflexão, convívio em família e descanso (e que era chamado de Saturni Dies). Após o Concílio de Nicéia, e com a maior influência da igreja católica em Roma, o sétimo dia da semana passou a ser dedicado ao Shabbat judeu, e o primeiro dia da semana passou a ser dedicado a Jesus, como forma de combater o culto do sol, chamando-se assim Dies Dominica (dia do Senhor). Esta modificação afetou apenas a Europa latina, mantendo-se na Europa Germânica os dias dedicados a Saturno e ao sol, como podemos ver atualmente no inglês: Saturday e Sunday. Mas e quanto a Portugal? São Martinho de Dume, bispo de Braga conhecido como apóstolo dos Suevos, dirigiu o Primeiro Concílio de Braga, de 561 a 563, a mando de São Cesário, Bispo de Arles. Neste Concílio, modificou-se por completo os nomes dos dias da semana, sendo essa a razão pela qual esta mudança apenas aconteceu em território que mais tarde seria português. Nos restantes episcopados, esta orientação não foi seguida, permanecendo a anterior nomenclatura apenas com a exceção do primeiro e do sétimo dia, que tinham sido já modificados pelo Concílio de Nicéia. Podemos notar esta influência nos dias de hoje, no espanhol

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Diário da Cuesta (Lunes, Martes, Miércules, Jueves, Viernes, Sábado, Domingo), no francês (Lundi, Mardi, Mecredi, Jeudi, Vendredi, Samedi, Dimanche) e no italiano (Lunedi, Martedi, Mercoledì, Giovedi, Venerdì, Sabato, Doménica). No território nacional, manteve-se a diretiva de São Martinho, que procurava combater o paganismo romano, sugerindo não só a mudança de nome dos dias como a sua associação a festas litúrgicas. A partir do primeiro Concílio de Braga, os dias passaram a ser denominados da seguinte forma: Dominica dies, Feria Secunda, Feria Tertia, Feria Quarta, Feria Quinta, Feria Sexta, Sabbatum. De notar que Feria tinha o sentido de Festa (no caso, festa litúrgica), sendo daqui que vem o nome feriado. Ao longo dos anos, a língua portuguesa foi evoluindo, tendo a palavra feria sido substituída por feira nos dias da semana, chegando-se assim aos nomes dos dias da semana atuais. E se se pergunta porque existe uma terça-feira e não uma terceira-feira, é porque o nome manteve a pronúncia latina original de Tertia. Quando Portugal se tornou por fim um estado unificado, a tradição do uso destes nomes para os dias da semana tinha já mais de meio século, preferindo-se manter estas nomenclaturas no território. Mais tarde, os nomes dos dias da semana foram repassados para os países que Portugal colonizou, como o Brasil. O que podemos concluir? Que, apesar de São Martinho ter sido um douto da Igreja de grande importância na unificação do território que formou Portugal, este deixou como legado nomes dos dias da semana poucos originais, naquela que é a quinta língua mais falada do mundo.

Catedral de Braga/Portugal

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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Olavo de Carvalho, o Filósofo da Direita Brasileira que abala as estruturas...

Ignorado nas universidades do país e tido como guru da direita nas redes sociais e nos partidários do Presidente Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho é, hoje, a maior expressão da intelectualidade brasileira. A medalha recebida de Flávio Bolsonaro em 2012 marcou o início da relação do filósofo com o clã Bolsonaro. Recentemente, em entrevista à “Gramática On-line”, Olavo de Carvalho deu as seguintes respostas às perguntas feitas: Atualmente, as faculdades em geral formam realmente filósofos? Ou são só professores de Filosofia? — Ninguém pode dar o que não tem nem ensinar o que não sabe. Não há um só filósofo no nosso meio acadêmico, e a prova é que esse meio rejeita, por medo e preconceito, todo filósofo autêntico que apareça dentro ou fora dele. Dizer que uma Marilena Chauí, um Leandro Konder sejam filósofos é um ultraje à filosofia. A primeira é uma professora de ginásio, o segundo é um propagandista barato. Mas é só esse tipo de gente que a universidade aceita. Já o Villém Flusser, um gênio espantoso, acabou desistindo do Brasil e foi publicar seus livros na Alemanha, onde imediatamente foi reconhecido como um dos pensadores mais originais das últimas décadas. No Brasil aqueles entojadinhos da USP faziam pouco dele, empinavam o nariz diante dos seus escritos porque eram publicados em jornal – como se Gabriel Marcel ou Ortega y Gasset também não tivessem sido eminentemente jornalistas. Mário Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva também foram postos para escanteio, e até Miguel Reale, reitor da USP, era discriminado dentro da sua própria universidade. Agora, com quarenta anos de atraso, a USP decidiu absorver o prof. Reale, concedendo ao mestre um lugarzinho modesto ao lado de quinze micos na coletânea Conversas com Filósofos Brasileiros, na qual ele é obviamente o único filósofo presente. Ora, esses quatro nomes – Flusser, Reale e os dois Ferreiras – perfazem o essencial da filosofia brasileira deste século – o que vale dizer que a filosofia esteve rigorosamente fora da universidade, por obra de medíocres e invejosos que se empoleiraram como urubus nas chefias de departamentos. O que a universidade brasileira tem feito contra a filosofia é simplesmente criminoso.

Gramática On-line – Nota- se que há muitas faculdades de Filosofia (e Letras) espalhadas pelo país. Essa proliferação de faculdades é boa ou ruim para o ensino qualitativo da Filosofia? — É péssima. Quanto mais gente falando do que não entende, mais confusão, mais empulhação, mais verbalismo oco vai circular pelo país. A filosofia universitária no Brasil só vai começar quando o MEC ou instituição similar fizer uma edição padrão dos escritos daqueles quatro grandes pensadores e a distribuir como leitura obrigatória em todas as faculdades. Não pode haver ensino da filosofia senão com base numa filosofia vivente. Gramática On-line – Pode- se dizer que hoje em dia há grandes pensadores, como Sócrates, Platão, Santo Agostinho, etc.? — Eric Voegelin e Xavier Zubiri superam todos os demais pensadores da segunda metade do século XX. Gramática On-line – Quais são seus autores favoritos (da filosofia e de outras áreas)? — Em filosofia, Aristóteles, Leibniz, Sto. Tomás, Schelling, Husserl, Voegelin, Zubiri, Lonergan, Éric Weil, Louis Lavelle. Na literatura, Dante e Shakespeare, Dostoievski e Stendhal, Camões e Camilo, Manzoni e Scott, Pío Baroja, Thomas Mann e Jacob Wassermann, Antonio Machado, Apollinaire, T. S. Eliot e William Butler Yeats. Mas gosto também muito de ler historiadores – meus prediletos são Taine, Huizinga e Oliveira Martins – e obras de psicologia, principalmente as de Viktor Frankl, Lipot Szondi e Maurice Pradines. Nas ciências sociais, Weber e Ludwig von Mises. Em religião, além da Bíblia, do Corão e dos Upanishads, releio sempre a Legenda Dourada de Giacomo di Varezzo, um livro

que me parece ter certos dons miraculosos. Sou aficionado de temas islâmicos e retorno sempre aos livros de Ibn Arabi, René Guénon, Henry Corbin, Frithjof Schuon, Titus Burckhardt, Seyyed Hossein Nasr. Adoro as polêmicas de Chesterton, de Bernanos, de Nelson Rodrigues. Gosto também de livros de memórias e depoimentos, sobretudo de políticos, agentes secretos e criminosos que um dia envelhecem e perdem o medo de contar o que sabem; mas também relatos de vidas extraordinárias: meu preferido desde a infância, relido com encanto crescente de tempos em tempos, é Hunter, de John A. Hunter (uma coincidência de nome e profissão): memórias de um caçador de leões e elefantes, certamente o melhor livro de psicologia animal que alguém escreveu antes de Konrad Lorenz. Importante destacar que a aversão de Olavo de Carvalho aos “filósofos da Academia” é recíproca: O desprezo parece ser recíproco nas faculdades brasileiras, onde a obra de Carvalho é praticamente ignorada ou tratada como algo sem valor científico. «Na minha geração e entre os meus colegas ninguém leu Olavo de Carvalho. [Ele] é absolutamente irrelevante do ponto de vista filosófico”, afirma José Arthur Giannoti, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) e membro fundador do Centro Brasileiro de Análise e Plenajemento (Cebrap). “Não tenho nenhum interesse em ler o Olavo de Carvalho, a não ser [para] explicar como é que a nova direita o tenha como um ídolo e que tanta gente no Brasil seja influenciado por ele”, acrescenta. Sobre sua influência no Governo de Bolsonaro, Olavo de Carvalho argumenta: “Essa influência que eu exerci está explicada em uma frase de Soljenítsin: “O grande escritor é como se fosse um segundo governo”. Entende porque eu não quero nenhum cargo público? Porque eu já sou esse segundo governo. A influência intelectual é uma coisa, assim, que transcende e engloba a política. E eu já estou nesse posto e estou muito contente com ele. Era o que eu queria ser quando crescesse. Já cresci e já sou”.


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Farol de Alexandria

Farol de São Thomé

ARTIGO

FARÓIS E CANÇÕES NANDO CURY Faróis mais costumeiros são os do carro, do ônibus, caminhão, de um trem, de um navio, de uma lancha. Ou podem ser chamados – mais pelos paulistanos - os sinalizadores de três cores que ficam pendurados em cruzamentos de ruas. Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sergio Baptista citam estranhos faróis na música “Fuga Número II” dos Mutantes, de 1969: “Hoje eu vou sair de casa, vou levar a mala cheia de ilusão. Vou deixar alguma coisa velha. Esparramada toda pelo chão.... Faróis altos e baixos que me fotografam. A me procurar.” É certo que quem não vive numa cidade costeira não usufrui constantemente das belezas do mar. Também desconhece ou não imagina os seus perigos. Não sabe da importância que um farol – que tem torre alta, lentes e luzes - representa para quem navega. Elementos solitários e necessários à beira-mar, próximos de portos, estes faróis são indispensáveis para a segurança de marinheiros e pescadores. Úteis em casos de nevoeiros, tempestades, chuvas pesadas e outros acontecimentos que comprometem a visibilidade noturna. Mostram os caminhos para navios e embarcações. Ajudam a evitar recifes e outros obstáculos naturais perigosos à navegação. Eles estão incluídos nas descrições das cartas náuticas que informam sua localização, altura e alcance das luzes em milhas náuticas, facilitando o planejamento das rotas. Nas aulas de história, conhecemos a Sétima Maravilha do Mundo Antigo: o Farol de Alexandria. Nessa cidade do Egito havia o maior porto do mundo. E o farol de cerca de 130m de altura foi construído de 280 a 247 A.C. em frente à cidade, na ilha que recebeu o nome de Faros (farol, em grego). Infelizmente este farol foi destruído pela ação de terremotos. Os faróis costeiros tem uma beleza especial – arquitetônica, estrutural e técnica – para serem explorados como pontos turísticos. No Brasil há belos exemplares. Como o de Santa Marta em Laguna, SC, o do Morro de São Paulo, na Bahia, com cerca de 26 metros de altura sobre uma elevação de 63 metros. Há o de Albardão, com 44 m de altura, que fica isolado na praia do Cassino, RS,

Farol da Barra considerada a mais extensa do mundo, com 213 km. Ostentando uma grande torre vermelha na praia de Campos, Norte do Rio de Janeiro, o Farol de São Thomé foi construído pelo engenheiro francês Gustave Eiffel, o mesmo construtor da Torre Eiffel em Paris e da Estátua da Liberdade, em Nova Iorque. Tem 45 metros de altura e pra chegar no topo é preciso subir 216 degraus. Inaugurado em 29/07/1882, na comemoração de aniversário da Princesa Isabel, orientava primeiramente as embarcações que faziam o carregamento de açúcar, para se livrarem dos bancos de areia que existem na praia e vão até 15 kms mar adentro. Com lentes especiais, que fazem a volta completa em 68s, tem alcance luminoso de 74 km. O Farol da Barra, que fica no Forte de Santo Antonio da Barra, em Salvador, BA, é o mais antigo do Brasil e o primeiro das Américas. Sua torre branca e preta tem mais de 22 m de altura e um alcance luminoso de 70,3 km. Localizado numa área extremamente urbana, abriga um Museu Náutico e oferece vistas deslumbrantes, tendo como atração principal um lindo pôr-do-sol. A praia é bastante frequentada por surfistas e é palco de comemorações, shows e carnaval. Virou o pôr do som depois do ano 2000, como profetizaram Caetano Veloso e Márcio Galvão na canção que deixou mais famoso o farol. Vamos imaginar o barulho do mar ao fundo e a linda voz de Baby Consuelo descrevendo a paisagem em “Farol da Barra”, no disco homônimo dos Novos Baianos de 1978. “Quando o sol se põe, vem o farol. Iluminar as águas da Bahia. No Farol da Barra, o encontro é pouco. A conversa é curta. Tudo é tão rápido como se furta. Como a luz bate nas águas. Como tudo que se passa.” O farol também aparece como o personagem que orienta a viagem do “Descobridor dos Sete Mares” (Gilson Mendonça e Michel), gravada por Tim Maia em 1983 e regravada com outra batida por Lulu Santos em 1995. “Uma luz azul me guia. Com a firmeza e os lampejos do farol. E os recifes lá de cima. Me avisam dos perigos de chegar. Angra dos Reis e Ipanema. Iracema, Itamaracá. Porto Seguro, São Vicente. Braços abertos sempre a esperar”. De forma mais poética, a palavra farol serve para valorizar um dote físico ou figurado que emana da amada ou do amado. Assim como retratam Sá e Guarabyra na música “Cartas, canções e palavras”, que batiza o álbum de 2005: “Nas linhas da minha mão. A parte do coração. Que às vezes eu tento mostrar pra você. Nas linhas da minha mão. Estradas e solidão. Que eu preciso tanto dizer pra você. Pequena guia me mande sua luz brilhante como um farol. Jamais distante. Da solidão que acompanha o viajante”.


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