Edição 386

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Diário da Cuesta

ano II Nº 386

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

QUARTA-FEIRA, 02 de JANEIRO de 2022

Dia de Nossa Senhora dos Navegantes/ Dia de Iemanjá

O Dia de Iemanjá coincide com a festa da Apresentação de Nossa Senhora ao Templo, da Igreja Católica, que também é venerada com os títulos de Nossa Senhora da Luz, da Candelária, das Candeias, entre outros. Atualmente, a data conta com devotos do candomblé e da umbanda, em sua maioria. Em 2 de fevereiro também é celebrado o Dia de Nossa Senhora dos Navegantes, outro título com o qual a Virgem Maria é venerada. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina ainda existe o sincretismo entre Iemanjá e Nossa Senhora dos Navegantes (por isso que algumas imagens de Iemanjá são representadas por uma mulher branca, uma referência à santa católica). Já no Rio de Janeiro, Iemanjá é sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, dentre outras denominações.

Paredes da Capela de São José recebem revestimento Prossegue o restauro da centenária Capela de São José. Página 2 Há pouco mais de um ano o Diário convocava a população para a Segunda Campanha da Reformada Capela de São José


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Prossegue o restauro da centenária Capela de São José

Dando continuidade às obras de reforma e restauração da Capela de São José, em fase de acabamento com a execução de obras no anexo (cozinha, dispensa, sala e sanitários), também o restauro da fachada principal já teve início com a troca do reboco,recuperação de molduras e pináculos, e com a aplicação do revestimento em toda a área externa do templo, originalmente erguido em 1918. “Trata-se de um revestimento denominado monocapa, muito utilizado em prédios históricos. Em São Paulo, temos por exemplo, a Faculdade de Direito do Largo São Francisco e o Palácio da Justiça. E assim era revestida também a nossa Catedral”, revelou o padre Ademar Domingos Roma, pároco de São Benedito. “A monocapa já possui uma pigmentação própria, não tendo a necessidade de pintura, possibilitando a sua duração por muito tempo”, acrescentou, informando que o custo da mão-de-obra e do material é de R$ 70 mil, execução confiada à JR Engenharia. Segundo o padre Ademar, os recursos aplicados nessa etapa provém da segunda campanha dos carnês, que já está em sua fase final. A Festa de São José, prevista para março, embora a capela esteja inacabada, poderá ter a parte religiosa já realizada nas dependências da capela, enquanto a parte recreativa será no pátio frontal. O pároco diz que na sequência haverá as últimas etapas: colocação do forro (em gesso), piso (granito), pintura interna, parte elétrica e iluminação, som, etc. Neste sentido, o padre Ademar e os membros do Conselho Administrativo Paroquial anunciam estar aberta a terceira campanha dos carnês, para a qual contam com a colaboração espontânea a partir deagora. “Aqueles que desejarem fazer as suas doações devem se dirigir à secretaria paroquial, na na Igreja Matriz de São Benedito”, orienta o pároco. Colaborou Gesiel Júnior

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Fachada principal receberá revestimento com pigmentação própria

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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ARTIGO

ENTRE SACIS, SEREIAS e LOBISOMENS Nando Cury Eles já apareceram em nossos sonhos. Foram protagonistas de intrigantes estórias que ouvimos quando pequenos. Cheios de mistérios, mexeram com nossas emoções e continuam em nossa memória. Na realidade, são muito menos assustadores que os fantasmas atuais da inflação, dos impostos, da ansiedade, da insegurança, do egoísmo, da insensatez... Mas, nestes momentos, vamos esquecer destas assombrações adultas e adentrar na magia de alguns personagens do folclore. O mais travesso dessa turminha vive no interior do mato e nasce dos gomos de bambus. É um menino negro de uma perna só, que fuma cachimbo e usa uma carapuça vermelha que lhe confere poderes. Fez um pacto com os rodamoinhos de vento que o levam para onde ele desejar. Adora fazer objetos desaparecerem e dar sustos naqueles que tem medo do escuro. Já aprontou poucas e boas como personagem de livros (Monteiro Lobato, Turma da Mônica Lendas Brasileiras), ator de série especial de TV (O sítio do Picapau Amarelo), ganhou um camarote no imaginário dos cidadãos botucatuenses com a Associação Nacional dos Criadores de Saci. Batizou produtos. Inspirou canções, como: Saci, de Paulo Jobim e Ronaldo Bastos, com Boca Livre, do LP Bicicleta de 1980; Pererê Peralta de Carlinhos Brown, uma das trilhas do Sítio do Picapau Amarelo; Saci-Pererê, composição de Gilberto Gil, gravada por Luiz Melodia no DVD Lendas Brasileira de 2006. “No interior da mata o saci. Esperando quando a noite chegar. Ele quer brincar com fogo e sorrir. Quer montar no seu cavalo e brincar.” A mais embusteira é Iara ou sereia que mora nas profundezas das águas. Metade mulher e metade peixe, atrai os homens com sua estonteante beleza e seu irresistível canto que pode leva-los à morte. Enquanto aguarda os mais desavisados e prepara emboscadas, passa o tempo sentada sobre as pedras, penteando seus cabelos negros, admirando a própria beleza refletida nas águas e brincando com os peixes. Diz a lenda que os homens que conseguem escapar dela e retornar à superfície ficam loucos. Só um pajé verdadeiro é capaz de curá-los. A sereia Iara é de longe a mais requisitada como modelo e atriz, com cachê alto. Está na marca de famosa cafeteria. Já fez filmes na adolescência (A Pequena Sereia), minisérie de TV (O Canto das Sereias, dirigida por Jayme Monjardim), comercial de SUV, Aparece em trilha de novela (A Força do Querer, Globo) com “Sereia” de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Em várias canções como “Açaí” de Djavan: “A paixão, puro afã. Místico clã de sereia, castelo de areia. Ira de tubarão, ilusão.

O Sol brilha por si.” Em “Mamãe D´água” do disco Revolver de Walter Franco: “Iara eu. Iara eu te amo. Iara eu te amo muito...” Em “A novidade” (Herbert Viana, Gilberto Gil, Bi Ribeiro e João Barone) dos Paralamas “A novidade veio dar à praia. Na qualidade rara de sereia. Metade o busto de uma deusa Maia. Metade um grande rabo de baleia.” O mais assustador desses personagens tem um destino fixo. Nos primórdios, um homem foi mordido por um tipo de lobo e ficou enfeitiçado. Assim, nas encruzilhadas, em noites de lua cheia por volta da meia-noite de sextas-feiras, 13, ele vira um monstro, mistura de homem com lobo, um lobisomem. Mas, apesar desse seu fardo de transformer, consegue sobreviver financeiramente e tem contribuído com a cultura. Participou de livros. Já fez vários filmes, ajudou uma banda a ter muito sucesso, com “O Vira” (João Ricardo e Luli) em 1973: “Bailam corujas e pirilampos. Entre os sacis e as fadas. E lá no fundo azul, na noite da floresta. A lua iluminou a dança, a roda, a festa. Vira, vira, vira, Vira, vira, vira homem, vira, vira. Vira, vira, lobisomen”. Além disso, conseguiu papéis em novelas, como Saramandaia (Globo, 1975), sendo ainda destacado na “Canção da meia noite” de Zé Flávio Alberton de Oliveira, sucesso de Os Almondegas, que tinham Kleiton e Kledir como líderes: “Quando a meia-noite, me encontrar. Junto à você. Algo diferente vou sentir. Vou precisar me esconder. Na sombra da Lua cheia. Esse medo de ser. Um vampiro, um lobisomem...”


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ARTIGO

“Galinhada caipira no fogão a lenha” Maria De Lourdes Camilo Souza

Há muito tempo atrás, quando a sobrinhada era pequena, fomos até um sítio de familiares. Estava arrendado a um senhor que mantinha uma bela horta perto da casa onde residia com a família, fomos buscar algumas frutas e verduras. A molecada muito animada e sentada com a cara enfiada nas janelas da Rural Willis, com o vento na cara, brigavam pela troca de lugares para apreciar cada deta-

lhe da estrada. Chegando perto da entrada do sítio, já discutiam quem ia descer para abrir a porteira. O mais velho foi escalado já desceu todo importante

para cumprir a importante missão e retornou com a botina cheia de barro da estrada, visto que tinha caído uma tromba d’água no dia anterior. A gente se embriagava com aquele cheiro de mato que entrava sorrateiro pelas narinas. Cheiro de terra molhada, da vegetação que verdejava agradecida. E fomos descendo morro abaixo pela estradinha que levava á casa principal, e que já se avistava altaneira. Seu Juca já saiu sorridente na varanda, logo seguido pela D. Piná, sua esposa, que animada enxugava as mãos no avental. Vieram junto com os dois cachorros fox paulistinha, branco manchado de marrom, Pingo e Bilu, que ladravam, nos encontrar. Com sorrisos timidos vieram nos cumprimentando com as suas mãos suarentas. Nos levaram para a varanda da casa e nos convidaram a sentar. Tinham por ali umas espreguiçadeiras e uma rede pendurada que a molecada já disputava para sentar. E na prosa já foram perguntando como estava a família e a vida na cidade. Da casa caiada o chão de ladrilhos vermelhos, muito limpo, dava para o gramado e dali se avistava a horta e mais atrás o pomar. Depois do café servido nas canequinhas de ágata branca fomos andar até a horta. Estava uma belezura! Alfaces, chicória, rúcula, rabanete, e na sebe subiam os tomateiros carregados. Depois descemos até o pomar onde as larangeiras pendiam os galhos de frutos alaranjados. Algumas frutas jaziam caídas pelo chão. Mexeriqueiras, jaboticabeiras, romanzeiras, abacateiros, mangueiras. E naquela sombra deliciosa o cheiro das frutas. Os meninos encantados já estavam encarapitados numa goiabeira cheia de frutos amarelados. Depois de um passeio por ali, retornamos para a casa seguidos pelos dois cachorros que já tinham ficado amigos, e um par de galinhas carijó. Da casa um aroma delicioso veio nos encontrar. Adentramos pelo outro lado da varanda pela cozinha de onde o cheiro nos chamava. No fogão a lenha uns papelões fumegantes. A Piná nos sorriu com uma colher de pau na mão lambuzada do molho da galinhada que acabava de apurar. Numa outra boca o papelão com feijão gordo. Aquilo tinha um cheiro de extasiar. Salivei e elogiei a Piná pelos quitutes. No pilão perto da janela da cozinha Seu Juca tinha preparado uma farofa de carne seca. Na copa ao lado a mesa estava posta com a toalha de quadrados vermelho e branco. Uma travessa de salada, e um jarro de suco de laranja geladinho já estavam sobre a mesa. Nos deliciamos com aquela galinhada inesquecível. Após o almoço voltamos para a cidade, com cestas de frutas e verduras fresquinhas e as bênçãos daquela gente


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