Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº 39
QUINTA-FEIRA, 24 de dezembro de 2020
FECHA TUDO... DE NOVO ?!? DESCUBRA O CENTRO CULTURAL DE BAMBU! DESCUBRA PARDINHO DO POLO CUESTA!
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CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER A Prefeitura de Botucatu inaugurou o Centro de Referência da Mulher “Aline Aparecido da Silva”. Ligado a Secretaria Municipal de Assistência Social, o CRM fará o atendimento humanizado a mulheres vítimas de violência doméstica, oferecendo acolhimento e esclarecimento de dúvidas jurídicas e procedimentos administrativos, e remoção de vítimas do estado de vulnerabilidade e risco de novas agressões, sejam elas físicas psicológicas ou morais. O Centro de Referência da Mulher será localizado ao lado de outro equipamento da Assistência Social, o Espaço Acolhedor, na Avenida Paula Vieira, na Vila Jahu. No mesmo prédio, funcionará também o Centro de Referência Especia-
Inaugurado pelo prefeito Mário Pardini.
lizado de Assistência Social, CREAS “Maria Rosa Guerreiro”. “A partir de agora, o Município conta com espaço de atendimento específico pra mulheres, com equipe destinada somente para esse atendimento. Isso nos dá a capacidade de atender as demandas com mais precisão, rapidez e com a especialidade necessária. O CREAS, que também já tem sua demanda
definida, atenderá toda violação de direitos das famílias e indivíduos, especialmente crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência”, afirmou Silvia Fumes, Secretária Municipal de Assistência Social. Em novo e amplo local, a instalação do CREAS neste prédio faz parte do projeto Aluguel Zero, instituído pela administração municipal que visa realocar 100% dos de-
partamentos da Prefeitura em prédios próprios. “É fundamental oferecermos o apoio necessário para garantir a segurança das nossas mulheres. Este trabalho nos ajudará a propor a atenção que as mulheres precisam, em especial, as que sofrem dentro de casa agressões de seus parceiros. Este é mais um compromisso que estamos cumprindo, em busca de uma Botucatu ainda melhor para todos”, citou o Prefeito Pardini. A inauguração dos equipamentos respeitou os protocolos de saúde e contou com a participação do Prefeito Mário Pardini, da Secretaria Municipal de Assistência Social, Silvia Fumes, além de outras autoridades e alguns familiares das homenageadas.
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EDITORIAL Importante o registro das atividades sociais nas comunidades. Em Botucatu, com a inauguração do CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER, nas instalações do antigo ALBERGUE NOTURNO, podemos aquilatar o valor do trabalho social realizado pela sociedade organizada. Em 1949, a Câmara Municipal de Botucatu aprovou, por unanimidade, a criação do Albergue Noturno de Botucatu, para amparar as famílias da região que aportavam em Botucatu para tratamento na Misericórdia Botucatuense. Mas lei aprovada não quer dizer que será cumprida... Aqui, foi o que ocorreu. Até meados dos anos 50 os Prefeitos, alegando falta de disponibilidade financeira, deixaram de construir o Albergue Noturno. Assim, Antônio Delmanto – autor do projeto de lei (aprovado em 1949 e nunca cumprido) -, à frente de um grupo de amigos resolveu viabilizar essa necessária assistência social. Por 12 anos, através de campanhas promocionais, doações de parlamenta-
res e sempre com efetivo apoio da comunidade botucatuense, puderam inaugurar, em 1968, o ALBERGUE NOTURNO DE BOTUCATU. Funcionando ininterruptamente por 20 anos, como entidade privada de assistência social, em 1988, foi transferido para a Prefeitura de Botucatu o ALBERGUE. Desde então funciona sem interrupção mesmo tendo sua denominação alterada e sua
localização transferida. Construção sólida, reformada e ampliada abrigará, agora, essa importante atividade do CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER, solenemente inaugurada pelo prefeito Mário Pardini. É O ORGANISMO VIVO DA SOCIEDADE ORGANIZADA À SERVIÇO DA COMUNIDADE BOTUCATUENSE! A Direção.
PETS EM AÇÃO
DEZEMBRO VERDE Beatriz Soares Durante todo este mês de dezembro de 2020, está sendo divulgada a Campanha “Dezembro Verde” promovida pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CRMV-SP, alertando sobre as graves consequências do abandono de animais, frisando sobre a guarda responsável dos pets, normalmente a maioria cães e gatos. Infelizmente é “comum” nesta época do ano tal abandono dos pets por várias desculpas irresponsáveis desde “não posso levar”, “estou de mudança”,
“tenho crianças”, “vou viajar”, “vou me mudar” etc. Não há números oficiais, mas a estatística da OMS estima que haja mais de 30 milhões de animais desabrigados no Brasil. Ocorre que esses animais abandonados, sofrem com fome, sede, frio, calor, exposição ao tempo de uma maneira geral, riscos de atropelamento, etc. Isso sem mencionar os traumas que eles sofrerão de rejeição até serem recolhidos e colocados em um lar temporário e posteriormente, definitivo. Conforme já publicado neste jorDIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
nal, maus tratos de animais é crime e dá cadeia! Isso já era previsto pela Lei 9605/98, tendo sido aumentada a pena através da nova Lei 14.064/20 de 1 ano de detenção para até 5 anos de reclusão. Também foi alterado a competência de seu julgamento saindo da Vara dos Juizados Especiais para a Vara Criminal. Viu um animal abandonado na rua? Se puder, recolha-o e entre em contato com alguma instituição de proteção animal de sua cidade. Viu um animal sendo mal tratado ou abandonado? DENUNCIE! Maltratar animais é crime e dá cadeia!
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
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artigo Nando Cury
Visões do Presépio
Olhar o presépio é lembrar dos fatos históricos do nascimento de uma personalidade chamada Jesus Cristo. No ano do nascimento de Jesus, uma lei de recenseamento obrigava que todas as pessoas fossem às suas cidades natais para informarem nome, residência e tipo de trabalho. Para se registrarem, os pais de Jesus, Maria grávida e o carpinteiro José, partiram de Nazaré para Belém, num trajeto a pé de 150 quilômetros, Mas quando chegaram à Belém não encontraram lugar para os acolher. Por isso, tiveram que se abrigar no presépio. Como explica Hernâni Donato, em seu livro A Maravilhosa História do Presépio de Natal (Melhoramentos, 1954), o presépio era um lugar, despojado de beleza e conforto, onde se recolhiam os animais para comer, fugir à umidade das noites de inverno, do calor do verão e das tempestades. Localizavam-se perto de bebedouros, junto a um monte ou colina. A construção que Maria e José ocuparam trazia paredes fortes, chão de pedra, telhas velhas e recobertas de limo. Lá, Maria deu a luz ao menino que foi colocado sobre uma manjedoura. A noite era fria, com vento assobiando pelos campos. O boi e o burro foram os primeiros a chegar no presépio que era seu abrigo costumeiro. Logo deitaram-se próximos da manjedoura, trazendo o calor dos seus bafos e pelos para esquentar o recém- nascido. Os animais representavam a força, a humildade, a paciência e o trabalho. Tão respeitados eram, que em alguns países assumiram a condição de deuses. Em seguida, entraram os pastores, cuja profissão era uma honra na região da Judéia. Eles conduziam algumas ovelhas, que ofereceram o leite e a lã para vestir o menino. Chegaram e se ajoelharam respeitosamente. Finalmente, de uma terra distante chamada Caldéia, vieram os três magos Gaspar, Melchior e Baltasar. Os magos eram sábios requisitados por todos, até pelos reis. Faziam estudos científicos, liam pensamentos, adivinhavam sonhos, conheciam as profecias. Eles esperavam a chegada de um novo Deus, através de nova profecia, que foi comunicada por uma estrela muito especial e brilhante que apareceu sobre o deserto. Ao avistá-la, os magos deixaram suas casas, seus trabalhos, montaram em seus dromedários e seguiram o caminho que a estrela indicava até o Senhor Menino. Para mostrar suas
melhores intenções, levaram presentes para a família: o incenso que era dedicado aos deuses, o ouro que era oferecido somente aos reis e a mirra, uma goma resina perfumada, utilizada como bálsamo. A primeira montagem de presépio aconteceu em 1223, na cidade italiana de Greccio, com a iniciativa de São Francisco de Assis. Depois virou tradição para os católicos de todo o mundo. Em cada país os presépios foram ganhando novas personagens e cenários relacionados às culturas locais. O período de exposição do presépio vai do primeiro domingo do Advento, em dezembro, até 6 de janeiro, Dia de Santos Reis, quando são colocadas as imagens dos magos. Presépios de diferentes formatos fazem-se presentes nas casas de muitos colecionadores, como o jornalista José Paulo Mortari e o professor Fernando Freire. Em épocas normais, ficam abertos para visitação em locais públicos, a exem-
plo do Presépio Napolitano do Museu de Arte Sacra de São Paulo e do Museu dos Presépios. O Museu Napolitano, fechado para restauro, conta com 1600 peças, adquiridas em 1949, na Itália por Francisco Matarazzo Sobrinho, o “Ciccilo”, e depois doadas ao Museu de Arte Sacra. Neste ano acontece a tradicional exposição Presépios no Metrô, numa sala expositiva dentro da Estação Tiradentes, da Linha 01 Azul, com entrada exclusiva para os usuários. Presépios no Metrô podem ser vistos virtualmente pelo site do Museu de Arte Sacra. Mais uma interessante mostra, que também pode ser acessada de modo virtual é a 31ª Exposição Franciscana de Presépios, que reúne 17 conjuntos no Santuário São Francisco, localizado no Largo São Francisco, no centro da cidade. Há ainda outra forma empolgante de se ver presépios, assistindo uma missa tradicional de Natal que utiliza modelos vivos.
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Max Feffer: centro de cultura e sustentabilidade Tendo também sempre levado em conta o desenvolvimento sustentável em suas ações, no ano de 1999 criou o instituto Ecofuturo, uma ONG mantida pelo Grupo Suzano. Faleceu no ano de 2001, deixando um legado que mudaria a vida de uma cidade.
ecooar Tecnologia “Um país se faz com homens e livros”. Se pudéssemos acrescentar a palavra sustentabilidade a conhecida frase de Monteiro Lobato, ela ficaria ainda mais perfeita para representar o conceito do Centro Max Feffer Cultura e Sustentabilidade.
O Instituto Jatobás Betty Vaidergorn Feffer, esposa de Max Feffer, no ano de 2005, criou o Instituto Jatobás, local onde busca-se a evolução da consciência social, individual e ambiental, integrando o indivíduo ao mundo em que vivemos.
Centro Max Feffer de Cultura e Sustentabilidade Entrada do Centro Max Feffer, Feffer, fundado pelo Instituto Jatobás
Localizado a 200 km de São Paulo, na cidade de Pardinho, o Centro transformou-se rapidamente em referência de espaço cultural, com cursos de formação para as pessoas, recheado de livros, uma arquitetura bem peculiar e acima de tudo ecológica. E tudo teve início com uma pessoa: Max Feffer. Quem foi Max Feffer? Filho de imigrantes ucranianos, Max Feffer nasceu no ano de 1926 e desde cedo estava destinado a deixar sua marca no mercado de celulose, sendo a solidariedade um valor familiar passado de geração para geração.
Formou-se Engenheiro pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e junto de seu pai Leon Feffer (1902-1999) fundou o Grupo Suzano, inovando o setor celulose e papel já nos anos 1950, desenvolvendo produtos com melhoria das fibras do eucalipto e, dessa forma, revolucionando o mercado. “A vida que a gente quer, depende do que a gente faz”, Max Feffer Além de engenheiro, Max também gostava de artes e possuía um talento musical, que fez com que ele fosse nomeado, na década de 1970, Secretário de Estado da Cultura, Ciência e Tecnologia de São Paulo durante o governo de Paulo Egydio Martins. Um dos eventos mais conhecidos foi o Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Utilizando a arte como elemento cultural, a fim de fomentar a criatividade através de atividades complementares ao ensino escolar, o Instituto Jatobás atua para o fortalecimento do desenvolvimento local da cidade de Pardinho. Inclusive no ano de 2017 o Instituto Jatobás recebeu o Selo das 100 melhores ONGs do Brasil, concedido pela revista Época, Instituto Doar e Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Fundação Getúlio Vargas, concorrendo com mais de 527 instituições analisadas. E foi desta forma que a cidade de Pardinho recebeu um dos seus maiores tesouros. Centro Max Feffer de Cultura e Sustentabilidade Foi no ano de 2008 que uma revolução aconteceu bem no centro da cidade, mais precisamente em uma praça local, com a construção do Centro Max Feffer de Cultura e Sustentabilidade, criado a partir de uma tecnologia milenar com a utilização de bambus e com as mais modernas técnicas baseadas em edifícios verdes. Esse incrível projeto de mais de 800 metros quadrados e que utiliza apenas 15% do espaço do terreno da praça onde o conjunto está instalado, foi idealizado por Leiko Hama Motomura, considerada a pioneira do uso de materiais alternativos na arquitetura brasileira, que promove a sustentabilidade na construção civil desde 1985. A cobertura com bambus, em um primeiro momento provenientes do Paraguai, é um produto ecológico e renovável, que ganha destaque na montagem por suas linhas sinuosas e a farta entrada de luz e ar. Hoje os reparos da obra já utilizam a produção própria de bambus, plantados na Fazenda dos Bambus, em Pardinho, sede do Instituto Jatobás. Toda essa estruEstrutura feita de bambus amplia a conexão com a natureza e com a sustentabilidade
tura é apoiada também em eucalipto, concreto e alvenaria. Certificações O telhado tem em sua composição cerca de 42% de papelão reciclado, pintado de branco para refletir os raios solares e diminuir a sensação térmica e o conhecido efeito ‘ilha de calor’. Por ser uma obra que utilizada soluções sustentáveis, utilizando materiais reaproveitados, com o consumo reduzido de água e também de energia elétrica, em 2009, ela foi a primeira construção da América Latina a conquistar a Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pelo United States Green Building Council. Como uma onda A construção gera 25% de economia de energia elétrica, pois utiliza 80% de luz natural. Possui iluminação LED e sensores de presença nos banheiros, que também utilizam água de reuso, captada da chuva, além de torneiras de fechamento automático, para evitar o desperdício. Existe inclusive um sistema que armazena o ar quente para aquecer o ambiente quando necessário através do sistema Trombe. O cimento que foi utilizado permite a drenagem da água da chuva para o terreno e o formato da obra possibilita uma melhor circulação do ar nos ambientes. Inclusive 63% do terreno em volta está reflorestado com árvores nativas. A maioria dos materiais utilizados, como o corrimão e os parapeitos do local, são provenientes de sucatas restauradas e reaproveitadas, bem como as madeiras que são de demolição.
Cultura aplicada O local reserva inúmeras surpresas, atuando proativamente em favor da cultura local, que é considerado o berço da música raiz do estado de São Paulo. O centro comporta projetos voltados a sustentabilidade, com explanações sobre a cultura caipira, com a realização de aulas gratuitas de viola, violão e lutherie (que é a técnica utilizada na construção da viola), além de balé e cursos de capacitação. Max Feffer Multicultural A Biblioteca é mista, Municipal e Comunitária, e conta com um acervo de mais de 5 mil livros e uma brinquedoteca. Algumas das ações realizadas pela Biblioteca no ano de 2019: contação de histórias, encontro com escritor, exposições artísticas, feira de trocas de livros, mediação de leitura, mostras de livros temáticos, oficina de escrita criativa e literatura do vestibular, palestras, premiação do “Leitor do mês”, sarau, teatro, tricotando (conversa com os leitores e mediação de leitura), visitas monitoradas e além do Café com Viola, que acontece uma vez por mês. Outros locais do Centro Max Feffer são salas de leitura, inclusão digital, área multiuso, sala para reuniões, escritório, depósito de lixo reciclável e espaços de apoio para eventos, além do palco e da área externa que são utilizados por toda a população da cidade e da região. Desta forma o Centro Max Feffer de Cultura e Sustentabilidade, consegue deixar sua marca na vida de quem conhece o espaço e o utiliza para aprender e conhecer mais sobre a cultura de nosso país.