Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano II Nº 405
QUINTA-FEIRA, 24 de FEVEREIRO de 2022
Primeira Constituição Republicana do Brasil
SÓ O POVO É QUE PODE DIZER O QUE ELE ACHA DAS MUDANÇAS NECESSÁRIAS OU DELEGAR ESSE PODER PARA UM REPRESENTANTE NA CONSTITUINTE. O ATUAL CONGRESSO NACIONAL NÃO TEM PODERES CONSTITUINTES! Página 3
Empresa Paulista adquire 40 unidades do micro-ônibus F2400 marca Caio, versão escolar O micro-ônibus F2400 da marca Caio foi o modelo escolhido pela Diastur Turismo para a complementação de sua frota de veículos escolares que, desde 1999, atendem à Rede Municipal de Ensino de São Bernardo do Campo, cidade localizada na Grande São Paulo. As 40 unidades adquiridas irão agregar segurança, conforto e tecnologia à empresa, que é responsável pelo transporte de alunos do Ensino In-
fantil, Fundamental e Especial do município. A praticidade do modelo, que passou por mudanças em seu design no segundo semestre de 2020, é comprovada pela facilidade em circular por ruas mais estreitas e pela rápida manutenção e reposição de peças. “O design interno do F2400 possibilita fácil acesso do motorista ao posto de comando e dos passageiros às poltronas do salão interno, espaçoso e confortável em todos os aspectos. O modelo também reúne outros atributos como alta performance e durabilidade”, informa o representante de vendas Osvaldo Raldi. Oferecer um transporte escolar acessível e de qualidade aos estudantes é de fundamental importância para contribuir na redução da evasão escolar. “Além disso, o acesso ao transporte colabora para a permanência na escola desses alunos. Assim, a Caio continua a contribuir com a educação no país, cumprindo o propósito de transportar vidas e construir sonhos”, detalha o gerente nacional de vendas, José Gildo Vendramini.
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Artigo
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MAÇÃ A PODEROSA
NANDO CURY
Mitologicamente, ela é a selecionada para ser o objeto proibido nos tempos de Eva, que desobedece a ordem e experimenta o fruto da árvore do Paraíso. Depois, Eva oferece a Adão que, totalmente envolvido, também experimenta. Assim, herdamos e continuamos ampliando o pecado original. Fica uma dúvida. Lá no Gênesis, quando a maçã cai do céu, expulsa com Adão, Eva e mais a serpente - a conselheira mor - em qual lugar ela é plantada na Terra? Hipóteses miram para florestas inteiras de macieiras em países asiáticos, na China, na Rússia e em regiões da Europa. A maçã é cultivada em praticamente todo o mundo. No Brasil, chegou no Século XIX e nos anos 70 o país virou um grande produtor. É certo que colhida e escolhida, a fruta acaba muito badalada, entrando com semente e tudo nos pomares da ciência e da cultura popular. Atributos a maçã tem de sobra. Acho que é sedutora. Vale lembrar que ela amadurece a carreira solo de Rita Lee. Aparece disfarçada, batizando o segundo e reverenciadíssimo álbum “Fruto Proibido” da cantora com o Tutti Frutti, em 1975. E se afirma na composição de Rita Lee, que dá nome ao disco. “Comer um fruto que é proibido. Você não acha irresistível? Nesse fruto está escondido o paraíso, o paraíso. Eu sei que o fruto é proibido. Mas eu caio em tentação. Acho que não.” A maçã é uma das frutas mais saborosas, nutritivas e versáteis. Com gosto, variando do doce para o ácido, na culinária ela participa de maioneses, risotos, bolos. Salada temperada com vinagre de maçã. Huuum... aquela torta americana com tirinhas de massa por cima... Vira chá, suco, vitamina, compota, purê, vira calda... E quem resiste a um apfelstrudel? Ah, pensou em dieta? Adote a maçã, que tem baixo teor de calorias. A maçã possui componentes ótimos para a saúde. É rica em pectina e outras substâncias que ajudam na redução do colesterol, previnem doenças cardiovasculares e gastrites, beneficiam a flora intestinal. Carrega polifenóis que protegem o pâncreas e previnem a diabetes. Tem potássio, mineral que facilita a eliminação do excesso de sódio, auxiliando no equilíbrio da pressão arterial. Contém ácido málico que estimula a salivação e ajuda a prevenir cáries. E no currículo leva muito mais recomendações médico-odontológicas. Acho que ela é bela. Vem num formato redondo, com dois
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lados cortados em círculos pra dentro. É lisa e brilha. Tem várias cores: vermelha clara, rajada e escura, verde. Inspira a identificação visual e sonora - símbolo e nome - de marcas famosas. Como na Apple Records, a gravadora dos Beatles e na Apple Computers, que adotou MacIntosh (Mac), um tipo de maçã originalmente cultivada no leste do Canadá e na Nova Inglaterra, para denominar sua linha de computadores e laptops. Atraídos pela sonoridade do seu nome, Almir Sater e Renato Teixeira citam a maçã na sua lindíssima composição “Tocando em frente”. “Ando devagar porque já tive pressa, E levo esse sorriso. Porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte. Mais feliz, quem sabe. Só levo a certeza. De que muito pouco sei. Ou nada sei, Conhecer as manhas e as manhãs, O sabor das massas e das maçãs”. A maçã está presente na estória da Branca de Neve e Os Sete Anões, de Walt Disney (1937). A bruxa fabrica a poção mágica e mergulha uma maçã comum nela. Então a oferece para Branca de Neve, prometendo realizar seus desejos. Ao mordê-la, Branca de Neve fica condenada ao sono da morte. No entanto, o Príncipe lhe concede o último beijo que serve para reverter os efeitos do veneno e salvá-la. Curiosamente, outra maçã, embebida numa calda caramelizada especial e espetada em palitos de picolé, é criada e patenteada no Brasil em 1959 pela Família Farre Martinez, especializada em doces. Recebe o nome de Maçã do Amor, pois é lançada no Dia dos Namorados. Logo, se junta a pipocas, churros e algodões doce, participando do grupo das guloseimas preferidas nas atrações de circos, teatros e parques. Em simbiose afetiva, a maçã vira pedaços do corpo. Surge em alguém que traz a pele de maçã. Descreve outra pessoa com lindas maçãs no rosto. E acaba nos lábios da musa de “Maçã” que rima com Djavan: “O chão brilhava, a casa ria. Clareava o dia e eu nos teus braços. E viajei, fui bater na Espanha. Com o cheiro que você tem. Me embriaguei, destruí Casablanca. E me revoltei contra a Nicarágua. Após me atolar lá no Irã. Teu beijo é Nova York. O que quer dizer maçã”. Representa ainda um coração infiel e calado, que só reage ao surgimento de novas paixões. Como no cenário retratado em “Coração de Maçã” por Sá e Guarabyra: “Coração de maçã, uma fruta aqui dentro do peito. Que vive e não fala, tomada de horror. Pelos mistérios do mundo exterior. Coração de maçã, tão sensível de casca dourada. Mudando de cor a cada estação. A cada nova mulher amada.” Agradecimento: sugestão de tema e pesquisa por Toni Liutk.
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
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1ª Constituição Republicana do Brasil !!! “Alguém deve rever, escrever e assinar os autos do passado antes que o tempo passe tudo a raso.” Cora Coralina.
só:
Não dá para dar errado. Vejam
Proclamada a República (1889), tendo o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca como Presidente Provisório, Rui Barbosa foi convidado para compor o governo como Sub-Chefe do Governo e Ministro da Fazenda (respondendo pelo Ministério da Justiça) e Encarregado de elaborar um Projeto de Constituição para ser submetido ao Congresso Nacional Constituinte, que teria como Presidente, o Senador Prudente de Moraes. Para o Congresso Constituinte, Rui elegeu-se Senador pela Bahia. Estamos comemorando a Promulgação da 1ª CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DO BRASIL, de 1891 !!! Para ser mais exato, aos 24 dias do mês de fevereiro de 1891, era promulgada a constituição, era a CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, elaborada pelo Ministro Rui Barbosa e, discutida e aprovada pelo Congresso, foi promulgada pelo Presidente do Congresso Constituinte, o Senador Prudente de Moraes. A obra de Rui preconizava o Governo da Lei. A impessoalidade da Lei acima dos homens. Essa foi a linha mestra da construção de Rui: o seu projeto é o de uma República organizada pela Lei e da Lei interpretada pelos Tribunais. Inspirada na constituição liberal dos Estados Unidos e filosoficamente baseada no Positivismo, a Constituição de 1891 efetivou a descentralização dos poderes como sua característica maior: Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Deu grande autonomia aos municípios e aos estados (antigas províncias). O modelo FEDERALISTA dos americanos adotado pela constituição brasileira permitiu que os Estados Federados se organizassem de acordo com suas tradições e interesses regionais, desde que não fossem contra o espírito da nova constituição. O Estado do Rio Grande do Sul é exemplo dessa liberalidade constitucional: a sua Constituição Estadual permitia a reeleição do Presidente do Estado (denominação que, hoje, é de Governador do Estado). A Constituição Norte-Americana é de 1787 e permanece, com as emendas que teve, até hoje. A primeira constituição republicana do Brasil, de 1891, permaneceu até a Revolução de 1930. Com Getúlio Vargas, a Constituição de 1891 foi revogada. Era o desmonte da construção da Democracia: acabava com o Federalismo e a favor do centralismo autoritário, fascista e anti-nacional. A falta de visão dos políticos da Ditadura chegou ao extremo de queimar, em praça pú-
blica, as Bandeiras dos Estados Federados. Foi um retrocesso na construção da Democracia. Fora o período de 1934/1937 – resultado da Revolução Constitucionalista de 1932 - , quando a democracia foi plena, já no final de 1937 era dado o Golpe de Estado e implantada a Ditadura do Estado Novo (novo?!?). A partir de 1937, vigorou um regime de exceção que sufocou a Nação Brasileira até 1945. De 1946 até os nossos dias, sempre vigorou o Regime Presidencialista (em 1964, implantou-se artificialmente o Parlamentarismo que, boicotado pelo próprio Governo, caiu através de um Plebiscito) deixando super poderes ao ocupante do cargo de Presidente da República. Quando elaborou o projeto da Constituição Liberal de 1891, a maior preocupação de Rui Barbosa era esse excesso de poderes nas mãos nem sempre preparadas para gerir o país. Destacava Rui: “...o grande mal da República, o seu mal inevitável. O mal gravíssimo e inevitável das instituições republicanas consiste em deixar exposto à ilimitada concorrência das ambições menos dignas o primeiro lugar do Estado e, desta sorte, o condenar a ser ocupado, em regra, pela mediocridade”. Hoje, ao comemorarmos a Constituição Brasileira de 1891, é preciso que se destaque e que se lamente – com patriotismo e vigor cívico! – a qualidade excepcional dos homens que governavam o Brasil, em 1891, e a precariedade da nossa realidade institucional e constitucional e o nível de nossos políticos em 2022. Basta que se diga que desde a promulgação da Constituição Brasileira de 1988, o Brasil prossegue sem a necessária regulamentação dessa mesma Constituição e sem as principais reformas (a política, a da previdência, a tributária, etc.). Assim, só através da convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte é que conseguiremos – com a mobilização da sociedade civil! – realizar as reformas necessárias para que o Brasil tenha condições de implantar a justiça social e um desenvolvimento sustentável para ser um estado dinâmico e moderno! Fazendo com que o populismo barato e pegajoso não seja campo fértil para os oportunistas e corruptos. Mas voltemos às comemorações. Prudente de Moraes foi eleito o 1º Presidente Civil do Brasil, em 1894! Trabalhou com homens públicos de reconhecida competência. Passou à história. Hoje, a casa em que morou, em Piracicaba/SP, é o Museu Prudente de Moraes. Sua memória também está presente no Museu Republicano de Itu. No Rio de Janeiro, a Fundação Casa de Rui Barbosa, preserva a memória e os trabalhos cívicos daquele baiano exemplar. Tanto Prudente quanto Rui foram formados pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP)... A pena de ouro com que assinou a Constituição de 1891 deixou como herança cívica ao seu sobrinho e político Senador Paulo de Moraes Barros: “Ao meu sobrinho e devotado amigo Paulo de Moraes Barros, a quem devo minha gratidão, deixo, como lembrança, a penna de ouro com que assignei a Constituição da Republica, a 24 de Fevereiro de 1891. Prudente de Moraes”. É Registro Histórico!
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ARTIGO
“A princesa da bolha” Maria De Lourdes Camilo Souza
Num reino muito distante, o casal real por muitos anos aguardava que os céus lhes enviassem uma criança. Amavam-se muito, mas os anos passavam e nada. E foi durante a caçada ao cervo, entre suas aias, que repentinamente a Rainha desmaiou. Foi chamado o médico real que veio imediatamente a examinou. Depois de um longo e minucioso exame sorriu sob o vasto bigode e levantando as grossas sobrancelhas que já tinham fios teimosos e brancos, deixando ver seus olhinhos muito azuis que sorriam mais que a boca rosada. Curvou-se demorada e respeitosamente perante sua senhora e anunciou-lhe que estava esperando o tão desejado bebê. Depois de longos meses de espera, nasceu uma menina muito saudável e bonita. Os pais a superprotegiam, mantendo-a sob cuidadosa vigilância dos servos do castelo e todos amavam e mimavam muito. Todos os dias chegavam presentes dos mais distantes reinos. O pai mandou construir para ela uma enorme bolha de cristal onde ela passava os dias, podia ter tudo o que quisesse e admirar as flores e pássaros dos campos, mas permanecia ali dentro da sua linda bolha protegida de tudo e de todos. Os anos passavam e a princesinha crescia em tamanho, beleza e bondade. Como tinha todos os seus desejos satisfeitos, a única coisa que mais almejava era o que não tinha: liberdade. Esse desejo aumentava a cada dia. Queria sair pelos campos correndo e ver o mundo inteiro. Queria conhecer tudo o que os grandes mestres chamados pelos seus pais tinham lhe ensinado. E sonhava de olhos abertos com o seu príncipe encantado. Um dia durante uma grande tempestade, um raio caiu sobre a bolha e uma avalanche desceu levando o que restou como casca de ovo, por longo tempo, para terras distantes.
E a bolha acabou de quebrar-se em cacos batendo numa pedra e jogando a princesa desacordada sobre uma árvore imensa. Ela acordou deitada num leito de folhas verdes sob o olhar curioso e atento de um jovem. Parecia ser um lenhador. Vestia roupas grosseiras e mal feitas. Tinha ficado por dias desacordada. O jovem vendo que ela estava desmemoriada, nem do seu nome lembrava e nem de onde era. Passou a viver um nova vida em nova realidade. Teve que aprender a trabalhar para viver. Só trazia na roupa imunda e encharcada um broche de ouro e diamantes em forma de rosa. Em pouco tempo seus sonhos se tornaram realidade: viu o mundo passar voando entre árvores e uma enxurrada de lama. E o príncipe era um mendigo e o palácio virou uma árvore. A bolha de cristal se rompeu. Foi assim que chegou a um outro mundo. A Rosa ficou cravada no coração. E num dia 22.02.2022 quase 200 anos depois, a princesa se lembrou quem era, de onde vinha e o que tinha que fazer para voltar.