Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano II Nº 413
SÁBADO E DOMINGO, 05 E 6 de MARÇO de 2022
Heitor Villa-Lobos, aniversariante de 5 de marco, foi um compositor, maestro, violoncelista, pianista e violonista brasileiro, descrito como “a figura criativa mais significativa do Século XX na música clássica brasileira”, e se torna o compositor sul-americano mais conhecido de todos os tempos. O maestro foi, indiscutivelmente, a principal figura da música na Semana de Arte Moderna de 1922. “Uma das manifestações mais importantes de Villa-Lobos foi a sua escrita orquestral. Eu diria que ele se tornou um compositor voltado para as suas raízes e utilizado do nosso folclore como seu alter ego. A partir de então, suas composições ficaram marcadas para sempre pelos laços profundos com a terra brasileira”. (Isaac Karabtchevsky) Página 2
2
Maestro Villa-Lobos
Transformações profundas mudavam o perfil da sociedade brasileira nos primeiros anos da década de 20, nos campos da literatura, da arte e da música: desde a revolucionária SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 até a nova música que surgia carregada de folclore e brasilidade na maestria criativa de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, compondo obras que enaltecem o espírito nacionalista, ao qual incorpora elementos das canções folclóricas, populares e indígenas. Os anos de 1930/40 seriam marcados por uma grande atuação na educação. E a participação do maestro Villa-Lobos nos grandes eventos orfeônicos comemorativos das datas cívicas, sempre caracterizou a vinculação dele com o governo totalitário e a associação que se fez entre música, disciplina e civismo. Em 1931, em São Paulo, o maestro organizou uma concentração orfeônica chamada “Exortação Cívica”, com 12 mil vozes. Após dois anos assumiu a direção da Superintendência de Educação Musical e Artística. A partir de então, a maioria de suas composições se voltou para a educação musical. Em 1932, Getúlio Vargas tornou obrigatório o ensino de canto nas escolas e criou o Curso de Pedagogia de Música e Canto. Em 1933, foi organizada a Orquestra Villa-Lobos. A experiência do Canto Orfeônico no Brasil Em 1930, realiza turnê por sessenta e seis cidades. Grande sucesso! Realiza também nesse ano a “Cruzada do Canto Orfeônico” no Rio de Janeiro.Eram tão grandes os sucessos de Villa-Lobos e a aceitação da população que a visita em cada cidade era um fenômeno. Em 1931, a CARAVANA VILLA-LOBOS esteve em Botucatu/SP, quando foi festivamente recepcionada. A foto, defronte ao Teatro Espéria, mostra, ao centro, o maestro Villa-Lobos, com a presença dos professores da Escola Normal (prof. Franklin de Mattos, prof. Sylvio Galvão, profa. Jair Conti), do prefeito
Diário da Cuesta
municipal, Leônidas Cardoso, autoridades e populares. Explica o autor que “o ideal do canto orfeônico tem suas raízes na França. No início do século XIX, o canto coletivo era uma atividade obrigatória nas escolas municipais de Paris e o seu desenvolvimento propiciou o aparecimento de grandes concentrações orfeônicas que provocavam o entusiasmo geral. Na época, o sucesso desse empreendimento foi tal que surgiu até mesmo uma imprensa orfeônica O canto orfeônico tem características próprias que o distinguem do canto coral dos conjuntos eruditos. Trata-se de uma prática da coletividade em que se organizam conjuntos heterogêneos de vozes e tamanho muito variável. Nesses grupos não se exige conhecimento musical ou treinamento vocal dos seus participantes O método obteve sucesso em outros países, sendo que o autor destaca os seguintes aspectos da realidade brasileira da época: “as conotações de caráter políticos; a falta de capacitação pedagógica adequada, a falta de uma metodologia de ensino suficientemente estruturada”. A opinião crítica do professor de História Contemporânea da USP, Arnaldo Contier, que enfoca a questão de forma particularmente rigorosa: “Villa-Lobos esteve na Alemanha nazista, quando voltou de Praga em 36. E, naquele momento, fez uma relação muito clara entre musica, civismo, propaganda e trabalho. Uma atitude nada ingênua e, ao contrário, muito consciente. Villa-Lobos compactuou com o regime getulista de um modo deliberado e o fez porque quis e nunca somente por necessidade.” Mesmo assim, é indiscutível a importância, o esforço e o mérito de Villa-Lobos. À parte o aspecto político, o trabalho que ele fez na divulgação de nosso folclore e das riquezas nacionais é valioso, revolucionário! (AMD)
3
Diário da Cuesta
ARTIGO
Sobre celulares e laptops Roberto Delmanto
O incrível progresso tecnológico do final do século passado continua no presente. Atualmente, os celulares são verdadeiros computadores de bolso, que tudo, ou quase tudo, fazem. Se as novidades que a todo tempo surgem são bem-vindas, por outro lado o uso dos celulares tornou-se um verdadeiro vício nacional. Crianças, adolescentes e adultos deles não largam um só instante. As próprias conversas entre amigos e namorados deixaram de ser pessoais. Fora os danos psicológicos, ainda não avaliados, já se tornaram comuns as lesões nas mãos e pulsos por esforços repetitivos. Nos tribunais, os juízes não deixam por um só momento de usar seus laptops, mesmo quando Procuradores da República ou de Justiça, e advogados, estão com
EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
a palavra. O fato gera grande desconforto nos oradores, que têm a sensação de não estar merecendo a menor atenção. Paulo Sérgio Leite Fernandes, vice-decano dos criminalistas paulistas, é um colega a quem a natureza privilegiou duplamente, pois além de possuir uma escrita primorosa, é um orador notável. Sabe, outrossim, como poucos, respeitar e fazer respeitar a beca que, com absoluta dignidade, enverga há seis décadas. Em certa oportunidade, sustentando perante o Pleno do STF, ao ver que a então Presidente continuava usando seu laptop, parou repentinamente sua fala. Surpresa, a ilustre Magistrada perguntou-lhe se já havia encerrado a defesa. Paulo Sérgio respondeu que, respeitosamente, estava esperando que ela terminasse sua consulta no laptop. A ex-Presidente, mais surpresa ainda com a resposta, disse-lhe que poderia prosseguir, o que o grande tribuno fez, agora com a devida e merecida atenção ...
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
4
Diário da Cuesta
LEITURA DINÂMICA
1
– O ator global Marcos Palmeira interpretou Villa-Lobos em sua fase jovem no filme “VILLA-LOBOS: Uma Vida de Paixão”. O pai de Marcos Palmeira é o Diretor do filme, Zelito Viana, irmão do famoso Chico Anysio. A interpretação de Marcos Palmeira, na 1ª fase, e de Antonio Fagundes na 2ª fase, foram muito elogiadas pela crítica.
Neves d’Almeida, professora de música e sua secretária, então com 24 anos (quando ele tinha 46). A união com Arminda durou até sua morte.
2
– Companheira de Villa-Lobos por mais de duas décadas, sua primeira esposa foi Lucília Guimarães Villa-Lobos que soube que seu casamento estava encerrado por carta. Figura fundamental na formação artística do maestro, a pianista teve sua relevância ignorada por todos que escreveram sobre Villa-Lobos. Lucília orientou e colaborou enquanto intérprete de muitas de suas obras. A pesquisadora Mary Lombardi afirmou que muitas composições de piano creditadas somente a Villa-Lobos foram, na verdade, criações conjuntas com Lucília. Villa-Lobos não teve filhos.
4
– Históricamente, os charutos estiveram ligados ao poder e ao universo masculino. Personalidades como Fidel Castro, Che Guevara, Winston Churchill, Orson Welles, Tom Jobim, Fernando Pessoa, Groucho Marx, Getúlio Vargas e Villa-Lobos tiveram sua imagens associadas aos charutos. A produção do fumo baiano envolve 12 mil trabalhadores. Atualmente, as oito fábricas locais produzem 10 milhões de unidades por ano. Apesar disso, mais de 90% da produção nacional é exportada.
5
– “O Trenzinho Caipira” é parte integrante da peça Bachianas Brasileiras nº 2. A obra se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra. Em 1931, ao excursionar por 54 cidades do interior paulista, inspirou-se para compor “O Trenzinho Caipira”. Anos depois, a melodia recebeu letra composta pelo poeta Ferreira Gullar, em Poema Sujo.
“O TRENZINHO DO CAIPIRA” - Heitor Villa-Lobos
3 – Foi turbulento o episódio da vida pessoal do maestro que ocorreu em 1936, em uma viagem a Berlim, quando ele mandou uma carta desmanchando o casamento de 23 anos com a pianista Lucília Guimarães. Ele viajou em companhia de Arminda
É uma composição de Heitor Villa-Lobos e parte integrante da peça Bachianas Brasileiras nº 2. A obra se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra... Bachianas Brasileiras é uma série de nove composições de Heitor Villa-Lobos escrita em 1922: Lá vai o trem com o menino Lá vai a vida a rodar Lá vai ciranda e destino Cidade e noite a girar Lá vai o trem sem destino Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra Vai pela serra Vai pelo ar
Correndo entre as estrelas a voar No ar no ar no ar no ar no ar Lá vai o trem com o menino Lá vai a vida a rodar Lá vai ciranda e destino Cidade e noite a girar Lá vai o trem sem destino Pro dia novo encontrar Correndo vai pela terra Vai pela serra Vai pelo ar Cantando pelas serras do luar Correndo entre as estrelas a voar No ar, no ar, no ar