Edição 441

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ano II Nº 441

QUINTA-FEIRA, 7 de ABRIL de 2022

ALBERTO DINES E A “NOVA VISÃO DO PARAÍSO” ALBERTO DINES representou o melhor do jornalismo brasileiro. Quer como jornalista competente à frente do “JORNAL DO BRASIL”, quer, ao depois, como maestro no “OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA”, que mudou a crítica positiva dos trabalhos da imprensa... ALBERTO DINES - com certeza� - deixa-nos um legado valioso sobre a liberdade de imprensa e a importância da abordagem de temas que realmente interessem ao Brasil e aos brasileiros. Assim, o trabalho pioneiro de Alberto Dines, publicado nas revistas “Pau Brasil” e “Peabiru”: “POR UMA NOVA VISÃO DO PARAÍSO”, terá, nesta edição, colocada a sua importância e dimensão na imprensa brasileira. Ainda bem que temos jornalistas conscientes e comprometidos com a melhoria do meio ambiente, da informação objetiva e cidadã e com o envolvimento da sociedade organizada na defesa de um mundo melhor para a humanidade. Os nomes de Alberto Dines, Claudio Willer, Newton Rodrigues, Miguel Abellá, Ênio Squeff, João Pedro Costa, Washington Novaes e tantos outros re-

presentam um raio de esperança na boa orientação da sociedade brasileira para que participe consciente de temas vitais para o nosso futuro. Muito boa a lembrança do trabalho pioneiro de Alberto Dines e das revistas “Pau Brasil” e “Peabiru”. Página 3


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EDITORIAL

A importância fundamental da liberdade na mídia tem marcado a atuação de líderes democratas através dos tempos. Benjamin Franklin, considerado um dos pais fundadores dos Estados Unidos foi um dos autores da Declaração da Independência. Também fundou a Universidade da Pensilvânia, tendo sido o primeiro embaixador dos Estados Unidos na França. A sua aproximação com a maçonaria americana colaborou para a construção da primeira biblioteca pública da Filadélfia. A sua famosa frase “Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança”, repercutiu e influenciou movimentos democráticos no mundo todo e, no Brasil, passou a ter o lema de um jornal carioca, o “Tribuna da Imprensa”, inspirado em sua frase libertária: “Quem troca liberdade por um pouco de segurança, não merece liberdade e nem consegue segurança”. Carlos Lacerda, ao fundar o jornal “Tribuna da Imprensa” tinha por objetivo aglutinar democratas na fase do processo político de consolidação da democracia brasileira, em 1949. E essa bandeira democrá�ca mobilizou movimentos por todo o Brasil. E, em Botucatu, no interior de São Paulo, um grupo de estudantes elevou a frase/lema do jornal carioca para o seu jornal estudan�l: “Tribuna do Estudante”: “Quem troca a liberdade por um pouco de segurança, não merece liberdade e nem consegue segurança”. Ao fundar a Tribuna foi constituído um Conselho Consul�vo composto por Adauto Lúcio Cardoso, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, Heráclito Fontoura, Sobral Pinto e Luís Camilo de Oliveira Neto. Foi animador esse lançamento com tão expressivo conselho consultivo. Após Lacerda, a “Tribuna da Imprensa” atuou sob a direção de Hélio Fernandes, aguerrido e conceituado jornalista. E todos que militamos no jornalismo defendemos o Direito à Liberdade da Imprensa. Assim, reveste-se de importância o registro histórico do jornal estudantil “A Tribuna do Estudante” que levava com destaque, acima de seu �tulo, a frase inspirada no ensinamento de Benjamin Franklin: “Quem troca a liberdade por um pouco de segurança, não merece liberdade e nem consegue segurança”. A Direção.

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O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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“Por uma nova visão do Paraíso”

A preocupação com a ecologia, hoje, tem destaque e apoios no mundo todo. Mas, nem sempre foi assim... O mundo passou a “pensar” a ecologia com seriedade e preocupação em meados dos anos 60. Os EUA e a Europa foram os primeiros a sentirem a “explosão da ecologia”, preocupação que só chegou até nós em meados dos anos 70. Nessa época eram pouquíssimas as associações (ONGs) que tratavam desse grande problema para a humanidade. Hoje, a proliferação de entidades e associações que “cuidam” do assunto é gigantesca, forçando a que haja uma pesquisa relativa à confiabilidade das ONGs e ao engajamento concreto de seus dirigentes. Em seu emblemático artigo “Por uma nova visão do Paraíso” (revista Pau Brasil, julho/agosto de 1984 e revista cultural Peabiru, janeiro/fevereiro de 1999), Alberto Dines nos trazia a sua preocupação com o tema, resgatando a peça fundamental de qualquer “brasiliana”, escrita por Sérgio Buarque de Hollanda, em 1931: “Visão do Paraíso” (Editora José Olympio,1932). Na obra, destaca Dines, o historiador procura o cenário do Novo Mundo que seria ocupado pelos europeus, especialmente pelos espanhóis e pelos portugueses, sendo certa a diferença da visão que eles tinham do “paraíso”, com o pragmatismo dos espanhóis e com o caráter imagina�vo dos portugueses, traços par�culares

seus mecanismos. Resgatá-la, passou a ser um dos primeiros compromissos deste novo ser humano, alquebrado e iluminado, machucado e pertinaz.” E diz mais: “Ecologia, que há 20 anos era apenas a ciência que estudava o relacionamento entre os seres vivos e seu meio ou ambiente, transformou-se em cruzada. Saiu das universidades, centros de pesquisas para ganhar foros de religião, mís�ca, culto, ideologia. Na fulminante trajetória do progresso, cujo apogeu resume-se ao curto período de três mil anos, a cada avanço tecnológico ou cien�fico corresponde sempre um gesto de defesa. Do alfabeto à TV – para mencionar apenas o processo de comunicação – cada passo adiante foi recebido com dúvidas e ressentimentos. Era o medo do aprendizado, medo do desconhecido, insegurança. Não se discutia o progresso, mas suas conveniências.” Hoje, o mundo todo vive essa preocupação concreta com a preservação do meio ambiente. E o avanço tecnológico ou cien�fico - que hoje pode ser do alfabeto à revolução da informação pela internet – consolida cada vez mais parcelas conscientes dos mais variados povos compromissados com a ecologia e com o resgate do “Paraíso” que idealizamos para as gerações vindouras. (AMD)

da formação espiritual desses dois povos E isso seria marcante na atuação de ambos no con�nente americano. Dines diz que “a recuperação do meio ambiente é uma das missões cruciais na pauta deste (novo) renascimento. A natureza é a própria representação do Paraíso, seja no seu visual - bucólico ou agreste – seja na simplicidade dos

Comentários: 1 -Ainda bem que temos jornalistas conscientes e comprometidos com a melhoria do meio ambiente, da informação objetiva e cidadã e com o envolvimento da sociedade organizada na defesa de um mundo melhor para a humanidade. Os nomes de Alberto Dines, Claudio Willer, Newton Rodrigues, Miguel Abellá,

Ênio Squeff, João Pedro Costa, Washington Novaes e tantos outros representam um raio de esperança na boa orientação da sociedade brasileira para que participe consciente de temas vitais para o nosso futuro. Muito boa a lembrança do trabalho pioneiro de Alberto Dines e das revistas “Pau Brasil” e “Peabiru”. Valeu! (haroldo-leao@hotmail.com) 2 - Atenção!!! Existe uma organização denominada “CHRISTIAN CHURCH WORLD COUNCIL” sediada na SUIÇA. Essa organização tem 6 entidades em sua direção: “Comitê International de la Defense de l´Amazon”; “Inter-American Indian Institute”; “The International Ethnical Survival”; “The International Cultural Survival”; “Workgroup for Indigenous Affairs” e “The Berna-Geneve Ethnical Institute”. Está estranhando? Pois tem mais! No seu estatuto, o item I, diz o seguinte: “É nosso dever garantir a preservação do território da Amazônia e de seus habitantes aborígines, para o seu desfrute pelas grandes civilizações européias, cujas áreas naturais estejam reduzidas a um limite crítico”. Que os políticos brasileiros, mas principalmente, que a sociedade organizada fique atenta para essas ONGs “fajutas” cheias de gringos que estão vendendo, esse é o termo exato, vendendo o Brasil para os estrangeiros. (pinto. rodolfo28@yahoo.com.br)


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Liberdade de Imprensa! Hélio Fernandes

Exatamente isso! O corajoso e competente jornalista HÉLIO FERNANDES é, SIM, sinônimo de LIBERDADE DE IMPRENSA! Irmão de Millôr Fernandes, Hélio Fernandes foi, na imprensa brasileira, o maior crí�co do Regime Militar. E pagou um alto preço por essa coragem: teve seu jornal por 10 anos CENSURADO com violência pelo Regime Militar. E, após a Lei da Anis�a, teve seu jornal destruído por um atentado a bomba. Aguardou até seu falecimento a devida reparação da Jus�ça Brasileira. Com 92 anos , esperava receber, em vida, a reparação que lhe é devida. Somente ele e o ex-presidente Jânio Quadros foram CONFINADOS no Brasil pelos militares: Jânio, em Corumbá/ MT; Hélio Fernandes, em Fernando de Noronha. É REGISTRO HISTÓRICO! Não é fácil imaginar, hoje, o que era o confinamento de uma pessoa. Naquela época, anos negros da Regime Militar, o brasileiro confinado se tornava verdadeiro pária da sociedade. Ninguém se apro-

ximava nem da sua família... Imaginem a situação da empresa de um confinado! E no caso, uma empresa jornalística: quem iria fazer publicidade na “Tribuna da Imprensa”? Nada mais justa a indenização pedida, via judicial, por Hélio Fernandes. Esse jornal que foi um marco na imprensa nacional. E um dos poucos brasileiros a ter coragem para visitar o confinado ex-presidente Jânio Quadros, em Corumbá, foi o então vereador de Botucatu/SP, Progresso Garcia. Pegou o trem e foi, sozinho, para o Mato Grosso prestar a sua solidariedade ao político cassado e confinado, ou seja, “preso” na longínqua Corumbá. Assim, afastado e longe dos grandes centros, deixava de representar perigo aos poderosos por seu temido poder de mobilizar o povo... Agora, para a ilha de Fernando de Noronha era quase impossível a visita de alguém. O controle era muito mais rígido

O GIGANTE DEITADO

e ainda não havia pacote turístico para aquela encantadora ilha. Dá para imaginar o que passou o jornalista Hélio Fernandes, arrancado do convívio de sua família e de seus amigos e sem qualquer possibilidade de socorrer o seu jornal... HISTÓRICO - O jornal carioca “TRIBUNA DA IMPRENSA” tem tradição de luta democrática e a favor da Liberdade de Imprensa! Durante o governo de Getúlio Vargas, surgiu como um baluarte da oposição, sob a direção do jornalista Carlos Lacerda. Fez vitoriosa campanha pela moralidade pública e contra a CORRUPÇÃO que envolvia os “parasitas” de sempre dos governos constituídos. Isso nos anos 50. Com Hélio Fernandes, após a eleição de Carlos Lacerda como governador do Estado da Guanabara (Rio de Janeiro), passou a fazer, após a eclosão do movimento militar em 1964, oposição aos atos arbitrários do Regime Militar. Foi censurado, perseguido, CONFINADO e teve seu jornal destruído por uma bomba. (AMD)

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“A casa de Irene” MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA

Estou há uns dias com essa música italiana na cabeça. A imagem que me vem é daquela casa italiana grande com gente entrando e saindo. Uma grande varanda cheia de plantas e flores de onde se pode ver toda a cidade e a estrada no horizonte. Mesa grande posta logo cedo com café da manhã cheia de guloseimas, pães, bolos, biscoitos, salame, a manteiga, queijo, café, leite. Onde se canta, se ri. Se chora uma criança já é acudida pelos braços acolhedores da Vó. Nem se troca a toalha para o almoço, se continua a comer o antepasto com uma taça de vinho, e a conversa continua solta. Enquanto na cozinha rescende o aroma do molho para a pasta, e do assado. Volta e meia se tira do forno a assadeira fumegante para aspergir com molho para não ressecar a carne e aquele cheiro resvala gostoso pela casa toda deixando todos com água na boca. E o Tio canastrão chega cantando uma ária com sua voz impostada copiando Pavarotti. Da beijos estralados nas bochechas das sobrinhas e belisca seus queixinhos amoroso. Passou gel nos cabelos pretos para amansá-los. E a sua gente que chega em seguida vestindo roupa domingueira, vão adentrando a casa, cumprimentando todo mundo. Muitos abraços e beijos e crianças correndo. Cachorro latindo e pulando. Bola batendo na cabeça, e a alegria entrando porta adentro com flores nas mãos. E a macarronada já está saindo. Grandes travessas com saladas sendo trazidas pelas mulheres bem penteadas e sorridentes. Vão abrindo espaço para os pratos quentes. Um outro tio já está segurando uma coxa de frango assado lambuzando seus lábios, enquanto dá uma dentada. E o povo vai se servindo sem cerimônia daquele banquete dominical. Na Casa de Irene, se canta, se ri, na casa de Irene tem gente que entra, tem gente que sai. Saudades da casa da Vó com seu avental, seu carinho, seu sorriso, da sua comida e principalmente saudade de gente que já não mais aqui está ...


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