Edição 449

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ano II

Nº 449

Em Botucatu, exatamente no dia 19 de janeiro de 1957, era inaugurado o nosso primeiro “Arranha-Céu. Isso há + de 60 anos atrás! Nesse dia, Botucatu estava engalanada para as festanças da inauguração de seu maior e mais imponente edifício: o PEABIRU. O edifício “Pedro Amando de Barros” e “Peabiru Hotel”. Foi um acontecimento inesquecível. Botucatu inserida no desenvolvimento que acontecia em todo o Brasil. Página 3

NOSSO PRIMEIRO ARRANHA-CÉU PEABIRU HOTEL

SÁBADO E DOMINGO, 16 E 17 de ABRIL de 2022

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Diário da Cuesta


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O MUNDO MODERNO:

Diário da Cuesta

Pampulha, Ibirapuera, Brasília...e o Peabiru ! Na segunda metade dos anos 50, o mundo e o Brasil estavam experimentando uma série de novidades... O rock estava surgindo e abalava as estruturas conservadoras da sociedade, com mudança de costumes, principalmente entre a juventude. No Brasil, até a música tradicional - o samba! - sofria uma mudança significativa: uma batida diferente estava vindo para ficar... Era diferente. Parecia jazz ou blues... Era a Bossa Nova. Na sociedade do após guerra, a palavra era a reconstrução, a modernidade, a ousadia nos empreendimentos. Novas concepções de espaço, novas posturas arquitetônicas. A capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, se destaca como uma das mais modernas e criativas capitais brasileiras. Era o Governo de Juscelino Kubitschek (1950/1954) e Minas entrou em acelerado desenvolvimento. A expansão da cidade de Belo Horizonte, nos anos 50, era vertical e horizontal. Bairros modernos e residenciais para a alta classe média foram uma constante.

a juventude transviada... Eram os novos tempos...

A par disso, a construção de “arranha-céus” na capital mineira deram uma nova cara para Belo Horizonte. Tudo isso culminando no grande centro de lazer que passou a ser a Pampulha, com jardins de Burle Marx e projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer: era Brasília se desenhando durante os anos 50 em Belo Horizonte. Com a posse de Juscelino na Presidência, em 1956, o astral mineiro “voou” para Brasília que acabou sendo inaugurada em abril de 1960. Uma nova música, o rock-and-roll mudando os costumes e abalando as estruturas, Elvis Presley, os Beatles, James Dean e

BOTUCATU SE MANIFESTA A cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas não poderia ficar ausente dessa mudança que estava ocorrendo a nível mundial e nacional. Na mesma época em que Juscelino governava Minas Gerais, a sua campanha já estava sendo feita, através da notícia bem elaborada de que havia uma nova opção, uma opção pelo crescimento, pelo desenvolvimento, pelo progresso. São Paulo não poderia ficar à margem dessa nova postura governamental: o parque do Ibirapuera (inaugurado em 1954, durante as comemorações do IV Centenário, tendo como Prefeito Municipal, Jânio Quadros), projeto dos dois ousados idealizadores da nova Pampulha (Niemeyer e Burle Marx), serviu para divulgar ainda mais essa nova “onda” de modernidade. O Brasil todo estava acompanhando esse “boom” imobiliário e desenvolvimentista. Essa era a melhor propaganda: divulgar a nova postura administrativa que trazia esperança e otimismo à população. Botucatu, seguindo essa nova realidade progressista e moderna, inaugurava, em 1957, o seu mais alto edifício, o seu arranha-céu, o Peabiru Hotel! É Registro Histórico! (AMD)

Caríssimo Armando, Mal recebi e já mergulhei na leitura das “Memórias de Botucatu III”. Como sempre, você consegue aliar à pesquisa uma linguagem coloquial, o que torna a visão de nossa história ainda mais agradável e atraente. Fiquei emocionado com os detalhes da construção do nosso primeiro arranha-serra (bela expressão). As memórias do menino botucatuense misturam-se aos dados fornecidos pelo historiador. Como uma personagem do “Armacord”, também eu sempre imaginei a boate do Peabiru como palco de festas suntuosas e de encontros fortuitos. E, em minha cabeça, padres furibundos barravam o meu sonho felliniano. O “Lawrence” é material para novela! Que história mais fantástica. E fiquei comovido ao ver a foto da casa da Sra. Leandro Dupré. Quero saborear cada página, pois sei que aprenderei muito com essa leitura. Mais uma vez você contribui, de forma incisiva, para que Botucatu não perca sua identidade, e para que nós tenhamos muito orgulho da cuesta. Obrigado pela dedicatória tão gentil, parabéns pelo belíssimo trabalho, e um abraço a todos de sua família. Alcides Nogueira”

EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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Diário da Cuesta

NOSSO PRIMEIRO ARRANHA-CÉU PEABIRU HOTEL O jornal “Folha de Botucatu”, de19/01/57, trazia com orgulhoso destaque a notícia da inauguração do nosso arranha-céu. Tomando toda a 1a. página, o jornal trazia foto do prédio, foto do Patrono do prédio, o Sr. Pedro Amando de Barros, genitor do proprietário, foto de Dona Nicota, genitora do proprietário e Paraninfa da solenidade, foto de Dom Henrique Golland Trindade, então Bispo Diocesano e Paraninfo da solenidade e, com destaque, a foto do proprietário J. Amaral Amando de Barros. No texto, os principais dados a respeito do novo edifício: “A construção do Edifício “Pedro Amando de Barros” foi inciada em 1º de Agosto de 1953, pela firma Azevedo & Travassos S/A, sob a direção direta e pessoal do Engº Dr. Antonio Araujo Azevedo. O projeto do edifício é de autoria do arquiteto dr.Gustavo Gama Monteiro. A sua decoração esteve a cargo do sr. Salvador Monteiro. O nome do edifício foi dado em homenagem à memória do saudoso pai do proprietário. O nome Peabiru dado ao hotel é ligado à história da cidade e se refere à antiga e famosa via de penetração bandeirante escalando a Serra/Cuesta de Botucatu. O prédio será ocupado: Andar Térreo, Sobre-Loja e Sub-Solo : na Ala norte: pelo Banco do Brasil ; na ala sul: pelo saguão do Peabiru Hotel. 1º Andar: pelas firmas Omareal, Mecatral e Neiva. Do 2º até o 7º Andar : pelo Peabiru Hotel e respectivos restaurante e bar. O Peabiru Hotel, possuirá 42 quartos e 12 apartamentos de 2 quartos cada um, com instalações sanitárias as mais modernas e perfeitas, e lavanderia automática. Os legumes, frutas, carne suína,etc., serão fornecidos pela Fazenda Boa Esperança (do proprietário do edifício). A firma que explorará o hotel é a SOCIEDADE PEABIRU LTDA. Rede telefônica interna (PBX) com cinco troncos e oitenta ramais, em via de instalação.” O relato foi minucioso por parte da Folha. A inauguração estava tendo a necessária e indispensável cobertura da imprensa botucatuense. O relato continuava : “...o edifício consta de 2 blocos, de linhas modernas e sóbrias; com 7 pavimentos... sendo que o primeiro andar é ocupado pelos escritórios das firmas pertencentes ao Grupo Azevedo: Neiva, Omareal e Mecatral...” E mais: “... no último andar estão instalados o Restaurante Panorâmico e o original Bar “Vista-Vision” donde se descortina toda a cidade de Botucatu. Servido por espaçoso e moderno elevador, o Peabiru Hotel se classifica, mercê do conforto que oferece, do

O empreendimento foi tão positivo, que o Sr. Amaral de Barros obteve grande prestígio político junto à comunidade botucatuense e revelou-se um empresário de visão, pois a empreitada só obteve sucesso e proporcionou lucro. Botucatu registrou o nome desse empreendedor : J. Amaral Amando de Barros. INAUGURAÇÃO

Joaquim Amaral Amando de Barros bom gosto e de sua decoração e de sua magnífica localização, podendo-se afirmar que é, no momento, o melhor do interior do Estado de São Paulo. Os móveis e as cortinas foram especialmente desenhados para o Peabiru, o mesmo acontecendo com os quadros que ornamentam seus quartos e salas, todos eles pintados por artistas de renome, o que dá ao hotel um tom de originalidade e ineditismo dificilmente superados” “VISTA-VISION” O chamado Bar “Vista-Vision” na verdade era um espaço destinado para uma sofisticada Boate. De finíssima decoração e com uma vista surpreendente e bela, o Bar”Vista-Vision” teria sido vetado pelas forças conservadoras da cidade, especialmente pela Igreja. Isso era o que sempre se comentou à “boca pequena” por toda a sociedade botucatuense... A verdade é que nunca funcionou o bar ou a pretensa boate e, mais verdade ainda, é que nunca houve, por parte do proprietário, qualquer reclamação ou comentário à respeito... A verdadeira versão desse fato está perdida na imaginação popular e nas várias versões levantadas... O Empresário Pioneiro Já dissemos que todo o “boom” imobiliário que renovou e modernizou Botucatu foi fruto da iniciativa privada. Era a visão dos empresários “empurrando” Botucatu para o progresso e o desenvolvimento. Nesse contexto é que vemos a figura do empreendedor Joaquim Amaral Amando de Barros. De todos os prédios, o Edifício “Pedro Amando de Barros” era o mais arrojado, o maior, era o nosso primeiro arranha-céu... Comerciante bem sucedido no ramo de materiais de construção, o Sr.Amaral de Barros estava a demonstrar o seu tino empreendedor, a sua visão do futuro e a sua sensibilidade política. Tanto é assim que anos mais tarde (1963), ele chegaria à Prefeitura Municipal de Botucatu, tendo como Vice-Prefeito o grande líder popular José da Silva Coelho.

Ato Inaugural. No saguão do “Peabiru Hotel” vemos a presença do Pref. Municipal João Reis, dos Srs. Rafael João Rafael, Adolpho Dinucci, João Passos, Lincoln Vaz, Rubens da Silva Cardoso, Pedro Chiaradia, do então bispo Dom Henrique Golland Trindade, do Monsenhor Melhado, de Dª Nicota (ao lado de Dom Henrique - ambos Paraninfos), do Dr. Amando de Barros Sobrinho, do orador pela Câmara Municipal, Dr. Antonio Delmanto, do Sr. Plínio Paganini e do casal - anfitrião Joaquim Amaral Amando de Barros e Dª Celina. A inauguração de nosso primeiro “arranha-céu” mobilizou toda a cidade e a imprensa botucatuense destacou o fato. A Folha de Botucatu, de 23/01/57, sob o título “Acontecimento Auspicioso”, trazia com minúcias a solenidade de inauguração : “Acontecimento social de grande significação, constituiu a inauguração do suntuoso edifício “Pedro Amando de Barros” e do “Peabiru Hotel”, realizada sábado último, à noite. Ao ato inaugural, no saguão do hotel, estiveram presentes, as mais destacadas e representativas figuras do nosso mundo social, político, religioso, econômico e financeiro. Falou, inicialmente, o sr. J. Amaral Amando de Barros, proprietário daqueles empreendimentos, dizendo da sua satisfação por entregar a Botucatu, aquele edifício, que tomara o nome de seu saudoso pai, em um hotel à altura do nosso progresso. Agradeceu a presença de todos, e fez uma saudação toda especial à sua mãe, a veneranda

senhora d. Nicota de Barros, e à S.Exa. Revma. Dom Henrique Golland Trindade, paraninfos do ato inaugural. O Bispo Diocesano, após abençoar o prédio e o hotel pronunciou uma oração na qual manifestou seu contentamento por paraninfar uma obra que tanto veio contribuir para nosso desenvolvimento arquitetônico. Lembrou s.exa.revma. o alto espírito altruístico do sr. Amaral de Barros, demonstrado através da sopa aos andarilhos, que vem patrocinando por intermédio da “Sociedade de São Vicente de Paula”. O orador seguinte foi o sr. João Passos que, em nome da Associação Comercial, também se congratulou com os realizadores de tão notáveis empreendimentos. Pela Câmara Municipal, discursou o dr. Antonio Delmanto, dizendo da nova etapa de progresso que se iniciará em nossa cidade com o edifício “Pedro Amando de Barros”. Por último, usou da palavra o sr. Rubens da Silva Cardoso que, num belo improviso, concitou os homens de grandes recursos financeiros botucatuenses a seguirem o exemplo do sr. Amaral de Barros, empregando aqui os seus capitais, pois só assim Botucatu ganhará o lugar que merece no concerto das cidades do hinterland. Ato contínuo, os convidados se encaminharam ao último andar do imponente edifício, onde se localiza o restaurante do hotel e o originalíssimo bar “Vista-Vision”. Aí, foram-lhes oferecidas lautas mesas de doces e salgadinhos, regadas à champanha, cerveja, guaraná e delicioso “ponche”. Foi uma festa magnífica, digna do edifício e do hotel que estavam sendo inaugurados e se prolongou até todos se fartarem. Todas as dependências do confortável hotel foram mostradas aos visitantes , que manifestaram a sua admiração.” De 1957 para cá, Botucatu conquistou outros edifícios, outros “arranha-céus”, maiores do que o nosso pioneiro Peabiru... No entanto, o pioneirismo deixa, sempre, a sua marca, o seu registro. (AMD)


Diário da Cuesta

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LEITURA DINÂMICA

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- O Empresário Pioneiro: Já dissemos que todo o “boom” imobiliário que renovou e modernizou Botucatu foi fruto da iniciativa privada. Era a visão dos empresários “empurrando” Botucatu para o progresso e o desenvolvimento. Nesse contexto é que vemos a figura do empreendedor Joaquim Amaral Amando de Barros. De todos os prédios, o Edifício “Pedro Amando de Barros” (Hotel Peabiru) era o mais arrojado, o maior, era o nosso primeiro arranha-céu... Comerciante bem sucedido no ramo de materiais de construção, o Sr. Amaral de Barros estava a demonstrar o seu tino empreendedor, a sua visão do futuro e a sua sensibilidade política. Tanto é assim que anos mais tarde (1963), ele chegaria à Prefeitura Municipal de Botucatu, tendo como Vice-Prefeito o grande líder popular José da Silva Coelho. O empreendimento foi tão positivo, que o Sr. Amaral de Barros obteve grande prestígio político junto à comunidade botucatuense e revelou-se um empresário de visão, pois a empreitada só obteve sucesso e proporcionou lucro. Botucatu registrou o nome desse empreendedor: J. Amaral Amando de Barros.

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– O Portal da Três Cruzes, na entrada do Cemitério, todo de concreto, foi o resultado de um concurso público. O Projeto do arquiteto Nadir Mezzerani foi o premiado

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– Botucatu tem registrado um Bullying Político que ficou marcado na história da cidade: o empresário J. Amaral Amando de Barros teve encerrada sua carreira política por verdadeiro e implacável “bullying político”. Motivo: desmontou todo o Jardim da Praça Cel. Moura (Largo do Paratodos) e construiu moderno jardim, com muito concreto, projeto do arquiteto botucatuense Nadir Mezzerani; construiu o Portal das Três Cruzes (todo de concreto) no Cemitério e os Iglus na Avenida Dom Lúcio, também de concreto. Na sua sucessão, nem a escolha de um vereador campeão de votos evitou a derrota para um adversário até então desconhecido... Nunca mais participou de atividades políticas – A Praça Coronel Moura (Largo do Paratodos), era um bonito, romântico e florido jardim. O desmonte do jardim para a construção do novo projeto, todo de concreto, não agradou a população

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5 – Os famosos IGLUS, de concreto, da Avenida DOM LÚCIO, inicialmente destinados para a Educação Infantil é, hoje, o ESPAÇO CULTURAL “DR. ANTONIO GABRIEL MARÃO”, abrigando a Secretária da Cultura e a Biblioteca Municipal “EMÍLIO PEDUTI”.


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