Nº 454
SEXTA-FEIRA, 22 de ABRIL de 2022
Leia histórico na página 4
É o HERÓI do MUNDO!!!
É o HERÓI dos POVOS ÁRABES�
É o HERÓI do REINO UNIDO�
Esse HERÓI que encantou o mundo é o HERÓI de BOTUCATU, Sim senhor!
Lawrence da Arábia
ano II
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
Diário da Cuesta
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Diário da Cuesta
A moto desenvolvia alta velocidade na estreita e tortuosa estradinha rural. O vento lhe açoitava o rosto, mas ele mantinha a visão nítida graças ao óculos protetores que usava... Lawrence era apenas um homem comum correndo de moto, numa estrada comum, como comumente ocorre em tantas e tantas pequenas e comuns cidades de tantos países... Naquele momento, ele não queria se lembrar de Lawrence da Arábia, o herói idolatrado da 1ª Grande Guerra Mundial, nem do sonhador que conseguiu unificar as tribos nômades e rivais, constituindo a Nação Árabe... Não, definitivamente, não� Até seu nome ele mudara, acrescentando Shaw, passando a assinar Thomaz Edward Lawrence Shaw. Era preciso apagar a imagem do Grande Herói. Do Herói que unificou os árabes e mobilizou os ingleses, mas e principalmente, o Herói que serviu para a entrada dos Estados Unidos da América como decidido apoio aos ingleses, garantindo a vitória contra os eternos adversários alemães. Tudo isso ele precisava apagar de sua memória... E acelerava com volupia a moto... De ascendência nobre, loiro, Lawrence passara toda a sua infância e adolescência buscando respostas para a sua origem: sua mãe nunca lhe dera a necessária segurança de quem era seu pai. Sempre ouvira o comentário de que Thomaz Chapmam, amigo da casa
Comentários sobre Lawrence da Arábia: 1)”O “Lawrence” é material para novela. Que história mais fantástica...” Alcides Nogueira, escritor e dramaturgo (19/01/2000); 2) “Há décadas cheguei a esboçar um romance “A Fazenda” que não sendo a do Conde seria aquela. O antigo editor Diaulas Riedel, menino-jovem passou ali férias de verão e com entusiasmo e minúcias,
e também ele de ascendência nobre, seria seu pai, apenas não acontecera o casamento por questões menores... Será? Nunca vira no relacionamento de sua mãe e Mr. Thomaz qualquer resquício de amor : eram apenas e tão somente muito bons amigos, só amigos, sempre amigos...Tão amigos eram que Mr. Thomaz, solteirão inveterado, deixava que o “boato” corresse solto na rígida sociedade inglesa do início do século. O Império Britânico ainda era um império e sua influência era indiscutível no mundo todo. Como todo inglês de nobre ascendência, Lawrence tivera sua instrução secundária e superior em Oxford. Convocado pelas Fôrças Armadas de Sua Majestade, serviu de 1910 a 1914 em Carchemish, no Rio Eufrates, como assistente nas escavações do Museu Britânico. Em seguida, atuou no Departamento Árabe, eis que era um estudioso e entusiasta da causa árabe. Sua atuação no “front” da guerra, ajudando os árabes contra os turcos, começou discreta, ainda como Tenente, foi promovido a Major, encerrando-a como Coronel. Lawrence da Arábia conseguiu unificar as tribos árabes. Liderou-os pessoalmente, vestiu-se como eles, viveu como eles, foi seviciado barbaramente pelos turcos, enfrentou desafios inimagináveis e os venceu. Virou Herói Mundial. Seu ideal para a Nação Árabe, no descreve-a. A Condessa, idosa, mantinha quiosque no Boi de Bologne no qual, no inverno, oferecia café brasileiro. De certo, da fazenda. Imagine escravos abrindo picada do Porto Martins à fazenda, veludos italianos, mudas de pinho de Riga, piano alemão para a casa sede. Boa tarefa será um volume - elaborado sem pressa - para a tal casa, a mais importante da região. Abraço, obrigado. Hernâni Donato, escritor e historiador (20/01/2000).” 3 – Dos Aventureiros do Túneis , o registro histórico que José Carlos Basseto fez do túmulo de Lawrence da Arábia, na Inglaterra:
entanto, não conseguiu motivar as grandes Nações vitoriosas. Nem os Estados Unidos, nem a Inglaterra estavam tão preocupados com a independência árabe a ponto de esquecerem o mar subterrâneo de petróleo que existia nas terras a serem entregues aos árabes. Nem o futuro Rei Faiçal queria uma independência maior do que a formal dependência das grandes Nações... Os dirigentes das grandes Nações e os líderes árabes se compuseram facilmente e o descarte milionário daquele que conseguira a unificação e a vitória árabe era conveniente a todos... Possuidor de grande cultura, Lawrence escreveu o livro “Os Sete Pilares da Sabedoria”, no qual narrou com o coração a sua participação no movimento nacional árabe contra a opressão turca. Entregou os originais à Editora no ano de 1926 e a 1ª edição foi publicada em 1935. Do livro, a sentença maior e definitiva foi dada por Sir Winston Churchill :”Um dos maiores livros já escritos na língua inglesa...” Pertence aos clássicos da Literatura do Império Britânico... A moto ia a mais de 200 km/h. O verde dos campos ingleses enchia os olhos de Lawrence... A vida perdera sentido para o Grande Herói. Com vida abastada, Lawrence nunca mais conseguira levar a vida como um homem comum, nunca mais pudera ter uma vida igual a de seus contemporâneos... E um uomo qualunque era tudo o que Lawrence queria ser : comum, só comum, com as comezinhas preocupações do dia-a-dia do homem comum, cujo horizonte e cujos sonhos não iam, com certeza, além dos limites do cotidiano. E acelerava a moto, mais e mais, sem ver, antes da curva, os dois ciclistas que vinham ou entravam em sua mão de direção. Procurou desviar, inútil... Ali, Lawrence da Arábia deixava os seus pesares e o mundo e os sonhos... Ali, o Grande Herói descansava sem ver concretizado o seu ideal, sem ter a resposta da sua origem, mas deixando, com certeza, gravado em ouro o seu perfil de herói que soube acreditar no seu sonho, que trabalhou para a vitória contra todas as previsões dos “experts” e que deixou para a posteridade, inteira e grandiosa, a imagem imorredoura de Lawrence da Arábia... (AMD)
O Aventureiro do Túnel Zé Basseto, encontrou o túmulo do Botucatuense Lawrence da Arábia - Cemitério de Moreton perto do Rio Frome. Inglaterra - Lawrence, herói da 1ª Guerra, Tenente do exército Inglês.
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UM APAIXONANTE CASO DE AMOR...
Ilustrações do Prof. Vinício Aloise sobre os domínios do Conde de Serra Negra, a chegada da Estrada de Ferro Sorocabana - EFS, o Dr. Costa Leite de trole e as paisagens da Vila de Vitória (Vitoriana). A presença do Conde de Serra Negra na sede da fazenda chamara a atenção dos moradores da região e, principalmente, da pequena Botucatu. A curiosidade cabocla aumentava, quando se sabia da presença já por mais de três meses de uma jovem nobre inglesa e de sua dama de companhia... A presença naquela bela noite e por toda a noite, do jovem médico, Dr. Costa Leite, mandado buscar pelo Conde, deixava os curiosos de plantão fazendo mil conjecturas. Agora, o que mais aguçara a curiosidade de todos, era a presença do Delegado Pedro Egídio, conhecido por sua rigidez e pelo convívio subalterno com os poderosos. Tudo sinalizava para um acontecimento importante, muito importante... Que era parto anunciado da inglezinha, todos já sabiam... Só não sabiam do porquê da presença do médico. Os partos que ocorriam na região, nas mais importantes famílias, sempre eram assistidos pelas parteiras de reconhecida prática e competência... A presença do jovem médico só podia ser levada à conta da “postura européia” do Conde de Serra Negra... Todavia, a ausência da Condessa com tão ilustres visitas era estranha, muito estranha... O Dr. Costa Leite chegara à cidade de Botucatu no ano de 1886, seguindo o caminhar do progresso que a ferrovia implantava... Hoje, na Estação da Vitória (Vitoriana) e com certeza e em cima das promessas dos poderosos chefes políticos locais, para o ano de 1889, os trilhos estariam vencendo a morraria e chegando a Botucatu. O Che-
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fe dos trabalhos era o Engenheiro Schmidt, de origem alemã, que seria o encarregado de recepcionar a visita do Conde D’Eu e que era homem de confiança e fiel escudeiro do Conde de Serra Negra... Sem ser político, o Conde de Serra Negra era a maior expressão do poderio econômico no final da monarquia e continuaria intocável pela República até seu falecimento... Com os primeiros raios de sol, a sede da fazenda se iluminara com o nascimento de um robusto e belo menino. A notícia correu rápido, aguçando a curiosidade e aumentando a fantasia do povaréu que se deliciava com o acontecido. A chegada da estrada de ferro na pequena Vitória propiciou a criação de uma linha de trole entre a Estação e Botucatu, aumentando os negócios e a presença de pessoas nas imediações das terras do Conde. E mais não se soube, pois ninguém entrava ou frequentava os domínios do Conde, sabidamente vigiado por peões de alta competência... Esse era o cenário dos domínios e do poderio do Conde de Serra Negra. E nem poderia ser diferente para quem tinha só na região de Botucatu mais de dois milhões de pés de café, sendo que tinha o triplo disso nas 15 fazendas de café que possuia no Estado de São Paulo e no Estado do Rio de Janeiro. Somente mês e meio a família do Conde vivia na região. No mais, estando no Brasil, o Conde percorria as suas propriedades, enquanto a Condessa cumpria as suas obrigações sociais e assistenciais na Corte, no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde a família convivia com DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
o Poder Político e com os grandes financistas paulistas. No ano anterior, 1887, o Conde de Serra Negra mantivera seguidos contatos com o Barão de Parnaíba, Presidente da Província, obtendo a promulgação da Lei que autorizava a extensão do traçado da Sorocabana (Lei nº 25, de 19 de março de 1887), até Botucatu e São Manoel. O evento ficou registrado. O nascimento ocorrido, cercado de toda a pompa, foi comentado como mais um desempenho “exótico” do Conde de Serra Negra. Da boca do Dr. Costa Leite, nunca se ouviu uma palavra sobre os detalhes do parto ou das pessoas visitantes, apenas que ele assistiu ao parto levado a bom termo por parteira habilitada... Era menino, robusto e sem problemas... Mesmo sendo anglicana, a jovem nobre cedera à sugestão do Conde e recebera a visita do Padre Ferrari, amigo da família do Conde desde a sua chegada a Botucatu onde residiam seus familiares, sendo que seu irmão Estevam Ferrari, era casado com Dona Alcinda Cardoso de Almeida, irmã do rico comerciante Antonio Joaquim Cardoso de Almeida, um dos poucos de Botucatu a frequentar as reuniões do Conde na Capital e a ser considerado um amigo. Padre Ferrari dera a sua bênção ao recém nascido e, também dele, nunca se soube sobre o assunto... A jovem inglesinha ainda permanecera por mais dois meses na fazenda, partindo em seguida para o velho mundo, levando as imagens gravadas de um país diferente, de uma gente diferente da sua, mas que lhe deixaram marcada a mais sublime experiência feminina: a maternidade. (AMD)
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LAWRENCE DA ARÁBIA
Thomas Edward Lawrence, mais conhecido como Lawrence da Arábia. E não é que Lawrence, ele mesmo, o da Arábia, nasceu em Botucatu ? A Revista Cultural Botucatuense - PEABIRU, em suas edições de nºs 06, 07, 08 apresentou estudo sobre a trajetória desse herói mundial. Na história, ou na “lenda”, diz-se que Lawrence da Arábia, nasceu na CUESTA DE BOTUCATU. CUESTA é uma forma de relevo em que colinas e montes têm um declive não simétrico, ou seja, suave de um lado e íngreme do outro. A de Botucatu guarda em sua história, o começo da caminhada de um herói mundial, Lawrence da Arábia, que nasceu numa fazenda em Vitoriana, subdistrito de Botucatu. Esta fazenda era do Conde de Serra Negra, e fora muitos empreendimentos, tinha 15 fazendas de café, no Estado de São Paulo e no Rio de Janeiro, onde hospedava a família imperial brasileira. Ele foi nos séculos XIX e XX, o maior produtor mundial de café, tendo também uma grande torrefação e uma distribuidora deste produto
valiosíssimo, em Paris. O Conde e sua família moravam num belíssimo palacete em Paris, mas iam muitas vezes a Londres, onde o Conde negociava o café de suas fazendas. Numa dessas visitas o Conde se encontrou com uma jovem nobre inglesa, e nesse encontro a moça ficou grávida. Para resolver a situação e proteger a reputação da moça, decidiram trazê-la para o Brasil, para passar a gravidez numa das fazendas do Conde. Lá ela esperou o tempo que faltava para o nascimento. O parto, cercado por toda a pompa, foi assistido pelo Dr. Costa Leite que foI chamado para ajudar a parteira. A jovem mãe ainda ficou mais dois meses na fazenda, e foi embora para a Europa, depois da situação ter sido muito bem preparada e o segredo bem guardado . Ela carregava nos braços um menino, que seria o orgulho do Império Britânico, o Grande Herói. Afinal ele era Lawrence da Arábia! Lawrence estudou nos melhores colégios ingleses e se formou em História. Influenciado por um arqueólogo
A famosa Fazenda do Conde de Serra Negra sendo visitada pelos integrantes do "Grupo Papa Trilhas" e, em um segundo momento, já sendo restaurada pela Usina São Manoel. atual proprietária
especialista em Oriente Médio, viajou para a Síria, a fim de trabalhar em sítios arqueológicos hititas. Ali, percorrendo quase 1.400 quilômetros a pé durante 4 anos, começou a conhecer e a estudar as línguas e os costumes da região. Em fevereiro de 1914 Lawrence se uniu à uma expedição arqueológica ,cuja verdadeira missão era conseguir informações sobre o exército otomano. Quando começa a Primeira Guerra Mundial, Lawrence ingressa na Seção de Geografia do alto escalão do exército inglês. Apesar de indisciplinado, seus oficiais superiores e companheiros o admiravam Em 1916, recebeu a Legião de Honra por seu trabalho. Lawrence ajuda a desenvolver uma guerra de guerrilha contra os otomanos e a partir do sucesso consegue a união de várias tribos árabes. Preso e torturado pelos turcos, consegue fugir. Trabalha no campo diplomático e volta a Oxford para escrever o livro Os Sete Pilares da Sabedoria, sobre sua experiência com os árabes.
Mais tarde, já na Força Aérea, serve na Índia como mecânico, além de continuar a escrever livros. Lawrence foi uma das figuras militares mais controvertidas, complexas e brilhantes da História Britânica . Morre em um acidente de moto, em 19 de maio de 1935. Um dos maiores feitos de Lawrence como líder estrategista integrado aos árabes foi a organização de guerrilhas de bandoleiros nômades, que faziam ataques surpresas, apesar de poucos recursos, neutralizando e estrangulando as movimentações dos exércitos rivais. As ações de T. E. Lawrence tornaram-se ainda mais célebres após serem retratadas no filme de David Lean, Lawrence da Arábia, lançado em 1962, com atuação de PeterO’Toole. (Blog Quase Pedagógico) Fontes: www.educacao. uol.com.br/biografias www.ptwikepedia.org/wiki/ lembrancadaarabia www.blogdodelmanto.blogstop.com