Edição 458

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Nº 458

QUARTA-FEIRA, 27 de ABRIL de 2022

Quem Fundou Botucatu?!?

ano II

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Diário da Cuesta


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Diário da Cuesta

LEITURA DINÂMICA

Quem Fundou Botucatu?

O “Diário da Cuesta” traz a seus leitores as mais importantes versões sobre a fundação de Botucatu. Com absoluta imparcialidade, trazemos as 3 versões enriquecidas pelo traço mágico do Prof. Vinício: 1) Os Padres Jesuítas: Segundo essa interpretação histórica, Botucatu teria sido “Uma Grande Fazenda”, formada pela eli�zada ordem religiosa da Companhia de Jesus, em 1719. Portanto, Botucatu teria “nascido sob o signo da cruz” , segundo o Prof. Plínio Airosa, da USP, “...an�ga fazenda, confiscada aos padres jesuítas em 1759, origem do mesmo município...” Em pesquisas realizadas em Sorocaba, o escritor botucatuense, Hernâni Donato, comprovou que os primeiros botucatuenses nasceram nessa fazenda. (in “Memórias de Botucatu I”, de Armando M. Delmanto, págs. 16/17, 2ª edição 1995); 2) Simão Barbosa Franco: “Dizem os estudiosos e historiadores que, em 1766, o barbudo e truculento Simão Barbosa Franco, fundando a freguezia de “Nossa Senhora das Dôres de Cima da Serra”, plantou o marco inicial da nossa querida cidade. Um período de obscuran�smo caiu sobre a vida do lugarejo que, em 1779, �nha apenas 7 fogos ou casas, com 48 moradores...” Essa

versão é a que predominava nos idos do início do século, registrada no “Almanack de Botucatu de 1920”. (in “No Velho Botucatu”, de Sebas�ão de Almeida Pinto, pág.23, 2ª edição, 1994); 3) José Gomes Pinheiro e Joaquim Costa: “Em 1835, com o aparecimento aqui do sertanista Joaquim Costa, que resolveu “possear” o Ribeirão que ficou conhecido como “Dos Costas”, hoje Ribeirão Lavapés é que começou de fato a crescer o burgo sertanejo. Costa e sua gente, construiram algumas casas, sem alinhamento, no local onde é a atual Praça Coronel Moura. Em 1843, surgiu um li�gio, questões de terra, entre os Costas e o Cap. José Gomes Pinheiro, fazendeiro na região, terminando a questão por um acordo.A famosa disputa da porteira, consagrada por um dos maiores escritores botucatuenses procura retratar a disputa entre as partes. O Cap. José Gomes Pinheiro, de acordo com o combinado, doou os terrenos em causa para o patrimônio de uma freguezia que seria fundada, sob o orago de Sant’Anna numa delicada homenagem a sua Exma esposa, Dª Anna Florisbela Machado Pinheiro. Esta freguezia foi elevada a distrito em 1846 e absorveu, logo, a an�ga freguezia de “Nossa Senhora das Dôres de Cima da Serra...” Essa versão, hoje, é a predominante no meio oficial municipal. (in “No Velho Botucatu”, de Sebas�ão de Almeida Pinto, págs. 23/24, 2ª edição, 1994).

JORNALISMO MODERNO Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENT

E E DA CIDADANIA EM BOTUCAT

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RAUL TORRES E O SAMBA RURAL

Nº 05

SÁBADO DOMINGO 14/15 de novembro de 2020

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RAUL TORRES é um orgulho para Botucatu. Faz parte do TRIO DA MÚSICA RAIZ: ANGELINO DE OLIVEIRA , RAUL TORRES E SERRINHA. Praticame nte, fazendo de Botucatu e região a CAPITAL DA MÚSICA CAIPIRA ou MÚSICA RAIZ! Com estátua na Praça do Bosque, Raul Torres tem resgatado o seu OUTRO LADO MUSICAL: do SAMBA RURAL ou SAMBA DO INTERIOR . O original e excelente TRIO GATO COM FOME, resgata com muito brilho dez sambas de Raul Torres, no álbum EM BUSCA DOS SAMBAS DE RAUL TORRES. Botucatu não poderia ficar desconhecendo esse lado musical de Raul Torres e com o também. Ver matéria completa qual fez muito sucesso, na página 2

RANÍ É TU / GUA O BOTUCA A CNBB AQUIFER MUNDO, A DOCE, O ÁGUA DO A VIVE A MAR DE ÁGU ERVATÓRIO DE O O PLANET ina 4 VERDADEIRO O O MAIOR RES TEMA E TOD CIOSO LÍQUIDO. Pág RAD SEU O SIDE CON ÁGUA COM VAÇÃO DESSE PRE ELEGEU A PRESER ÃO PELA PREOCUPAÇ

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Amanhã, 15 de novembro, é dia de Eleição Municipal e é, também, feriado da Proclamação da República. Em Botucatu são 321 seções eleitorais no Município de Botucatu e são 101.025 eleitores. O Chefe do Cartório Eleitoral da Comarca de Botucatu, Igor Ignácio, destacou algumas recomendações para o dia de amanhã: o horário de votação tem 1 hora a mais, começa h. e vai até as 17h., sendo às 7 que os eleitores com mais de 60 anos terão preferência nas 3 primeiras horas. Essa preferência é por todo o dia das eleições. res doentes, deficientes Eleitoou grávidas também terão preferência. Será seguido o Protocolo to social e o uso de álcool de Segurança, com distanciamengel obrigatórios em todas além do uso de máscara. O TRE recomenda que cada as seções, portador de sua própria eleitor seja caneta para assinatura e até para tec os númer

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Estátua de Raul Torres na

Praça do Bosque (Botucatu)

você sabia? Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial? Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo? A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial. Na história ou na “len

os, a res primórdi a Desde seu é destacad Botucatu gião de a. Antes águ ade de sua AQUÍpela qualid berta do sco de da UÍFEmesmo (hoje, AQ TUCATU ão FERO BO comprovaç ANI) e da RO GUAR PIAPARA água de da l ina medic página 2 na leia (Alambarí).

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Diário da Cue NA DEFESA

Ele é o Eleito! DO MEIO AMB

IENTE E DA CIDA

DANIA EM BOTU

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Nº 06 SEGUN DA-FEI RA 16 de novemb ro de 2020

O prefeito Már leição (2020/20 io Pardini consegue a sua Botucatu. Desd 24) à Prefeitura Municipa reee l de vinha desponta o início da campanha, Pard ndo na pref erência do eleit ini botucatuense . Executivo da orado que por sua SABESP, teve capacidade destaposi nicípios. Dura tiva à frente 35 munte tou as inundaçõ seu mandato, Pardini enfr es que ocor com queda reram em Botu ende pontes e catu estragos gene e, em sequênci ralizados a, teve que enfr do vírus chin enta r a pandemia ês... Ufa... Botu seu trabalho catu acompanh à frente de ou o uma equipe e, nas Eleições capacitada Municipais, RENOVOU a fiança! ELE sua conÉ O ELEITO !

OS CONSTRUTO na 3, leia o hist RES DO FUTURO DE BOT órico que traz UCATU – DIN UCCI & PAR as profundas DINI – Na pág raízes da fam iília PARDINI Uma viagem com Botuca fantástica atra tu. vés de um Embaúb a no cume da

pingo d’água que busca sua catu... (leia na quarta pág folha mãe em uma ina “Cuesta Rasgada”)

Cuesta de Botu


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Diário da Cuesta

A DISPUTA DA PORTEIRA NA BOTUCATU DE OUTROS TEMPOS... Dos muitos nomes citados como prováveis fundadores ou benfeitores de Botucatu, fora, é claro, a presença indiscutível dos jesuítas, GOMES PINHEIRO e JOAQUIM COSTA foram os que encontraram melhor acolhida entre os historiadores. Gomes Pinheiro como doador de terras e Joaquim Costa como consolidador e incentivador do povoado. Em 1845, o Cap. José Gomes Pinheiro doou parte de suas terras, já posseadas por Costa, para que se constituísse a Freguesia. José Gomes Pinheiro e Joaquim Costa: “Em 1835, com o aparecimento aqui do sertanista Joaquim Costa, que resolveu “possear” o Ribeirão que ficou conhecido como «Dos Costas”, hoje Ribeirão Lavapés é que começou de fato a crescer o burgo sertanejo. Costa e sua gente, construiram algumas casas, sem alinhamento, no local onde é a atual Praça Coronel Moura. Em 1843, surgiu um li�gio, questões de terra, entre os Costas e o Cap. José Gomes Pinheiro, fazendeiro na região, terminando a questão por um acordo. A famosa disputa da porteira, consagrada por um dos maiores escritores botucatuenses procura retratar a disputa entre as partes. O Cap. José Gomes Pinheiro, de acordo com o combinado, doou os terrenos em causa para o patrimônio de uma freguesia que seria fundada, sob o orago de Sant´Anna numa delicada homenagem a sua exma esposa, Dª Anna Florisbela Machado Pinheiro. Esta freguesia foi elevada a distrito em 1846 e absorveu, logo, a an�ga freguesia de “Nossa Senhora das Dôres de Cima da Serra...” Essa versão, hoje, é a predominante no meio oficial municipal. (in “No Velho Botucatu”, de Sebas�ão de Almeida Pinto, págs. 23/24, 2ª edição, 1994).

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

WEBJORNALISMO DIÁRIO

Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emi�dos em ar�gos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por mo�vos de espaço e clareza, de resumir cartas, ar�gos e ensaios.


Diário da Cuesta

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SIMÃO BARBOSA FRANCO

Eunice de Almeida Pinto Chaves

Em carta de D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão (governou São Paulo, de 1765 a 1771) ao Conde de Oeiras, datada de 24 de dezembro de 1766, demonstra seu interesse em realizar a fundação de núcleos urbanos, que serviriam como “boca de sertão”, para as futuras conquistas. Antes dessa carta ao Conde de Oeiras, já o governador D. Luís Antônio em 4 de setembro de 1766 havia baixado uma ordem ao paulista Simão Barbosa Franco que era possuidor de terras nos campos de Ubutucatu, adquiridas de André de Souto Gurgel, requereu ao governador de São Paulo, em nome de S. Majestade, a concessão de uma Carta de Sesmarias de “uma legoa de testada e legoa e meya de certão”, na referida região. Na pe�ção por ele apresentada, comprome�a-se a fazer benfeitorias, abrir caminhos, construir pontes e até fundar alguma povoação se necessário fosse. A sesmaria foi-lhe concedida e talvez pela boa vontade manifestada na pe�ção, foi-lhe designada a tarefa de fundar a povoação de Ubutucatu ou Botucatu. Nesse mesmo ano de 1766, Simão Barbosa Franco deu início à fundação da povoação de Botucatu, sob a invocação de Nossa Senhora das Dores de Cima da Serra. Embora alguns estudiosos apresentem contestações a respeito da fundação de Botucatu, por Simão Barbosa Franco, afirmando que nessa ocasião ele se achava em Mato Grosso, de onde só voltou em 1771, está cabalmente provada que a nova povoação foi fundada por esse paulista, no alto de uma serra que serve de contravertente para as águas dos rios Paranapanema e Tietê. E para anular qualquer dúvida que por ventura haja a este respeito, lembraremos que em 1768, foi por D. Luís Antônio organizado um mapa de grande parte da América Meridional, em que figurava quase toda a Capitania de São Paulo com os seus sertões e rios mais famosos e parte das Capitanias adjacentes, tudo delineado segundo os roteiros e no�cias mais exatas que até então se havia descoberto. Esse mapa, nas pesquisas empreendidas no Arquivo do Estado, não foi encontrado. Porém no volume XIX Documentos interessantes para a história e costumes de São Paulo, à pág. 147, encontram-se referências a seu respeito. Nesse mapa, segundo as advertências assinaladas, figuravam os núcleos urbanos já organizados e entre eles o de Botucatu (fundado em 1766). Em 1768, Simão Barbosa Franco, recebeu ordem do governador de São Paulo, para fundar e administrar a povoação de Nossa Senhora dos Prazeres de Itape�-

ninga, ordem que conseguiu realizar aglomerando em um núcleo os moradores da região. Itape�ninga foi erigida em vila em 5/11/1770. Ocupou diversos cargos na vida da nova vila e isto desmente a afirmação de que o referido Simão se encontrava em Mato Grosso nessa ocasião. Botucatu surgiu, portanto, em 1766. A par�r de então con�nuou desempenhando a sua função de “boca do sertão”, servindo de pouso e de ponto de abastecimento às expedições que demandavam os sertões de Tibaji e do Iguatemi. Era um pequenino núcleo urbano, ponto de apoio dos criadores da região com poucos moradores. Ao lado da função de ponto de pouso, teve também Botucatu uma outra função, de ordem econômica – a de fornecer ao governo, além de man�mentos, o gado e as cavalgaduras necessárias às expedições sertanistas. Esta afirmação é comprovada pela portaria de 11 de maio de 1772, baixada pelo governador de São Paulo (na grafia da época): “Porquanto me hé preciso hum claro conhecimento das fazendas q’se vào formando nos lados da estrada geral, que discorre de Sorocaba a Itapetininga, Villa de Faxina, Campos de Botucatú e entradas do sertão do Paranapanema: ordeno ao Sargento Mór Manuel Joaquim da Sylva e Castro, que passando ao referido continue e tome em Relação todas as fazendas que nelle se acharem formadas, distancia a q’ficarão da mesma estrada, e das respectivas Povoações a q’são annéxas, descrevendo com exacta clareza todos os gados e cavalgaduras de q’se compõem, assim dos q’pertencem ao costeyo delas, como dos de criação, em q’se funda o seu argumento; cuja diligencia executará com toda a brevidade, sem exceção

de pessâ, e me remeta sem demora huma conta formal de tudo o que achar na fra que tenho ordenado. São Paulo, 11 de Mayo de 1772. D. Luís Botelho.” Essa ordem era acompanhada por um documento assim concebido: “Notícia das fazendas q’ficarão para a parte de Wutucatú e Guarey e encruzilhada do novo caminho q’aproximadamente se abre para Guatemy. 1- Estanisláu de Campos dono da Fazenda de Guarey; 2- Fazenda do Payol de Antonio Bicudo ou de seu genro José Giz; 3- Fazenda do Tatú q’foi de José Campos, hoje dos Religiosos do Carmo; 4- Fazenda Barra do Paranapanema de Mel. Paes; 5- Fazenda do Paranapanema e Itapetininga de Salvador de Oliveira.” Essa ordem foi cumprida, pois em Agosto do mesmo ano, outra portaria foi baixada: “Ordeno ao Sargento Mór da Vila Faxina, Manoel Joaquim da Sylva e Castro q’para serviço de S.Mag. faça notificar aos donos e fazendeiros das fazendas que lhe mandey tomar em relação ao longo da estrada geral da Vila de Sorocaba emté a Faxina e campos de Botucatú, para onde discorre o caminho novo para a Praça de Guatemy... Um período rela�vamente longo de obscuran�smo recaiu sobre a pequenina povoação de Nossa Senhora das Dores de Cima da Serra, fundada por Simão Barbosa Franco, em 1766. Nos cadernos de recenseamentos do município de Itape�ninga, encontramos alguns dados referentes a Botucatu, quando ainda era um simples bairro. Nos cadernos com os dados referentes ao ano de 1779, maço de recenseamento de Itape�ninga, número 63, encontramos os primeiros dados esta�s�cos referentes a Botucatu. Tinha Botucatu naquela época, apenas 7 fogos (ou casas) contando com 46 moradores, incluindo-se os chefes de família, suas mulheres, filhos, agregados e escravos.

O FUNDADOR DE BOTUCATU TERIA SIDO O TRUCULENTO SIMÃO BARBOSA FRANCO? A conceituada e pioneira historiadora Eunice de Almeida Pinto Chaves, formada na 1ª Turma da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, exerceu o magistério em nossa Escola Normal e foi Diretora do Centro Cultural de Botucatu. No ar�go “O Município e a Cidade de Botucatu”, publicado na revista Peabiru nº 08/1998, relata a atuação de Simão Barbosa Franco na fundação de Botucatu. É Registro Histórico. Página 3

BOTUCATU: HISTÓRIA DE UMA CIDADE!

ILUSTRAÇÃO VINICIO


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Diário da Cuesta

BOTUCATU NASCEU SOB O SIGNO DA CRUZ

No ano de 1719, A Companhia de Jesus, através do Tenente Estanislau de Campos, Superior da Ordem no Brasil, partia para a formação de duas fazendas, objetivando a sustentação do Colégio de São Paulo em termos de alimentos e renda originada da comercialização dos produtos das Sesmarias que seriam a base para as fazendas de Guareí e Botucatu. A Fazenda de Botucatu era voltada à pecuária, com currais e ranchos de moradia, sendo que sua população oscilava sempre entre dez a vinte pessoas. Por 40 anos ela floresceu fornecendo carne para o Colégio de São Paulo e comercializando gado para todo o sertão. Desde o seu início até o leilão público, fruto da implacável perseguição do Marquês de Pombal aos jesuítas, a fazenda teve vida própria. OS PRIMEIROS BOTUCATUENSES nasceram na Fazenda Botucatu dos padres jesuítas, segundo pesquisa do historiador Hernâni Donato nos arquivos de Sorocaba, então Matriz de toda a região. Segundo relato de Hernâni Donato em seu “Achegas”, a extensão da Fazenda Botucatu era grande: «...por um lado, a fazenda chegava ao Paranapanema enquanto do outro, conforme anota a doação de Campos Bicudo, tocava o Tietê. Para o sul, ligava-se à fazenda também jesuítica de Guareí”. Em 1760, os jesuítas tiveram seus bens confiscados pelo Marquês de Pombal - o todo

poderoso Ministro de Portugal - e foram expulsos dos territórios portugueses e, portanto, do Brasil. As benfeitorias (currais e ranchos rústicos), os escravos (13), as 440 cabeças de gado e os 43 cavalos dos padres ficaram como a mostrar que a fazenda tinha vida própria. Os índios catequizados fugiram, assim como muito gado escapou para o sertão. SOB O SIGNO DA CRUZ Citada por Hernâni Donato a posição de historiadores que reivindicam para os jesuítas os méritos maiores de povoadores e remotos fundadores de Botucatu, como Plínio Airosa : “...antiga fazenda, confiscada aos padres jesuítas em 1759, a origem do mesmo município.” Em outras palavras : Botucatu teria sido uma fazenda, uma GRANDE FAZENDA JESUÍTA e os padres da Companhia de Jesus SEUS FUNDADORES, sendo certo, por registro passado e sacramentado, que os PRIMEIROS BOTUCATUENSES nasceram na Fazenda Jesuíta. Nascida sob o signo da cruz e desbravada pela competente e elitizada ordem religiosa dos jesuítas, a FAZENDA BOTUCATU era parte de real importância no “CAMINHO DO PEABIRU”, na “TRILHA DO SUMÉ” que ia de São Vicente até Cusko, no Peru. (in Memórias de Botucatu, 1995)


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