Edição 459

Page 1

Nº 459

QUINTA-FEIRA, 28 de ABRIL de 2022

PÁGINA 2

BOTUCATU: BERÇO DA CULTURA!

ano II

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Diário da Cuesta


2

Diário da Cuesta

editorial

A ABL é uma Academia de Letras “sui generis” Surgiu, ousadamente, com as suas particularidades e – por quê não? – com sua maturidade e avanço social: foi pioneira ao admitir, desde a sua fundação (1972), como Membros Efetivos, duas mulheres, as acadêmicas Elda Moscogliato e Dinorah Silva e Alvarez. Assim, antecedeu, em alguns anos, idêntica iniciativa da Academia Brasileira de Letras! Outra particularidade: tinha, desde o seu início, três Patronos vivos! Eram os botucatuenses, todos Membros Efetivos da Academia Paulista de Letras, Alceu Maynard Araújo, Francisco Marins e Hernâni Donato, o primeiro filho “adotivo” e os outros, botucatuenses natos. Francisco Marins foi por 2 vezes presidente da Academia Paulista de Letras e Hernâni, Secretario. Ao depois, Marins foi o Presidente Emérito da APL e Hernâni foi presidente Emérito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Alceu Maynard Araújo, consagrado folclorista, foi Secretário da Cultura do Grande Oriente. Mantendo a tradição, a ABL tem , hoje, a poetisa botucatuense, Maria Lúcia Dal Farra, como Patrona viva da Academia. Acredito que se deva, sim, comemorar bastante um feito como esse. É a cultura paulista e brasileira sendo preservada. É a comunidade interiorana valorizando a atual e as futuras gerações� Parabéns, ABL ! A Direção

O GIGANTE DEITADO

(ilustração de Vinício Aloise ao pé do Gigante, as Três Pedras)

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

WEBJORNALISMO DIÁRIO

Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


3

Diário da Cuesta

artigo

BOTUCATU, CIDADE DE CULTURA

Lincoln Secco Parafraseando Monteiro Lobato, poderíamos dizer que uma cidade se faz com homens e livros. Botucatu, boca do sertão ainda no século XX, terra de pioneiros que alargaram não só as dimensões do Brasil, mas povoaram e desenvolveram o nosso Estado de São Paulo, é uma cidade de vocação pluralista: indústria metalúrgica, têxtil e aeronáutica entre outras; agro-negócio, agricultura biodinâmica e orgânica, pecuária e serviços (especialmente os de saúde) animam a economia botucatuense. Nenhuma cidade, entretanto, se projeta no futuro sem o concurso das atividades do espírito: a leitura, a boa música, o teatro, o cinema entretenimento e de artes e, acima de tudo, uma boa escola pública. Neste quesito, Botucatu deixa a desejar. Aliás, como boa parte do interior paulista de vastas economias e parcas culturas. Nossa escola pública, vítima de falta de investimentos, perda de status de professores e algumas ex-

periências pedagógicas desastrosas, está destruída. Urge lutar, nesta cidade, por medidas que ampliem o consumo e o acesso aos livros. Mas antes de tudo, é preciso mobilizar o povo e a elite botucatuense para obter uma nova faculdade pública de ciências humanas, com ênfase na formação de professores. Cursos de licenciatura em Letras, Geografia, História, Física e Matemática exigem infra-estrutura relativamente barata e tem alto retorno social. Botucatu e as cidades próximas já tiveram, em sua história, grandes intelectuais como Antônio Cândido (que estudou em Bofete: “Os parceiros do Rio Bonito”) e Edgar Carone, autor de copiosa literatura sobre a história do Brasil e que viveu muitos anos em Bofete e em Botucatu, antes de se tornar professor do Departamento de História da USP. Carone deixou um pequeno livro chamado “História da Fazenda Bela Aliança” em que descreve a região botucatuense. A cidade também foi objeto de inúmeros

livros de História. Os intelectuais mais idosos ou que frequentam os sebos conhecem a obra de Hernâni Donato (“Achegas para a História de Botucatu”, 1954) e a Sebas- tião de Almeida Pinto (“No Velho Botucatu”, 1956). Mais recentemente, a cidade tem sido objeto de investigações como as de Armando Delmanto ou de trabalhos acadêmicos como o de César Mucio da Silva (“Processos-crime-Escravidão e Violência em Botucatu”, 2004). Uma cidade que tem história necessita de uma ação conjunta de órgãos de classe, da Igreja, da prefeitura, dos sindicatos e de seus professores, médicos e advogados para exigir do governo estadual e do governo federal uma extensão universitária. Talvez da UNESP ou da UFISCAR (já que o governo federal tem aumentado a oferta de vagas no ensino superior). As escolas, as bibliotecas, o comércio livreiro e todos os que amam a cidade de Botucatu agradeceriam. Lincoln Secco é professor do Departamento de História da USP- Acervo Peabiru

BOTUCATU: Berço da Cultura

Botucatu tem orgulho de seus filhos que a representam na área cultural. Jornalistas, cronistas, escritores, cresceram e se aprimoraram no dia-a-dia da vida comunitária. A ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS tem sido o norte buscado pela “intelligentzia botucatuense”. Foram três os intelectuais pioneiros de Botucatu a entrarem na ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – APL: ALCEU MAYNARD ARAÚJO, FRANCISCO FERRARI MARINS E HERNÂNI DONATO! Folclorista de renome nacional. Educador e Intelectual festejado, Alceu Maynard Araújo foi o primeiro botucatuense (ele sempre se considerou um botucatuense) a galgar os degraus da glória acadêmica. Foi um brilhante educador. Fez inúmeras campanhas com Mário de Andrade, pelo Departamento Municipal de Cultura, em São Paulo. Fundaram os núcleos infantis nos bairros da Capital. E Alceu era um dos destaques da maçonaria. Ele era Secretário da Cultura da Maçonaria, do Grande Oriente. Ele foi pra Academia e abriu caminho para os outros dois botucatuenses que tanto tem valorizado Botucatu na cultura de nosso Estado: Francisco Marins e Hernâni Donato. Depois dele, foi o Marins. Eu fui à posse dele junto com meu pai e uma comitiva de botucatuenses. Depois, o Hernâni. A dupla Marins e Hernâni foi eleita e reeleita para a presidência e secretária geral da APL, respectivamente. Hernâni Donato presidiu, por muitos anos, o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Infelizmente, depois, não houve continuidade...um vácuo... O professor Agostinho Minicucci, indiscutivelmente, deveria ter chegado à Academia: autor da maior produção literária (73 livros), alcançou expressivo prestígio como educador e intelectual. O dr. Sebastião de Almeida Pinto; o professor Pedretti Neto; o dr. Trajano Pupo... e a lista vai longe. E isso sem falar da atual geração, com Leilah Assumpção, como dramaturga; o novelista global Alcides Nogueira, premiado dramaturgo paulista. Enfim, faltou continuidade... Mas Botucatu é reconhecida como Berço da Cultura, pelas conquistas obtidas por seus filhos no campo cultural. Que as novas gerações se espelhem em nossos intelectuais.


4

Diário da Cuesta

A “SAGA DO CAFÉ”

Eliane Aparecida Biasetto Vida e obras de Francisco Marins Francisco Marins nasceu em 1922 na cidade de Botucatu, Distrito de Pratania, no Estado de São Paulo. Viveu toda a sua juventude em uma propriedade rural, de onde sairia a sua inspiração para relatar nos seus romances as histórias do interior paulista. A sua vasta produção literária também percorre o campo da literatura infanto-juvenil, que igualmente aos romances, busca apresentar a paisagem física e social do interior do Brasil na época do seu desbravamento. Francisco Marins inicia a publicação da “Saga do Café” em meados dos anos 60, com o lançamento do primeiro romance, Clarão da Serra; em seguida vieram Grotão do café amarelo,... E a porteira bateu! e Atalhos sem fim, este último publicado nos anos 1980. Já relacionando memória, história e literatura, pergunta-se o que levou Marins a produzir a sua última narrativa sobre o “ciclo do café” paulista somente vinte anos após o primeiro volume da série. Ao analisarmos essa coleção de romances, percebemos que o autor segue uma ordem cronológica em relação aos elementos históricos que moldaram o processo de transformação da paisagem do oeste paulista. No primeiro livro, de 1963, Marins mostra ao leitor, através das brigas por terra entre os personagens protagonistas, José Gomes e Espiridão Correia, como se iniciou o desenvolvimento da cultura cafeeira no oeste paulista e como se deu a ocupação desse espaço. Em meio a esses fenômenos históricos, o autor também faz menção à abolição da escravatura, em 1888, que vai acarretar na vinda de imigrantes para o país e as consequências políticas, econômicas e sociais do período regencial do Brasil. O trabalho de Lucia Luppi Oliveira (2001) “O Brasil dos imigrantes”, nos ajuda a ter uma visão histórica da situação do Brasil após a abolição. Quando relacionado o estudo dela com a de Francisco Marins, percebemos o quanto o nosso literário buscou fazer do seu romance uma fonte

histórica. Em vários momentos, as obras se complementam, reforçando a relação entre história, literatura e ensino. No caso brasileiro, durante o século XIX, a entrada de imigrantes aconteceu voltada para dois focos: a pequena propriedade agrícola principalmente nos estados do Sul, e as fazendas de café no Oeste paulista, onde eram empregados como mão-de-obra. No segundo livro, de 1964, o autor mostra as primeiras consequências que a produção do café na região estava proporcionando à fictícia vila de Santana e ao país. Santana começa a urbanizar-se lentamente, com a construção de mais casas e comércios, pois a vila tinha que apresentar estrutura para poder comercializar o produto que se tornara a base da economia brasileira. As principais discussões nesse período permeavam o fim da escravidão no país, a consolidação da República, o auge da economia cafeeira e a ampliação da rede ferroviária. Marins procura inserir os seus personagens nas discussões políticas, sociais e econômicas do período, como também expressa em números à produção do café da época. É dessa forma que nos deparamos com políticos, jornalistas, revolucionários e outros que se preocupavam com o futuro da nação. No terceiro livro da coleção, de 1968, temos uma alusão maior da construção da rede ferroviária no interior de São Paulo, percebemos que sua constituição estava atrelada à expansão cafeeira, assim como à definição de suas rotas. A linha ferroviária apresentou grandes dificuldades para a permanência dos índios nas suas regiões de origem, pois muitas matas foram devastadas para que as redes ferroviárias fossem construídas. Isso provocou constantes conflitos entre as tribos indígenas e os operários que trabalhavam na construção. Marins nos mostra o quanto que a população do interior paulista aumentou significativamente após a instalação do transporte fer-

roviário, trazendo modificações expressivas na paisagem de Santana. A historiografia reafirma o que o romance expressa. A última obra da coleção, de 2004, aborda o impacto da decadência do café no Brasil e o aparecimento de outros recursos econômicos. O autor vai esboçando as alterações que as crises políticas e sociais acarretaram no país, dando origem à Revolução de 1924. Neste livro, o escritor também faz menção ao papel político e social do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), onde podemos perceber que o autor indiretamente fala da sua própria produção. Antonio Celso Ferreira, na sua obra “A epopéia bandeirante”, nos ajuda a entender o contexto literário em que Francisco Marins escreve. Ferreira, ao contar a história da formação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e em seguida a formação do IHGSP, nos proporciona um olhar sobre quem eram os letrados paulistas e suas produções. Percebemos que as produções literárias do IHGBSP tinham como objetivo retratar as histórias do interior paulista, seu regionalismo, os tropeiros, os bandeirantes. É clara a busca desses letrados por uma identidade regional e nacional. As obras de Francisco Marins possibilitam que o leitor navegue tanto nas águas da literatura quanto nas águas da história. O seu objetivo é transformar o espaço e o tempo das personagens em elementos verdadeiros, por isso o uso de fontes históricas que permitem que o leitor tenha conhecimento da vida e dos costumes daqueles que colonizaram o oeste paulista. Este contato com a realidade da história muitas vezes proporciona ao leitor se reconhecer no tempo, no espaço ou até mesmo na personalidade de alguns personagens, pois o processo de colonização que o autor aborda é semelhante daquele que aconteceu em várias partes do Brasil.


Diário da Cuesta

AGOSTINHO MINICUCCI: GUARDIÃO DA CULTURA DE BOTUCATU!!!

Ele foi o maior botucatuense na EDUCAÇÃO e na CULTURA. Na cidade, formou gerações. Educador e Orientador Vocacional. Lecionou na Escola Normal (EECA), por onde se formou, no Colégio La Salle, no Colégio Santa Marcelina, em Colégios Estaduais e foi o idealizador, fundador e Diretor da FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE BOTUCATU (ITE, hoje UNIFAC). Em Botucatu participou da vida comunitária com muita dedicação e criatividade: fundou o Consórcio Intermunicipal da Região de Botucatu; fundou a Guarda Mirim; foi Secretário Municipal da Educação; organizou o Curso de Jornalismo da “Folha de São Paulo” e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Botucatu. Com seus estudos, foi o idealizador da Orientação Vocacional, que foi implantada em todo o Estado e que, em Botucatu, o teve como o primeiro Orientador Vocacional da nossa Escola Normal. Na ESCOLA NORMAL, idealizou e criou a “EMBAIXADA LÍTERO-MUSICAL”, que posteriormente recebeu seu nome, levando a cultura e a literatura nas escolas e lugares públicos, como teatros e cinemas, quando da comemoração de datas cívicas ou de aniversário de algum estabelecimento de ensino. Desde 1940, com ativa militância literária, passando pelos anos 50, 60, 70, 80 e 90! É toda uma vida dedicada à educação e à cultura! Subindo degrau a degrau: PREFESSOR, MESTRE E DOUTOR! Essa especialização do Professor Minicucci pode ser aproveitada em todas Escolas nas quais lecionou. Mestre em Língua Portuguesa, Minicucci já estava a caminhar para sua vitoriosa carreira de Educador e Psicólogo. No Estado de São Paulo e no Brasil, Agostinho Minicucci realizaria verdadeira revolução educacional com a aplicação da Psicologia. Sendo Mestre em Português e Doutor em Psicologia, além de Fundador da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Botucatu, foi Diretor Geral da FMU – Faculdades Metro-

5

politanas Unidas, onde realizou importante reorganização educacional t ra n sfo r m a n d o - a em destacada instituição educacional, tendo realizado importante trabalho nas Faculdades de Guarulhos, dirigidas pelo Mestre Alceu Maynard Araújo. E percorreu o Brasil todo realizando palestras e formação de professores. No ALMANAQUE CULTURAL DE BOTUCATU – 2000, publicamos reportagem sobre o recebimento do título de “BOTUCATUENSE EMÉRITO”, que lhe foi outorgado pela Câmara Municipal de Botucatu, que teve muito apoio da “intelligentzia botucatuense”, inclusive com uma exposição de motivos feita pelo então presidente do Centro Cultural de Botucatu, o escritor Olavo Pinheiro Godoy. Como escritor, Agostinho Minicucci marcou a presença da colônia italiana, que foi muito grande e expressiva em nossa cidade, com seu livro, em parceria com o prof. Vinicio Aloise, “AS BOIADAS PASSAM...AS LEMBRANÇAS FICAM...”, 1992. Ainda sobre a atuação do Prof. Agostinho Minicucci como estudioso e conhecedor das ciências ocultas, repercutiu seu trabalho sobre os poderes das “TRÊS PEDRAS”, em seu livro “OS BRUXOS DO MORRO MALDITO E OS FILHOS DE SUMÉ”, que fez parte principal no post que fizemos sobre o assunto “OS BRUXOS, O TEMPLO FÁLICO & O MORRO MALDITO”. COM MUITO ORGULHO O TIVE COMO AMIGO. PROFISSIONALMENTE, AGRADEÇO-LHE A ORIENTAÇÃO POSITIVA. NAS LETRAS, EU O TIVE COMO GUIA QUE ORIENTA SEM TOLHER, MUITO PELO CONTRÁRIO, FOI A LUZ QUE SEMPRE ILUMINAVA OS CAMINHOS NAS HORAS MAIS DIFÍCEIS, INCENTIVANDO, APOIANDO, PARTICIPANDO... ESSE FOI O GUARDIÃO DA CULTURA DE BOTUCATU! (AMD) É REGISTRO HISTÓRICO!


Diário da Cuesta

6

HOMENAGEM A HERNÂNI DONATO

Botucatu viveu o seu mais importante momento cultural na Sessão Magna conjunta da APL - Academia Paulista de Letras e da ABL - Academia Botucatuense de Letras, em 2001. Pela primeira vez em sua história a APL realizava uma sessão fora de sua sede, na capital. No Teatro Municipal “Camillo Fernandes Dinucci”, a sessão magna conjunta teve seu ápice com a entrega do Troféu “A Flor Roxa de Taquara-Poca”. Os agraciados foram o saudoso professor José Pedretti Neto (in memorian) e o escritor e historiador Hernâni Donato. Na ocasião, o acadêmico Armando Moraes Delmanto, da ABL, discursou em homenagem a Hernâni Donato e lhe entregou a troféu. Com a presença dos ilustres acadêmicos paulistas, Miguel Reale, Erwin Theodor Rosenthal, Benedito Ferri de Barros, Sólon Borges dos Reis, Anna Maria Martins, Clodoaldo Pavan, Cyro Pimentel, Fábio Lucas, Geraldo Pinto Rodrigues, Hernâni Donato, João de Scantimburgo, Ligia Fagundes Telles, Nilo Scalco, Paulo José da Costa Jr., Francisco Marins e a bibliotecária Maria Luiza. A sessão foi presidida pelo presidente da ABL, José Celso Soares Vieira e secretariada pela acadêmica Carmem Silvia Martin Guimarães. Delmanto foi feliz ao trazer o perfil brilhante de Hernâni Donato: -”Excelentíssimos Senhores Membros Efetivos das Academias Brasileira, Paulista e Botucatuense de Letras, -Autoridades Civis, Militares e Eclesiásticas, -Casal Anfitrião, Dr. Francisco Marins e Dona Elvira, -Familiares do saudoso Prof. Pedreti Neto, -Familiares do Acadêmico Hernâni Donato, -Senhoras e Senhores. No final do ano passado, Hernâni Donato proferiu palestra no prestigioso Conselho de Economia, Sociologia e Política da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Foi um sucesso. A revista Problemas Brasileiros, de janeiro/fevereiro deste ano trouxe, como encarte, a sua palestra: “No Brasil, o Paraíso - Um mito do descobrimento”. Hernâni teve a gentileza de enviar-me o texto. Pois bem, li de um só fôlego o trabalho. E, ao agradecer por carta, conclui dizendo que o trabalho era fabuloso. E destaquei com letras maiúsculas e exclamações !!! (FABULOSO!!!!!) Pois é com esse espírito e entusiasmo que faço, hoje, a saudação a Hernâni Donato. Caríssimos Presidentes Erwin Theodor Rosenthal e Celso Vieira, SEM EXAGERO, podemos afirmar que o trabalho intelectual de Hernâni Donato é fabuloso. FABULOSO!!!!! Os livros de Hernâni Donato são conhecidos de todos nós. Aliás, Hernâni Donato é uma das raríssimas UNANIMIDADES DE BOTUCATU!!!! Começou jovem, na pré-adolescência. Juntamente com o amigo Francisco Marins teve seu primeiro trabalho publicado no suplemento juvenil do “DIÁRIO DE S.PAULO”, da capital: a novela “O TESOURO”. Na 5ª. Série da ESCOLA NORMAL, juntamente com Francisco Marins e com o Prof. José Sartori, que pertenceu à nossa Academia, recentemente falecido, dirigiu o jornal “O ESTUDANTE”. Aluno da ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO, agregada à USP, interrompeu os estudos para comandar um grupo que se propôs a retraçar o percurso do caminho pré-cabralino do PEABIRU, entre São Vicente e Cuzco, no Peru. O PEABIRU foi a grande paixão intelectual de Hernâni Donato. Em 1997, Hernâni publicou “SUMÉ E PEABIRU: mistérios maiores do século da descoberta”, fruto de “mais de sessenta anos de pesquisa. No campo e nos textos”. É, com certeza, obra única! Na Capital, sempre atuou como homem de propaganda, de criação, de relações públicas. Presidiu a Editora Propaganda, atuou com destaque na Cia Melhoramentos, na Abril Cultural e foi um dos pioneiros da nossa televisão, produzindo um dos primeiros programas a ser campeão de audiência: “DO ZERO AO INFINITO”. Hernâni também foi um dos expoentes do jovem cinema nacional. Recebeu os prêmios SACI e GOVERNADOR DO ESTADO (1959) pela transposição para o cinema do seu romance “CHÃO BRUTO”. Outro romance de Hernâni, “SELVA TRÁGICA”, também cinematografado, foi exibido no Festival de Veneza. Hernâni é botucatuense, filho de Antonio Donato e de Dona Adélia Leão Donato. É casado como Dona Nelly Martha e tem 3 filhos: Maria Cláudia, Maria Flávia e Antonio André. Hoje, é avô coruja de Bruno, Rodrigo, Fernanda e

Natália. Membro Efetivo do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SÃO PAULO e da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, Hernâni Donato pertence a inúmeras outras Academias do Brasil e do Exterior sendo, com muita honra, PATRONO da ACADEMIA BOTUCATUENSE DE LETRAS. Como uma unanimidade municipal, por seu trabalho sobre a história de Botucatu, Hernâni tem o seu “ACHEGAS”, como o livro oficial de nossa historiografia. Todos os que estudam e pesquisam a história da cidade dos bons ares e das boas escolas temos, no “ACHEGAS” de Hernâni Donato o nosso norte, o nosso rumo! É o referencial histórico de Botucatu! Mas eu gostaria de, ao homenagear Hernâni Donato por seu trabalho intelectual e, especialmente, por seu trabalho para a historiografia de Botucatu, citar dois fatos: 1) o primeiro, referente à primeira edição do “ACHEGAS” (1954), quando o então vereador Dr. SEBASTIÃO DE ALMEIDA PINTO (médico, escritor e historiador) propôs e prontamente foi atendido pelo Prefeito Municipal de Botucatu, EMÍLIO PEDUTI, dando o necessário numerário para que saísse a 1ª. Edição do livro de Hernâni. Logo após, também graças à sensibilidade desse prefeito, Hernâni Donato recebeu a incumbência para que fizesse o BRASÃO DO CENTENÁRIO! Hernâni fez toda a criação intelectual imortalizada pela competência técnica do Prof. GASTÃO DAL FARRA. No BRASÃO DO CENTENÁRIO está tudo: desde o caminho do PEABIRU, a primeira capela, até os rios Pardo e Tietê. É uma beleza! É o retrato de Botucatu! O nosso 1º Símbolo Municipal até hoje é o preferido da população que espera seja oficializado pela municipalidade como o BRASÃO HISTÓRICO DE BOTUCATU!! 2) o segundo fato é referente à nossa história. Um dos mais importantes fatos da história de Botucatu: a criação da FACULDADE DE MEDICINA! Esse fato, com certeza, mudou o destino de nossa cidade! Raramente não encontraremos a devida citação dos fatos de nossa história no “ACHEGAS”. É Verdade! Sobre a história da conquista da FACULDADE DE MEDICINA, Hernâni começa por afirmar: “...Por que não levar ao governo a sugestão de instalar ali (Rubião Jr) uma faculdade de medicina? A muitos, a ideia pareceu demasiada. Chegou a assustar o núcleo dirigente local. Receavam desencadear campanha que dificilmente chegaria a bom termo. Se fosse Direito... Mas a juventude adotou a ousadia. Na capital constituiu-se comissão de botucatuenses ligados à imprensa e à política para agitar o assunto, independente ou até contra o poder municipal...” Nessa parte eu interrompo a leitura porque o texto de Hernâni, embora citando os pioneiros dessa luta, é por demais modesto... E logo vocês compreenderão o porquê... Busco no “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, também fruto de muitas pesquisas e depoimentos, o final do relato: “...Se havia o receio inicial das autoridade temerosas de uma empreitada impossível, o mesmo não ocorria com a juventude “botucuda”. Nos jovens, o destaque para JOSÉ FARALDO que era jornalista dos então poderosos DIÁRIOS ASSOCIADOS, lotado no Setor de Imprensa do Palácio dos Campos Elísios, e para HERNÂNI DONATO, jornalista e escritor em ascensão que comandaram o Grupo de Ação inicial, “balançando” as estruturas, convocando as autoridades, mobilizando a população e realizando um trabalho de relações públicas (especialidade de Hernâni) junto à imprensa botucatuense e paulista... O que aconteceu depois todos nós já sabemos... O que aconteceu depois faz parte da história de nossa gloriosa FACULDADE DE MEDICINA, hoje pertencente à UNESP. E a história oficial da grande conquista é o exemplo e motivo para atual luta pela conquista da REITORIA da UNESP para Botucatu. ESSE É O CENÁRIO!!! O sempre Mestre, AGOSTINHO MINICUCCI, criou uma expressão de sucesso: CAMINHADA PEABIRUANA, que representa a caminhada de todos os botucatuenses dedicados a estudar a nossa história, valorizando-a, destacando seus principais feitos, divulgando seus heróis municipais, enfim, vivenciando a nossa cidadania. Essa expressão é própria para o trabalho intelectual de Hernâni Donato! A CAMINHADA PEABIRUANA de Hernâni Donato foi e continua sendo um SUCESSO! Um sucesso fabuloso! FABULOSO!!!! Obrigado, Hernâni! Parabéns! Avante!” Hernâni Donato agradeceu em carta ao Armando M. Delmanto, completando esse importante registro histórico da cultura botucatuense: Caro Armando Delmanto: Você mesmo terá provado o quanto é difícil o ser “profeta na sua terra”, qualquer manifestação em contrário a esse afirmar retira do orgulho o selo do pecado. Isto entra no considerar tudo o que me tem sucedido em Botucatu, especialmente no 29.03. Muito mais fico devendo quando a ode é cantada por um solista da sua qualidade. Não mereço tanto. Bem por isso, por favor, aceite o meu agradecimento. Pelo que fez e disse. Só por isso terá valido a festa. Abraço. Grato. HERNÂNI. (01.04.2001)


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.