Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ano II Nº 464 QUARTA-FEIRA, 04 DE MAIO de 2022
Ernest Hemingway ganhou, em 4 de maio de 1953, o Prêmio Pulitzer pelo “O Velho e o Mar”
ERNEST HEMINGWAY é uma lenda� Ernest Hemingway é uma lenda. O escritor, nascido em 21 de julho de 1899, participou das duas guerras mundiais, sobreviveu a dois acidentes de avião, teve seus livros queimados pelos nazistas, deu nome a um corpo celeste que orbita o sol e, como se isso não fosse o suficiente, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Página 2
Botucatu: Banheiros da Praça do Bosque são interditados para reforma
Os banheiros públicos da Praça do Bosque, no centro de Botucatu, estiveram em pauta nos últimos dias, após denúncias feitas por munícipes sobre o abandono no local e pelo crime de atentado violento ao pudor, cometido por um jovem e uma adolescente, após uma falsa comunicação de estupro no local. Munícipes que passam pela Praça, relatavam problemas de segurança no local, além de muita sujeira e abandono. Sem condições de uso, por conta do vandalismo, o banheiro servia apenas para atividades ilícitas, como uso de drogas. Após tantos problemas, o local foi interditado e passará por uma reforma, antes de ser liberado para o uso coletivo. A população ainda pede que o local tenha uma zeladoria para que novos problemas não ocorram após a reativação. (Botucatu Online)
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Ernest Hemingway
Ernest Hemingway é um dos pilares da literatura contemporânea mundial. Neste box exclusivo da Amazon você encontrará quatro grandes sucessos do autor lançados com um novo projeto gráfico: Adeus às armas, O velho e o mar, Por quem os sinos dobram e Paris é uma festa. Adeus às armas (406 págs) O livro tem como tema central a paixão de Frederic Henry – que se alista no exército italiano como motorista de ambulância – pela enfermeira Catherine Barkley. Neste romance autobiográfico, a história de amor tem um final feliz, ao contrário da vivida pelo autor. Os protagonistas acreditam que podem se isolar em seu amor, simplesmente afastando-se da guerra. Em 1918, ferido em combate, Hemingway é internado em um hospital, em Milão, onde conhece a enfermeira Agnes von Kurowsky, por quem se apaixona. Porém, ela não aceita casar-se com o escritor, deixando-o profundamente desiludido. O velho e o mar (126 págs) Depois de anos na profissão, havia 84 dias que o velho pescador Santiago não apanhava um único peixe. Por isso já diziam se tratar de um salão, ou seja, um azarento da pior espécie. Mas ele possui coragem, acredita em si mesmo, e parte sozinho para alto-mar, munido da certeza de que, desta vez, será bem-sucedido no seu trabalho. Esta é a história de um homem que convive com a solidão, com seus sonhos e pensamentos, sua luta pela sobrevivência e a inabalável confiança na vida. Com um enredo tenso que prende o leitor na ponta da linha, Hemingway escreveu uma das mais belas obras da literatura contemporânea. Por quem os sinos dobram (672 págs) Esta comovente história, cujo pano de fundo é a Guerra Civil Espanhola, narra três dias na vida de um
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americano que se ligara à causa da legalidade na Espanha. O autor conseguiu que seus leitores sentissem que o ocorrido no país ibérico, em 1937, era apenas um aspecto da crise do mundo moderno. A trama gira em torno de Robert Jordan, americano integrante
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
das Brigadas Internacionais, que luta ao lado do governo democrático e republicano, recebendo a missão de dinamitar uma ponte. Com ele está um grupo de guerrilheiros/ciganos, integrado por Pilar, mulher com extraordinária força de vontade, o perigoso Pablo e a bela Maria. A relação entre Robert e Maria acabou por se tornar uma das mais inesquecíveis histórias de amor da literatura moderna. Paris é uma festa (252 págs) Esse livro revela um Hemingway diferente. Em Paris, aos 22 anos, ele lê, pela primeira vez, clássicos como Tolstói, Dostoievski e Stendhal. Convive com Gertrude Stein, James Joyce, Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald, figuras polêmicas e encantadoras para o jovem autor. A cidade e esses “companheiros de viagem” deram-lhe nova dimensão do humano e maior sensibilidade para alcançar os seus dois objetivos primordiais na vida: ser um bom escritor e viver em absoluta fidelidade consigo próprio.
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VIOLÊNCIA
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BAHIGE FADEL O homem, ao longo da história não demonstra ser pacífico. Eu sei, existem exceções, mas são raras. Raríssimas. Na maioria das vezes, a violência impera. Tanto a física como a moral. A violência pode ter vários motivos, mas a que impera, sem dúvida, é a busca do poder, a demonstração de força contra o outro, que pode ser um inimigo, um adversário ou, simplesmente, alguém mais fraco. Existem várias histórias sobre a violência. O terrorismo, por exemplo. Os terroristas acham que o terrorismo é um bem. O terrorismo é utilizado para intimidar o inimigo ou o adversário. Há a violência que é aceita como natural, durante algum tempo. Vejam a escravidão. Tornar escravo alguém é um ato de violência. Força-se uma pessoa a ser e/ou a fazer aquilo que não deseja. É uma demonstração de força, de poder. E a escravidão foi praticada ou aceita pelos governos de vários países. O Brasil, por exemplo, foi o último país a abolir a escravidão. Ela acabou oficialmente, mas na prática ainda existe. Li, esses dias, uma notícia de uma mulher, com mais de oitenta anos de idade, que vivia numa casa de família, em regime de escravidão. Há mais de cinquenta anos trabalhava nessa casa, sem receber salário e sem o direito de deixar a casa. Século XXI. O racismo é uma forma de violência. Pode ser física ou moral. Ambas ferem. Essa violência continua existindo nas ruas, nas escolas, nas atividades esportivas. Em todos os lugares. O cara vai ao estádio para torcer pelo seu time de futebol, mas, ao invés de incentivar os jogadores do seu time para que joguem melhor, escolhe um jogador do time adversário, que seja da raça negra, para ofendê-lo, para humilhá-lo. E o que acontece com esse agressor? Além da indignação da mídia durante alguns dias, dizendo que essa prática precisa acabar, que os agressores devem ser devidamente punidos, nada acontece. E a violência contra o homossexual? Cada vez pior. Se o cara tem o direito de optar por ser heterossexual, por que não se dá a alguém o direito de ter uma opção diferente? Não são direitos iguais? Não há a lei da isonomia? No que o homossexualismo
pode prejudicar um hétero? Não gosta de homossexuais? Tudo bem. Não seja amigo deles. Não procure conviver com eles. Só que você não pode usar a violência para impedir que eles existam. Mesmo porque não será a sua violência que os impedirá de serem homossexuais. É uma violência vã. Para esse tipo de violência, dificilmente vemos uma punição à altura. E a violência contra o pobre? E a violência contra o feio? E a violência contra o gordo? E a violência contra o estrangeiro? E a violência contra o deficiente? E a violência doméstica? E a violência sexual? E a violência religiosa? E a violência política? E a violência contra ideias? Hoje, é mais fácil usar a violência do que usar a inteligência para convencer. Violência que está na moda, no Brasil, além de outras, claro. Violência contra jogadores de futebol. Perdeu um jogo, tem que levar pau. Visão distorcida do que é ser torcedor. Os dicionários esclarecem que ser torcedor é ser admirador, entusiasta, apreciador, devoto, simpatizante. Nenhum desses sinônimos está relacionado ao uso da violência.
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“Vê estão voltando as flores”
When lilacs last in the dooryard bloom’d, And the great star early droop’d in the western sky in the night, I mourn’d, and yet shall mourn with ever-returning spring. Ever-returning spring, trinity sure to me you bring, Lilac blooming perennial and drooping star in the west, And thought of him I love…” Walt Whitman - (from) When Lilacs Last in the Dooryard Bloom’d, 1865. Johan Jensen - Lilacs, (1800-1856). Maria De Lourdes Camilo Souza Lendo esse poema escutei mentalmente Emilio Santiago cantando uma linda marchinha. Quase sai dançando, mas me contive. Caminhava pelas ruas tão conhecidas da minha cidade, notando cada novo detalhe, reforma, novo estabelecimento comercial. Novo prédio que começa a subir seus andares. O sol no rosto sem máscara, vou bebendo o ar com sofreguidão. Céu azul de brigadeiro dos dias de abril que já vai findando. Cruzei com uma senhora que me sorriu e cumprimentou. Respondi devolvendo o sorriso. Era o meu retorno às caminhadas. E sentia que podia até voar. Antes da pandemia sempre andava bastante. Gosto desse exercício porque não só me concentro no caminhar em si, mas na observação, na meditação. E quando especificamente ando por uma rua onde morei vou lembrando de cada vizinho, das suas estórias. Ali morava D. Ina, casada com o Sr. Silva. A farmácia do Sr. Zézinho, e as injeções de benzetacil, fedidas e doidas, mas acabavam com uma gripe chata. O cheiro do álcool queimado para desinfetar a caixa de metal e a agulha entrando no músculo do braço amarrado por uma borracha amarela roliça que era solta conforme o líquido ardido entrava queimando. Passo pela Igreja de São José olhando a quantas anda a reforma. E as memórias das missas ali assistidas. O caminho da escola que as vezes começava sozinha e depois começava a formar os grupos de colegas. A Maria da Cota trazendo um caderno esquecido pela sua filha Lucinha, e o Perna, o seu outro filho magricela, sorria dando um oi e via que saiam os primeiros fios da sua barbinha rala. Logo atrás dele e discutindo com a Lucinha vinha a Rose.
Brigas intermináveis de irmãs. O Moacir chegando para o almoço. Parado na esquina o cunhado Jayro casado com a Iracy acenava cumprimentando um vizinho ou outro. Os filhos mais velhos da Dona Quinica, amiga de minha mãe viravam a esquina da Misericórdia, e seguíamos como uma procissão de jovens alunos uniformizados rumo ao IECA. A conversa de um grupo se emendava ao grupo de trás. Todo mundo se conhecia. Vou caminhando e relembrando do vizinho da esquina, Sr. Caio e D. Elza, seus filhos Carlinhos e Eduardo. Parece que o tempo voltou na minha memória. Mas a rua de hoje transformou-se numa sequência de estabelecimentos comerciais, consultórios médicos, laboratórios clínicos, lanchonetes, academias. Impessoal e insípida, poucas pessoas caminhando apressadas. E a cada momento escuto o barulho do helicóptero águia fazendo voos rasantes pela região. Alguma batida ou busca de assaltantes. E o som antigo das vozes de jovens estudantes foi substituído pelo som do carros e buzinas. Chego ao meu destino e do portão do Cacao vejo o rostinho sorridente da amiga que me convidou para um café ! Sorrio retribuindo e cruzo com o garçom que me dá as boas vindas. Logo o meu grupo de amigas chega e entre muitos cumprimentos e cafés, silencio, observo, ouço suas conversas, seus risos, vendo seus rostos alegres, animados.