Edição 473

Page 1

Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 473 SÁBADO E DOMINGO, 14 E 15 MAIO DE 2022

CAUBY PEIXOTO

Cauby Peixoto, falecido em 15 de maio de 2016, foi um cantor brasileiro considerado um dos maiores e mais versáteis intérpretes da música brasileira. Iniciou sua carreira artística no final da década de 40... e a partir dos anos 1960 virou um grande cantor da noite. Cantou em tudo quanto foi churrascaria, inferninho e boate — até na famosa Drink, que arrendou com os irmãos no Leme, entre 1964 e 1968. Foi o Rei da Noite na época que os holofotes da mídia pareciam ter se apagado para ele. Mas eis que em 1979, Elis Regina o convida para cantar “Bolero de satã” em seu disco. Daí que não por acaso, no ano seguinte, João Araújo da Som Livre decide reerguê-lo. Nasce o LP “Cauby, Cauby” e seu segundo maior emblema após “Conceição”: “Cantei, cantei, jamais cantei tão lindo assim”. E sua interpretação se renovou. Página 2

EVENTOS CULTURAIS

Leia na página 4


2

Diário da Cuesta

Cauby Peixoto

Foram 85 anos de vida e 67 de carreira, se levado em conta que o cantor – nascido na cidade fluminense de Niterói (RJ) – entrou em cena em 1949, aos 18 anos, como calouro de programa da carioca Rádio Tupi. Foram também 65 anos de carreira fonográfica, iniciada em fevereiro de 1951 com o disco de 78 rotações que apresentou o samba Saia branca (Geraldo Medeiros, 1951) e a marcha Ai! Que carestia (Victor Somón e Liz Monteiro, 1951) na aveludada voz de barítono, de volume amplificado pelos arroubos do artista na interpretação do repertório abrasivo. Antítese do cantor cool, Cauby pecou por excessos,

EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

mas foi por essa abundância vocal e cênica que o intérprete criou escola de canto no Brasil. E é esse excesso de voz e talento que mantém Cauby como símbolo eterno das paixões da era do rádio. Fosse no paulistano Bar Brahma, onde cumpriu longa temporada em fase crepuscular da carreira, fosse nas grandes casas de show, Cauby Peixoto pisava em qualquer chão – dentro ou fora de cena – como se estivesse no lendário palco do auditório da Rádio Nacional, onde reinou na áurea década de 1950. Ele estourou em meio à geração dos cantores de rádio, na virada para os anos 1950, mas se lançou na década anterior fazendo shows em boates e programas de calouros como A Hora dos Comerciários, da rádio Tupi. Ganhou mais de dez concursos, cantando hits inesquecíveis como “Conceição” e “Blue Gardenia” – versão brasileira da canção do repertório de Nat King Cole que lhe valeu a entrada no elenco da Rádio Nacional. Cole, por sinal, foi homenageado em um dos últimos discos de Cauby, gravado no ano passado. “Nós temos o mesmo estilo de voz”, dizia, orgulhoso, sobre o cantor norte-americano, com quem se apresentou e de quem se assumia fã. Cauby Peixoto confirmou em várias entrevistas que o gosto pelas perucas volumosas, maquiagem e roupas de show inclusive no dia a dia era seu mesmo. “Sou um cantor que assumiu o brilho, o paetê e o lamê. Gosto dessas coisas”, chegou a declarar. Ao longo da vida, o cantor mudou várias vezes de estilo, sem nunca perder o charme e a exuberância. Um documentário sobre sua trajetória – Começaria tudo outra vez, de Nelson Hoineff – fala de sua imagem e da dúvida sobre uma possível homossexualidade (que ele nunca assumiu, nem negou). Segundo o estilista responsável por seu estilo, Carlão Saade, “ele não se importava com o que diziam”. Cauby preferia falar de música, de projetos para seguir na ativa e das fãs. “Uma vez encontrei uma escondida debaixo da minha cama!”, contava, orgulhoso.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


Diário da Cuesta

3

O CAOS PAULISTANO E BRASILEIRO Roberto Delmanto

Advogado Criminalista, há algum tempo não ia ao Centro de São Paulo, onde fica o Tribunal de Justiça. Meu escritório é no Jardim Paulista e as sustentações orais na Corte têm sido “online”. Acabei indo na semana passada. Meu choque foi enorme: prédios abandonados, lojas fechadas, calçadas esburacadas, pichações por todo o lado, muitas famílias dormindo ao relento ou em barracas improvisadas, e grande sujeira... Restam alguns poucos prédios incólumes como o da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e o do Teatro Municipal. Não dá para atribuir o lamentável estado do Centro paulistano só à epidemia que ainda persiste. Nossa enorme desigualdade social, maior problema brasileiro, o enorme desemprego e a falta de moradias são certamente os principais fatores. Enquanto não tivermos uma política social inclusiva a nível nacional, com corajosa redistribuição de renda, investimentos em educação, saúde, habitação e saneamento básico, além da isenção de impostos dos produtos da cesta básica, a realidade só tende a piorar. Há 80 anos, a Suécia, hoje um dos países mais justos socialmente e com melhor nível de vida do mundo, não era assim. Foi a taxação de grandes fortunas e dividendos, enormes investimentos sociais e em infraestrutura que a

transformaram. Dir-se-á que se trata de uma nação com cerca de 11 milhões de habitantes, menos de um décimo da nossa, o que é verdade. Mas feitas as devidas adaptações, haveria muito a ser aproveitado na construção entre nós de uma verdadeira democracia social, com um sistema de saúde e educação gratuitos, menos milionários e menos pobres, sem miseráveis, e com uma classe média forte e predominante. Quanto às grandes cidades brasileiras, acredito que algo poderia ser feito de imediato. Nas capitais sul-americanas que conheço- Buenos Aires, Santiago do Chile e Lima- as periferias se deterioraram, mas o Centro foi preservado. Penso que em São Paulo, se tivéssemos a coragem de zerar impostos municipais por cerca de 25 ou 30 anos, haveria um incentivo para que empresas privadas se instalassem ou voltassem ao Centro, recuperando, em contrapartida, os prédios que viessem a ocupar e suas adjacências, a começar pelas calçadas. Enquanto essas transformações nacionais e locais não ocorrem, o caos paulistano e brasileiro, infelizmente, continuará se agravando...


Diário da Cuesta

4

Dirigentes de Avaré prestigiaram mostra “Djanira: a memória de seu povo” Representando Avaré, o então secretário Municipal da Cultura Diego Beraldo e o diretor do Memorial Djanira, Gesiel Theodoro Neto, visitaram a mostra “Djanira: a memória de seu povo”, que esteve em cartaz (2019) no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Tratou-se da primeira grande exposição dedicada à obra da pintora nascida em Avaré desde seu falecimento há 40 anos, que inclui telas de todos os períodos de produção da artista, dos anos 1940 ao final da década de 70. “Em nome do povo de Avaré, terra natal da admirável Djanira, temos o prazer de expressar ao MASP a nossa gratidão pela excelência do trabalho produzido nessa mostra comemorativa. A vida e a obra da genial pintora avareense estão sendo vistas pelo público

que assim pode reconhecer a rica contribuição que ela deu à cultura do Brasil nos seus traços coloridos”, disse o ofício da Prefeitura de Avaré entregue a Isabella Rjeille e Rodrigo Moura, responsáveis pela exposição. Também prestigiaram a mostra o escritor Gesiel Júnior, biógrafo e autor de quatro livros sobre Djanira, a artista plástica Rosane Gauss e o servidor Oswaldo Moreira, da equipe do Museu Municipal “Anita Ferreira De Maria”. “Djanira: a memória de seu povo” trouxe retratos e autorretratos, obras sobre festejos populares, trabalhadores, a religiosidade afro-brasileira e católica e os indígenas Canela do Maranhão, além de paisagens brasileiras.


5

Diário da Cuesta

LEITURA DINÂMICA 1

– Cauby teve na música “Conceição” o seu despertar para a fama. Hoje é difícil imaginar a repercussão que teve o cantor com essa música por todo o Brasil, em todas as classes sociais. A partir daí, tornou-se um ídolo incomparável na então poderosa Rádio Nacional.

2

– No Brasil, o rádio predominava: não havia televisão e muito menos redes sociais. Os cantores ou atuavam na poderosa Rádio Nacional, ou na Rádio Tupi ou Rádio Mayrink Veiga. Eram os referências maiores da população brasileira.

4

– E Cauby soube se adaptar às influências musicais ao longo do tempo. Desde a fase romântica, passando pelo sucesso popular até as tendências mais sofisticadas da música no Brasil. Sua experiência nos Estados Unidos onde foi chamado de o ”Elvis brasileiro”, até a gravação que fez de Blue Gardenia e Tenderly, num perfeito inglês, com sua voz melodiosa e cativante. Tinha orgulho de sua relação de amizade com o famoso cantor norte-americano Nat King Cole que, segundo Cauby, tinha o mesmo timbre de voz dele. Cauby Peixoto passou nas últimas décadas a ser tietado pelos cantores modernos como Caetano, Gil e, especialmente, por Chico Buarque de Holanda que fez a música Bastidores, sucesso retumbante com Cauby.

3

– E foi exatamente das aparições na Rádio Nacional que surgiu os primeiros contatos e a amizade e afinidade entre Cauby Peixoto e Ângela Maria, a Rainha do Rádio.

5

– O espetáculo “CAUBY UMA PAIXÃO”, encenado pelo artista global DIOGO VILELA, nos dá uma amostragem da grande influência de CAUBY na vida artística brasileira. É um show teatralizado que percorre a carreira do cantor pontuada com músicas como Conceição. A Pérola e o Rubi, Molambo, Samba do Avião, Bastidores, Eu a Brisa entre outros sucessos gravados pelo artista. Sucesso total!


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.