Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 475 TERÇA-FEIRA, 17 MAIO DE 2022
Conheça o Anjo da Guarda de Vitoriana Página 3
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Foto: Flávio Fogueral/No�cias Botucatu
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Diário da Cuesta
Lembranças do poeta e bispo Dom José Melhado Campos * Gesiel Júnior A jubilar Academia Botucatuense de Letras traz em seus quadros nomes veneráveis, os quais permanecem dignos de louvor e assim merecem ter a sua trajetória resgatada para que tais exemplos de honradez e de cidadania, impressos nas jornadas do tempo, sirvam de farol também na atualidade. Colho nesse rico celeiro de valores culturais impressionantes, o testemunho luminoso de José Melhado Campos (1909-1996), insigne ministro religioso que fez-se dom, em especial, para Botucatu, onde conviveu pastoralmente entre os anos de 1930 e 1950, tendo em seguida, por suas múltiplas virtudes, sido escolhido para o episcopado. Clérigo de elevada estatura física, a poesia o configurava numa criatura tecida de simplicidade, cortesia e brandura. Filho de imigrantes espanhóis, apelidado de Juca, o menino limeirense gostava de circo e de jogar bola, mas ouviu cedo o chamado ao serviço sacerdotal e o respondeu com nobreza e coragem. Ainda na puberdade, o alegre seminarista mostrou-se habilidoso trovador, ao expressar em versos a sua devoção mariana, aprimorando seus dotes poéticos com viva inteligência e crescente cultura. Ordenado padre, dividia os seus saberes em salas de aula, tendo se revelado um primoroso educador.
Padre Juca começou auxiliando em Avaré, depois paroquiou em Lençóis Paulista e em Piratininga, mas nada demorou para ser designado para assumir a reitoria do Seminário de Botucatu, onde vicejavam muitas vocações. Paralelamente tornou-se cura da Catedral e desdobrou-se respondendo ainda pelas paróquias de Itatinga e Pardinho, além de, por um biênio, administrar apostolicamente a diocese, então sede vacante. Tanto esforço causou-lhe grave moléstia hepática, só curada após dolorosas cirurgias. Recuperado, o incansável sacerdote partiu em peregrinação à Cidade Eterna, no Ano Santo de 1950, para manifestar sua gratidão a Nossa Senhora. Na viagem tornou-se cronista ao descrever liricamente a memorável visita aos santuários europeus. Meses após celebrar seu jubileu sacerdotal, o Papa São João XXIII, que então já pensava na renovação conciliar, nomeou o nosso poeta Bispo Diocesano de Lorena. Em dezembro de 1960, os botucatuenses, reconhecidos, outorgaram-lhe o pergaminho da Cidadania Honorária. Na mesma ocasião, a Academia Botucatuense de Letras, na fase em que foi presidida pelo poeta Trajano Pupo Júnior, homenageou Dom Juca, membro fundador do sodalício e ocupante da cadeira que tinha como patrono o poeta mineiro Dom Silvério Gomes Pimenta, primeiro arcebispo negro do Brasil e primeiro prelado eleito para a Academia Brasileira de Letras. “Cum Matre Iesu” E esse era o lema episcopal de Dom José Melhado Campos, extraído da escritura sagrada para consolidar a união “com a Mãe de Jesus”, presente em toda a sua caminhada eclesial, culminada no Bispado de Sorocaba, para onde foi transferido em 1965. Por mais de quinze anos ele lá conduziu com sabedoria seu grande rebanho, sem abdicar da dedicação às letras, pois mesmo entre tantas tarefas pastorais, escrevia crônicas, memórias e poemas, convertidos em livros. Pessoalmente travei amizade com Dom Juca em 1981, quando era seminarista em Botucatu, época em que, brincalhão, dizia querer roubar-me de Dom Vicente Zioni. Em 1984, participei de seu triplo jubileu: 75 anos de idade, 50 de sacerdócio e 25 de bispo. Gentil, cordialmente me enviava suas obras autografadas. Até o fim de seus dias, Dom Melhado orgulhava-se de pertencer à Academia Botucatuense de Letras, da qual tornou-se o primeiro Acadêmico Correspondente em 1972. Fez parte também da Academia Sorocabana de Letras e, neste particular, com ele divido honras semelhantes por integrar os dois sodalícios. Trovador perene, o nosso querido Juca respirava versos, alguns em forma de acrósticos, como nesta quadra na qual sabiamente professou a sua ardorosa crença no Deus de Jesus Cristo, a Quem, sem reservas, entregara a própria existência: e ninguém Ele procede. D E nós d’Ele procedemos: Único Ente adorável: Sem restrições O adoremos.
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Anjo da Guarda de Vitoriana
André Godinho
Ela é Maria, Sergipana, mulher forte que ostenta 92 anos de vida. Sim, ela é Maria, mas desde muito cedo passou a ser chamada de Orelina. Ou Orelinda, como eu costumo chamar, porque é linda, não é? Eu não me lembro como foi que a conheci, mas há alguns anos visito sua casa com alguma frequência. Lá em 2015 levei um porta-retrato com uma foto que tirei com ela. Ela deixou sobre a mesa. Dona Orelinda é um anjo na terra, como dizem aqueles que a procuram. Atende a quem chegar com seus galhinhos de feijão guandu. “A arruda é melhor e eu tinha um pezinho no quintal, mas vieram umas mulheres aqui e foram lá apanhar um pouco. Depois de uns dias secou tudo, que chegava estralar as folhas”, contou ela. Com uma mão na cabeça de quem recebe a oração, ela espalha o “efeito curativo” das folhas com a outra mão. Faz vários movimentos pela face proferindo sussurros que não são possíveis compreender, exalando o restinho da fumaça do cachimbo de fumo de corda, que é seu fiel companheiro há muitos anos.
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São milhares de pessoas que já passaram pela casa humilde no distrito de Vitoriana em Botucatu em busca de oração contra inveja, mal olhado, quebrante... “Pois é fio, tem mesmo”, sempre diz ela ao final da reza. E por incrível que pareça, as crianças se acalmam, os adultos saem mais leves e tudo de ruim parece ficar impregnado naquelas folhinhas verdes, que as vezes chegam a secar. Agora, ultimamente, ela anda entristecida. Há um ano perdeu dois filhos, com poucas semanas de diferença. Fica com aqueles olhinhos miúdos todos molhados quando fala deles. Um deles morava com ela. Mesmo assim, diz que não quer sair de lá para ir morar na cidade. “Só saio daqui quando nosso Senhor Jesus Cristo me levar. Já quiseram que eu fosse morar com um, com outro, mas eu disse que daqui da minha casinha eu não saio”. Que Deus dê muita saúde a essa mulher. Que seus dias sejam leves, que suas dores sejam cócegas e seus olhos só vejam o bem. Dona Orelinda, meu muito obrigado por tanta generosidade com todos aqueles que buscaram em ti, um consolo ou uma oração. Seu dom maravilhoso tem que ficar guardado para sempre, para que seja contado por gerações!
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Esportes Lucas Nogueira
Fórmula 4 estreia no Brasil com etapa em Mogi-Guaçu A primeira etapa contou com a presença do ex-chefão da F1, que estava acompanhando sua esposa que é vice da FIA na América do Sul Dos dias 12 a 15 de maio, a Fórmula 4 Brasil realizou sua etapa de estreia da temporada no Autódromo Veloci�a, em Mogi-Guaçu, no interior de São Paulo. A categoria é inserida no país com o objetivo de formar jovens pilotos na categoria de Fórmula, com o intuito de ser um passo além do kartismo para que se torne mais próximo o sonho de ter um lugar na Fórmula 1. A primeiro momento, o grid conta quatro equipes, sendo elas a Cavaleiro Sports, Full Time Sports, KTF Sports e TMG Racing, e 16 pilotos, sendo quatro pilotos por cada escuderia. O chassi e o motor de todos os carros são de origem italiana. O modelo é produzido pela Tatuus, que é fornecedora de carros para categorias juniores na Europa e a motorização dos carros é feita pela Abarth, que produz veículos de competição para a Fiat, e conta com um motor de 4 cilindros turbo, que gera 176 cavalos de potência. Bernie Ecclestone prestigiou a estreia da Fórmula 4 e ressaltou a importância da categoria no país. Além disso, acompanhou de perto Aurélia Nobels, de quinze anos que é a única mulher a participar da categoria. “A Fórmula 4 tem ajudado a formar pilotos que podem se tornar campeões mundiais. E nós precisamos que o Brasil tenha campeões de novo. É muito bom ver isso acontecer, uma mulher no grid.”, ressaltou o ex-chefão da F1. Na primeira corrida do final de semana, Pedro Clerot, da Full Time Sports se tornou o primeiro vencedor da Fórmula 4 brasileira. Após largar na pole position, Clerot venceu sem ter nenhuma ameaça. Na largada, Ricardo Gracia, que era terceiro colocado, perdeu o controle de seu carro na curva 3 acabou colidindo com Lucas Staico, segundo colocado, tirando da prova seu adversário. Ricardo conseguiu se recuperar e finalizou a prova na sétima colocação. No pódio subiram Pedro Clerot, Nicholas Monteiro e Nicolas Giaffone. Na segunda corrida, Gracia largou em segundo e ultrapassou o pole-position Felipe Bartz Barrichello. Passando com tranquilidade, venceu a prova sem grandes ameaças de Bartz, que batalhou para segurar sua segunda posição. O pódio da segunda corrida ficou com Gracia em primeiro lugar, Bartz em segundo lugar e Fefo Barrichello em terceiro lugar. Finalizando a primeira etapa da temporada, a corrida de domingo teve como confirmação o domínio de Pedro Clerot, que se recuperou de uma punição levada na sexta-feira, ultrapassando Staico que era pole-position. O pódio desta corrida ficou com Clerot, Staico e Gracia. A próxima etapa da Fórmula 4 no Brasil acontecerá no dia 31 de julho, com rodadas triplas no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.