Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
ano I Nº48
SEGUNDA-FEIRA, 04 de janeiro de 2021
Viveu (e Morreu) em Botucatu o Neto do Inconfidente-Poeta Alvarenga Peixoto. por HERNÂNI DONATO Página 4
CHUVA FORTE:
ALAGAMENTOS & ESTRAGOS!
Chuva forte e continua no primeiro dia de 2021 assustou e paralisou Botucatu. Com a região da “Baixada” totalmente alagada, as ruas Major Matheus e Tenente João Francisco transformadas em enxurradas gigantes, o buracão aberto na avenida José Barbosa de Barros... Botucatu alagada... A Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal e a Prefeitura Municipal agiram rápido e interditaram ruas e direcionaram o trânsito.
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Diário da Cuesta
ARTIGO
"Sei que não vorta mais"
José Maria Benedito Leonel
Severino sentô praça e perdeu a graça. O Belarmino, que era miudinho, morreu matado. O Pedro bebia pinga e chupava manga. O Luiz tocava viola e fugiu da escola. E tinha as meninas, as muié. A Lurdes tinha dor de dente. A Rita era bunita. A Joana, mandona. A Darva, dançava. A Lazinha tinha bronquite. A Conceição mijava no corchão. A Luzia, fraquinha, bebia leite com farinha. Nos domingos de meis nóis ia na Vila, na Capela. Nóis ia tudo aprumado e tudo
Da fiarada do pai e da mãe, cada um era de um jeito, nos acertos e defeitos. O Tonho gostava de cantoria, andava de noite e dormia de dia. O Juca era lelé da cuca. O Juão era marrento, briguento e turrão. O Mané falava dormindo. O Gumercindo foi pra guerra n’outras terras.O Joaquim que tocava berrante, virô andante. O Chico era doido por muié e tinha bicho de pé. O Bastião era bão e virô padre. O
ADEUS ANO VELHO
ARTIGO BAHIGE FADEL Finalmente! Estou escrevendo esta crônica no último dia do ano. Vixe! Vai tarde. Será que alguma pessoa vai sentir saudade desse ano? Se houver, é muito pouca gente. Donos de laboratórios de fabricação de vacinas... fabricantes de seringas... de alguns remédios, como a hidroxicloroquina... Alguém mais? Alguns especuladores, pessoas que vivem da miséria alheia. Alguns oportunistas. Perdão, muitos oportunistas. Oportunista é o que não falta no mundo. Mas a grande massa da população não vai sentir saudade nenhuma. Xô! Xô! Xô! Desapareça, ano velho. Fique só na história. Na história, esse ano ficará. Ninguém conseguirá apagar a triste história desse fatídico ano. Sabem que, no começo – escrevi sobre isso no início da pandemia – eu achava que alguma coisa de bom a gente tiraria disso tudo. Achava, por exemplo, que após a pandemia, as pessoas seriam mais humanas, mais solidárias, mais empáticas. Ledo engano! Nada disso está ocorrendo. Dizem que as pessoas aprendem com o sofrimento, mas, neste caso, pa-
rece que não aprenderam nada. Durante esses meses, aflorou o que havia de pior no ser humano. Nunca vi tanto ódio, tanto rancor, tanta indisposição para o diálogo, tanta disposição para a crítica. As pessoas pensavam mais em encontrar culpados. Não, não é bem isso. As pessoas não estão procurando culpados. As pessoas estão dedurando pessoas que elas acham serem culpadas. E esse dedurar não é para a solução de algum problema. A solução do problema parece secundária. A intenção principal é ofender, denegrir, ferir, macular, magoar, apenas pelo simples desejo de causar o mal ao adversário, ao inimigo, ao opositor. Demoníaco. Portanto, nesse aspecto, não tiramos lição alguma. A não ser que a lição seja que há pessoas que fazem questão de aparecer graças à queda dos outros. É uma pena. É uma lástima. Na verdade, concluí que não há culpados nessa pandemia. Até que se prove o contrário, é mais uma pandemia que a inteligência humana não conseguiu evitar. A peste bubônica, por exemplo, que disseminava ao contato com as pulgas e com roedores infectados. Ocorreu no século XIV e matou aproximadamente 100 milhões de DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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junto. Duro era a vorta. O Pedro bebia, o Juão brigava, a Luzia sumia, a Lazinha chamava a mãe que procurava o pai, o pai gritava cô Dito que fosse atrás da Rita, a bonita da famia, que não achava o Juca, que da cabeça não batia. Eta famía bendita e farturosa. Depois que o pai co’a mãe foram pro céu mudô tudo, esparramô tudo, cada quar seguiu seu destino. Pouco sei deles, pouco sabem de mim. Tempo bão quando nóis tinha pai e mãe, na nossa terra. Sei que não vorta mais, mas tenho saudade da famía que um dia foi a minha.
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
pessoas. É bom lembrar que a população mundial naquela época era de 450 milhões. O percentual foi grande. A varíola foi outra pandemia, que durou três anos e só foi erradicada em 1980, quando se descobriu uma vacina eficiente. A cólera ocorreu pela primeira vez em 1817, e ainda pode ser considerada uma pandemia, pois mutações do vírus da cólera continuam atormentando populações de países subdesenvolvidos, principalmente. A gripe espanhola é uma das mais conhecidas. Apareceu na Espanha em 1918 e durou aproximadamente quatro anos. Matou cerca de 50 milhões de pessoas. Rodrigues Alves, então presidente do Brasil, foi infectado pelo vírus e morreu em 1919. Conta a lenda que, em São Paulo, a população recorreu a um remédio caseiro feito com cachaça, limão e mel. O único resultado desse remédio é que, assim, surgiu a caipirinha. A gripe suína – vírus H1N1 – surgiu no México, em 2009. Foi menos letal do que as outras epidemias. Quem é o culpado pelo surgimento desses vírus? Só Deus sabe, embora haja pessoas alardeando, com seu ódio e irresponsabilidade, os culpados, que são sempre os inimigos, os adversários, os opositores. Nessa história toda, só falta a verdade. Mas o ano novo está chegando. Que ele venha com a vacina e a solução dos problemas. FELIZ ANO NOVO PARA TODOS!
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P O E S I A O Batizado da Cidade Morena poesia de José Pedretti Neto. Trazemos uma preciosidade literária que é o poema-homenagem de Pedretti Neto à sua cidade. Em um tempo em que os poetas escreviam e homenageavam seu torrão natal... Ao mesmo tempo que divulgamos a boa literatura, procuramos incentivar novos poetas a apresentarem seus trabalhos no exercício sadio da cidadania. Pedretti Neto exerceu o magistério e o jornalismo, tendo participado de todos movimentos culturais de nossa cidade. Já falecido, foi lembrado na fundação da ABL – Academia Botucatuense de Letras como seu PATRONO, quando HUGO PIRES fez sua ilustração para a Galeria dos Patronos da ABL. O seu poema cívico em homenagem a Botucatu também foi apresentado durante as comemorações do 1º Centenário, no dia 26 de maio de 1955 e publicado na edição de nº 1, da revista botucatuense de cultura - PEABIRU, de janeiro/fevereiro de 1997:
O BATIZADO DA CIDADE MORENA
Houve uma festa enorme no batizado da cidade recém-nascida. Na catedral verde da mata toda enfeitada de festões e cipoama o padrinho foi o primeiro que chegou. Era um bandeirante ousado e façanhudo. um comedor de terra. um come-léguas, um Chico vira mundo. Entrou com o facão abre-picada e sem dar satisfação meteu as botas pela nave tapetada de musgo. Lá fora no átrio da igreja de esperança, - capim fino, dormideiras, maravilhas brancas e vermelhas...joás... tudo que é planta e flor se transformou num tapete em demanda da pia batismal! O bandeirante façanhudo carranca carregada. barba negrejante, subiu a serra e parecia que o coração aos saltos lhe saia pela boca. Lá em cima, nos corcovos da terra a serra descia e subia e voltava e sumiabrincando de esconde-esconde com o sol. O bandeirante parou extasiado e respeitoso fez o Sinal da Cruz. Depois, conclamando as gentes prá festança disparou um violento tiro de arcabuz. A serra inteira incendiou-se de luz... Veio o padre. seu vigário. todo de preto, mas alegre e brincalhão. Parece que este homem tem um sol no coração. Bem se vê que ele é destemido, destorcido. capaz de enfrentar o saci, o curupira e até assombração ! Cruz credo ! Este homem não tem medo de mula sem cabeça... Este homem dá risada do caipora e da magia dos pagés. Este homem - parece mentira ! na terra de Tupã plantou uma capelinha. Uma capelinha que diante da serra é tão pequenina, miudinha, assim deste tamanho... Mais parece uma casa de boneca essa capela... Mas essa capela tão pequena, com seu sino espevitado. desafinado. marcou o destino da terra que nascia : a marca da alegria e da bondade que os sinos de Deus imprimem na vida, nos homens, nos povos, nas cidades... E seu vigáno-jesuíta trouxe coroinhas cor de cobre uns tapuias que moravam por ali. Na cátedral verde da mata os picos da serra eram torres apontando o Infinito !
Um artista consumado, o vento sul, vento andejo. moleque endiabrado, independente como ele só, altivo como não há outro, ajeitou a ondulante cabeleira de maestro e depois com a batuta das palmeiras vaidosas, esperançosas, altaneiras, preludiou o “Glória” na ramagem da floresta. Era o início da festa ! O bandeirante chegou desajeitado carregando nos braços possantes um corpo franzino de menina. Um corpo moreno vestido do azul do céu e do branco das nuvens. O padre tirou do Lavapés a água lustral para o batismo da cidade. E enquanto falava com Deus numa língua desconhecida tomou o óleo louro do sol e com ele traçou no corpo moreno da terra o sinal da Cruz! Depois, num gesto altivo e nobre, levantou a voz e proclamou : “Em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo eu te batizo. Botucatu.” Pelas quebradas, pelos vales, pelas grotas, pelas picadas da serra, na paz das solidões e das malocas, o eco repetiu o nome batismal... Acordaram as tribos mal dormidas... Repetia a Natureza comovida : Este nome tem um gosto de cantiga este nome simboliza um fanal... Depois. a festança de fazer água na boca. O Lavapés alcoviteiro. novidadeiro. perdendo a languidês saiu aos pulos e aos pinotes contando umas coisas que ele ouviu. Umas coisas que não entendeu muito bem umas coisas esquisitas, uns pensamentos, umas profecias saidos da boca de seu vigário-jesuíta. No ocaso o sol se punha. O jesuíta olhou a paisagem ensangüentada de sol e erguendo o braço apontou a distância. E ali do púlpito telúrico, para as aves, para as plantas, para os bichos, para o bandeirante, pronunciou o seu sermão : - Esta cidade, meus irmãos, um dia será nossa esperança como já é nossa alegria. Do Lavapés ao ribeirão Tanquinho, do Capivara ao Tietê ao Pardo e ao Paranapanema pela terra onde zunem flechas por onde andejam as tribos erradias do Iguatemi ao Ivinhema há de impor-se o nome de Ibitucatu ! Nome, mensageiro de amor. mensageiro de fé, mensageiro de paz, um nome que há de ser símbolo para dar ao amigo um abraço, para dar à criança um regaço, para fechar os olhos do que morre, para rezar sobre a campa uma oração. Para dar ao inimigo o seu perdão! Botucatu será maior que todas as cidades, de todos os tempos, de todos continentes, de todas as idades ! Nessa avaliação não importa a riqueza, nem tamanho. O que importa é ter nobreza e coração ser trabalhador, ser honesto e ser cristão ! E Botucatu o será ! Na sua majestade sobre a serrania ela mesma confessará um dia : acima de mim, olhai vós todos, acima de mim somente existe, a cidade de Deus, o Deus que me criou ! Acervo Peabiru
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ARTIGO
Viveu (e Morreu) em Botucatu o Neto do Inconfidente-Poeta Alvarenga Peixoto
HERNÂNI DONATO A matéria sobre a vida e morte do neto de Alvarenga Peixoto - O Inconfidente-Poeta - deverá polarizar as discussões da “intelligentzia” botucatuense. A Revista Peabiru apresentou nessa matéria com muita pesquisa, mais um desafio à pesquisa: teria o neto de Alvarenga Peixoto vivido e morrido na cidade de Botucatu ?!? Em sua poesia nativista do “Canto Genetlíaco”, Alvarenga Peixoto, aludindo em determinado trecho à sua “bárbara terra mas abençoada”, dizia: “Isto, que Europa barbaria chama, Do seio das delicias tão diverso, Quão diferente é para quem ama Os ternos laços do seu pátrio berço”. Herói da Inconfidência Mineira. Juntamente com Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antonio Gonzaga, pertencente ao núcleo intelectual do movimento pioneiro da libertação nacional. Poetas Inconfidentes... Inácio José de Alvarenga Peixoto, Juiz, fazendeiro, minerador, poeta, conspirador, dispôs de duas portas para entrar na história: o renome poético e o martírio patriótico. Serviu-se de ambas. Suas poesias: estão em todas as antologias como expressões maiores de um tempo e uma escola. Seu nome, em primeira linha quando se cogita da Inconfidência Mineira.
Ouviu, no cárcere a sentença de morte, o perdão real, o mandado final de degredo para Angola onde morreu, vítima de febre, não muito depois de chegado. Deixara nas Minas Gerais, além de fortuna avantajada, que o Estado reinol confiscou, a esposa famosa então e ainda mais no futuro - Bárbara Heliodora - e quatro filhos. Os cinco, marcados pelo terrível sêlo desqualificante, parte da sentença condenatória: infames, por serem mulher e filhos de um tal réu. Vale dizer: exilados em sua terra, invalidos para qualquer ação com o poder público, o que era, então, imobilizador. Dos filhos, a primogênita faleceu em 1794. O moço João Damasceno parece não ter visto filhos seus. Insistem os cronistas (ver Domingos Carvalho da Silva). Outro rapaz, Tristão Antônio morreu solteiro. Para manter a descendência restou José Eleutério que
da espôsa, Mariana da Silva Lopes, recebeu cinco filhos. O quarto filho foi batizado Tristão Antônio em homenagem ao tio. Fosse por razões econômicas (já não havia ouro nas Gerais enquanto em São Paulo o café gerava fortunas) ou por outras, Tristão Antônio procurou outras cidades para viver. Não fica mal o lembrar que embora o Brasil fosse independente, a família reinante - Bragança - era a mesma que cominara a pena de degredo e o ferrete de infâmia à família Alvarenga Peixoto. O assunto Inconfidência ainda não era tratável ( só o foi com a República) e a infâmia não fora levantada. Fato é que Tristão Antônio escolheu Botucatu, cidade entre as mais realizadas e promissoras. Não se conhece quando veio mas sabe-se que foi Capitão da Guarda Nacional e que aqui faleceu entre março de 1866 e junho de 1867. E sabe-se por existir na biblioteca do poeta, crítico, professor e acadêmico Domingos Carvalho da Silva, exemplar do livro que terá sido especialmente prezado pelos botucatuenses. Volume das “Obras Completas” do avô e bisavô, o poeta inconfidente... Na famosa edição de 1865, preparada por Joaquim Norberto. Não havendo livreiro em Botucatu (que se saiba), os Alvarenga Peixoto terão mandado buscar exemplar no Rio de Janeiro e o elevaram à condição de ícone. No volume, a família quis deixar bem claro - fazendo-o de Bíblia para assentamentos - o quanto admiravam o ancestral e se orgulhavam do nome Alvarenga Peixoto. Do frontespício constam as assinaturas de Tristão Antônio de Alvarenga Peixoto Lopes e de Guilhermina Carolina de Alvarenga Peixoto. O marido, neto do condenado, uma geração em seguida ao degredo, ostenta o nome da família materna. Sua esposa e todos os filhos orgulham-se com o ser Alvarenga Peixoto e ostentam o nome. É assim que se apresentam na página seguinte ao frontespício, conforme uso do tempo entre gente que se preza e ir sua ascendência: “Tristão Antônio de Alvarenga Peixoto Lopes e seus filhos: José Ignácio de Alvarenga Peixoto, Guilhermina C. de Alvarenga Peixoto, Marianna Guilhermina D’Alvarenga Mello, Ana Augusta de Alvarenga Peixoto, Laura Amélia(ou Amália) de Alvarenga Peixoto, Francisco Ignácio de Alvarenga Peixoto, Jorge Frederico de Alvarenga Peixoto, Affonso Henriques de Alvarenga Peixoto, Maria Efigênia de Alvarenga Peixoto. Botucatu, Março de 1866”. A família como que se recenseou para que melhor a conhecessemos. A edição, carioca, é de 1865; o rol de assinaturas aposto de certo algum tempo depois dos nomes grafados no frontespício (pai e mãe) é de março de 1866. Em junho de 1867 o precioso volume foi remetido para São Paulo: “Os filhos do finado Tristão Antônio de Alvarenga Peixoto Lopes offerecem este livro ao Ilmo. Sr. Dr. João Pinto
de Castro. Botucatu, 20 de junho de 1867”. O patriarca local se fora, era “finado”. A mãe, também, pela dedicatória e mesmo pela lista do ano anterior. Domingos Carvalho da Silva identificou o destinatário do volume: formara-se em direito naquele ano. Viria a ser genro do Barão do Ramalho. Curiosamente, nos anos quarenta, Domingos Carvalho da Silva trabalhou na Fazenda Lageado, então federalizada. Procurou, sem resultados, elementos maiores sobre os Alvarenga Peixoto em Botucatu. Trata-se, pois, de uma pesquisa a ser feita. Como teriam os botucatuenses daqueles anos recebido e convivido com gente vinda sob a legenda da conspiração, da desgraça e da infâmia ?!? Metade da população da pequena Botucatu de então era proveniente de Minas mas a totalidade não falaria, com agrado, dos sucessos da Inconfidência. Era a norma nacional... Não fique sem enfase o ter sido Tristão neto de uma avó com lugar muito especial na crônica das musas e mesmo, segundo alguns estudiosos da vivencia poética, no tirocínio do poeta e que foi Bárbara Heliodora. REGISTRO HISTÓRICO INCONFIDÊNCIA MINEIRA: LEITURA DINÂMICA.
Foi o primeiro movimento que manifestou a intenção de promover a separação de Portugal - A exploração econômica portuguesa sobre o Brasil foi a causa principal e atingiu o seu auge no final do século XVIII. Era o colonialismo predatório. As riquezas do Brasil estavam se esgotando, principalmente o ouro. Portugal, no entanto, achava que os colonos fraudavam a Coroa. Não acreditava que o ouro estivesse acabando. O Marquês de Pombal, em 1750, estabeleceu a cota de 100 arrobas (1.500 Kg) como imposto anual a ser pago em ouro. A população não conseguia atingir essa quantia. Então, foi implantada a derrama, em 1763, como meio de obrigar a população a pagar o faltante através da expropriação de seus pertences, sem se levar em conta se mineradores ou não. O agravamento da crise com o consequente aumento do sentimento de revolta ocorreu em 1785, quando D. Maria I - a louca -, Rainha de Portugal, decretou alvará proibindo as manufaturas no Brasil e obrigando que as mesmas devessem ser importadas de Portugal. A Metrópole asfixiava a incipiente economia brasileira. A revolta entre a classe dirigente da Colônia era geral. A par da situação econômica, havia a influência do liberalismo e da independência americana. A Influência do liberalismo era sentida com o retorno dos filhos das famílias ricas do Brasil que estudavam na Europa. Os
ALVARENGA PEIXOTO (Marcos Ricca) e TIRADENTES (Humberto Martins) jovens retornavam ao Brasil impregnados pelas novas ideias, como o liberalismo, do inglês John Locke e as ideias do iluminismo, pregadas pelos franceses Montesquieu, Voltaire e Rousseau. No entanto, o que mais influenciou, sem dúvida alguma, foi a repercussão da Independência dos Estados Unidos da América, ocorrida em 1781: era a prova provada de que a independência de uma colônia era possível de ser alcançada... Líderes da Inconfidência: A maioria era pertencente à elite econômica. Talvez só Tiradentes fosse remediado. Os outros, se jovens estudantes, eram filhos de famílias ricas, os demais, eram abastados proprietários rurais e mineradores. Principais Líderes: Cláudio Manuel da Costa, poeta et rico minerador; Luíz Vieira da Silva, cônego; Alvarenga Peixoto, poeta, próspero minerador e fazendeiro; Tomás Antônio Gonzaga, poeta, intelectual e Ouvidor de Vila Rica; Carlos Correia de Toledo e Melo, vigário de São João Del Rei e próspero minerador; José Alvares Maciel, estudante de Química e filho do Capitão-Mor de Vila Rica; o estudante José Joaquim Maia que tentou conquistar o apoio do Presidente Americano, Thomas Jefferson para a causa da Independência; Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente-coronel comandante do Regimento dos Dragões; os irmãos Francisco Antônio e José Lopes de Oliveira, o primeiro militar e o segundo padre, ambos grandes proprietários rurais; Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, principal organizador e líder político da rebelião, era alferes, posto da carreira militar logo acima de sargento. Fim do Sonho: Teve início a 15 de março de 1789, quando o traidor Joaquim Silvério dos Reis, esperançoso de ter as dívidas perdoadas, denunciou seus companheiros ao governador, o Visconde de Barbacena. Presos, 11 inconfidentes foram condenados à morte, sendo que D. Maria I estabeleceu o degredo perpétuo para 10 desses inconfidentes, sendo só Tiradentes o bode expiatório: seria enforcado (21/04/1792), sendo sua cabeça cortada e levada a Vila Rica, onde seria pregada em alto poste, em lugar público movimentado, sendo que seu corpo seria dividido em quatro quartos e pregado em postes nos sítios de maiores povoações. Tiradentes é declarado réu infame, e seus filhos e netos. Seus bens são confiscados. A casa em que vivia em Vila Rica seria arrasada e o solo salgado... O SONHO: Com a independência, a Nova República teria São João Del Rei como Capital. A criação de uma Universidade, a Abolição da Escravatura, o incentivo a industrialização eram metas do Inconfidentes... (AMD)