Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 484 SEXTA-FEIRA, 27 MAIO DE 2022
Estamos em obra! "O zelo da tua casa me consome” (Sl 69)
Faz um mês que nossa Casa Catedral está passando por uma obra de revitalização externa. Devido ao tempo e a necessidade de manutenção, a Comunidade está se mobilizando para cuidar de nossa Catedral. Todo o trabalho está sendo realizado com parcerias e empenho de nossos leigos para cuidar do cartão postal de nossa Botucatu e a sede de nossa Arquidiocese. #vempraCatedral #somosigreja #ComunidadeViva #igrejaemsaida #acolhendobem #Obras2022
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FUI CRIADA... JENIFER DE ALMEIDA DONIDA Presidente da Associação de Poetas e Escritores de Botucatu
Fui criada com os pés na terra, ladeada pelos campos, com flores sempre se abrindo e nunca via poluição. Fui criada com moda de viola, serenata ao luar e quantas cantigas de ninar... Fui criada pulando fogueiras de São João, comendo milho cozido e muito quentão.
Fui criada montada em meu cavalo baio, cozinhando no fogão a lenha, tomando café no bule de latão. Fui criada, tal um passarinho, sempre nos galhos das árvores, buscando frutas para comer. Fui criada tomando leite na mangueira, misturado com conhaque, café ou chocolate, tão espumado que dava gosto ver! Fui criada deixando meu barquinho deslizar na enxurrada. É tanta saudade que dói meu peito! Fui criada com amigos verdadeiros, onde nadava em rios, cachoeiras e cascatas... Fui criada como as abelhinhas, livres, soltas, símbolo de minha terra - Manduri! Hoje faço poesia e em cada uma há um tanto do que fui.
EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
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O ENCANADOR
NANDO CURY
Lolô e Deco, 25 anos de casados, dois filhos já formados, levam uma vida muito tranquila num condomínio da zona oeste da cidade. TOQUE DE INTERFONE. AO FUNDO: BARULHO DE BARBEADOR - Lolô não está ouvindo o interfone? GRITA DECO, ABRINDO A PORTA DO BANHEIRO DA SUÍTE E APARECENDO COM O BARBEADOR NA MÃO, - Lógico que eu ouvi. Mas, você com essa geringonça ligada me deixa surda. - Continua tocando. Vai atender ou não? - Alô, sim é a Lolô do 175, Edifício Lindóia. - Dona Lolô, aqui é o Waldir da ADM. Seu vizinho de baixo, do ap.165, mandou um memorando reclamando de um vazamento no banheiro da suíte. - Chi, estragou alguma coisa? LOLÔ, COM VOZ DE PREOCUPADA. - Não por enquanto são pingos, que ao que parece vem da caixa de descarga. - Só isso? - Só, mas está aumentando, né. Precisa chamar um encanador pra consertar a caixa de descarga. - Ok, vou falar com o Deco, meu marido. É ele quem entende desses enroscos. - Não, não está enroscado não Dona Lolô, está desroscado, e gotejando muito... - Ô Waldir, eu entendi o que está acontecendo, obrigada. - De nada. DESLIGANDO O INTERFONE - Oi Deco era o Waldir. - Você fala tão baixinho, né, querida. Já ouvi a história toda. - Vou pedir indicação de encanador no nosso grupo de WhatsAp. LOLÔ DIGITA NO GRUPO DO CONDOMÍNIO. “Alguém conhece um bom encanador que saiba regular a caixa de descarga?” COMEÇAM A PINGAR AS INDICAÇÕES NO WHATSAP DO CONDOMÍNIO. Maurício é ótimo, atende logo, Cel. X. Contratei o Juracy que é caprichoso e barateiro. Cel. Y. Figueira é especializado na área e deixa tudo no lugar. Cel. Z, - PRUMMMMFT. Passei pro seu zap, agora é com você Deco. FALANDO BEM ALTO PARA DESPACHAR O PROBLEMA PRO MARIDO. - Ok, já ouvi. Assim que tiver um tempo eu faço os contatos. COMPLEMENTA DECO. DEZ DIAS DEPOIS. TOQUE DE INTERFONE.
- Lolô não está ouvindo o interfone? GRITA DECO, DA VARANDA DA SALA - Não sou surda, darling. Sempre sou eu quem atende. Não é mesmo? Alô? - Dona Lolô é o Waldir aqui da ADM. Lembra do vizinho do andar de baixo, do ap.165? - Sim lembro, aquele do vazamento no banheiro da suíte. - Pois é, ele mandou um memorando pra ADM. - Outro memorando? O que aconteceu agora? - Alagou o corredor do ap. dele? - O que? Que bomba! - Deu pressão invertida na água da caixa de descarga da suite. - E quem fez esse diagnóstico? - Foi a junta dos encanadores indicados pelo WhatsAp do condomínio. - Espera aí Waldir. Tenho quase certeza que um desses indicados veio consertar a nossa caixa de descarga. - Não foi eles não, Dona Lolô. - Acho que está havendo algum engano. Como você sabe? - Um tal de Clóvis ligou aqui a pedido do Seu Deco e disse que já tinha dado um jeito na caixa de descarga. - Um jeito, né? Quando esse tal de Clóvis ligou tinha um barulho de barbeador ao fundo? - Tinha sim, por que? NOTA: Ouça os diálogos de Lolô e Deco no Semônica, do podcastmais.com.br.
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Esporte em Destaque
Vinícius Alves
Botucatu e seus anos no futebol profissional
A cidade de Botucatu já esteve no mapa do futebol profissional do estado de São Paulo. Durante os anos 1950 e 1960, o município viveu seu auge, tendo duas equipes figurando nas principais divisões do Campeonato Paulista. Com campanhas de destaque e uma intensa rivalidade, a Associação Atlética Botucatuense e a Associação Atlética Ferroviária escreveram o nome da cidade na história do futebol profissional. Associação Atlética Botucatuense Fundada em 21 de abril de 1918 por Floriano Nunes, Antônio Saleme, José Nicoletti, Mário Torre, Acácio Pinto Costa, Michel Audi e Gamaliel de Almeida, a Botucatuense é o clube mais antigo da cidade. Também conhecida por Veterana, o clube tem sua sede localizada na área central da cidade, e sua equipe de futebol disputava seus jogos no antigo estádio Antonio Delmanto, do qual hoje restam apenas parte de sua arquibancada. Durante 10 anos sua equipe de futebol esteve na disputa das divisões de acesso do Campeonato Paulista. A AAB chegou para a disputa da terceira divisão pela primeira vez em 1954, tendo ainda marcado presença na edição do ano seguinte. Em 1957 a equipe chegou ao seu ponto de maior destaque, estreando na segunda divisão do Campeonato Paulista, competição onde se manteve durante três anos. A Veterana voltou a disputar a terceira divisão em 1960 e ali permaneceu até o ano de 1964. Associação Atlética Ferroviária Fundada em 03 de maio 1939, a Ferroviária nasceu a partir da iniciativa de Manoel da Silva e Lúcio de Oliveira Lima, funcionários da seção de almoxarifado do depósito de locomotivas da Estrada de Ferro Sorocabana. A equipe foi formada visando ter em seu elenco os melhores ferroviários da companhia férrea e iniciou suas atividades em um terreno baldio, conhecido como “Brejão”. Ali, mais tarde, seria inaugurado o estádio Acrísio Paes Cruz, e onde também o clube construiria toda a sua estrutura. Dessa maneira, a Ferroviária ficaria conhecida como a Gigante da Baixada. Apesar de ser uma equipe mais jovem, a Ferroviária teve mais participações nos campeonatos profissionais do estado e campanhas de maior destaque. A equipe soma três participações na
AAB: Em pé: Osvaldo Carrapicho,Tide, Friaça, Tisnau, Cigano e Sílvio. Agachados: Pulga, João Preto, Jonas, Nézio e Souzinha.
AAF: Em pé: Adésio, Carlito, Pando, João, Ovidio e Paulo Silva. Abaixados: Passarinho, Nivaldo, Wilson Bauru, Celsinho e Vicente Chirinéa (Pulga)
Terceira Divisão do Campeonato Paulista (1954, 1955 e 1960), além de dezesseis aparições na Segunda Divisão ( 1948, 1949, 1950, 1951, 1952, 1956, 1957, 1958, 1959, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966 e 1967). Rivalidade local Com duas equipes na disputa de torneios profissionais, a rivalidade local, que já se mostrava intensa em competições amadoras, cresceu ainda mais. A Veterana concentrava grande parte de sua torcida na região central de Botucatu, enquanto a Ferroviária tinha a região da Vila dos Lavradores, popular “Bairro” como coração de sua torcida. Em semana de jogo entre AAB e AAF os ânimos de torcida e jogadores se intensificavam. Prova disso é partida realizada em 12/12/1942, que ficou marcada por uma pancadaria generalizada entre jogadores, com a torcida invadindo o gramado, conforme relatado pelo jornalista José Nicoletti.
Durante três anos, Botucatu teve suas duas equipes na divisão de acesso à elite do futebol estadual. No ano de 1957, o torneio contava com equipes conhecidas até os dias de hoje, como Bragantino, São Bento, Paulista e Inter de Limeira. Fim da era profissional Durante a década de 1960 as equipes foram perdendo sua força para se manter no futebol profissional, deixando de figurar nas competições estaduais. Atualmente ambos clubes contam com uma grande estrutura em suas sedes sociais, disponibilizando para seus associados as mais variadas opções de esportes e lazer. Ainda assim, Botucatu, com sua Veterana e sua Gigante da Baixada, ajudou a escrever a história do futebol paulista em uma época que as equipes da interior eram fortes e exigiam dos clubes ditos grandes em cada partida disputada.