Edição 485

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Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 485 SÁBADO E DOMINGO , 28 E 29 MAIO DE 2022

Alfredo Volpi

foi um dos principais artistas da segunda geração da arte moderna brasileira. Ganhou destaque com pinturas de casas e bandeirinhas de festas juninas (sua marca registrada). Nasceu na charmosa cidade de Lucca (Itália) em 1896 (14/04) e veio para o Brasil com sua humilde família quando ainda era um bebê. Faleceu em 28 de maio de 1988. Teve uma trajetória singular, pautada por sua paciência e pelo apego à família. Jamais perdeu o sotaque italiano e nunca quis se naturalizar para tentar se manter ligado com suas raízes europeias. Tinha quase 50 anos quando fez sua primeira exposição individual e pintou por quase sete décadas. Com certeza, Alfredo Volpi foi um artista muito mais do que o pintor das bandeirinhas.Leia a Leitura Dinâmica, pág. 4


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A PORTA SECRETA Roberto Delmanto

O jovem criminalista foi conhecer o novo escritório do amigo, também um jovem advogado de sucesso, só que na área tributária. Após mostrar as belas e espaçosas instalações, o tributarista disse que, sem abandonar sua especialidade, decidira passar a atuar igualmente na seara criminal, propondo-lhe futuras parcerias. Ao aceitá-las de bom grado, o criminalista recomendou-lhe que, para se familiarizar com a matéria, começasse lendo três livros imprescindíveis: os nossos Código Penal Comentado, atualmente em sua 10ª edição, e as Leis Penais Especiais Comentadas, hoje na 3ª edição, e o Código de Processo Penal Anotado do saudoso mestre Damásio de Jesus. E, resolvendo pregar-lhe uma peça, perguntou ao

tributarista se tinha em seu escritório uma “porta secreta”, ao que ele, surpreso, indagou “o que era isso”. Foi-lhe, então explicado que todo escritório de advocacia criminal a possuía, para que, na eventualidade de uma Operação da Polícia Federal, o cliente tivesse por onde se evadir. Acreditando na estória, o tributarista disse que jamais havia pensado nisso e que iria falar com a arquiteta que projetara o interior do escritório para ver se descobriam algum lugar para colocar a tal porta. Percorreu com o colega as várias salas, chegando a perguntar se uma porta que dava para uma dispensa não serviria, mas o criminalista respondeu negativamente, pois ela não tinha saída. O tributarista ainda indagou porque não havia visto nenhuma “porta secreta” no escritório do amigo, ao que este explicou que, justamente por ser secreta, não costumava mostrá-la a ninguém. Quando o criminalista achou que a conversa já havia ido longe demais, revelou que tudo não passara de uma brincadeira. Ambos caíram na risada e o colega não ficou ressentido. Mas, como falou ao final do encontro, não desistiu da ideia de iniciar-se na advocacia criminal...

EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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“Fio dourado da memória “ Maria De Lourdes Camilo Souza

Hoje acordei imaginando um grande novelo etéreo de fios dourados e tomando da agulha, iniciava a tecer uma estória. Inicialmente ia desenhando paisagens, delas ia criando uma estrada que seguia os rumos da infância. Dos pontos apertados surgiam florestas com os mais variados tipos de árvores, jardins floridos a beira das águas límpidas

de um rio. Virando a curva via surgir o casario seguindo reto se via a imponente igreja, rodeada de flamboyants tingidos de flores vermelhas esvoaçando ao sabor do vento. No céu muito azul, salpicado de nuvens alguns pássaros formando uma seta, alegres cantarolando e seguindo para novos rumos. Das tramas douradas se desenhavam ruas de algumas casinhas brancas com janelinhas azuis, quebradas pelas amarelas de jardins muito verdes. Na esquina a Padaria com suas vitrines mostrando os diversos e deliciosos pãezinhos e bolos enfeitados dos glacês coloridos, indo pela calçada irregular ia dar no portão da casa simples e sem pintura. Passando pela casa da Itália, amiga da minha mãe de portão baixo de ferro preto, um corredor de folhagens variadas dava na sua área envidraçada, ela surgia com sua cara grande, com um grande sorriso mostrando dentes grandes e separados na frente. Enxugando as mãos úmidas no avental xadrez, seguida do Tone, seu marido. Cumprimentava alegre e seguíamos. Naquela calçada, de piso desigual, brincando de amarelinha, me estabaquei tropeçando, e cai de cara no chão, entre as risadas das crianças e um mar de sangue saiu do meu nariz quebrado. Vó Angelina segurando diante de mim uma bacia de metal prateado, e tentando me consolar. E me dizia fique de cabeça levantada que já vai passar, e eu ficava olhando o forro de madeira pintado de bege, alguns pontos escuros dos pregos seguindo desigual que as goteiras formaram. Vô Gijo passava olhando assustado. Horas depois chegava a Nona Constantina, que da porta já disparava um :

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Mária Vérgine! E punha as mãozinhas calosas de dedinhos tortos pela artrite reumatoide no rosto. Os olhinhos azuis esbugalhados, atrás dos óculos de aro fino, lentes arredondadas. Vinha seguida dos meus primos e primas. Formava aquele alvoroço quando, dos grandes bolsos do avental cinzento que cobria seu vestido de preto com florzinhas coloridas miúdas, tiravam um pacote de balinhas azedinhas verdes, amarelas, vermelhas. Do fogão a lenha na cozinha exalava o cheiro do tacho, onde fervia o molho de tomates com manjericão. Na mesa de madeira cheia de farinha ainda tinha uns pedacinhos de macarrão que secavam pendurados no varal lá no enorme quintal, ao lado da mesa de marcenaria do Vovô. Tio Carlos falastrão e sorridente pegando um miolo de pão chuchava o molho, logo sendo afastado de perto do fogão, pela minha mãe que rindo dizia: espere pelo almoço, seu comilão. E uma grande colcha dourada ia saindo das agulhas e urdidas pela memória.


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LEITURA DINÂMICA 1

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– Volpi começou em 1925 sua atuação artística ao vender um quadro sobre sua irmã: “Minha irmã costurando”. Somente em 1944, com 48 anos, realizou sua primeira exposição individual. Em 1953, na 2ª Bienal de São Paulo foi escolhido como o melhor pintor do Brasil ao lado de Di Cavalcanti.

– Sempre pintava sob a luz do sol, gostava de pintar ao ar livre... Nunca fazia o movimento de vai e vem com o pincel. Adorava pintar temas religiosos, com igrejas e madonas.

– Embora estigmatizado como o pintor das bandeirinhas, Volpi teve várias temáticas durante sua longa vida artística: paisagens, marinhas, casas, fachadas dos casarios, retratos, igrejas e catedrais.

– Foi um poeta na pintura... Reconhecido mundialmente por sua criatividade e pintura viva e multicolorida, alegra a todos que apreciam seu trabalho. É um orgulho esse pintor ítalo-brasileiro!


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