Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 489 QUINTA-FEIRA, 02 JUNHO DE 2022
Itália: Buon Compleanno! A 2 de junho de 1946, a Bandeira Tricolor – símbolo cívico da Nação Italiana! – passou a ser a Bandeira da República Italiana! O ANIVERSÁRIO DA ITÁLIA é comemorado no dia 02 de Junho. BUON COMPLEANNO! Página 4
Thiago Lacerda e Giovanna Antonelli representaram Giuseppe Garibaldi e Anita Garibaldi na mini-série “A Casa das Sete Mulheres” PÁGINA 4
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GERAÇÕES DA CIDADANIA BOTUCATUENSE
HOMENS QUE FIZERAM BOTUCATU!
IRMÃO FELIPE Desde que o acolheu de braços abertos, em 1962, Botucatu rodeou-o de carinhosa estima, granjeando-lhe a definitiva opção para aqui celebrar e vivenciar sua merecida aposentadoria. Irmão Felipe é um educador lassalista, inteiramente devotada a sua inteira e nobre existência à formação e à educação de jovens segundo os ideais de La Salle. Nasceu Sebastião Kappaum – na Ordem Irmão Felipe Eugênio – em Palanque/município de Venâncio Aires/Rio Grande do Sul, aos vinte de janeiro de 1913, filho de Pedro José Kappaum e de Ana Wickert Kappaum. Desde seus primeiros anos foi orientado pelo espírito religioso da família, ingressando, ainda adolescente no Juvenato Lassalista de Canoa/ RS, de onde partiu para o noviciado (1928), passando-se para os primeiros votos religiosos em 1929 e os votos perpétuos em 1938. Já em 1933, iniciou-se nas atividades docentes, no Colégio N. Sra. Das Dores, em Porto Alegre/RS. Sua inteira vida de educador passou-a exercendo, segundo as regras da Ordem Lassalista, as salutares atividades de formador, orientador e mestre da juventu-
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de entregue aos cuidados lassalistas. Exerceu sempre a influência benéfica que os tumultuados tempos modernos, parece, tendem a procurar de novo na tentativa última de arrancar a mocidade de hoje, à influência materialista deste fim de milênio. Irmão Felipe esteve em Roma, por longos meses, para seu segundo noviciaDIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
do. Na volta, ocupou em 1951, a Direção da Escola Santo Amaro do Partenon, em Porto Alegre. Foi ainda Diretor do Colégio N. Sra. Das Dores, na capital gaúcha, além de encarregado dos pensionistas e da Associação dos Ex-Alunbos do La Salle. Prestou serviços ainda, em sua longa e exemplar vida de educador, no Rio de Janeiro, Carazinho, Caxias do Sul, Machado, quando em 1962, foi designado para Botucatu. Daqui, partiu ainda para Rondonópolis/MT, onde foi o primeiro Diretor do recém fundado ginásio. Em 1967, voltou para Botucatu. Irmão Felipe foi professor de Português e Literatura, História da Civilização e História do Brasil e de Francês. É ainda professor de religião e exerceu na Comunidade da Paróquia da Catedral, as funções de Ministro da Eucaristia. Figura serena de cristão integral e cidadão perfeito, Irmão Felipe integrou-se à nossa sociedade, gozando no seio da família botucatuense de grande estima e profundo respeito. No mês de seu natalício, a “Folha de Botucatu”, com imensa satisfação, presta-lhe reverente homenagem, desejando-lhe “Ad multos anos”. (Folha de Botucatu 26/01/1989).
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ONDA DE FRRRRIO NO OUTONO NANDO CURY
Fomos pegos de surpresa por uma onda de frio, no meio do outono. E pensar que, há 50 anos atrás, nos anos 60 e 70, o frio chegava impreterivelmente na época do inverno, período de 20 ou 21 de junho até o dia 22 ou 23 de setembro. Já ficávamos preparados. Nossas mamães e avós faziam malhas e gorros pra toda a família. As lojas lançavam suas novas coleções de malhas, camisas de mangas compridas e casacos. E lá íamos nós escolher as nossas novas roupas mais pesadas e ficar na moda. Até os comerciais da TV pareciam verdadeiras campanhas de combate ao frio. Lembra desta? - “Quem bate? - É o frio - Não adianta bater, eu não deixo você entrar. As Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar. Vou comprar flanelas, lãs e cobertores eu vou comprar. Nas Casas Pernambucanas e não vou sentir o inverno passar.” Depois que li a respeito do esquentamento da Terra, doei meu aquecedor de resistências pros vigilantes do meu condomínio não passarem frio à noite na guarita. Durante anos, o frio se manteve longe. Como é dito sabiamente, quem não é visto não é lembrado. Assim passamos anos sem comprar malhas e roupas de frio. Não me lembro quando usei um cirolão, aquela estranha calça justa de algodão que se vestia embaixo do pijama e até da roupa normal. Casacão, então? Comprei um no centro da cidade, há mais de ... juro que não lembro há quanto tempo. Camisas de manga comprida ainda conservo algumas que, por ficarem muito penduradas nos cabides, ganham golas amareladas. Camisa de flanela, tenho uma para festa caipira, ou será que já doei? Não tenho luvas. Guardo alguns cachecóis. E um par de meias de lã. Não sei aonde foi parar um boné xadrez clássico da Prada, que seria ótimo pra proteger minha curva da cabeça sem cabelos. Ah, e aquelas lojas do centro, como Chapéus Prada ou Cury ainda existem? Bora procurar no Google. Achei o site da Prada. Mas é da Prada Italiana, marca internacional, que começou em 1913 com Mario Prada. Aquela do filme O diabo veste Prada. Embiquei na página de chapéus, boinas e bonés da Coleção 22 Prada e... Que loucura, os preços de boinas, chapéus e botas, não vou revelar. Finalmente encontrei uma grande pista em Agostinho Prada, imigrante italiano que chegou ao Brasil no começo do século XX e instalou-se em Limeira, SP. Lá realizou vários negócios e ajudou a desenvolver a fábrica de chapéus Prada paulista. Nova busca no Google e achei boas referências de bonés de lã. Vou voltar em breve nesta tarefa online, para quem sabe adquirir um novo boné de lã xadrez. No fundo do armário achei as malhas de lã que, antes de vestir, foram tomar banhos de sol no banco da varanda. Pra tirar o cheiro de guardado de vários invernos-verões. Tirei também paletó de veludo e casaco pra ficarem de plantão, caso a onda continue, De onde será que veio essa onda tão forte? Dos polos, das cordilheiras andinas, de algum lugar gélido da terra. O frio chegou expondo suas garras cortantes Trazendo junto um vento forte, batendo e entrando pelas frestas das janelas. Pegando a gente de surpresa, deixando a casa muito gelada. Mas, noites frias são oportunidades para um bom vinho com fondue, frios, pães especiais, chocolate quente, leite com canela ... Para ondas como essas, é recomendável ir pra cama mais cedo. Entrar embaixo de vários cobertores e dedicar-se a uma gostosa atividade que esquenta o coração. E é recomendada na canção “Nem um dia” por Djavan: “Um dia frio.
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ITÁLIA UNIDA – 150 ANOS ! - 1861 – 2011
A bela península itálica era um mosaico de pequenos reinos, com dialetos próprios, que não compartilhavam sequer a mesma língua e cultura. O processo de unificação da Itália, que culminou no ano de 1861 e que, agora, comemorou o seu Sesquicentenário (150 anos) em 20011, na verdade foi se estruturando aos poucos. O presidente Napolitano deu início, na cidade de Reggio-Emilia, aos festejos pelo 150º aniversário da Itália Unida com homenagem à “tricolore” e à sua longa História. Desde quando foi símbolo da República Cispadana, Cisalpina, Lígure, Romana, Anconitana, Partenopea, de tantos grupos insurreicionais existentes na Península para reivindicar a liberdade de todo povo italiano, até quando foi proclamada Bandeira da República Italiana, em 2 de junho de 1946. A bandeira tricolor, por exemplo, símbolo cívico da Nação Italiana surgiu há mais de 200 anos. Tornada símbolo oficial em 1946, as cores da nossa bandeira de fato foram estabelecidos pelo Senado de Bologna, há o registro (Senato di Bollogna), de 18 de ottobre 1796: UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA A unificação da Itália ocorreu sob o comando de três lideranças indiscutíveis: a primeira delas, o Rei Vittorio Emanuele II, da Casa de Savóia, que desde o Reino da Sardenha/Piemonte (1848), passou a lutar seriamente pela unificação italiana; a segunda liderança, a que representava a corrente monarquista, é a do Ministro de Vittorio Emanuele, o banqueiro e fazendeiro Camilo Benso – Conde de Cavour, que se revelou um excelente administrador e estrategista político, a nível interno e internacional, viabilizando o apoio, num primeiro momento de Napoleão III à causa da unificação; e a terceira liderança é a do herói de dois Continentes, a de Giuseppe Garibaldi, já com longa e bem sucedida experiência de luta, representando a corrente republicana, que à frente de seus camisas vermelhas mobilizou todos os italianos pela causa comum. Garibaldi representou a grande liderança militar e política do movimento, sabendo reconhecer, mesmo sendo republicano convicto, a liderança de Vittorio Emanuele II, como Rei da Itália, para evitar a divisão da grande pátria com que sempre sonhara. UMBERTO I (UMBERTO PRIMO): “O REI BOM” Após o falecimento de Vittorio Emanuele II – o grande arquiteto da unificação italiana – seu filho, Umberto I, assume o trono e se revela como o consolidador da unificação e como o pacificador das divergências naturais do país, antes dividido entre tantos ducados, reinos e repúblicas... Pelo apoio que sempre soube prestar de forma positiva às vítimas das inundações, terremotos, epidemias de cólera e outras tragédias nacionais, foi aclamado pelo povo como “O BOM”. Interessou-se, particularmente, pela política externa italiana, sendo o responsável pela reaproximação com a Alemanha e a Áustria. Em um atentado terrorista ocorrido em 1900, após 22 anos de um reinado que serviu para consolidar definitivamente a unificação da Itália, morria assassinado Umberto I – “O REI BOM”! GIUSEPPE GARIBALDI / ANITA GARIBALDI “Montado em seu cavalo, Garibaldi é o Capitão. Nas verdes ondas do campo, A sua rédea é o timão.” Érico Veríssimo Os versos reproduzidos por Érico Veríssimo em O Continente, primeira parte de “O Tempo e o Vento”, mostram a força com que a imagem desse
grande herói está enraizada em nossa cultura popular. A história sempre registra os feitos dos heróis autênticos. Giuseppe Garibaldi foi um deles. Chefe Militar Revolucionário, desde moço participara das lutas políticas em prol da unificação de seu país. Pertenceu à “Jovem Itália”, uma sociedade secreta (maçônica) fundada (1831) por Giuseppe Mazzini, que se notabilizou em procurar atrair para a causa da unificação italiana a presença de expressivos segmentos da sociedade, como os camponeses e os operários. Garibaldi, perseguido politicamente, participou como exilado político, de lutas no Uruguai e no Brasil. No Uruguai, lutou ao lado de Venâncio Flores. No Brasil, participou da Guerra dos Farrapos, já com sua imagem firmada no Brasil, tendo seus feitos cantados e glorificados nas canções de campanha. A Guerra dos Farrapos foi o mais longo movimento de contestação do Poder Central. Esse movimento foi auxiliado pela maçonaria e liderado pelo Coronel Bento Gonçalves. Segundo Érico Veríssimo, a Guerra dos Farrapos terminou “com honra para os dois lados”. A figura carismática de Giuseppe Garibaldi sempre esteve ligada à presença forte de Anita Garibaldi. Na famosa Retirada da Laguna, o grande guerreiro deixou expressa a importância de Anita:“À testa de alguns homens, resto de tantos combatentes que tinham, com justa razão, merecido o título de bravos, eu ia a cavalo. Orgulhoso dos vivos, orgulhoso dos mortos... Ao meu lado, a mulher digna de toda admiração. Que me importava pois não possuir senão o que tinha comigo? Que me importava servir a uma República pobre, que não pagava ninguém e da qual, ainda que fosse rica, eu não teria aceitado coisa alguma?” Na mini-série “A Casa das Sete Mulheres”, a Rede Globo retratou a presença desses dois heróis: “Esse personagem amou de verdade as duas mulheres. Uma era energia pura, a outra transmitia só amor”, diz Thiago Lacerda, intérprete do revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, sobre seus amores, Anita (Giovanna Antonelli) e Manuela, sobrinha de Bento Gonçalves... Antonelli, que vive um dos mais conhecidos personagens da história do Brasil, Anita Garibaldi, teve seu figurino composto a partir da visualização dos quadros de Toulouse Lautrec e vestimentas de peões gaúchos. “Anita é uma forma masculina dentro de um corpo feminino. Dá outra inspiração e uma nova visão de vida”, diz a atriz. Com 18 anos, Anita conheceu Giuseppe Garibaldi: foi amor à primeira vista. Com o fim da breve República Juliana, o casal segue para o sul. Anita combate ao lado de Garibaldi em Santa Vitória, passa o Natal de 1839 em Lages e toma parte no combate das Forquilhas (Curitibanos), quando é presa mas consegue uma fuga espetacular. Na retirada da tropa, o casal teve seu primeiro filho, Menotti (1840). No dia 26 de março de 1842, Anita e Giuseppe se casam na Igreja São Francisco de Assis, já em Montevidéu, onde depois nasceram os filhos Rosa, Tereza e Riccioli. Poucos meses antes de Garibaldi terminar a sua heróica participação no Rio de La Plata, Anita viaja para a Itália com os filhos, onde Giuseppe chegaria em abril de 1848, no comando do navio Speranza, já rebatizado de Bifronte. Depois de morar em Genova e Nice, Anita segue ao encontro do marido que comanda a Legione Italiana. No dia 19 de agosto de 1849, Anita falece nos braços do esposo em pranto, longe dos filhos, num quartinho da casa dos irmãos Ravaglia, em Mandriole. Após a morte de Anita, Giuseppe, triste e derrotado, voltou ao exílio para percorrer parte da África, Espanha, Inglaterra e América do Norte. Alexandre Dumas, admirador e amigo de Giuseppe Garibaldi, publicou sua obra “Memórias de Garibaldi”, baseada no relato diário do grande guerreiro. Nesse trabalho, Alexandre Dumas retrata com emoção a figura de Anita Garibaldi, mostrando a sua importância como musa e companheira do grande herói dos dois continentes... (revista Peabiru, nºs 09/10 – maio/junho e julho/agosto de 1998).