Edição 518

Page 1

Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 518 QUARTA-FEIRA, 06 DE JULHO DE 2022

CONDE FRANCISCO MATARAZZO O MAIOR EMPREENDEDOR BRASILEIRO DO SÉCULO XX PÁGINA 3

LEITURA DINÂMICA Notícias de Botucatu e sua gente

Diário da Cuesta


2

Diário da Cuesta

O BRASIL E O MERCOSUL Marcelo Delmanto

A título de colaboração e buscando dimensionar realisticamente a relação do Brasil com Comunidade Européia, trago o trecho final de minha tese de Mestrado na Università di Giurisprudenza di Bologna, com o título de “Relazione delle Comunità Europee con Il Brasile”: “O MERCOSUL no Cenário Internacional MERCOSUL tem procurado seguir da experiência bem sucedida da União Européia. Inicialmente, quatro membros: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, esta a ponto de aumentar para nove seus países membros, com Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela. Atualmente, o mercado externo do bloco passa, em 92% entre Brasil e a Argentina. O MERCOSUL foi bom para o Brasil e ótimo para a Argentina. Há uma urgência de fazer como um Tratado de Maastrich europeu: é necessário acelerar o processo de “convergência macroeconômica” do bloco nas políticas cambiais, monetárias, tributárias, fiscais e de trabalho. Indiscutível é o comando do Brasil nos termos do MERCOSUL todo Produto Interno Bruto da Argentina corresponde à renda do interior do Estado de São Paulo (sem a Capital de São Paulo), um dos 23 estados brasileiros; todo Produto Interno Bruto Chile corresponde à renda da Grande Campinas (a cidade Campinas mais as cidades da sua região) que é uma das 600 cidades do Estado de São Paulo; todo Produto Interno Bruto do Uruguai corresponde à renda do Bairro de Santo Amaro (um dos bairros da Capital do Estado: São Paulo). Quer dizer que o Brasil é a maior economia da América do Sul. O Produto Interno Bruto do Brasil será o 5º mercado comprador do mundo. Nas previsões do comércio internacional (comércio eletrônico) a América Latina movimentará US$ 82 milhões em 2004. Este valor é maior do que o previsto para a Europa do Leste, África e Oriente Médio juntos, que devem gerar US$ 68,6 bilhões. O Brasil comandará este desenvolvimento movimentado, sozinho, US$ 64 bilhões, e a Argentina em segundo lugar, com US$ 10 bilhões.

peia Entre os anos de 1993 a 1998 teve um aumento de 116% no comércio entre o Brasil e a Europa, sendo favorável à Comunidade Europeia, porque, enquanto as exportações europeias, neste período, tenham crescido 181%, as exportações brasileiras tiveram um aumento de 31,5%. Em 1993, o Brasil foi o 24º comprador dos produtos europeus e, em 1997, atingiu o 11 º lugar como comprador. A balança comercial, em 1998, foi para o lado europeu em US$ 2,7 milhões. O subsídio à produção europeia bloqueia 26% das vendas brasileiras no mega bloco, principalmente no setor agrícola. Com a Itália, de modo especial, o intercâmbio comercial do Brasil teve uma média de US$ 5 bilhões nos últimos anos. Em três anos, de 1996 a 1998, os investimentos italianos no Brasil cresceram quase seis vezes. Passando de menos de US$ 100 milhões a US$ 600 milhões, uma ligeira queda em 1999, por força da crise. Atualmente, 10 mil empresas italianas exportam para o Brasil e cerca de 5,5 mil empresas brasileiras exportam para a Itália. O crescimento do comércio bilateral deverá crescer sobre a presença de especiais e médias empresas italianas, que já aconteceu nos últimos três anos cerca de 20%. Os setores industriais e de serviços são a prioridade para o incremento das exportações para o Brasil e para a União Européia...” O Símbolo do Mercosul O Cruzeiro do Sul foi escolhido porque representa o principal elemento de orientação do Hesmifério Sul. Assim, a Bandeira do Mercosul possui quatro estrelas que representam seus membros fundadores: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.

O Brasil e a Comunidade Euro-

EXPEDIENTE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


3

Diário da Cuesta

Conde Matarazzo sem destino certo... O MAIOR EMPREENDEDOR BRASILEIRO DO SÉCULO XX ESTÁ ESQUECIDO..

Estão terminando a Praça “Raízes da Pompéia e segundo a presidente da Associação de Amigos da Vila Pompéia, o local é histórico porque o desenvolvimento do bairro deu-se à partir das Industrias Reunidas Matarazzo. Por ser uma praça com grades, a Prefeitura alega que a estátua está em bom lugar, na Praça Souza Aranha, em frente ao Shopping West Plaza.Um lugar bem degradado. A estátua foi uma doação do escultor italiano Giandomenico de Marchis e era para ser colocada na UNIVERSIDADE MATARAZZO, em cujo prédio se instalou o Governo do Estado: o Palácio dos Bandeirantes. Uma sugestão: que se instale a estátua defronte ao prédio da FIESP, instituição da qual foi o principal fundador, foi Presidente, além de ser o maior Empreendedor Brasileiro do Século XX ! OS FUNDADORES DA FIESP Antonio Devisate, José Ermírio de Morais, Carlos von Büllow Alfried Weiszflog (em pé); Horácio Lafer, Jorge Street, Francisco Matarazzo, presidente, Roberto Simonsen e Plácido Gonçalves Meirelles (sentados). A primeira diretoria do Ciesp, em 1928, marco do empresariado

REGISTRO HISTÓRICO

Conde Francisco Matarazzo: O Empreendedor do Século XX

Após o último texto sobre os “Oriundi Empreendedores na Saúde”, recebemos vários pedidos para focalizar a trajetória do Conde Francisco (Francesco) Matarazzo – O Fundador do Império Industrial. Já tínhamos dado destaque a ele na revista cultural Peabiru. Transformações profundas mudavam o perfil da sociedade nos campos da literatura, da arte e da música: desde a revolucionária Semana de Arte Moderna de 1922 até a nova música que surgia carregada de folclore e brasilidade na maestria criativa de Heitor Villa Lobos... Ao mesmo tempo que a crise de 1929/30 abalava, de forma definitiva, as estruturas econômicas e sociais da sociedade brasileira, havia algo de novo, havia esperança: era a crescente industrialização paulista! O grande fluxo migratório trazido em sua grande maioria para a cafeicultura, passou a dar nova característica à sociedade paulista: muitos vieram tentar uma nova vida, ou como dizem, para “fazer a América!” A crescente industrialização abrangeu muitos setores, mas para que o cenário mágico da realidade paulista, em 1934, possa ser bem compreendido e avaliado vamos focar, como exemplo, as industrias Matarazzo, que ocupavam indiscutível liderança nesse importante segmento da economia. Revista Exame e a História de Matarazzo/ leia aqui No ano de 1934, o ano do cenário mágico paulista, o Conde Francisco Matarazzo estava comemorando seus 80 anos... “Ottant’anni !”Nessa época, as industrias Matarazzo representavam realmente a maior força econômica do Brasil, depois dos orçamentos da União e do Estado de São Paulo... Não se pode falar em processo de industrialização no país sem que se destaque a presença forte do imigrante italiano Francisco (Francesco) Matarazzo. O ESTADO MATARAZZO “Assis Chateaubriand vai chamar, em 1934, esse grupo industrial de “O ESTADO MATARAZZO”, lembrando que São Paulo tinha uma renda bruta de 400 mil contos e o parque industrial Matarazzo uma receita de 350 mil, acima de qualquer outra unidade federativa brasileira...O Conde Matarazzo, financeira e economicamente é o segundo Estado do Brasil...” “Monteiro Lobato na mesma época, compara-o a Henry Ford:a atuação de ambos no criar foi um permanente “rush” para cima...” “Miguel Couto, Presidente da Academia Brasileira de Letras: “Aos que buscavam e rebuscavam na sua prosápia o sangue azul que achavam que estava faltando, Napoleão Bonaparte, feito Imperador da França, respondeu desdenhosamente: “Eu sou filho de mim mesmo”. Felizes os que, de menor altura embora, podem dizer com o mesmo orgulho – eu sou filho de mim mesmo... Isto é, sou o exclusivo produto do meu trabalho, do meu descortínio, da minha inteligência. Tal é Francisco Matarazzo”.

HISTÓRICO – Em Castellabate, distante 180 km de Nápoles, nascia Francesco Matarazzo, em 09 de março de 1854. Francesco era filho de um médico e rico proprietário, Costábile e de Mariângela. Seu pai faleceu quando ele tinha 19 anos. Com a depressão econômica que vivia a Itália, foi obrigado a abandonar os estudos para cuidar da família. Aos 27 anos, sabendo das condições favoráveis para os imigrantes no Brasil, imigra. Traz junto uma boa quantidade de queijos e vinhos, além de um reforço em liras italianas. Queijos e vinhos se perdem quando o navio atraca no Rio de Janeiro, afundados com a embarcação que ligava o navio ao porto. Sem desanimar, parte para São Paulo disposto a multiplicar as suas liras. Contando com a colaboração de outros imigrantes que o precederam, entra firme no comércio, participa de caravanas, conhece outros estados e se estabelece em Sorocaba, então limite das paralelas poderosas da Estrada de Ferro Sorocabana que levava o progresso e o desenvolvimento para o interior inexplorado. Logo, passou a ter um grande rebanho de suínos. Passou a fazer banha e a comercializá-la, em latas. Importa e vende farinha e monta uma tecelagem para fazer os sacos de farinha... Daí para frente foi num crescente, num multiplicar inacreditável. Resumindo: em 1934, as Industrias Matarazzo assumiam o seu auge que foi crescente até 1950, quando chegou a possuir 38 mil e setecentos funcionários, com controle acionário majoritário ou expressivo em 365 empresas, possuindo 12 unidades navais, uma Casa Bancária, enfim, um complexo industrial que chegou a ter o terceiro orçamento do Brasil! É indiscutível a grandiosidade do “Império Matarazzo” no processo de industrialização do Estado de São Paulo e, portanto, do Brasil. O interior do estado e todo o Brasil se espelhava na força, ousadia e competência desse empreendedor valoroso. Por duas vezes é convidado para o Senado Italiano. Por fim, indica seu irmão, André Matarazzo que foi eleito para a Câmara Alta Italiana. Com sua “Casa Bancária” representa no Brasil o Banco de Nápoles, liderando a arrecadação para ajuda financeira dos italianos residentes no exterior para envio para a Itália (cerca de 85 mil contos, 50% do déficit nacional). Esse grande e patriótico trabalho levou o Rei Vittorio Emanuelle III a lhe conferir o título nobiliárquico de Conde, em 1917, concedendo-lhe, em 1926, a hereditariedade ao título. NO ANO MÁGICO DE 1934 - Afora as comemorações pelos oitenta anos, o Conde Matarazzo viveria seguidas vitórias: foi considerado o “Empreendedor do Século”; o sucesso da publicação do livro “Il Conde Matarazzo a ottant’anni”; a conquista do Tri-Campeonato Paulista de Futebol (1932/33/34)pelo Palestra Itália (Palmeiras), clube da Colônia Italiana presidido por Dante e a eleição, com a maior votação do estado, do Deputado Estadual Constituinte, Dante Delmanto. Dante era filho de seu conterrâneo (Castellabate) e amigo, o imigrante italiano Pedro Delmanto, industrial no interior do Estado (Botucatu). O OCASO DO IMPÉRIO – Quem poderia imaginar que o “Império Matarazzo” poderia acabar?!? Quem imaginaria o ocaso?!? É o fim, a pobreza? Não, seguramente, não! A família continuará, por gerações, a viver bem, mas é o ocaso do complexo industrial... Estudos acadêmicos nos mostram que duas empresas seguiram rumos diferentes, ambas empresas familiares: IBM e IRFM. Os donos da IBM abriram o capital social, perderam o controle direto, mas ficaram acionistas da que é hoje uma das maiores empresas do mundo. A IRFM, optou , após a morte do Conde (1937), pela administração familiar. Com o falecimento do sucessor, Conde Matarazzo II (início dos anos 80), com as desavenças entre os filhos pelo controle acionário do grupo, ficou inviabilizada economicamente a empresa... A verdade é que tudo mudou e apenas restou a imagem lendária do menino que naufragou nas costas do Brasil, perdeu uma partida de queijos e vinhos, iniciou a revolução industrial brasileira e virou Conde... (AMD)


4

Diário da Cuesta

Gesiel Jr. / ABL – Academia Botucatuense de Letras Que a Embaúba é uma árvore típica do cimo da Cuesta de Botucatu? Pois é, a Embaúba que também é conhecida por Umbaúba, Ambaíba, Ambaúba, Imbaúva ou Imbaúba, é árvore da família das Moráceas (cecropia palmata); é árvore de tronco indiviso. Embaubal é o bosque de embaúbas. Também é chamada de árvore-dos-macacos ou árvore-da-preguiça ou torém. O antigo traçado férreo da Sorocabana passava por Vitória (Vitoriana), Lageado e...Embaúba... Sim, Embaúba é uma pequena Vila pertencente a Botucatu que até hoje é procurada pelos amantes da pesca por ser um local ideal e piscoso. Hoje, o descuido e o desrespeito à natureza reduziu muito o número de Embaúbas em nossa região, mas podem ser encontradas na Cuesta e em vários pontos verdes de nossa cidade.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.