Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 520 SEXTA-FEIRA, 08 DE JULHO DE 2022
Orlando Orfei foi um empresário circense, domador, pintor, escritor e ator italiano radicado no Brasil desde os anos 60. Dono de um Circo popular e querido por todos os brasileiros, esteve em Botucatu nos anos 70... Leia crônica especial de Nando Cury. Página 2 Página 2
JUBILEU DE OURO Da Academia Botucatuense de Letras Sessão Solene Comemorativa Câmara Municipal de Botucatu 08/07/2022 – 20h.
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TEM UM CIRCO ACAMPADO NO CLUBE
NANDO CURY
Está sabendo da novidade, Nando? Não acreditei. Calcei meu tênis, vesti o calção, meias e camiseta esportivas. No quintal, peguei o maiô, que estava secando no varal, enrolei na toalha e saí em direção ao BTC, Botucatu Tênis Clube, que ficava a 3 quadras da nossa casa. Ao chegar, encontrei o portão fechado, com um aviso: TEMPORARIAMENTE INTERDITADO PARA EVENTO. Surpreso, triste com a informação, encostei-me no muro, ao lado do portão de entrada. Logo foram chegando amigos parceiros de esportes. De repente, formou-se um grupo numeroso de garotos e garotas aguardando mais informações. Seu Joaquim, o gerente do clube, finalmente apareceu e explicou: - O clube ficará fechado para ativida-
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des durante 2 meses. Vamos hospedar alguns artistas e atrações do Circo Orlando Orfei. Era o ano de 1970. E assim, aconteceu. Uma grande parte do circo acampou num terreno cedido pela prefeitura no Bairro Alto. A outra, com menos componentes, ficou alojada no BTC. Puxa, como iríamos sobreviver, nesses dias, sem o nosso quintal esportivo? O Circo Orlando Orfei, um dos maiores do Brasil nos anos 70 e 80, apresentava várias atrações inovadoras, incluindo incríveis palhaços, equilibristas, trapezistas e mágicos. Herta, bailarina adestradora e mulher de Orlando, apresentava um ato, especial para crianças, com seus pombos ensinados. Mas, as cenas mais surpreendentes ficavam por conta do
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
grande domador e mundialmente famoso artista Orlando Orfei. Usando apenas um bastão colorido e frases de ordem, Orlando entrava no palco de forma descontraída, conduzindo seus animais, domesticados por ele. Passeava, brincando e abraçava carinhosamente suas leoas Sofia e Elza. Então trazia dois leões que pulavam obstáculos. Por fim, voltava a cavalo, e induzia dois elefantes a fazerem difíceis malabarismos. Era ele também quem coordenava, no gran finale do espetáculo do circo, as mesas eletrônicas acopladas a plataformas e chafarizes, que produziam os efeitos das Águas Dançantes. Visões deslumbrantes se formavam através das fontes, que acompanhavam as modulações da opereta Cavalaria Ligeira, de Franz Von Suppê. E como se comportaram as áreas do clube, durante a permanência de parte do circo? Os elefantes ficaram no campinho de areia. Isso nem é bom lembrar. Leões e leoas, em jaulas separadas, foram colocados e alimentados na quadra de tênis de piso rápido. Os cavalos “pastaram” soltos na quadra de saibro. O salão de jogos foi adaptado para dormitório dos tratadores de animais do circo. As piscinas ficaram cobertas por lonas. E no ginásio esportivo, com suas coberturas e arquibancadas, foi montado o picadeiro onde se realizaram os ensaios e os espetáculos diários. O período do evento, na verdade, durou três meses. Pois, após a passagem do circo, o clube ficou mais um mês fechado para reformas em algumas estruturas. O fantástico é que, para nós, o tempo Orfei circulou bem diferente. Fomos atraídos para dentro da ampulheta dos encantos e das magias circenses. Passamos horas, rondando o quarteirão do BTC, curtindo bem de perto os bastidores do circo. Admirando seus personagens, suas roupas diferentes, seus carros, motos, caminhões, aparatos e equipamentos. Enfrentando as filas para assistir os espetáculos. Vibrando na arena. Torcendo pra poder conversar, só um pouquinho, com o grande protagonista. Momentos líricos e inesquecíveis com o Circo Orlando Orfei. NOTAS. A partir de 2005, começaram as proibições de animais em circos no país. O Circo Orlando Orfei sobreviveu até 2008. Orlando Orfei faleceu em 2015, aos 95 anos de idade.
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Orlando Orfei
Orlando Orfei foi um empresário circense, domador, pintor, escritor, dublê de cinema e ator italiano radicado no Brasil. Foi o fundador do tradicional Circo Orlando Orfei. Nasceu em 8 de julho de 1920, em Riva del Garda, Itáia e faleceu no Rio de Janeiro em 01 de agosto de 2015. Um dos maiores nomes do circo mundial. Nascido na Itália, Orlando Orfei estava no Brasil desde o fim da década de 1960. O artista começou a se apresentar como palhaço ainda na infância, aos 6 anos. Foi numa visita ao Brasil, durante o Festival Mundial do Circo, no Maracanãzinho, no Rio, que ele se apaixonou pelo país. Aqui, ele montou o Circo Nazionale D’Itália, que estreou em São Paulo em 1969. Três anos depois, fundou o Tivoli Park, na Lagoa, na Zona Sul do Rio. O Tivoli Park, que encerrou suas atividades cerca de duas décadas depois, foi um dos mais famosos parques de diversão do país.
Orlando deixou seis filhos, treze netos e seis bisnetos Atores lamentam perda O ator e empresário Marcos Frota, que é dono de circo, definiu como um “transgressor” e “senhor dos picadeiros”. Ele lembrou que o circo do italiano percorreu todos os lugares do Brasil nas décadas de 70 e 80, inclusive passou por locais de difícil acesso, no meio da Floresta Amazônica. Marcos Frota conta que se inspira no trabalho de Orfei, como símbolo um símbolo de resistência, de luta para permanecer trabalhando no picadeiro, independente dos obstáculos. Para ele, as apresentações do circo de Orlando Orfei reuniam referências de várias
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outras formas de expressão. “Ele tinha a consciência do caráter ritualístico de uma apresentação circense. Os textos dele eram muito bem elaborados. Ele tinha grande cultura operística, que emprestava aos espetáculos. Ir ao circo do Orlando Orfei era uma experiência inesquecível, na qual você saía diferente do que entrou. Ele fazia o circo ser a expressão de todas as outras artes. O espetáculo era muito plástico. Você entendia um pouco da história do circo através dos tempos”. O ator Richard Riguetti, um dos fundadores da Escola Livre de Palhaços, a Eslipa, também lembra da faceta de Orfei como um representante da resistência pelas artes circenses. “Orlando Orfei está para o circo assim como o Maracanã está para o futebol. Ele representa a grandiosidade, a espetacularidade e a potencia do circo brasileiro. Ele deixa um legado de que é possível ser grande mesmo superando todas as dificuldades que o circo vem passando com a falta de políticas para o segmento. Era uma verdadeira fera”.
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50 ANOS DA ACADEMIA BOTUCATUENSE DE LETRAS Olavo Pinheiro Godoy As Academias, mesmo quando se inspiram, em sua organização, no modelo francês de Richelieu, na realidade remontam a Platão, que reunia seus discípulos no ateniense jardim de Academus para um diálogo criador sobre o uno e o primado das ideias. Em verdade, o que distingue uma associação acadêmica é a comum participação aos valores tanto da sensibilidade quanto do intelecto, entre eles se situando os da língua, a qual constitui o solo natural da cultura, com a sua trama sempre renovada de signos e significados mediante os quais a espécie humana converte em realidade objetiva as criações de seu espírito. Daí a relevância da tradição como cerne das academias e fruto do amor ao passado, o qual não morre por já ter sido, pois continua sendo o relicário dos feitos do homem dotado de sentido de constância e de permanência, ponto de partida para as realizações do presente e do futuro. A Academia Botucatuense de Letras pode se desvanecer de sua história, desde a sua fundação em 9 de julho de 1972, que é a história dos grandes homens de letras da terra dos bons ares e das boas escolas, por ela louvados, e que souberam assinalar, com originalidade e autenticidade, alguns dos momentos mais expressivos da literatura regional e nacional neste meio século de existência. Jovem de vinte anos, participei de sua fundação, precisamente no dia 09 de julho de 1972, à sombra de um entusiasmo patriótico proporcionado pela posse do escritor e historiador Hernâni Donato à Academia Paulista de Letras, em maio desse mesmo ano. Foi ser companheiro do também festejado escritor Francisco Marins que já nos honrava naquela casa de letras. Festejava-se o Ano Internacional do Livro. E, à sombra de livros, numa das salas do Centro Cultural de Botucatu, foi fundada a Academia Botucatuense de Letras. Intelectuais do porte de Hernâni Donato, Francisco Marins, Antônio Gabriel Marão, Arnaldo Moreira Reis, Sebastião de Almeida Pinto, Aleixo Delmanto, Sebastião Rocha Lima, Trajano Pupo Junior, Bahige Fadel, Raymundo Marcolino da Luz Cintra, Oswaldo Minicucci, Francisco Guedelha, Ignácio Loyola Vieira Novelli, Osmar Delmanto, Milton Mariano, Domingos Alves Meira, Hugo Pires, Genaro Lobo e a incansável secretária Elda Moscogliato, que animaram a novel entidade no passado e os atuais Maria Helena Blasi Trevisani, Armando Moraes Delmanto, Domingos Scarpelini, Olavo Pinheiro Godoy, Armando Jesus Barbieri, Maria Amélia Blasi Toledo Piza, Humberto Migiolaro, José Celso Soares Vieira, Carmen Sílvia Martin Guimarães,Márcia Furrier Guedelha Blasi, Antônio Evaldo Klar, Caio Henrique Paganini Burini, Carmen Lúcia Eburneo da Silva, Edson Geraldo Luiz Lopes, Dom Mauricio Grotto de Camargo, Marcos Mores, Newton Colenci, Nelson Maria Brechó da Silva, João Francisco Gabriel, Joel Spadaro, Maria da Glória Dinucci Venditto, José Sebastião Pires Mendes, Alessandra Lucchesi de Oliveira, José Luiz Mariano de Oliveira, Valdir Gonzales Paixão Junior, Cláudia
Maria Bassetto, Maria Cristina Fumie Iwama de Mattos, Luiz Roberto Coelho Gomes, Silvia Aparecida Pereira, Ramiro Vieira de Andrade e dezenares de honorários e correspondentes que enriquecem a história da ABL. Devemos dizer que há também razões de otimismo em relação à Academia, seus trabalhos e realizações, suas parcerias com o poder legislativo e executivo, as atividades em setores externos: escolas, Pastoral da Educação, clubes de serviço, bibliotecas, etc... Destacamos o espírito de camaradagem e sadio coleguismo que reina entre os acadêmicos em nossos Saraus líteros-musicais. Há sintomas de que se amplia a produção artística e literária no município e são numerosos os volumes editados não só de autores novos, assim como escritores consagrados assistem às suas reedições. Estaríamos talvez, mormente à “pandemia de corona vírus” que assola o país, às vésperas do fenômeno de que os livros e a cultura, pelo menos parcialmente, voltam a se integrar obrigatoriamente ao lazer da classe média, no momento em que a televisão já não lhe propicia satisfação para suas horas vazias. Eis aí razões bastantes para se enaltecer o valor dos 50 anos, com o qual adquire nova força opatrimônio cultural botucatuense que cabe a todos os confrades e confreiras o poder-dever de cada vez mais engrandecê-lo.
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Esporte em Destaque
Vinícius Alves
Atletismo botucatuense conquista medalhas na disputa final das seletivas escolares Com os pódios obtidos, atletas da cidade obtiveram índice para a etapa nacional da modalidade
No último domingo (3), os alunos do projeto Futuro da Cuesta/Educação Olímpica, que é conveniado com a Prefeitura Municipal e promovido pela Secretaria Municipal de Esportes e Promoção da Qualidade de Vida, foram até o Centro Olímpico de Pesquisas, na capital, para participar da final da seletiva Jogos Escolares do Estado de São Paulo. A delegação de nossa cidade foi composta por 24 atletas, que participaram das categorias Sub-14 e Sub-17. Entre os jovens atletas, está João Pedro Gonçalves, estudante da Escola Estadual Dom Lúcio Antunes de Souza. Ele acabou sagrando-se campeão na disputa do Lançamento do Dardo Sub-14. Com o feito alcançado, João conquistou o direito de competir nos Jogos Escolares Brasileiros, que serão disputados no mês de novembro, no Rio de Janeiro. Ainda dentro da categoria Sub-14, também se destacaram Eduardo Henrique Poiato Gouveia, segundo colocado no salto em altura e prata nos 100 metros com barreiras; e Ayira Ferreira de Jesus Leme, que terminou como vice-
-campeã na disputa do lançamento de martelo. A exemplo de João Pedro, ambos também são alunos da escola Dom Lúcio. Na categoria Sub-17, as conquistaram ficaram por conta de Marco Antônio Piva Pereira, que ficou com a medalha de prata nos 400 metros além do bronze nos 200 metros rasos. Com tais índices, ele se classificou para a próxima etapa, que será realizada em Praia Grande no mês de agosto. Ainda nessa categoria, a jovem Raquel de Souza Pinto conquistou o bronze na disputa do lançamento do dardo. Os resultados obtidos pelos atletas de Botucatu foi comemorado pelo professor e técnico da equipe, Mario Vasques: “Essas competições são muito importantes para sempre termos representantes botucatuenses disputando, pois além de ser uma competição escolar, é na escola que os alunos pegam gosto pelos esportes e sempre estamos renovando a equipe de atletismo para participação nas principais competições do Estado e do País”.