DIA DO HISTORIADOR PÁGINA 5
MEMÓRIAS DE BOTUCATU – o livro pioneiro!
BOTUCATU ANO II Nº 556 SEXTA-FEIRA , 19 DE AGOSTO DE 2022
PAULO
“Para mim, uma cidade sem passado, sem lembrança concreta dos seus antepassados, sem as impressões digitais de sua história, me confrange...” FRANCIS da CIDADANIA EM
Diário
”Se eu não fosse imperador, queria ser mes tre escola. Não conheço missão mais nobre do que essa: dirigir as inteligências moças e preparar os homens do futuro”.
Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA
Dom Pedro II - O Imperador!




Nacional presta homenagem a todos as historiadoras e historiadores do país.
Diário da Cuesta2 EXPEDIENTE DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Tels:Contato@diariodacuesta.com.br14.99745.6604-14.991929689
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM WEBJORNALISMOBOTUCATUDIÁRIO
Dia Nacional do Historiador
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios. Hoje, 19 de agosto, é o Dia Nacional do Historiador. A cele bração foi instituída pela Lei n° 12.130, de 17 de dezembro de 2009, e a data foi escolhida para homenagear Joaquim Nabuco. Nascido em 19 de agosto de 1849, no Recife, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco Araújo foi historiador, diplomata, jornalista, jurista e deputado pela Província de Pernambuco. Um dos principais líderes aboli cionistas do Brasil, Nabuco escreveu ensaios e livros, além de cartas e discursos, condenando a escravidão. Nessas obras, que podem ser lidas no portal Domínio Público, ele ana lisava a escravidão sob diversos as pectos (histórico, jurídico, religioso, social e político). Joaquim Nabuco escreveu também em jornais e re vistas. Compareceu às sessões preli minares de instalação da Academia Brasileira de Letras (ABL) e foi o fun dador da cadeira n° 27. Em 17 de agosto de 2020, foi pro mulgada a lei nº 14 .038 que regula menta a profissão de Historiador, estabelece os requisitos para o exercício da atividade profissional e determina o registro em órgãoNestacompetente.data,oArquivo




“Para mim, uma cidade sem passado, sem lem brança concreta dos seus antepassados, sem as impressões digitais de sua história, me confran ge...” PAULO FRANCIS Em 1990, o começo. Com o lançamento cul tural/literário do livro “MEMÓRIAS DE BOTU CATU, um trabalho de pesquisa e de registro de nossa história. Teve início porque, ao de pois, tivemos o lançamento do “MEMÓRIAS DE BOTUCATU 2”, em 1993 e, em 1995, o relançamento da 2ª edição do “MEMÓRIAS DE BOTUCATU I”, atualizado e ampliado. No ano 2.000, fizemos o lançamento do “ME MÓRIAS DE BOTUCATU III”. Tudo começou com o jornal “FO LHA DE BOTUCATU”, em sua 2ª fase, que a partir de 1988 iniciou uma série de publicações buscando resgatar a memória de Botucatu, através do registro dos grandes vultos do passado e do presente, verdadeira COLETÂNEA DAS GERAÇÕES BOTUCATUENSES publicada no livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, edição de 1990: Cardoso de Almeida, Petrarca Bacchi, Virgínio Lunardi, Raphael Augusto de Moura Campos, Paschoal Ferrari, Dante Delmanto, Cantídio de Moura Campos, Albina Varoli Botti, Pedro Chiaradia, Sebastião de Almeida Pinto, José Melhado de Campos, Hernâni Donato, Jair Conti, José Pedretti Neto, Francisco Marins, Raymundo Marcolino da Luz Cintra, Vi cente Marchetti Zioni, Aécio de Souza Salvador, Irmão Felipe, Ignácio de Loyola Vieira Novelli, Antonio Gabriel Marão, Trajano Pupo, Antonio Pires de Campos, Camilo Fernandes Dinucci e Frei Afonso Maria Lorenzon.
A relação publicada foi feita para as edições da “FOLHA DE BOTUCATU”, nos anos de 1988/89 e publicada no “Memórias de Botucatu” (1990). A relação não esgota o assunto. Faltam grandes nomes. A verdade é que grandes botucatuenses estão a merecer um estudo e uma divul gação de suas vidas para as gerações futuras. Mas a ideia original não era esgotar o assunto, mas, sim, despertá-lo. Esse trabalho é para ser fei to por muitas pessoas, muitas mãos precisam realizar um trabalho conjunto de resgate da memória botucatuen se. Esse trabalho pre cisa da participação de muitos. De outros jornais. De Entidades Culturais. De pesquisadores.outros A 2ª parte dos HOMENS QUE FIZERAM BOTUCATU, ar tigos publicados também na imprensa local e no livro, de 1993, “Memórias de Botucatu 2”: Progresso Garcia, Emílio Peduti, José Amaro Faral do, Antonio Herminio Delevedove, Vicente Moscogliato, Aldo Martin, Arnaldo Moreira Reis, Sidraco Me negon, Luiz Gonzaga Prado, Ângelo Martin, Sebastião da Rocha Lima, Al cides de Almeida Ferrari e Francisco Guedelha. No Sumário do livro, o seu perfil: O que quer dizer Botucatu; O Poder Mu nicipal; Nossos Deputados; Pioneiros do Setor Elétrico; Os Belgas; Arquidio cese de Botucatu; Os Americanos; Ciclos Industriais; O Brasão de Botucatu; Acade mia Botucatuense de Letras; Rui Barbosa; A Imprensa em Botucatu; Homens Que Fizeram Botucatu; Almanack de Botucatu. E, encerrando o livro, reproduzimos uma raridade: o “ALMANACK DE BOTUCATU”, de 1920. A cópia digital do “ALMANACK” foi feita na Biblioteca Municipal “Mário de Andrade”, na capital paulista. Pela primeira vez era dado ao conhecimento público o inteiro teor dessa publicação, inclusive com os “reclames” publicitários: verdadeiro retrato de Botucatu no início do Século XX.
Diário da Cuesta 3 MEMÓRIAS DE BOTUCATU - O livro pioneiro!




Diário da Cuesta4
Equipe botucatuense terá pela frente as atuais campeãs da Copa da Liga Paulista A equipe do Futsal Feminino de Bo tucatu segue nos preparativos para mais um confronto pela Liga Paulista de Futsal – LPF. Nessa sexta-feira (19), às 20 horas, as comandadas do técnico Bruno Soler, te rão pela frente um adversário de muita tradição, a Ferroviária/Fundesport, da cidade de Araraquara. O time botucatuense chega embala do para esse difícil confronto. No último domingo, quando fez sua estreia na com petição, o time de Botucatu obteve uma grande vitória contra o Move Sports FF/ Mauá, vencendo fora de casa pelo placar Futsal Feminino de Botucatu encara a Ferroviária pela LPF
Vinícius AlvesEsporteDestaqueem
de 5 a 1. No entanto, mesmo diante do re sultado positivo na primeira partida da liga, o treinador do time da casa está ciente das dificuldades que a equipe de Araraquara pode oferecer no confron to desta sexta no Ginásio Paralímpico. “É a nossa estreia em casa, já dá um nervosismo. Não tivemos muito tempo de treino e descanso e iremos enfren tar o adversário mais forte da competi ção, favorito ao título, então tudo difi culta um pouco pra gente”. Fora o adversário de peso do outro lado, o curto espaço para recuperação e treinamentos também tem preocu pado a comissão técnica de Botucatu. “Ao confeccionar a tabela, nós tí nhamos ciência de que essa semana seria a mais difícil, porque quase todos os nossos jogos serão disputados aos sábados. Os únicos em outros dias foi a nossa estreia, no último domingo, e o jogo dessa sexta-feira. Então não te remos uma semana para recuperação e treinamento”.Diantedesse cenário, a preparação e os treinos visando o próximo jogo aca baram sendo modificados, sendo que o da terça-feira foi voltado mais à recupe ração das jogadoras e o do dia seguinte direcionado à preparação para a próxi ma partida. Para Botucatu, ainda existem dúvi das sobre quais atletas estarão disponí veis para a partida dessa sexta, uma vez que há jogadoras no elenco que atuam por Jaú e dependem de liberação para atuar na Liga Paulista. Já pelos lados da equipe rival, a Fer roviária vem um com importante des falque: Bê Conceição foi expulsa no empate da equipe em 2 a 2 contra a SEL Valinhos/SEAP.



Aquele que nos anais histó ricos da monarquia se inscreveu como Pedro II, Imperador do Brasil, recebeu na pia batismal o nome de Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança. Os acontecimentos políticos de 1831 levaram –no as honras antecipadas de Imperador, acla mado unanimemente, com apenas cinco anos de idade.Com a abdicação de D.Pedro I, já de retorno imediato a Portugal, ficava sob a tutela desve lada de José Bonifácio, o menino que até então brincara feliz e descuidado pelos corredores do palácio imperial, sob os cuidados da amazelosa, D. Mariana Carlota de Magalhães Coutinho, que dele recebia o apelido amoroso de Dada ma. Fora ela sua dedicada mestra das primeiras letras. Assim, navegando em pleno oceano, D.Pedro I já tinha para ele endereçada a primeira cartinha cheia de saudades que o filho pequenino, deixado para sempre no Brasil, lhe en viava num desafogo de mágoa infantil. Órfão de pais muito cedo, presa ainda na infância aos rigores que lhe impunha a condição de herdeiro da monarquia, o jovem conheceu bem no íntimo a triste za da solidão. O estudo foi a porta ampla que lhe devassou um mundo admirável onde o espírito podia cavalgar livremen te nas rédias de sua natureza meditativa e sonha- dora. Teve na adolescência, os melhores mestres da época, selecionados cuidadosamente pelo sábio tutor: para caligrafia e geografia, Luís Aléxis Boulan ger; para os conhecimentos elementares de francês, Pedro Renato Boiret; para de senho, Simplício Rodrigues de Sá; para a dança, Lourenço Lacombe, e para a mú sica, foi seu mestre Fortunato Mazziotti. O gosto pelo estudo, acompanhou –o pela vida inteira. Prestes a ser coroado, com apenas quinze anos de idade, Pedro II já traduzia e falava fluentemente os idiomas francês e in glês.Seus estudos iam diariamente até pelas 22 horas, engolfado nas leituras clássicas, de caráter filosófico. D.Pedro II foi um grande incentivador e amigo das ciências e da arte. Durante seu longo reinado, tornaram – se tradicionais as visitas que fazia aos colégios do Rio de Janeiro e quando em viagem pelo império, era para as escolas a visita que constava ao Colégio Pedro II, na Capital do país. São de Carlos de Laet, as memórias dos tempos de estudo naquele grande e tradicional estabelecimento de ensino. Naquelas visitas, fazia o imperador questão de argüir o melhor e o pior alunos da turma. Ao primeiro, finda a in terpelação, felicitava com valor e entusiasmo. Ao outro, o monarca encaminhava as perguntas de tal forma que fáceis se tornavam ao discípulo va A R T I G O dio, as respostas sugeridas. Ainda no Colégio, admiravam os alunos a facilidade com que o soberano mantinha diálogo em francês, com o Sr. Albout; em inglês, com o Dr. Motta, em italiano, com os drs. Schiefler, Goldschmidt e Tautphoeus. O imperador poliglota arguia os alunos em todas as matérias. Diante dele se curvavam as autoridades escolares, pois tinham ante seus olhos um mestre autênti co: sábio, humano, justo e bom. É de Pedro II uma frase histórica através da qual é por ele exaltada o papel do professor primário:”Se eu não fosse imperador, queria ser mestre esco la. Não conheço missão mais nobre do que essa: dirigir as inteligências moças e preparar os homens do futuro”. A direção do Hotel Bedford, em Paris, ha via diligentemente providenciado para que tanto no interior da casa com nas ceracan as –ruas e travessas – houvesse naquele entarde cer sombrio o máximo silêncio. Era a diferente homenagem – entre tantas – que o peculiar cavalheirismo francês tributava ao ilustre hós pede. Numa das suítes do Hotel um venerável ancião lutava em seus últimos alentos. D. Pe dro II agonizava. Respiração arquejante, po rém, lúcido, doridamente lúcido, passavam – lhe pela mente sofredora doces memó- rias, enternecedoras imagens, cenas queridas do Paço de São Cristóvão, lá longe, as doçuras campestres dos verões na Serra e a amoro sa dedicação de seu bom povo, sobretudo, o humilde povo negro por quem perdera ele o trono. A tarde se aproxima. Leve brisa drapeja a seda leve dos reposteiros arrepanhados nos caixilhos. Lá fora a noite chega. Aqui dentro, sem queixume, sem um lamento, corre pelas augustas faces a última lágrima. D.PedroII está morto. Atento e vigilante, o governo francês –sem ferir as primeiras manifestações do Brasil republicano – tomava a si, numa admirável demonstração de alto e exemplar civismo, de solidariedade e de respeito à família imperial exilada, o encargo das últimas homenagens ao soberano. D.Pedro II estava morto. Desen volveram – se imediatamente as providências oficiais. O interior do templo da Magdalena revestiu – se solenemente do negro luto dos veludos resplandescentes em brocados dou rados. No centro da nave o lampadário de cristal e os altos círios iluminaram o catafalco imperial. As colunas de estilo grego do famoso templo emolduraram pela última vez, a fronte do grande sábio, fervoroso cultor do helenis mo e do clássico. Ali, na calada da noite, levado em peque no préstito, em esquife real, foi depositado em uniforme militar e dragonas de general o corpo venerando de D.Pedro II. Sua cabeça de perfil sereno repousava agora – conso- ante melancólico testamento – em almofada ver de – amarela contendo um punhado de terra do Brasil. A natureza de França presta va seu tributo ao sábio e ilustre hóspede. As exéquias, presididas pelo Cardeal Arcebispo de Paris, desenvolveram – se ao som do grave órgão desferindo melodias de Gounod. A ela estive- ram pre sentes a sociedade e a elite cultu ral da França. Ao se aproximar a hora, os mais históricos batalhões do Exército Francês postaram –se nas imediações do templo. O esquife recoberto pela antiga bandeira do Brasil trazia apenas um lindo ramalhete de flores: homenagem expressiva da rainha Vitória, da Inglaterra. Ao assomar a escadaria do Magdalena, soou o clarim e imediata- mente ouviu –se uma voz marcial: —— Portez armes! Presentez armes! A França inclinava – se numa derradeira homenagem ao grande soberano. Movimentou – se o préstito. Um frêmito de emoção sacudiu a massa parisiense que rendia seu tributo: ao lado do esquife, entre as autori dades civis e militares, e as mais expressivas inteligências da França, destacava – se um ho mem de cor preta, cabelos brancos de neve, corretamente encasacado. Era brasileiro, vivia em Paris e fora antigo criado do Imperador. Acompanhavam o esquife, em seu ha bitvert – uniforme da Academia Francesa de Letras, solenes e emoci- onados Lecomte de Lisle, François Coppée, Sardou, Bertrand, Charcot, Alexandre Dumas Filho, Ambroi se Thomas, Gounod e, mais próximo à car reta, o grande amigo do morto: Pasteur. Os embaixadores do Espírito, da Cultura e da Ciência de França, rendiam reveren tes sua homenagem ao vulto que partia. Já na gare, ao se aproximar o esquife, a figura mais brilhante de Portugal em Paris, juntou –se ao séqüito, cabisbaixa e respeitosa. Era Eça de Queiroz.
NOS REFOLHOS DA HISTÓRIA
Diário da Cuesta 5 Elda Moscogliato

