Edição 560

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 560 QUARTA-FEIRA, 24 DE AGOSTO DE 2022

DOM PEDRO I – IMPERADOR DO BRASIL DOM PEDRO IV – REI DE PORTUGAL/ALGARVES “O LIBERTADOR” - “O REI SOLDADO”

Coração de Dom Pedro I chegou (22/8) ao Brasil para o Bicentenário da Independência. Transportado pela FAB, é a primeira vez que o coração deixa Portugal, desde a morte de Dom Pedro I, em 1834. A cerimônia para as solenidades oficiais aconteceu hoje (23/8), com escolta dos Dragões da Independência subirá a rampa do Palácio do Planalto e será saudado pelo Presidente Jair Bolsonaro, com a presença de membros da Família Imperial. Serão tocados os hinos Nacional e da Independência, cuja melodia foi escrita por Dom Pedro I. O coração ficará exposto no Itamarati até as solenidades do Dia 7 de Setembro, retornando a Portugal no dia 8.


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200 anos da Independência do Brasil – 1822/2022

(Quadro de Pedro Américo – 1888) No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro 1º proclamou o grito de independência às margens do rio Ipiranga e o Brasil se consolidou como uma nação independente. Desde 1946, por lei federal, a data é feriado nacional. Segundo a historiadora Luciene Carris, o grito da independência entoado em São Paulo foi um longo processo iniciado em 1808, após a saída estratégica da família real portuguesa para o Brasil por causa do Bloqueio Continental ordenado na Espanha e Portugal pelo rei da França, Napoleão Bonaparte, com o propósito de sufocar a economia inglesa que comercializava com outras nações europeias. A permanência da família real no Brasil perdurou até 1821 e ficou conhecido como “Período Joanino”. Uma série de melhorias foram feitas no país, como a abertura dos portos, autorização para os comerciantes a negociarem com nações amigas, que eram só os ingleses, instalação de bibliotecas e museus para incentivar à cultura e o desenvolvimento de uma pequena imprensa, nisso acabou surgindo “A Gazeta do Rio de Janeiro”, o primeiro jornal fundado no Brasil. Logo após a derrota de Napoleão Bonaparte na Rússia em 1814, D. João 6º começou a ser pressionado para voltar a Portugal pois as tensões haviam cessado. Em 1815, como resposta à pressão sofrida pelos países do Congresso de Viena, composto por Inglaterra, Áustria, Rússia e Prússia, além da própria França, D. João ascendeu o Brasil para a condição de reino, deixando assim de ser uma colônia. Em 1820 foi dado início à Revolução Liberal do Porto, um movimento militar que exigia a volta de D. João 6º a Portugal, caso contrário ele perderia o reino português. O movimento também exigia algo que foi um dos estopins para a independência: a manutenção do Brasil como colônia de Portugal. Em 25 de abril de 1821, D. João retornou a Lisboa, acompanhado de sua família e mais de quatro mil súditos, o que deixou a população brasileira sem saber qual seria seu futuro. Para garantir a continuidade administrativa e a presença real no Brasil, seu filho mais velho, D. Pedro 1º foi designado príncipe regente. Querendo recolonizar o Brasil, D. João recomendou a volta de D. Pedro a Portugal com o pretexto de que o príncipe regente precisava terminar a preparação acadêmica. A elite agrária, percebendo uma tentativa de recolonização e uma possível perda dos direitos adquiridos, movimentou-se pela permanência de D. Pedro 1º. Oito mil assinaturas pedindo para ele ficar foram recolhidas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, Estados brasileiros que possuíam boa parte da elite econômica.

Dia do Fico

O dia 9 de janeiro de 1822 foi a data em que D. Pedro 1º decidiu permanecer no Brasil com a seguinte frase durante uma audiência

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do Senado: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”, contrariando as exigências portuguesas. A partir desta data, uma sucessão de fatos desencadeou os acontecimentos que culminaram no Dia da Independência. Em maio de 1822, foi decretada o “Cumpra-se”, determinando que todas as ordens emitidas em Portugal só teriam legalidade no Brasil se fossem validadas pelo príncipe regente. Em junho de 1822, foi decretada a convocação para a formação de uma Assembleia Constituinte no Brasil, com a tarefa de elaborar uma Constituição para o Reino do Brasil, antes da independência política de Portugal. Ambas medidas reforçaram a visão de que D. Pedro possuía apoio interno suficiente para desafiar as Cortes Portuguesas, isso foi consequência do impasse contínuo entre brasileiros e portugueses. A postura das cortes portuguesas permaneceram irredutíveis com os interesses brasileiros. No dia 28 de agosto, novas ordens de Lisboa chegaram ao país: D. Pedro 1º deveria retornar imediatamente a Portugal, os privilégios da abertura do país seriam revogados e os ministros de D. Pedro presos por traição. A ordem convenceu Maria Leopoldina de que a ruptura entre Brasil e Portugal deveria acontecer imediatamente e, em 2 de setembro, ela assinou o decreto de independência para, logo em seguida, despachá-lo com urgência para D. Pedro, que estava em viagem a São Paulo. O príncipe regente foi alcançado no dia 7 de setembro, às margens do rio Ipiranga.

Dia da Independência

No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro 1º declarou independência do Brasil às margens do rio Ipiranga. A historiadora Luciene Carris define o acontecimento como “um dos mais importantes da história do país”. «É um episódio que corresponde ao fim do domínio português sobre o Brasil, principalmente nas relações econômicas e políticas”, falou. Ainda de acordo com Luciene, os efeitos da independência não foram imediatos em todo o Brasil. “Diferentemente de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e os Estados do Sul que apoiaram de imediato, a proclamação não surtiu efeito nas províncias do Norte, como Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, parte da Bahia e, também, a Cisplatina que pertencia ao Brasil”, disse. O caso da Bahia foi o que mais gerou controvérsia: o oficial britânico Thomas Cochrane foi contratado para realizar o bloqueio marítimo e terrestre da província. “Houve um cerco realizado em Salvador e eles não acabaram resistindo”, disse Carris. Em 2 de julho de 1823, foi declarada a independência da Bahia. Em 1825, após mediação da Inglaterra, Portugal acabou reconhecendo a Independência do Brasil através do Tratado de Paz e Aliança. Luciene explicou como foi esse acordo e as condições. “De acordo com as disposições dessa negociação diplomática, o Brasil cedia aos desejos de D. João 6º de assumir o título honorário de imperador do Brasil. Embora essa exigência, na verdade, manifestasse o interesse que o monarca tinha em reunificar os dois países como uma só coroa”, disse. Além disso, o Brasil teve de indenizar em dois milhões de libras esterlinas Portugal, o que também teve ajuda da Inglaterra, segundo a historiadora. “O Brasil estava com o tesouro zerado, era uma nação recém-formada, para conseguir pagar isso foi necessário contrair um empréstimo com os bancos da Inglaterra”, falou. “Após o reconhecimento português, várias outras nações da Europa e da América tiveram o mesmo gesto político de reconhecer a Independência do Brasil”, disse.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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A Curiosa história sobre o coração de D. Pedro I do Brasil para Portugal

Em um recipiente de vidro, guardado com extremo cuidado na Igreja de Nossa Senhora da Lapa(foto abaixo), na cidade portuguesa do Porto, repousa, desde 1837, o coração de Dom Pedro I, ou Dom Pedro IV, para os portugueses. Antes de morrer, o primeiro Imperador do Brasil deixou em testamento a intenção de que seu coração ficasse no linda cidade do Porto, com o qual tinha intensa relação, pois lá viveu durante os 13 meses (de julho de 1832 a agosto de 1833) em que a cidade foi sitiada em uma disputa de poder entre ele e seu irmão Dom Miguel I durante as chamadas Guerras Liberais (1828-1834). A população do Porto junto com ele, resistiram bravamente a esse Cerco e juntos venceram e Portugal deixou o regime absolutista e começou aí o Liberalismo. Marco importantíssimo para a história de Portugal e lá no Brasil deixamos de ser Colônia. Tudo mudando junto, nossos histórias sempre conectadas de alguma maneira!

Parte interna da Igreja da lapa

Igreja da Lapa- Porto De dez em dez anos (a última vez foi em 2015), a Prefeitura do Porto realiza a troca do líquido – uma solução mista de formol – usado para a conservação do coração. Seria quase possível dizer que o órgão está guardado a sete chaves, mas na verdade são necessárias cinco delas para acessar o recipiente onde o coração está. A primeira é usada para retirar a placa de metal cravada na porta do monumento, a segunda e a terceira abrem a rede por trás da placa, a quarta abre uma urna e a quinta, uma caixa de madeira, onde há uma espécie de guarda-joias de prata que guarda o recipiente de vidro com o coração. Para garantir o máximo de cuidado com o órgão, seis pessoas participam do procedimento.

Abaixo fotos da Avenida dos Aliados no Porto e a estátua de D- Pedro I ou D. Pedro IV:

Pouca gente sabe que o coração de Dom Pedro I é preservado na cidade do Porto, o que é extraordinário. Ele é muito cultuado na cidade, há inclusive uma estátua pra ele. É um tema de fato muito interessante. “É importante que os brasileiros saibam que quem proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 tem seu coração preservado na cidade do Porto, em uma urna cercada de muita veneração na cidade”, destacou o secretário Henrique Pires.

Independência ou morte

Apesar de o coração de Dom Pedro I estar no Porto, em 1972, durante as comemorações dos 150 anos da Independência, os restos mortais do imperador foram transferidos para o Brasil, onde estão até hoje, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, a poucos metros do riacho onde o monarca proclamou a independência brasileira do então Reino de Portugal.

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UM PASSATEMPO ASSIM (Ficção) NANDO CURY

Ao soar do meio dia, endossado pelos sinos da igreja, Seu Assad passa, sem pressa, a chave na porta transparente da loja. E expressa o aviso na vitrine: “Volto assim que possível”. Os clientes mais assíduos já tem assimilado esse recado: dois tempos de sessenta minutos, que asseguram o almoço caseiro e uma sesta sossegada para o comerciante. A loja é uma pequena livraria que associa livros a materiais impressos e de papelaria. No fundo possui doceria com café e um setor de passamanarias, produtos tracionais de família. Impossível não se impressionar com a lojinha da esquina do Largo da Matriz de Passa Quatro. Nesses mesmos instantes, as gêmeas Sissi, Sassá e Sussu passeiam com a possante pick-up cabine dupla do pai, o farmacêutico Néssio. Passam em frente à loja do Seu Assad, contornam o largo da Matriz e atravessam a passagem sob a linha do trem. A empresa ferroviária local oferece belos e acessíveis passeios pela Serra da Mantiqueira. O maquinista Mossoró realiza manobras nas garagens dos trens. E, para

“massagear” o ego, emite um forte apito que assusta Alessandro, o assoberbado chefe da estação. O carro das irmãs assegura sucessivas voltas pelas ruas da cidade, em busca de assuntos mais interessantes. Como, por exemplo, ultrapassar os olhares de asseados rapazes que, saem de seus empregos, naquele essencial momento. E vão, a passos largos, em busca de um assento no assediado Restaurante do Assis. Situado na Rua da Passividade com a Praça do Bom Sucesso, o restaurante tem cadeiras e mesas posicionadas sobre a calçada, possibilitando aos frequentadores uma visão privilegiada dos passageiros de carros que acessam a rua do estabelecimento. Empossando seu lustroso mocassim, Assis gerencia a pressão dos clientes e cuida dos ativos e passivos. Na retaguarda, a chef e esposa Cléssia assume a qualidade dos seus respeitados assados e massas. O assistente de cozinha é o mesmo garçom Jéssinho que assinala os pedidos dos fregueses, ossos do ofício para ajudar a manter o necessário equilíbrio das contas da casa. Sissi veste chapéu carnavalesco de passista e assina o comando do veículo. Sassá, ao lado da motorista, toca violão e ressoa uma conhecida canção de bossa nova. Apossando-se do banco traseiro, Sussu exibe sua pintura premiada, ressaltada por um passe-partout dourado. Na compressão passional da espera pós-almoço, Cassiano, filho do construtor Mássimo, pensa em “lançar” a passadeira vermelha pra Sissi. O médico recém formado Lisseu, sobrinho do Seu Assad, está assolado pelo impasse de “assobiar” para Sassá ou para Sussu. Mas, “sussurram os passarinhos” que Sassá só vai sossegar nos braços do ansioso Tássito, um dos herdeiros sucessores da fazenda turística. Ao se aproximarem dos anseios da “passeata” motorizada, as gêmeas ressaltam juntas a mensagem bem assessorada por tia Níssínia: -“Meninas não se esqueçam que o passatempo é lúdico, mas também é missionário”. E assertivamente, elas partem para “assinar” suas premissas pessoais nas passarelas assimétricas da paixão. Bem ali, assaz, em frente ao Restaurante do Assis.


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