Edição 564

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 564 SEGUNDA-FEIRA, 29 DE AGOSTO DE 2022

Michael Jackson é um cantor e compositor estadunidense nascido em Gary, Indiana, no dia 29 de agosto, de 1958. Um dos maiores astros da história, Michael Jackson também conhecido como o Rei do Pop. Ele faleceu na sua casa, em Los Angeles, após uma overdose de medicamentos em 25 de junho de 2009.

Neste período, Michael Jackson se preparava para a última turnê da sua carreira, This Is It. Começou a carreira no grupo de seus irmãos, o Jackson Five, para depois alçar uma vida como cantor solo. Michael Jackson é detentor de inúmeros recordes, entre eles, o álbum mais vendido da história, Thriller.


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ARTIGO

CAMPANHA ELEITORAL Bahige Fadel E começou a campanha eleitoral. Pra mim, não é nenhuma novidade. Ao longo de minha longa existência, presenciei muitas e participei de algumas. Quando participei, meu objetivo era dizer ao eleitorado por que deveria votar em meu candidato e por que não deveria votar no adversário. Procurei ressaltar a competência de um e a falta de competência do outro. Depois, ficava torcendo para que os eleitores entendessem minha mensagem. Acho que é assim que deve ser uma campanha eleitoral. Os candidatos apresentam seu programa de governo e a viabilidade de executá-lo e os eleitores escolhem aquele que melhor vendeu o seu peixe. Vai ser assim agora? Pelo andar da carruagem, não. A pré-campanha já deu o tom e, se não houver, urgentemente, uma reviravolta, as coisas não serão muito agradáveis. O caro leitor já notou um detalhe (tomara que eu esteja enganado)? As pessoas, em campanha eleitoral, falam com raiva. Demonstram ira, revolta, ódio. A gente já está cansado disso. O dia a dia está tão cheio de coisas ruins, que a gente está à procura de momentos melhores. Mais agradáveis. Mas os candidatos se apresentam apenas com o objetivo de destruir o adversário. Não se importam em ferir, em destruir, em mentir ou, no mínimo, em esconder a verdade. E a gente – pelo menos eu – quer outra coisa. Queremos esperança de melhores dias. Mas uma esperança alicerçada

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em fatos, em ações, em planos exequíveis, em pessoas confiáveis e competentes. Isso é querer demais? Acredito que não. Alguns candidatos acham que somos incapazes de pensar sozinhos, sem a ajuda deles. Teimam apodrecer cada item do adversário e enaltecer cada item de si próprios. Vai ser um tal de ladrão, corrupto, genocida, formador de quadrilha, entreguista, negacionista, incompetente, desonesto, nefasto... Deus me livre! Prefiro assistir àqueles filmes de ação. Pelo menos, nos filmes, sei que o mocinho vai sempre ganhar. Nas eleições, não tenho essa certeza. Aliás, não tenho nenhuma certeza. Vai vencer o melhor ou aquele queridinho das mídias? Vai vencer o que mais ama ou o que mais odeia? Vai vencer aquele que defenderá, a todo custo, a verdade e a ajustiça, ou aquele que defenderá, a todo custo, seus protegidos? Vencerá aquele que trabalhará pelo Brasil ou que trabalhará para o enriquecimento de seus apaniguados? Tomara que eu esteja enganado, tomara que o bom-senso prevaleça. Tomara que os eleitores não se deixem levar por palavras, mas por ações. O pregador barroco padre Antônio Vieira disse que ‘não faz fruto a Palavra de Deus, porque nesse reino há pregadores que não pregam a Palavra de Deus, mas palavras de Deus. É que a Palavra de Deus vem sempre seguida da ação correspondente, e palavras de Deus são só palavras’. Tomara que sejamos capazes de eleger aqueles que pregam a palavra e, em seguida, realizam a ação correspondente. Tomara!

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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“ FARD0S DA VIDA “

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José Maria Benedito Leonel

Cada um de nóis carrega o próprios fardos. Eu, ao pensar nos meus, lembro-me dos fardos de algodão de minha infância; algodão plantado e colhido pelo pai em terra alheia e fraca. Guardo malemá na memória as flores do algodoal vestindo de branco quadras de chão. Criança que era, eu achava lindo e era. Depois via com inocente tristeza os fardos de algodão, já vendidos, irem embora. Lembro-me da carroça e da tropa: no tronco, o Cigano, um burro preto, na rédea, a Granfina, uma mula tordilha. Ah,os fardos da vida. Aqueles da minha infância me deixaram a suavidade das plumas do algodão. Hoje, uma vida depois, são outros os meus fardos. Os de minha infância eram pesados e vendidos em arrobas. Hoje, meus fardos são doídos, mas leves, pesados na balança do meu coração: saudade da mãe, do pai, de gente que foi embora, do canto de invernada onde nasci, do meu cavalo pampa e dos

sonhos de minha mocidade. E o que aprendi até aqui, já que a criança que fui ficou no tempo? APRENDI que posso carregar o peso que me cabe porque Deus conhece minha força. APRENDI que a lã não pesa pro carneiro. APRENDI que quanto mais escura a noite, mais perto está a madrugada. APRENDI que muitas vezes, ganho se calo, perco se falo. Aprendi que há muito por aprender, basta olhar de lado ou pra trás e ver os fardos alheios. De fardos pesados, se os tive ou tenho, não falo. Simples assim.


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“Caminho de cristal” Maria De Lourdes Camilo Souza

Aproximava-se a Festa de Outono em Lugano, cidade na fronteira entre Itália e Suíça. Nonna Francesca cozia uma colcha de retalhos, sentada na varanda florida de onde se podia ver as montanhas do Cantão italiano. De longe se podia ver um pequeno rebanho de ovelhas, voltando do pasto com Ciccilo, o jovem pastor. Junto ao riacho via-se pedras coloridas que brilhavam sob a luz do sol. Ouvia-se os balidos das ovelhas entremeado dos badalos que levavam pendurados ao pescoço. A cena rural prendeu seu olhar por instantes. Os óculos escorregavam, ajeitou-os e continuou o trabalho, escolhendo retalhos para o trabalho de patchwork. Pensou em reproduzir aquela cena, contando a estória na colcha. Nisto ouviu a neta Giovana chegar, e sua voz animada perguntando por ela. -Nonna Francesca aonde está?” Aqui na varanda! Viu sua cabeça loura aparecer junto a porta de vidro. Levantou-se para abraçá-la. Preciso que me ajude a fazer a roupa para a dança folclórica do meu grupo, na festa de Outono, em outubro. Trazia nas mãos uma sacola com os tecidos e enfeites, bem como uma foto da roupa típica. Francesca procurou a fita métrica e começou a tirar as medidas da neta. Trabalho difícil visto que ela não parava de gesticular, falando animadamente como seria a dança. E juntando às palavras alguns passos da dança e cantarolando a música! Dava uns saltos, batendo palmas e girava no ar. Francesca riu e pediu ternamente que ela ficasse quieta para poder tirar as medidas. Foi anotando as medidas numa caderneta. E depois colocou o lápis apoiado na orelha. Olhou os tecidos dentro da sacola, enquanto os carregava para seu quartinho de costura. Ia seguida de Giovanna que tinha passado pela cozinha e vinha mastigando uma crostata espalhando farelos por onde passava. Foi limpando a grande mesa, colocou a sacola sobre a poltrona de tecido florido ao lado da máquina de costura. Sentia-se animada para começar imediatamente. Viu que a neta tinha esquecido de alguns aviamentos, e já planejava mentalmente ir na manhã seguinte ao bazar para comprá-los. Giovanna despediu-se da avó com beijos estala-

dos nas bochechas agradecendo, e correndo porta afora ao ouvir o barulho de uma buzina em frente a casa. Dias depois ligou para a neta pedindo que viesse fazer a prova da roupa. Era um traje típico do Cantão. Levava uma saia florida com suspensórios, blusa branca bordada entremeio de passamanaria, com mangas bufantes e nas costas levaria uma capa de veludo verde musgo. Ela usaria meias brancas e sapatilhas pretas com fitas entrelaçadas no tornozelo. Trabalhou muito e terminou o trabalho justo na véspera da festa. Estava muito emocionada enquanto ajudava Giovanna a se vestir. Seus cabelos louros estavam especialmente brilhantes e cacheados e levavam uma coroa de flores naturais amarrados com fitas. Ela estava particularmente linda.Ficou olhando Giovanna sair, literalmente encantada, lembrava uma imagem da ninfa dos bosques. Deu uma última olhada no espelho, arrumando uma mecha do cabelo grisalho na testa, apanhou sua bolsa que estava sobre o aparador de vidro grosso na sala de estar e saiu para os festejos.


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