Edição 588

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Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 588 SEGUNDA-FEIRA, 26 DE SETEMBRO DE 2022

“Ana Rosa: Sua Vida, Sua História”

A bela e formosa ANA ROSA e a cena da emboscada que a matou registrada pela pena mágica do Mestre Vinício.

É o túmulo mais procurado no Cemitério de Botucatu. Tem Capela construída na região do crime. É uma lenda forte...

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A Festa é organizada pela Paróquia de São Pio X

Nos dias 16, 17 e 18 de setembro foi realizada a 3ª Festa da Capela de Santa Cruz de Anna Rosa, organizada pela Paróquia de São Pio X. O evento, que terá programação religiosa e festiva, dividida entre a Capela de Santa Cruz de Anna Rosa e Praça da Juventude, na Cohab 1, movimentou a cidade. O evento prestou homenagem à jovem que foi assassinada cruelmente e simboliza o combate à violência contra as mulheres. A história de sofrimento de Anna Rosa será para sempre lembrada em Botucatu. A iniciativa ainda incentiva o resgate da cultura e tradição caipira na região. Praça de alimentação e missas mobilizaram o evento, houve show com cantores da cidade e entrega do diploma “Mulheres Superação”, que homenageia histórias de mulheres que superaram grandes desafios na

vida. Cavalgada e Romaria – No domingo (18), a realização da Cavalgada da Família e desfile de cavaleiros, além da já conhecida Romaria com os grupos Papa-Trilhas e esse ano com as Mulheres que Correm. Orquestra de Viola e Violão e Encontro de Violeiros – Como parte da programação que busca o resgate da cultura caipira, no sábado, (17), teve a apresentação dos violeiros da AFRAPE. No domingo, (18), houve apresentação da Orquestra de Viola e Violão do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu (IBB) e também um Encontro de Violeiros. (Fonte: Acontece Botucatu)

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

WEBJORNALISMO DIÁRIO

Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.


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a r t i g o “Ana Rosa: Sua Vida, Sua História” O Centro Cultural de Botucatu foi o principal foco cultural da cidade durante o lançamento do livro “Ana Rosa: Sua Vida, Sua História”, de Moacir Bernardo, Editora Santana, ilustrações de Benedito Vinicius Aloise. Nesse evento, abrilhantado pelo conjunto “Vozes da Noite”, da vizinha cidade de São Manuel, com apoio do Centro Cultural de Botucatu, através de seu então presidente, Olavo Pinheiro Godoy, o autor recebeu grande afluxo de pessoas interessadas no histórico/lendário de Ana Rosa. Segundo Moacir Bernardo, o livro coroa um trabalho de 5 anos de pesquisas em Botucatu e Avaré, trazendo na própria obra recortes de jornais à respeito do assunto. Na ilustração, a maestria do Vinício, mais uma vez, reconstitui os personagens e ilustra os lugares percorridos por Ana Rosa... Ana Rosa foi uma jovem muito bonita. Assassinada tragicamente aos 20 anos de idade, em 21/06/1885, por três pessoas a mando de seu próprio marido abandonado, o Chicuta. O local onde foi assassinada transformou-se em ponto de grande afluência de pessoas e de crenças e de curas...mas isso já é para ser lido no livro analisado. O Dr. Sebastião de Almeida Pinto, em seu tradicional livro “No Velho Botucatu”, às págs. 161/162, nos traz um relato desse importante acontecimento: “Um crime famoso, que apaixonou a população, foi o da Ana Rosa. Ela não matou ninguém, ela é que morreu. Mas o fato delituoso foi rotulado com esse nome e assim passou à tradição. Esse crime, durante muito tempo, foi o motivo principal das conversas do zé povinho. Foi mais comentado do que o dos turcos, ali na estação de Rubião Júnior. Ou do que a morte do dr. Gonçalves da Rocha, que foi assassinado dentro de casa, na sala de jantar, quando lia o jornal. Crime mais sensacional até, do que o do Isaias Mata Treis. Até agora, ainda se fala no drama de Ana Rosa, que depois de morta ficou com cheirinho de santidade, apesar da pinta brava que fora em vida. Ana Rosa era uma cabocla bonita. Moça faceira. Casada com Chicuta, que tinha um sítio em Avaré. Um dia, pirou. Veio para Botucatu. E assentou praça no regimento do amor rasgado. Era a mulher-dama mais falada e cotada no mulherio da fuzarca. Batia longe suas colegas, que tinham nomes engraçados: Nhâna Cabeça, Nica Paranista, Nhâna Santantônio, Antoninha Veada, Carolina erna Grossa (há pouco falecida), Sinhana Papo Roxo, Nhâ Tuca Guaiáca, Marrequinha, Maria Taquára, Dita Caçafoice e outros que tais, Ana Rosa se diferenciava da turma, pela

beleza e pelo nome. Essa era a abalizada opinião de Nhâna Picapau, a toureira, que contava detalhes do caso, que ela bem conhecia. Um dia, Ana Rosa desapareceu. Encontraram depois, restos do seu corpo, picado à faca, num capinzal adiante do Lavapés, na estrada do Pardinho. O crime bárbaro, foi executado por um tal Costinha e dois paranistas, a mandado de Chicuta, que assim lavou a honra ofendida. Os paranistas fugiram. Sumiram. Costinha e Chicuta, depois de algum tempo foram presos. E entraram em julgamento. E foram absolvidos. Pela derimente da perturbação dos sentidos !!! Com toda certeza, a perturbação era a dos senhores jurados. Os pedaços do corpo da morena pecadora e mártir, restos de corvos, enterrados foram no local do achado. E alí, ergueram uma capelinha. Onde almas piedosas iam rezar. Com o tempo, um italiano sabido, botou uma venda por alí por perto. E começou a promover uns “domingos do mês”. E depois, festas de Santa Cruz. E a Capelinha de Ana Rosa começou a ficar famosa, a SANTA deu de fazer milagres... e o italiano a enriquecer. Um dia o senhor Bispo soube da história. E determinou umas averiguações. Por fim, a autoridade Diocesana acabou com as festas e os milagres cessaram. E hoje a capelinha abandonada, está lá, na beira da estrada das carroças, quase em ruínas, com uma ou outra vela a arder, acêsa por mãos piedosas ou por pecadoras arrependidas”. Moacir Bernardo fala entusiasmado de sua obra: “Essa é uma história de 130 anos! É preciso que se resgate esse caso de amor que terminou em tragédia. A memória de Ana Rosa merece ser preservada, sua história deve ser resgatada, tanto pela sua importância cultural, folclórica e religiosa. E isso precisa ter início pelo tombamento de sua capelinha. A grande visitação ao seu túmulo é a maior prova de sua grande popularidade...

A verdade é que Moacir Bernardo presta importante serviço à cultura botucatuense com seu trabalho de pesquisa sobre Ana Rosa. O então presidente do Centro Cultural de Botucatu, Olavo Pinheiro Godoy, no prefácio da obra diz com propriedade: “Essa história de ANA ROSA, fruto de ampla pesquisa na qual se procura consolidar todo o conhecimento objetivo que o assunto representa, sem dúvida, valiosa contribuição para o estudo de uma figura que se tornou lendária na cidade. O conto cumpre a seu modo o destino da ficção contemporânea. Posto entre as exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora, o presente trabalho é o quase documento folclórico, ora a quase crônica da vida urbana, ora o quase drama do cotidiano. Este é um livro que será lido com agrado, não apenas por aqueles que se dedicam ao estudo de nossas tradições, mas também por todos os leitores, que se interessem pelas realizações humanas, pela vida palpitante das comunidades, pelo nosso rico passado. Tudo isso é narrado de maneira simples e direta, objetivamente, sem a preocupação da retórica. Faz-se a história de ANA ROSA, com simplicidade e clareza. Como dizia Chesterton: “Tradição não quer dizer que os vivos estão mortos, mas que os mortos estão vivos”. O sucesso do lançamento do livro, com certeza, será repetido na venda das Livrarias. Moacir Bernardo, participante do Centro Cultural (hoje, seu presidente), já tem trazido sua colaboração à preservação da memória botucatuense. No último número da Revista Peabiru, ele participou com excelente artigo referente aos Bebedouros para animais que tanto marcaram o visual citadino. Agora, nos presenteia com a lendária história de Ana Rosa. Vale a leitura. Parabéns ao autor. Avante! (AMD)


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“É por isso...”

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José Maria Benedito Leonel

-Não, eu não tô sumido! O que tô fazendo? -Tô por aí, procurando as falas sensatas e mansas dos afáveis. Tô andando por aí com saudade da cartilha de minha infância. Ela tinha um nome doce e o “caminho suave” era de esperança. O que ando a procurar? Ando procurando gente feliz . E como achar gente feliz neste conturbado mundão de Deus? Primeiramente é preciso acreditar que elas existem e não colocar rótulos nelas. Elas necessariamente não são alienadas, incultas,despolitizadas. Cuidado, de repente somos preconceituosos e/ou pretensiosos demais. Para achá-las estabeleci alguns critérios: - é feliz quem faz alguém feliz ; - é feliz quem se preocupa em ver o outro feliz. Como identificar gente feliz? Ora,observando: gente feliz proseia prosa pro bem, aquieta corações aflitos, vê beleza nos velhos azulejos dos prédios antigos. Gente feliz liberta o outro, deixa viver, não sufoca, não reprime, não julga. Gente feliz se alegra com a alegria alheia e é solidário na dor, também alheia. Gente feliz sabe, no que procura,o que é essencial e o que é supérfluo. Gente feliz respeita a humanidade do outro. Gente feliz é grata a Deus, ao destino, à sorte, às oportunidades, às pessoas, à vida. Enfim, em conclusão: a felicidade pessoal expulsa o egoísmo

e exige o outro. Certamente, não há consenso no que estou a pensar. No que diz respeito a felicidade, enganar-se,iludir-se, também é um jeito de ser feliz. E a vida segue, cada um a seu modo, com seus valores, verdades e escolhas . Sabe, lá no meu passado, vejo um peão campeiro feliz, aboiando o gado. Ele, seu cavalo baio e um cachorro preto. Esperando por ele, num canto de invernada,num casarão véio, uma morena feliz. E é por isso, que acredito nessa tal felicidade. Simples assim.

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