Diário da Cuesta NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO II Nº 627 QUINTA-FEIRA , 10 DE NOVEMBRO DE 2022 2º ANIVERSÁRIO DO DIÁRIO DA CUESTA (10/11/2020 – 10/11/2022) Leia editoriais, artigos históricos e galeria de edições do DIÁRIO.
Editoriais dos dois primeiros números do Diário da Cuesta
Diário da Cuesta2
“Para mim, uma cidade sem passado, sem lembrança concreta dos seus antepassados, sem as impressões digitais de sua história, me confrange...”
Paulo Francis
O homem só existe porque tem um passado. É o relato de como ele chegou até aqui que o faz inteiro. Sem isso não teríamos referência, não saberíamos o que somos e de onde viemos. A História de Botucatu é cheia de conquistas, de povos que tentaram ficar e que tiveram que partir e de outros que, através de lutas e, por que não, um certo amor pelo lugar, conquistaram o direito de povoar esta cidade. Viva o povo botucatuense que é tão rico em seu passado e soube, assim, fazer o seu presente. Incomparável!
É o Registro Histórico dos cidadãos que contribuíram para a construção de Botucatu é importantíssimo!
Além dos destaques que se tem dado a intelectuais, políticos e empreende dores em nossa imprensa faltava uma maior divulgação da atuação dos cida dãos prestantes que colaboraram para a cidadania botucatuense.
E essa divulgação tomou corpo com o jornal “FOLHA DE BOTUCATU” que, a partir de 1988, iniciou uma série de publicações buscando resgatar a memória de Botucatu, através do registro dos grandes vultos do passado e do presente, verdadeira coletânea das Gerações Botucatuenses.
Esse trabalho jornalístico não esgotou o assunto. Faltam grandes nomes. A verdade é que grandes botucatuenses estão a merecer um estudo e uma divul gação de suas vidas para as gerações futuras.
Mas a ideia inicial não era esgotar o assunto, mas, sim, despertá-lo.
Esse trabalho é para ser feito por muitas pessoas, muitas mãos precisam rea lizar um trabalho conjunto de resgate da memória botucatuense. Esse trabalho precisa da participação de muitos. De outros veículos de nossa imprensa. De entidades culturais. De outros pesquisadores.
O DIÁRIO DA CUESTA acredita estar fazendo a sua parte. A Direção.
Folha de Botucatu, 04 de setembro/1989
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Editorial
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
Folha de Botucatu, 26 de janeiro/1989
Diário da Cuesta3
EDIÇÕES DO DIÁRIO DA CUESTA
Diário da Cuesta 4
O Jornalismo no interior: do Linotipo à Magia da Web/Internet”
“Eu sempre acreditei que até a democratização dos meios de comunica ção seria uma luta política. Acabei descobrindo que se tornou uma conquista tecnológica. Hoje, todo mundo pode ser o seu próprio Roberto Marinho...”
Fernando Morais – jornalista e escritor.
Exatamente isso, com a Revolução da Informação, tudo se tornou aces sível em termos de comunicação: a telefonia celular, a internet, os blogs, o Facebook, o Orkut, o Twiter (as redes sociais), as redes internacionais de televisão e demais recursos da tecnologia audiovisual levam a todos os rincões do planeta a realidade de nosso tempo Simples assim Por esses poderosos meios de comunicação, as pessoas se conectam rapidamente, levando notícias, relatando online as suas expectativas e as suas esperanças Assim, a Aldeia Global se corporifica no avanço tecnológico da comunicação via internet...
Está certo o jornalista e escritor Fernan do Morais. Hoje, é possível ter o seu pró prio site e o seu blog, conectando-se com cidadãos, propondo mudanças, relatando fatos, cobrando soluções, enfim, fazendo a parte cívica que lhe cabe no exercício da cidadania.
Mas nem sempre foi assim. Na minha caminhada no jornalismo, eu vivi a fase mais difícil da imprensa interiorana na cidade de Botucatu/SP. Com o jornal es tudantil “Tribuna do Estudante” (1963) e com o jornal alternativo “Vanguarda de Botucatu” (1970), o processo gráfico de composição das matérias era através da tipografia, compondo letra a letra com os respectivos tipos.
A destreza dos gráficos era impressionante e, pinçando os tipos, as palavras, as frases e o texto iam surgindo nas chapas que seriam, ao depois, impressas. Já com o “Jornal de Botu catu” (1980), a compo sição era feita em lino tipo, representando um avanço tecnológico muito grande Aos poucos, com a popularização da offset, a feitura de jornais passou a ser mais fácil e mais rápida. Era a democratiza ção chegando na mídia imprensa
O jornal “Vanguarda” representou um avanço em termos de comunicação em uma cidade do interior: surgiu como uma nova proposta de se fazer jornalismo Surgiu moderno e participante Surgiu meio alternativo, mas absolutamente entrosado com o seu tempo e com a geração jovem que buscava caminhos e queria respostas... Na imprensa interiorana sempre aparecem órgãos que permanecem como divisores de águas, como delinea dores de mudanças desejadas... Assim foi com o jor nal “Vanguarda de Botucatu”, surgido em 1970, e tendo por lema:
UM JORNAL DE VANGUARDA/ A IMPRENSA NO IN TERIOR/ leia aqui
“O Jornal Jovem para a Nova Botucatu”.
Com muita ousadia, o “Vanguarda” se inspirou no também revolucionário jornal alternativo “O Pasquim”, editado no Rio de Janeiro, que trazia uma mensagem de mudança, de combate a favor da demo cracia e muita, muita criatividade. Um grupo de intelec tuais de vanguarda, comandava esse jornal que passou a ser um “guia” para a juventude brasileira, sequiosa de participação e inconformada com o imobilismo do país durante o Regime Militar. Nessa mesma linha, surgi ram os tablóides “Opinião” e “Movimento”. Esse estilo predominava: tablóide, colorido, com a primeira página sempre com uma diagramação impactante , com fotos em destaque ou ilus trações sugestivas. Era muito, muito diferente dos vetustos e tradicionais jornais da imprensa brasileira...
Já, em 1980,10 anos depois, ao trans formar o “Vanguarda”(tablóide men sal) em bi-semanário, com nova deno minação, “Jornal de Botucatu”, busquei inspiração no mais moderno e mais novo jornal paulista: o “Jornal da Tarde”. O tí tulo, em letras minúsculas, era uma ousa dia positiva. E para acompanhar o layout, pedi para que o prof. Vinício Aloise – Mes tre da ilustração – idealizasse, estilizada, a Igrejinha de Rubião Jr., com arquitetura medieval e localizada no topo do Morro de Rubião Jr. De 1980 até final dos anos 90, reinou absoluto, permanecendo até os anos 2005/6.
Em 2004, numa somatória das experiên cias anteriores, lançamos o “Jornal da Cues ta”, numa referência à CUESTA DE BOTUCATU, que é uma forma de relevo escarpada em um dos lados, um verdadeiro degrau, marcando o início do Planalto Ocidental Paulista. A série “A Muralha”, da Rede Globo mostrou bem esse típico relevo encontrado à partir do litoral pau lista.
Essa experiência foi abrangente, moderna, colorida e com uma diagramação agressiva e revolucionária, em termos gráficos.Totalmente digitalizado, era impresso nas poderosas rotati vas do “Jornal da Cidade”, conceituado jornal da cidade de Bauru. A diagramação era feita pelo Edil Gomes (Gráfica e Editora Diagrama) e enviado, via internet para Bauru, ficando pronto logo em seguida, quando era mandado de volta para Botu catu.
Em 1997, um grupo de in telectuais botucatuenses partiu para a edição de uma revista cultural. Teria uma periodicida de bi-mensal e procuraria colocar em discussão fatos e registros his tóricos da cidade e região além do trabalho de sua comunidade ligado à cultura de uma forma ampla para que se pudesse cons truir e registrar a nossa identidade cultural, o nosso perfil como comunidade progressista e de vanguarda. Assim, recebeu a denominação de “Revista Cultural Peabiru”, numa referência ao caminho pré-colonial que ligava São Vicente até Kusko, no Peru.
Peabiru: Uma Revista Cultural!/ A “Intelligentzia brasi leira”
À partir de 2010, com o nosso site e, em 2011, com o Blog do Delmanto, entra mos definitivamente nesse mundo virtual que transformou, efetivamente, o mundo em uma Aldeia Global.
E o Blog do Delmanto, para nós, assume aspectos especiais de comemoração, exatamente por ser on line e estar amplamente conectado. E teria que ser algo diferente, um veículo para mudança e que trou xesse uma contribuição efetiva ao debate das idéias. Com seu material postado dentro da tecnologia disponí vel, mas com uma edição “espartana”, com critério pro fissional, dedicação e idealismo, muito idealismo. Hoje, o Blog está chegando a 1 milhão de acessos.
Com o ousado lançamento do DIÁRIO DA CUESTA, em 10 de novembro de 2020, jornal online, o webjornalismo moderno, po cket, com o objetivo de resgatar e manter o JORNALISMO é uma feliz reali dade chegando, hoje, a 575 edições. É uma grande vitória!
Diário da Cuesta5
VANGUARDA DE BOTUCATU
Por entender que o “Vanguarda de Botucatu” representou o espírito de uma geração que soube assumir o compromisso com seu tempo é que estamos promovendo a divulgação do que foi o Vanguar da, com a reprodução de alguns artigos dos muitos colaboradores que teve. Artigos que foram um marco, ficaram na história da imprensa botucatuense. E mostramos, abaixo, o layout da coluna social (“Acon tecências”, idealizada por Olavo Pupo e que teve enorme influência na juventude botucatuense por muitos anos. No início, feita pelo Olavo e a Rita Pedroso, foi comandada também por Claudia Pedroso, Totica Pedroso e Andrea Morato e Fernando Amando de Barros). FOI OBJETO DE FORTE RESISTÊNCIA
Mas não move as mãos, não aplaude. É frio!».
2º ato: um humilde botucatuense que nos anos 40 chegou a campeão brasileiro de um certo esporte: «o pessoal, lá na terra, parece que tem vergonha de me cumprimentar. É onde menos sou festejado!».
3º ato: d. Frei Henrique, anos 50, assistindo a um bem organizado desfile cívico-religioso, ali na Cel. Moura: “Aplaudam. Vamos aplau dir, ó povo frio. Não sabem o tra balho que dá?”. Tradução: se a rapaziada que for ma com a Vanguarda ou em torno dela - excluída toda e qualquer conotação político-partidária - tem mensagem ou acredita tê-la e quer fazer algo pela cidade, não espere compreensão, nem aproveitar fundamentos existentes. Comece da base, feche os ouvidos, abra os olhos, veja as nossas lições mais práticas da história local e geral. E construa o legado da sua geração. Não espere aplausos. Haverá exceções, busca de diálogo, oferecimento de ajuda que afinal os voluntariosos estão em toda parte.
O “Vanguarda de Botucatu”, já o disse mos, não acabou em 1980 Ele continuou através do “Jornal de Botuca tu”, fundado em novembro de 1980. O “Jornal de Botucatu” surgia como um jornal bi-semanário, sem engajamento político, mas com uma linha definida de defesa da comunidade. Foi o primeiro jornal feito no li notipo em Botucatu à partir dos anos 70 Até 1980, os nossos jornais eram feitos no tipo, com exceção do Vanguarda, sempre feito fora de Botucatu por problemas de perseguições políticas dos poderosos de então. Pois bem, em 1980 , trouxemos para Botucatu a gráfica completa do Ariosto Campiteli, de Bauru, que passou a ser sócio do jornal re cém criado. Hoje, a Revista Peabiru procura manter a mesma linha de atuação, mobilizando a nossa comunidade, convocando a “intelligent zia botucatuense», enfim, construindo a nossa cidadania O prefácio de Hernâni Donato e seu artigo comemorando os 10 Anos do “VANGUARADA” e + os promeiros artigos da equipe jovem de colaboradores é um precioso acervo de nosso jornalismo:
“Um Voto Esperançoso...Mais Um....”
Rapazes: o diretor do jornal não brinca em serviço. Chegou e man dou: Vanguarda quer inovar. Sacuda a nossa moçada. Dê-lhe um plá dosado para os males de Botucatu.
Bom, não tenho receituário para uso dos moços que insistem em abrir o seu caminho dinamitando a estradinha aberta pelos mais ve lhos. Mas concordo em que para Botucatu, o momento, mais do que nunca, é o de balançar a roseira. Mais do que nunca porque ela goza de privilégio único de receber, de golpe, o enriquecimento do sangue novo de milhares de universitários. Gente de sangue quente, às vezes descontrolada exatamente por causa do sistemático “pé na tábua” em que vive, mas de cuja generosidade é possível esperar tudo. Mesmo aquilo que é mais necessário para a cidade: giro de duzentos graus na bússola do comportamento coletivo.
Vou lhes dar 3 diagnósticos para um mal que é típico da gente ser raçumana.
1º ato: Cornélio Pires, no palco do Casino, fim dos anos 30: «é difícil entender este povo. Gosta das minhas piadas porque ri de estourar.
Se a bandeira da Vanguarda é fazer e renovar, não atacar ou destruir, tem um campo largo pela frente. E merece o apoio de quem sente que é preciso mudar a mentalidade para não ter que mudar de cidade. Espero que Vanguarda, liberta de ganchos políticos que a limitem e imobilizem, tenha forças para resistir aqueles que vão tentar destruí-la, pela omissão; negá-la, pela tentativa do ridículo; esfriá-la, pela inércia com que gelaram tantos outros empreendimentos igualmente genero sos; desviá-la pelo descrédito organizado e sistemático. E que ajude a repor Botucatu entre as primeiras das nossas cidades. Se ela perdeu - quem negará que ela tenha perdido lastro, infelizmente? - foi só por culpa da sua gente. Gente que brinca com o futuro, com o voto, com as lideranças. Estou exagerando? Voltem a cabeça e vejam as conquistas e realizações dos últimos 10 anos. Individualizem os seus idealizadores. A constatação será melancólica.
Por isso - sem que isto signifique pronunciamento político ou grupal, mas apenas mais um voto de esperança, confio em Vanguarda. Como em todo movimento de juventude. Nós já tivemos freios demais. Preci samos de bons aceleradores.
Toque aqui, Vanguarda ! Prá frentex, gente.”
O posicionamento de Hernâni Donato não deixa de ser uma aula de sociologia “botucuda”. Era o quadro, sem tirar nem por, de nossa sociedade sedimentada mas com falta de perspectivas para o futuro No 10º aniversário do “Vanguarda de Botucatu”, em 1980, mais uma vez a palavra amiga e incentivadora de Hernâni:
“Pelos Primeiros Dez Anos de o “Vanguarda”
Segundo as agências de propaganda, um jornal atinge a maiorida de ao superar a marca do ano de publicação. Este período está para o jornalismo, assim como o nada saudoso “mal de sete dias” estava para crônica da mortalidade infantil nos velhos tempos. Mas, quando se trata de jornal interiorano, elas, as agências, exigem três anos de publi cação. Aí sim, passam as folhas caboclas a gozar do “status” de jornal a merecer conceito, às vezes até uma programação que lhe oxigene os pulmões financeiros.
Pois o jornal do Delmanto está quebrando a barreira dos dez anos. Mesmo quantos não subscrevem a linha política que ele imprimiu ou imprime ao “seu” jornal, hão de parabenizá-lo por vir respondendo ao gongo que tiranicamente o convoca para novos assaltos dessa luta sem intervalos que é o fazer imprensa. Principalmente - isto já é um refrão mas nem por isso é menos verdade - principalmente, imprensa interio rana.
Quantos amem Botucatu e respeitem o jornalismo - uma das for mas de manter dignas as comunidades - hão de fazer coro ao nosso voto: o de que, pelos decênios em fora, o Armando saiba fazer bem o seu jornal. E seja feliz com ele e por ele”.
Diário da Cuesta6
DE SETORES TRADICIONAIS DA COMUNIDADE BOTUCATUENSE POR SUGERIR UM “MEMBRO GENITAL”...rsrsrs
Uma boa história...
Mas nem tudo são flores no jornalismo no interior, espe cialmente se você faz oposição aos ocupantes temporários do poder público (prefeitura municipal). Botucatu é uma cidade de porte médio, mas dos anos 60 aos anos 80, os jornais eram feitos no tipo. E a maioria das cidades, do mesmo porte, já tinham a sua linotipo
Pois bem, o “Vanguarda” no seu início era feito na Grá fica Amaral e conseguia sair em duas cores: preto e ver melho e azul e laranja. Mas devido às perseguições polí ticas , ele teve que mudar 3 a 4 vezes de gráfica. Era um jornal agressivo, panfletário e fazia oposição “como gente grande”...rsrsrs Como eu trabalhava durante a sema na em São Paulo, não foi difícil descobrir boas gráficas. Então, o “Vanguarda” era o jornal com a melhor apresenta ção gráfica, porque era feito em boas gráficas linotipadoras. Havendo pressão dos Prefeitos em cima da gráfica, não sei se oferecendo vantagens, ou dando serviços, só sei que eles para vam de imprimir o jornal e geralmente acabavam dando os mo tivos. No final de 1974, eu já estava imprimindo o “Vanguarda” numa gráfica pequena, mas muito boa, no Belenzinho. E, de repente, o dono me deixou na mão e nem deu satisfação. Tudo bem, mudei de gráfica, novamente.
É sabido que tem os famosos “jornais chapa branca” que surgem e se mantém por longos anos grudados nas “gordas tetas” das Prefeituras Municipais. Alguns, depois de tanto tempo, até conseguem caminhar com as próprias pernas. Mas são, invariavelmente, jornais sem “curriculum vitae”, ou me lhor, a “fotografia” deles mostra muito bem o “rabo preso”. Mas é como diria aquele outro da TV: “Faz parte”... Só esperamos que a coisa mude com o tempo. E as comunidades possam ter veículos informativos com a independência necessária para valorizar o papel da imprensa na construção da cidadania
Aí é que vem a história. Anos depois, creio que em 1984, quando eu voltava de uma viagem e desci no aeroporto de Congonhas, peguei um táxi. E tive esse diálogo:
- “Oh, Delmanto, não tá lembrado de mim? Sou o Clodoal do, dono da gráfica lá no Belenzinho...(...)
- ”Clodoaldo, você me largou na mão, heim?”
Aconteceu o seguinte, a política da época (1974) o procu rou, lhe ofereceu dinheiro e um emprego na Staroup, em Botucatu, que era uma das maiores fábricas de jeans. Ele muito
esperto, vendeu a gráfica e com o dinheiro da venda mais o dinheiro do “acerto”, foi para o interior trabalhar na fábrica. Depois, não aguentou viver longe da capital e voltou e foi ser motorista de praça... Que coincidência, heim? Mas você vê, no interior tem muito dis so: perseguição política. Mas como há males que vem para o bem, por ter que trocar tanto de gráficas, acabei numa grá fica pequena, mas muito boa em Bauru. O dono, que era o linotipista, Ariosto Campitelli, após imprimir o “Vanguarda” por um bom tempo, aceitou fazer sociedade e trazer todo o maquinário pesado para Bo tucatu e trouxe também o im pressor, o Dalvo Davanço. Eu havia resolvido transformar o “Vanguarda”, jornal político, num jornal apolítico, mas com uma linha forte de defesa dos interesses da comunidade Foi uma mudança difícil, com aquele maquinário todo. Ti vemos que abrir uma parede para colocar principalmente a impressora. Os dois mudaram com as famílias para Botuca tu e lançamos, em outubro de 1980, o “JORNAL DE BOTUCATU”, um bi-semanário, com a melhor impressão da cidade e que passou a ser até o final dos anos 90, o melhor jornal da cidade. Jornalzão bacana, bo nitão, muito bem feito. Tinha a linha de defesa da sociedade.
Essa é uma boa história.
É registro histórico! (AMD)
Diário da Cuesta7
Diário da Cuesta8