Casa de Saúde “Sul Paulista” – 1928
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Na segunda metade dos anos 20, Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) já tinha completado seu ciclo produtivo de calçados: com fazenda de gado, curtume, fábrica de calçados (máquinário importado da Alemanha) e loja de comércio, sendo que exportava calçados para a França e a Alemanha. Era um imigrante empreendedor de sucesso. E conseguira realizar um grande sonho: um hospital para atender a forte colônia italiana de Botucatu e dirigido por seu filho primogênito, Aleixo, que se formara em Medicina pela Real Universidade de Parma, na Itália... Pedro Delmanto procurou reproduzir, em pequena escala, em Botucatu, na Casa de Saúde, as linhas arquitetônicas de um grande hospital de Florença. Assim, inaugurou a Casa de Saúde “Sul Paulista”, em 1928. Com a presença do Consul Italiano, Cav, Serafino Mazzolino, representando o Rei da Itália, foi inaugurado com toda a pompa esse pequeno hospital.
No final dos anos 20, Botucatu vivia fase de excelência acadêmica na Medicina
Bem antes da fase gloriosa de nossa Faculdade de Medicina, em 1928, com a inauguração da Casa de Saúde Sul Paulista, Botucatu passou a ser referencial e orgulho da Colônia Italiana Paulista. Àquela época, tivemos um Professor Universitário, Titular de cargo docente em uma das mais antigas e prestigiadas Universidades da Europa (Universidade Real de Nápoles): Professor Ludovico Tarsia, Professor Titular da Cadeira de Clínica Cirúrgica. Podemos dizer que já àquela época Botucatu revelava sua vocação de futuro centro médico universitário.
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CASA DE SAÚDE SUL PAULISTA 1928
HISTÓRICO
No inicio dos anos 20, a então poderosa colônia italiana em Botucatu atingia o auge de sua prosperidade. Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte. A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica. Longe deles qualquer sentimento divisionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma origem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas...
Pois bem, em 1928, o bem sucedido imigrante Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) já havia completado o ciclo produtivo da sua atividade: calçados. Com curtume montado especialmente para a produção de couros para calçados, com fábrica de calçados montada com moderno maquinário importado da Alemanha (exportava calçados para a França e Alemanha) e com a loja de calçados, esse pioneiro da industrialização em Botucatu vivia um sonho familiar: seu filho primogênito, Aleixo, estava de volta da Itália para onde fora estudar com os primos Botti. Voltou médico, formado pela Real Universidade de Parma.
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demente, marcando um passo seguro na sua vida de cidade progressista e culta.
Sabemos que dentre os elementos que constituem o valor intrínseco de uma cidade, avultam seus recursos próprios, para provar todas as urgentes necessidades de seus habitantes, em todas as emergências imagináveis. A frequência maior ou menor desses elementos, constituem o grau termométrico que marca o seu calor vital. Mesmo contando com uma ótima Santa Casa, que a caridade botucatuense conseguiu erguer e manter regularmente, Botucatu necessitava - e como! - de uma Casa de Saúde nos moldes da que hoje se inaugurará, à Avenida Santana, No. 1.
Verdadeira obra de apostolado essa, levada a efeito pelos ilustres e conhecidos facultativos prof. dr. Ludovico Tarsia, dr. Miguel Losso e dr. Aleixo Delmanto. Sim, um apostolado, dizemos bem, porque a construção de um hospital modelar, como a Casa de Saúde Sul Paulista, representa esforço, perseverança heróica, que só o amor à ciência e à humanidade pode inspirar.
Construída sob as vistas solícitas dos abalisados clínicos que nela dedicarão a sua atividade, a Casa de Saúde saiu uma feliz miniatura dos grandes hospitais estrangeiros, onde reinam a comodidade, a higiene absoluta, aliadas a toda a sorte de aparelhamentos necessários às mais delicadas intervenções cirúrgicas, exames, indispensáveis aos diagnósticos, análises clínicas, e tantos outros requisitos que se fazem necessários a Casa de Saúde à qual se possa dar o qualificativo de completa e confortável.
A situação de Botucatu, como centro de toda uma zona florescente, permite-lhe oferecer recursos médicos e hospitalares prontos e seguros a uma grande população que não lograria alcançar a capital do Estado, por muito longe, sem reais prejuízos. Por isso mesmo, Botucatu, com uma Casa de Saúde como a que hoje se inaugura, se vê com forças para servir extensa zona do Estado, beneficiando-a muito, mormente nos casos de urgência. Botucatu está de parabéns.
o filho pudesse
com
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profissionalmente e para que a “sua” colônia pudesse ter orgulho de ter a sua Casa de Saúde dirigida por um membro da colônia nascido, com muito orgulho, na cidade de Botucatu. Era o primeiro botucatuense “oriundo” que se formava em medicina. Era um orgulho para a colônia italiana.
Mas para Pedro Delmanto, com o orgulho de todo imigrante, era preciso um pouco mais. Ele queria realizar o melhor. Assim, assessorado pelo filho Aleixo, na parte médica, e por outro filho, Dante, na parte legal e de desembaraço alfandegário (Dante era advogado, na Capital, no escritório do Dr. Marrey Jr., jurista de renome e Chefe do Partido Democrático), Pedro Delmanto trouxe para Botucatu como Diretor Clínico da Casa de Saúde, o Professor Livre Docente de Clínica Cirúrgica da Real Universidade de Nápoles, Prof. Ludovico Tarsia, que por problemas políticos tivera que se afastar da Itália, e o Dr. Miguel Losso, italiano formado na Itália que vindo para a nossa cidade aqui se adaptou e constituiu família, casando-se com D. Maria Meluso, de tradicional família local.
No ano de 1928, Pedro Delmanto construia um palacete na Avenida Santana (a numeração à época, trazia o No. 01) para instalar a Casa de Saúde. Surgia a CASA DE SAÚDE SUL PAULISTA. Pedro Delmanto, que possuía o mais antigo estabelecimento comercial de Botucatu (1891), estava orgulhoso. A festança foi grande. Banda de Música, autoridades, convidados e grande massa popular. A chegada do Cav. Serafino Mazzolino, Consul Geral da Itália em São Paulo, em missão oficial, deixava a colônia italiana exultante.
A inauguração ocorreu no dia 25 de novembro de 1928. O jornal “O CORREIO DE BOTUCATU”, de 25/11/1928, noticiava o acontecimento com o título:
“AS BOAS IDÉIAS - CASA DE SAÚDE SUL PAULISTA”
“Com a data de hoje, o calendário botucatuense fica enriquecido gran-
Mais outra marca de progresso foi assinalada, e nós, amigos das boas ideias, apresentamos, daqui destas colunas, o nossos veementes aplausos e parabéns aos distintos dirigentes da famosa Casa de Saúde Sul Paulista, que hoje se inaugura e entra para o nosso riquíssimo patrimônio de cidade culta e progressista.”
Na mesma edição, o “CORREIO” destacava: “Inauguração da Casa de Saúde Sul Paulista. Conforme antecipamos, hoje será inaugurada definitivamente a Casa de Saúde Sul Paulista, à Avenida Santana, No. 1. A auspiciosa solenidade foi marcada para 3 horas da tarde. Numerosos convites foram distribuídos de modo que o ato inaugural se revista de muito brilhantismo. Esse magnífico estabelecimento hospitalar será dirigido pela competência dos clínicos drs. Ludovico Tarsia, Miguel Losso e Aleixo Delmanto. Na próxima edição publicaremos uma reportagem sobre a festividade desta tarde.”
Na edição do dia 27/11/1928, o “O CORREIO DE BOTUCATU” nos relatava a solenidade de inauguração: “Esteve brilhante o ato inaugural do suntuoso estabelecimento. Foi anteontem que se inaugurou a Casa de Saúde Sul Paulista. Foi uma bela festa a que italianos e brasileiros, numa confraternização amiga, compareceram representados por seus melhores elementos. O Monsenhor Adauto Rocha, depois de espargir água benta por todos os cômodos, pronunciou eloquente oração saudando os dirigentes da Casa de Saúde. Em seguida, falou o Sr. Pedro Avelino. Falou depois o Sr. Cônsul da Itália. Agradeceu as saudações, em nome da diretoria, o Sr. Dante Delmanto, que estendeu os agradecimentos às autoridades e ao povo presente ao ato inaugural. O Rei da Itália fez-se representar pelo Sr. Cônsul Italiano em São Paulo.”
No final de 1930, Aleixo Delmanto volta à Itália para cursar Especialização em Radiologia na Real Universidade de Bolonha, a mais antiga universidade do mundo.
A presença de médicos de vida acadêmica foi uma realidade em Botucatu no final dos anos 20. Bem antes da fase gloriosa de nossa Faculdade de Medicina. Como era natural, a Casa de Saúde passou a ser orgulho e referencial não só da Colônia de Botucatu, mas da Colônia Italiana de todo o Estado Era comum a vinda do Embaixador Italiano e do Cônsul
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes Contato@diariodacuesta.com.br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
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Geral de São Paulo, assim como de membros de destaque da colônia na Capital.
Botucatu passava a desfrutar do padrão de excelência no atendimento médico. Isso, como era natural, passou a atrair médicos italianos e brasileiros para Botucatu, especialmente para a Casa de Saúde.
De fato, com a vinda e permanência do Professor Ludovico Tarsia como Diretor da Casa de Saúde Sul Paulista, o hospital granjeou grande prestígio como centro de moderna medicina. Como consequência da presença do grande médico italiano em nossa cidade, além do sucesso financeiro do hospital, tivemos a presença, trabalhando em Botucatu, dos médicos italianos Drs. Cataldi, Paulo Parolari e Archimede Bussacca, entre outros. Uns permaneciam alguns dias clinicando na Capital, como o Dr. Archimede Bussacca(oftalmologista de renome que realizou as primeiras cirurgias da vista em nossa cidade), e outra parte da semana clinicavam em Botucatu, na Casa de Saúde.
Durante a Revolução Constitucionalista de 32, o “JORNAL DE NOTICIAS”, de 24/07/1932, trazia a seguinte nota: “O Prof. Dr. Ludovico Tarsia e o Sr. Dr. Aleixo Delmanto, diretores da Casa de Saúde Sul Paulista, ofereceram os seus serviços médicos bem como aquele estabelecimento para qualquer necessidade que aparecer. O Prof. Tarsia, além de sua comprovada competência, conta com longa prática nos hospitais militares da Grande Guerra Européia, na frente italiana e, depois, como enviado pela Itália na frente belga. O Dr. Aleixo Delmanto, também muito competente, conta com longa prática em diversos hospitais, tendo se especializado em radioscopia e radiotermia. A Casa de Saúde está otimamente instalada e a sua instalação de eletricidade médica é uma das melhores da zona.”
Com isso, é claro, a cidade de Botucatu passou a contar com “tecnologia de ponta” em termos de medicina Afora ufanismo exagerado, podemos dizer que, já àquela época, Botucatu revelava a sua vocação de futuro centro médico universitário. Àquela época, tivemos um Professor Universitário, Titular de cargo docente em uma das mais antigas e prestigiadas Faculdades de Medicina (Real Universidade de Nápoles), clinicando e transmitindo seus conhecimentos em Botucatu.
Alterada a situação política na Itália, o Professor Tarsia regressou à Nápoles e retomou a sua carreira universitária Anos depois, em 1952, Antônio Delmanto, em viagem de passeio à Europa teve a oportunidade de visitá-lo, na Faculdade de Medicina da Real Universidade de Nápoles. Na ocasião, o Prof. Tarsia já era Professor Titular da Cadeira de Clínica Cirúrgica e recebeu com entusiasmo o “amigo botucatuense”, quando expressou a sua saudade e gratidão à cidade e à colônia que tão carinhosamente o acolheram no final dos anos 20.
Paralelamente ao prestígio da Casa de Saúde Sul Paulista, o primeiro botucatuense formado em medicina, o Prof. Dr. Cantídio de Moura Campos, de tradicional e influente família local, crescia em destaque na Faculdade de Medicina da futura Universidade de São Paulo, sendo no início dos anos 30, eleito Diretor da Faculdade de Medicina para, logo após (1934/37), no governo de Armando de Salles Oliveira, ser nomeado para o importante cargo de Secretário Estadual da Saúde e da Educação. Era Botucatu - através de um de seus filhos ilustres - atingindo o maior posto na medicina em todo o Estado: Diretor da melhor Faculdade de Medicina e Secretário da Saúde.
Da mesma forma, a lembrança da atuação do Dr. Vital Brasil, em nossa cidade, no final do século retrasado. Tudo foi motivo para que a população botucatuense fosse, a pouco e pouco, solidificando a crença de que seu destino de ser sede das “Boas Escolas” caminhava para a conquista de uma Faculdade de Medicina . A vocação para a educação e a saúde parecia própria da cidade. A conquista de uma Faculdade de Medicina passou a ser a aspiração maior.
A Casa de Saúde Sul Paulista estava muito bem instalada para os padrões da época e foi o primeiro centro médico da região a contar com a presença de médico com experiência e perfil acadêmico
2a. FASE
A crise de 1930 afetou economicamente o Brasil e São Paulo e, clara conseqüência, a nossa Botucatu. O nosso 1o. Ciclo Industrial sentiu a crise que trouxe profundas modificações nas grandes indústrias botucatuenses
No setor de saúde, pelo “BOTUCATU JORNAL”, de 27/07/39, notamos anúncio publicado trazendo notícia de que a Casa de Saúde Sul Paulista tinha em sua Direção o conceituado médico e ex-Prefeito Municipal, Dr. Nestor Seabra, trazendo, ainda, os nomes dos médicos componentes de seu Corpo Clínico:
Drs. João Araújo, Benedito Canto, Teixeira Guimarães (ex-Diretor da Misericórdia), Ranimiro Lotufo, Edmundo de Oliveira, Sebastião de Almeida Pinto, Jorge Bittencourt, Darwin do Amaral Viegas, Paulo Ariani, João Reis, Arnaldo Reis, Horácio Figueiredo (ex-Diretor da Misericórdia) e Humberto Gianella. O anúncio destacava que...”A Casa de Saúde “Sul Paulista” dará assistência médica gratuita as pessoas reconhecidamente pobres, todos os dias úteis das 13 as 15 horas...”.
No início dos anos 40, a Casa de Saúde ganha nova denominação, “CASA DE SAÚDE NOSSA SENHORA MENINA”, sob a direção e propriedade do empresário Adolpho Dinucci e do médico, Dr. Humberto Gianella.
Aqui abro outro parêntese
Foi de destaque a atuação do Dr. Humberto Gianella na vida médica de Botucatu. Formado em medicina pela Real Universidade de Nápoles, em 1929, clinicou por um ano na Itália, vindo para o Brasil no início dos anos 30. Em São Paulo, atuou por um ano no Hospital Matarazzo indo, depois, para a cidade de São Manoel, onde passou a residir e clinicar.
A família Gianella e a família Delmanto (Del Manto) tinham laços de amizade desde a Itália, ambas eram de Castellabate, província de Salerno. Aleixo Delmanto, formado pela Real Universidade de Parma, dirigia a Casa de Saúde Sul Paulista e mantinha contatos constantes com os médicos da região, especialmente com os pertencentes à colônia italiana. Quando o Dr. Gianella foi acometido de tifo, em São Manoel, Aleixo lhe deu toda assistência médica Posteriormente, foi seu introdutor na cidade de Botucatu, quando Gianella, apesar de continuar residindo na vizinha cidade de São Manoel, passou a clinicar em Botucatu, na segunda metade dos anos 30.
Em 1940, o Dr. Humberto Gianella vem morar, em nossa cidade e algum tempo depois adquiriu, em sociedade com o seu sogro, Adolpho Dinucci, a Casa de Saúde, ampliando-a e mudando-lhe o nome para CASA DE SAÚDE NOSSA SENHORA MENINA.
Foi casado com D. Maria Dinucci, filha do grande construtor Adolpho Dinucci, responsável pela moderna ampliação do hospital Dirigiu a Casa de Saúde até o ano de 1950, quando foi desapropriada pelo Governo do Estado. Passando a Casa de Saúde a ser Hospital Regional da Sorocabana, continuou ali a clinicar, bem como na Misericórdia Botucatuense, a partir de 1952.
Posteriormente, com a conclusão do prédio do Hospital Regional da Sorocabana que estava sendo construído na Vila dos Lavradores, o prédio da antiga Casa de Saúde passou a abrigar o Centro de Saúde de Botucatu, SUDS/ERSA.
As eficientes Irmãs da Consolata que vieram nos anos 40 para a Casa de Saúde assumiram, em 1952, o setor de enfermagem e administrativo da Misericórdia Botucatuense, da mesma forma que parte do Corpo Clínico da Casa de Saúde foi absorvida, no mesmo ano, pela Misericórdia Botucatuense.
Fecho o parêntese.
O Dr. Gianella consolidou a fama da Casa de Saúde, ampliando-a (o atual bloco central foi construído em sua gestão) e modernizando-a. Em 1950, o governador Adhemar de Barros (também médico e de São Manoel) desapropria em tempo recorde a Casa de Saúde para sediar o Hospital Regional da Sorocabana, cujo prédio estava sendo construído na Vila dos Lavradores. Há muito boato e muito desmentido no meio político local a respeito da compra do hospital e da possível parada das obras na Vila dos Lavradores. Na imprensa botucatuense “ferve” a notícia. A pressão foi tão grande e a existência de eleições no ano seguinte obrigaram o Governo do Estado a continuar as obras e a não fraudar as esperanças da população (AMD)
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ALEIXO DELMANTO (1901- 1994)
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Os imigrantes italianos que vieram para Botucatu no final do século retrasado (1887), chegaram carregados de esperanças e com uma só determinação: serem vencedores na nova pátria. Como a educação no Brasil, no início do século, ainda não tivesse atingido o nível que hoje possui, principalmente no interior, Aleixo Varoli patrocinou a ida de seus netos para a Itália, para que pudessem estudar e preparar-se para a futura vida profissional.
Aleixo Varoli enviou seus netos para que estudassem no tradicional e conceituado “Collegio Maria Luigia”, da cidade de Parma, em regime de semi-internato. Mais uma vez, contou com a colaboração de Giuseppe Botti para que fizesse o acompanhamento, na sua ausência, da atuação dos meninos. Foram do Brasil, com média de 9 anos, Aleixo Delmanto (filho de Pedro/Maria Delmanto) e Alfonso, Julio, Carlos e Mário Botti (filhos de Francisco/Albina Botti).
Todos fizeram do básico ao colegial na Itália, tendo Aleixo Delmanto feito também a Faculdade de Medicina da Universidade de Parma e, depois (1930/31), especialização na Universidade de Bolonha - a mais antiga Universidade do Mundo! Tanto Parma como Bolonha pertencem, hoje, à Região Emilia-Romagna, uma das mais desenvolvidas da Itália.
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Em seu retorno ao Brasil, o jovem médico botucatuense (primeiro “oriundo” local a formar-se em Medicina), recebeu uma grata surpresa e um grande incentivo: seu pai, o industrial italiano Pedro Delmanto, havia construído uma réplica reduzida de um grande Hospital de Florença! Seria em 1928 a inauguração, em Botucatu, da Casa de Saúde “Sul Paulista”...
CASA DE SAÚDE
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“SUL PAULISTA”
No inicio dos anos 20, a então poderosa colônia italiana em Botucatu atingia o auge de sua prosperidade Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica. Longe deles qualquer sentimento di visionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma ori gem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas...
Como ocorrera, com muito sucesso, na capital, onde a colônia italiana erguera, sob ocomando do Conde Matatarazzo, o imponente Hospital Umberto Primo, em 1904, ampliando-o sucessivamente, o exemplo passou a ser seguido pelos núcleos mais expressivos dos imigrantes italianos nas cidades do interior do estado E Botucatu estava situada no limite de onde chegara a Estrada de Ferro Sorocabana, em 1889 e dali partindo para a conquista do interior, “plantando” cidades com o progresso que as suas paralelas levavam: Lençóis Paulista, Bauru, Assis, Ourinhos e Presidente Prudente se destacando entre tantas outras Inaugurada com toda a pompa, com banda de música, a presença de autoridades e comparecimento expressivo da população num verdadeiro
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da Itália.
e, suprema
com
PRIMOGÊNITO !
Com apenas 9 anos, o menino Aleixo foi estudar na Itália. Imaginem um menino de 9 anos... Lá, Aleixo fez seus estudos em Parma onde acabou cursando Medicina, com especialização na tradicional Universidade de Bolonha. Em Parma, casou-se com Rina (Arthurina) Cantoni. E voltou para o Brasil como o primeiro dos “oriundi” formado em Medicina. Foi uma vitória da família e, com certeza, de toda a numerosa colônia italiana de Botucatu. Primeiramente, de forma pioneira, na Casa de Saúde Sul Paulista e, ao depois, por 40 anos na Misericórdia Botucatuense, como Chefe do Serviço de Radiologia.
Aleixo se dedicou à medicina por 60 anos de efetivo exercício profis-
Em carta datada de 08 de fevereiro de 1914, meu pai, Antônio Delmanto, deixava expressa toda a felicidade e todo o orgulho que a família e amigos tinham do jovem Aleixo:
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“...ti faccio sappere che sono passatto nella Scuola Botucatuense per poter imparare anche a língua portoghese ma il babbo me disse che da qui 2 anni vengo anch’io in Italia per poterme imparare come sideve, qui noi tutti stiamo bene...Riceve um baccio dal tuo fratello, Antonio Delmanto”.
E termina, com letras maiores:
“Viva Alessio,Viva Alessino!” Saudades, caríssimo Tio Aleixo! Saudades! (AMD)
congraçamento dos imigrantes com os botucatuenses honra, a presença do Cônsul Geral da Itália representando o Rei Sucesso. Com a Direção do Prof. Dr. Ludovico Tarsia, compunham a Diretoria: os Drs. Aleixo Delmanto e Miguel Losso, médico italiano já integrado à colônia local ALEIXO DELMANTO – O sional. Nos primeiros anos da nossa Faculdade de Medicina pode colaborar com seus ensinamentos para o engrandecimento dessa modelar instituição Comunicativo e extrovertido, Aleixo participou sempre das atividades culturais e festivas da colônia italiana na cidade Traduziu os clássicos italianos, escreveu as letras de muitas músicas, inclusive, a letra do HINO DE BOTUCATU. Foi um dos fundadores do TAENCA (Cine Teatro Nelli) e da Academia Botucatuense de Letras. Enfim, foi um cidadão prestante. Seus filhos, Rubens Aleixo (médico) e Glória Maria (professora), deixaram-lhe netos e bisnetos“Conexão ruim e barata voadora”
Maria De Lourdes Camilo Souza
Ontem a noite eu tentava escrever um texto pela enésima vez estava ali pela metade, quando comecei a ouvir uns barulhos de um bicho andando pela sala. já fiquei alerta.
Na tela do computador uma mensagem se sobrepunha: você está sem conexão com a internet.
Nisso escutei o bicho voando pela sala chegando próximo de mim.
Eu estava sentada no sofá cinza chumbo, e vi que uma baratona pousou no braço do sofá.
Podem imaginar o meu desespero.
Odeio baratas.
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Peguei o que tinha em mãos no momento, ou seja uma agenda grande e joguei na barata que saiu voando.
Nesse momento já estava apavorada que tivesse voado em mim.
Então olhei para a tela do computador e vi que no desespero de me livrar da peste da barata tinha perdido meu texto.
Tentei recuperar, mas foi em vão.
A inspiração tinha voado junto com a barata.
Com essa eu respirei fundo tomei uns goles de água e fechei os olhos tentando me acalmar.
Desliguei o notebook pensando: depois dessa vou é dormir, já que a conexão estava péssima.
Fiquei me lembrando das outras vezes no dia que estava
já com o texto bem adiantado e a Mindy veio enfiar o focinho molhado na minha cara.
Outra feita a Chérie chegou se enrolando nas minhas pernas pedindo carinho, esqueci de salvar o texto de novo.
Na minha cabeça sempre vinha a imagem da barata.
Eca!
Deitei na cama e estava quase dormindo quando a Mindy começou a latir e não parava.
Fui ver o que acontecia.
No chão da lavanderia estava a baratona de pernas para o ar, Mindy, a exterminadora, a tinha acertado com uma patada certeira.
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Tirei a barata com a pazinha e joguei no lixo, e a Mindy sossegou.
E eu finalmente consegui dormir.
VOCÊ SABIA?
Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial?
Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo?
A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial
Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada em Vitoriana. Verdade ou lenda ?!?
Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes da virada do século passado?!?
Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica de Lawrence da Arábia: um brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.
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