Uma inesquecível viagem de trem nos Anos
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50...
Eu tive o privilégio de conhecer e usar a Sorocabana nos anos em que era a “toda poderosa” nos transportes de Botucatu a São Paulo. Nem se pensava em viagem de automóvel no início dos anos 50. Era de trem que se ia à capital. E era pela Sorocabana que se viajava... Às vezes e conforme a pressa, ia-se de avião (Botucatu tinha escala da VASP...)
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Que teria sido brasileiro o famoso herói inglês que marcou presença na Primeira Grande Guerra Mundial?
Teria sido botucatuense esse herói? Teria nascido na Cuesta de Botucatu esse herói que encantou gerações com sua bravura e idealismo?
A Revista Peabiru apresentou minucioso estudo sobre a trajetória desse herói mundial Na história ou na “lenda” de Lawrence da Arábia, temos como berço natal do herói a Cuesta de Botucatu, mais precisamente, a Fazenda do Conde de Serra Negra, localizada em Vitoriana. Verdade ou lenda ?!? Segredo guardado ou sonho “botucudo” surgido antes da virada do século passado?!? Mas fica – com certeza! – a imagem positiva e heroica de Lawrence da Arábia: um brasileiro nascido na CUESTA DE BOTUCATU.
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A R T I G O
Uma inesquecível viagem de trem nos Anos 50...
Eu tive o privilégio de conhecer e usar a Sorocabana nos anos em que era a “toda poderosa” nos transportes de Botucatu a São Paulo. Nem se pensava em viagem de automóvel no início dos anos 50. Era de trem que se ia à capital. E era pela Sorocabana que se viajava... Às vezes e conforme a pressa, ia-se de avião (Botucatu tinha escala da VASP...)
Fiz viagens - com meus pais, é claro! – durante o dia, nas poltronas macias e bem cuidadas. Com os garçons servindo lanches, doces/salgados e refrigerantes... Outros, oferecendo revistas e jornais. E o Chefe de Trem conferindo e picotando os bilhetes... E fiz viagem à noite, no carro/leito, com todas as fantasias que aquela experiência trazia para um menino que estava descobrindo que o mundo era maior que a sua casa, sua escola, sua rua e, nessa experiência, que era maior, bem maior, que a sua Botucatu... Cabines muito bem instaladas, com beliche, lavatório, bagageiro, espelho/luminária e o revestimento de madeira cuidadosamente envernizado. Era verdadeiramente... uma viagem! Uma viagem registrada para sempre... As refeições no vagão/restaurante completavam a excelência dessa experiência inesquecível: as mesas postas e arrumadas, os pratos e talheres pesados e bonitos (com o monograma da EFS), a apresentação dos pratos pedidos, a elegância dos garçons...
O embarque e o desembarque era uma outra aventura. Na ESTAÇÃO, em Botucatu, tudo era grandioso: desde a entrada até a plataforma, a sala de espera das senhoras e o muito bom que era o seu Bar e Restaurante...
No frontispício da gare, o seu famoso e imponente relógio... O guichê de compra das passagens ainda no saguão de entrada com seu pé direito alto, seu magnífico vitral e seu teto trabalhado davam a devida grandiosidade àquele prédio da SOROCABANA. Na Praça fronteiriça, os “carros de aluguel”, com seus motoristas já conhecidos de todos...
Durante a viagem, as paradas nas estações das cidades servidas pela ferrovia eram muito agitadas. Em Sorocaba, a parada maior. Em todas, o movimento grande de pessoas, dos carregadores, dos vende-
EXPEDIENTE
dores autônomos. Na hora certa, o apito do trem...
A chegada a São Paulo, na Estação Júlio Prestes, era um desembarque num outro mundo. Muito movimento, aquela imponência em tudo, a arquitetura grandiosa que até hoje é admirada e serve, agora, para a nobreza da “Sala São Paulo”, destinada a grandes concertos...
É... a SOROCABANA marcou um tempo, uma época grandiosa para todos nós que pudemos vivenciar a excelência dessa prestação de serviços.
Mas quero registrar, neste depoimento pessoal, uma experiência que vivi na nossa ESTAÇÃO e que me marcou para sempre... Era no início dos anos 50, mais precisamente em 1952, meus pais, Antônio e Fióca, e minha irmã, Fióca Helena, foram em viagem de férias para a Europa. Eram 3 os casais: meus pais, meus tios Humberto e Lucila Milanesi e o Sr. Astrogildo Santos Silva (Zilo) e sua esposa Mafalda Bissacot Silva. Para acompanhar os amigos até o embarque, em Santos, foram vários amigos e parentes da capital e entre os de Botucatu, os casais Domingos Bacchi e Sra, Aleixo e Rina Delmanto e Sr. Lourenço Ferrari e Sra. E o Dr. Benedito Canto.
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O regresso, com a chegada em Santos, e de São Paulo a Botucatu, novamente pela
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
Contato@diariodacuesta com br Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
ferrovia. Aqui começa a estória que quero contar...
Os amigos de Botucatu, preocupados em bem receber o médico e político, organizaram uma recepção festiva na chegada à estação... Com direito a pequena banda de música e presença das famílias amigas, correligionários e políticos amigos. Antônio Delmanto não esperava essa prova de carinho. Até dirigentes partidários udenistas da capital foram convidados... Foi surpresa. Uma grande e agradável surpresa...
Desde a chegada do trem, na plataforma, começaram os cumprimentos e os votos de boas vindas. Afinal, era a ESTAÇÃO SOROCABANA a porta de entrada da cidade de Botucatu ! O reencontro de parentes, amigos, partidários e conhecidos alegra sempre quem está retornando à sua terra natal na busca da retomada da rotina pessoal e profissional...
Naquela movimentação, fiquei um pouco distante mas pude, logo depois, assistir à saudação que um jovem (era o professor Milton Mariano) fazia em nome de todos os botucatuenses ao amigo que regressava... Em frente à entrada principal, na escadaria, tem de cada lado, um patamar elevado. E foi exatamente subindo em um desses patamares que o jovem botucatuense proferiu o seu discurso com muita eloquência e emoção... Foi bonito. Meu pai ficou sensibilizado. Enfim estava em casa e entre amigos...
Depois, muitos cumprimentos, apertos de mãos, abraços... Consegui chegar perto de meus pais e abraçá-los. Tomamos um carro de aluguel e seguimos para casa, no Largo do Paratodos. Lá, continuou a movimentação com os parentes e amigos mais chegados. Terminara a viagem...
A comunidade “botucuda” soube acolher com carinho o regresso daquele seu filho...
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Já começava um novo tempo para todos. Para mim ficou gravada para sempre aquela cena, naquela ESTAÇÃO lotada de pessoas amigas, em frente àquele prédio que parecia imenso, com toda aquela manifestação de apreço àquele que, para mim, era um modelo e um amigo - um grande e inesquecível amigo!
Uma inesquecível viagem de trem nos Anos 50... (AMD)
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A HISTÓRIA DE BOTUCATU
Ohomem só existe porque tem um passado. É o relato de como ele chegou até aqui que o faz inteiro. Sem isso não teríamos referência, não saberíamos o que somos e de onde viemos. Desde quando nós estávamos à beira do fogo e olhavamos o céu procurando direções, tinhamos noção da importância de nossa história. Os mais velhos a passavam para os mais novos em um relato oral. Daí nascia o herói, o vilão, as lembranças alegres e as lembranças tristes, daí vinha o orgulho de pertencer àquele povo. A História de Botucatu é assim, cheia de conquistas, de povos que tentaram ficar e que tiveram de partir de outros que, através de lutas e, por que não, um certo amor pelo lugar, conquistaram o direito de povoar esta cidade. Viva o povo botucatuense! Que é tão rico em seu passado, e soube assim fazer o seu presente. Incomparável.
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A R T I G O
A aproximação da morte e a morte em si, a dissolução da forma física, são sempre oportunidades para a realização espiritual. Oportunidades, que na maior parte das vezes, são desperdiçadas, pois vivemos numa cultura que é quase totalmente ignorante a respeito da morte, como também é quase totalmente ignorante a respeito de tudo o que é verdadeiramente importante. Cada portal é um portal da morte, a morte do falso eu. Ao passar por ele, você deixará de basear a sua identidade na sua forma psicológica, obra da mente. Compreenderá então que a morte é uma ilusão, exatamente como a sua identificação com a forma era uma ilusão. O fim da ilusão - a morte é apenas isso. Só é dolorosa se você se agarrar à ilusão. Eckhart Tolle (O Poder do Agora)
"Portais "
MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA
Passamos por tanta coisa na vida. Saltamos da inocência para a adolescência sem perceber. Olhos de infância no corpo que foi desenvolvendo.
E da mesma forma passamos do frescor da juventude a vida adulta das formigas.
De inseto, larva rastejante desabrochamos em cachos de flores. Como tudo que vive mudamos forma e conceito: de Beatles e Rolling Stones, Elvis, e pá... caímos de boca naquela coisa escongruente que serviu de show na festa da New ditadura. Vestindo um maiô branco apertadíssimo e gritando esganiçado no palco decadente.
O povo de óculos escuros aplaudia frenético, dentro da matrix. Pensando bem. Quanto nós mesmos, num passado não tão recente dançamos e aplaudimos o genial Nei Matogrosso cantando Sangue Latino?
Vamos deixando nossos restos mortais a cada novo passo. Ressurgimos qual fênix ao anunciar-se uma New age.
Olhos de infância e aquele apego aos velhos brinquedos que nos atrasam o passo. Seguimos olhando para a frente e correndo ágeis para pegar novas tecnologias porque são mais atraentes.
Hoje se procura quem conserte máquinas de café, ao passo que o vizinho ainda coa o seu cheiroso pretinho no velho e encardido coador de pano. Ontem deixei meu espectro dolorido morto na velha cama e sigo nova para o próximo portal, porque hoje já temos novo chão.
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Penso na pílula do frango assado dentro do forno micro-ondas na nave dos Jetsons.
Hoje construímos , amanhã desconstruímos.
Ainda mantenho o sonho de visitar Maastrichit em julho, andar pelo castelo do último dos Mosqueteiros: André Rieu, e assistir sua orquestra na bela praça dançando ao som de Danúbio Azul bebendo um espumante. E segue o baile...
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