Diário da Cuesta
MANFREDO COSTA NETO
O DESBRAVADOR DA FARIA LIMA
Já vimos esse termo DESBRAVADOR antes...
Sim, Senhor!
“...o grande pioneiro, desbravador do interior paulista, o engenheiro MANFREDO ANTONIO COSTA”.
Na segunda página, na matéria “PIONEIROS DO SETOR ELÉTRICO”, encontramos o perfil de Manfredo Costa, fundador da cia de Força e Luz de Botucatu e, ao depois, fundador da CPFL - Cia Paulista de Força e Luz...
Orgulho de Botucatu, Manfredo Costa foi Deputado Estadual Constituinte, em 1934. Casado com Maria Rosina de Moraes Costa, filha de Prudente de Moraes – 1º Presidente Civil do Brasil, Manfedo Costa deixou registrada a sua passagem positiva na implantação do Setor Elétrico Paulista.
Agora, o registro da trajetória de seu neto MANFREDO COSTA NETO no desenvolvimento da cidade de São Paulo, especificamente de nossa Wall Street: a Avenida Faria Lima – Coração Financeiro
Paulista! Página 3
O Shopping Iguatemi na época da fundação, em 1966, e em imagem recente: empreendimento provocou a ‘abertura’ da Faria Lima para a fluidez do tráfego de veículos
Botucatu: Oficiais da Polícia Militar da Cidade participam de formatura, com a presença do Governador Tarcísio
O Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, recebeu os 121 Capitães da Polícia Militar, agora com mestrado profissional em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, através do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Qualificação que intensifica o preparo policial na tomada de ações estratégicas. Entre eles, estiveram presentes os oficiais de Botucatu: Capitão Kleber, Capitão Bruno, Capitão Ricardo Mota, Capitão Ricardo Maganha, Capitão Flávio Antunes, Capitão Aislan, Capitão Rodrigo Santanna e Capitão Aline Cassola, além do Capitão Fernando Camargo, de Itatinga. A formatura ocorreu no Palácio dos Bandeirantes. Além do Governador, estiveram presentes diversas autoridades estaduais.
DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 704 QUARTA-FEIRA , 08 DE FEVEREIRO DE 2023
NA
Pioneiros do Setor Elétrico
Graças aos dados fornecidos por meu primo MANFREDO ANTONIO DA COSTA (ele descendente direto de Prudente José de Moraes Barros, cuja mãe Maria Rosina de Moraes Costa era neta de nosso 1º presidente civil do Brasil; e eu, descendente de Manoel de Moraes Barros, sendo meu avô, Manoel de Camargo Moraes, neto do senador Manoel de Moraes Barros), através do livro biográfico “Rosina e família”, de autoria de Maria de Lourdes Moraes Costa (Ude).
Prudente José de Moraes Barros, teve seu filho, Antonio Prudente de Moraes casando com Marietta Meirelles Moraes que teve sua filha Maria Rosina de Moraes Costa casando com Fernando Getúlio Neves da Costa, filho de MANFREDO ANTONIO DA COSTA. Assim, Manfredo da Costa Neto é filho de Fernando e neto de Manfredo Costa.
MANFREDO COSTA
Manfredo Antonio da Costa (24/2/1876 –11/4/1957), nasceu na cidade de Macaé/RJ. Filho do advogado e coronel da Guarda Nacional, Dr. Antonio Joaquim da Costa e de Maria Antonia Pareto Costa. O Dr. Manfredo, além da fundação da Empresa de Força e Luz de Botucatu (1905), implantou outras três usinas no Oeste paulista: São Miguel (1908), Dois Córregos (1910) e Pederneiras (1911). Foram essas quatro empresas (inclusive a primeira de Botucatu) que inicialmente integraram a CPFL, criada em 1912, com sede em São Paulo.
Revolução Constitucionalista de 1932, tendo sido eleito deputado estadual constituinte, por Campinas, pelo Partido Constitucionalista (que resultou da soma do Partido Democrático com a dissidência do PRP).
O Dr. Manfredo participou da gestão de várias entidades: foi presidente da Caixa Econômica Federal e Diretor dos Correios e Telégrafos; fundador e presidente Rotary Clube do Brasil; Diretor do Joquey Clube de São Paulo; sócio fundador da Rádio Difusora de São Paulo; presidente da Associação de Emissoras do Estado de São Paulo; membro honorário do Instituto de Engenharia de São Paulo; da União Cultural Brasil-Estados Unidos e do Instituto de Organização Racional do Trabalho – IDORT.
PIONEIROS DO SETOR ELÉTRICO
Botucatu está definitivamente ligada a atuação dos pioneiros da eletricidade da eletricidade no Estado de São Paulo e, por via de consequência, no Brasil.
O fato de nossa cidade, através de seus filhos, ter tido uma atuação de liderança na implantação de um sistema integrado de produção e distribuição de energia elétrica no Estado de São Paulo, atesta o grau de desenvolvimento da cidade e sua liderança regional.
O resgate da história da implantação da energia elétrica em Botucatu e no Estado de São Paulo é muito importante. Assim, o histórico dos pioneiros do setor elétrico que preparamos para o livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, de 1990, precisava ser incorporado à internet.
E é o que faremos após dar o devido destaque ao grande pioneiro, desbravador do interior paulista, o engenheiro MANFREDO ANTONIO DA COSTA.
Na CONSTITUINTE PAULISTA, em 1934, São Paulo pode conseguir os objetivos de sua participação na REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932, ou seja: Autonomia Administrativa e Pleno Estado de Direito através de uma Assembléia Constituinte!
E nas eleições constituintes de 1934, a cidade de Botucatu elegeu o advogado DANTE DELMANTO, com a maior votação do Estado, como seu Deputado Estadual Constituinte. No entanto, Botucatu tinha estreita ligação com outros dois deputados estaduais constituintes eleitos: o botucatuense ELIAS MACHADO DE ALMEIDA, eleito pela Capital e MANFREDO ANTONIO DA COSTA, eleito por Campinas. E mais, pela nossa região, também foi eleito deputado estadual constituinte, ADHEMAR PEREIRA DE BARROS (futuro interventor, governador e prefeito de São Paulo), da cidade de São Manuel.
MANFREDO COSTA: O PIONEIRO!
EXPEDIENTE
Manfredo Costa foi o responsável técnico que primeiro trouxe a energia elétrica para o interior do Estado de São Paulo. Também mantinha no centro da capital paulista a loja Comercial Importadora Manfredo Costa S/A, sucessora da “Casa Dodswarth Importadora”, a única representante no Brasil da Cia Internacional de Eletricidade, de Liège, na Bélgica. Até seu encerramento em 1988 – após 85 anos de profícua atividade – a loja Manfredo Costa foi uma das maiores fornecedoras de materiais elétricos em geral nos mercados atacadistas e de varejo.
Revolucionário e Político
Possuidor de caráter íntegro, idealista e progressista, Dr. Manfredo tinha um viés para a vida pública. Sempre foi oposicionista, integrando o PRP, embora fosse amigo pessoal do presidente Washington Luiz, pois ambos eram fluminenses de Macaé, sendo que seu irmão Octávio fora ministro de Washington Luiz.
Em 1926, foi um dos fundadores da Partido Democrático – PD. O Partido Democrático apoiou a Revolução de 1930, sendo que Getúlio Vargas quando veio a São Paulo, foi ao Palácio dos Campos Elíseos no carro, Lincoln, de Manfredo Costa. Mas com o autoritarismo implantado por Getúlio, participou da
Para melhor entendimento do assunto, resumidamente, destacamos três matérias que elaboramos: Os Pioneiros (relativa ao surgimento da CPFL, fundada pela iniciativa pioneira de botucatuenses); Usina do Bacchi (destacando a visão e o pioneirismo desse imigrante italiano que foi a maior expressão de nosso 1° Ciclo Industrial. Petrarca Bacchi chegou a ter 13 indústrias e, a exemplo das Indústrias Matarazzo e da Votorantim, partiu para a geração própria de eletricidade); e “Coração Elétrico do Estado” (denominação dada pela população botucatuense à subestação de distribuição de energia construída pela USELPA , presidida pelo Eng º Mário Lopes Leão , botucatuense juramentado. Posteriormente, em 1966, a USELPA e mais dez empresas de eletricidade controladas pelo Governo do Estado, dentro da política energética que teve como seu maior idealizador o Prof. Lucas Nogueira Garcez, foram incorporadas e transformadas na CESP- Centrais Elétricas de São Paulo, que teve sua denominação alterada para Companhia Energética de São Paulo).
A seguir, vamos detalhar as três participações que Botucatu teve na implantação e desenvolvimento do setor energético do Estado de São Paulo.
OS PIONEIROS
Ao contrário do que se possa pensar, a produção de energia elétrica no Estado de São Paulo nada teve com o processo de industrialização que, na passagem do século, ainda era incipiente. A postura sempre de vanguarda dos paulistas em relação aos avanços tecnológicos e a constante busca de melhoria na qualidade de vida de nossas comunidades foram as causas determinantes do surgimento de nossas primeiras usinas hidrelétricas. Corria o ano de 1904 quando em Botucatu exercia o cargo de Intendente Municipal (Prefeito) o Cel. Antônio Cardoso do Amaral (Nenê Cardoso), filho do comerciante português Antônio Joaquim Cardoso de Almeida e irmão de Armindo, Custódio, Alcinda e de José Cardoso de Almeida, este último, Chefe Político de grande prestígio no Estado e no Brasil. O Cel. Antônio Cardoso do Amaral solicitou da Câmara Municipal que abrisse processo de licitação pública para a implantação de iluminação pública. Essa iniciativa pioneira atestava o grau de preparação e visão de nosso Chefe Político de então. Já em 1905, foi constituída a EMPRESA FORÇA E LUZ DE BOTUCATU A inauguração festiva ocorreu em 1907. Na publicação oficial da CPFL, na comemoração de seus 70 anos, “Energia e Desenvolvimento”, de 1982, era destaque à pagina 18:
“A inauguração, em 1907 , do fornecimento
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU
MANFREDO COSTA NETO – O DESBRAVADOR DA FARIA LIMA
ELE SIM PODE SER CHAMADO DO CARA QUE CHEGOU ‘QUANDO TUDO ERA MATO’ NO PRINCIPAL CENTRO FINANCEIRO DA AMÉRICA DO SUL. CONHEÇA O LEGADO DO HOMEM QUE LUTOU PELAS CONDIÇÕES PARA DESENVOLVER A REGIÃO
Por Luciene Miranda
Ele se formou em Direito, mas escolheu para a vida o ramo imobiliário. Não encontrou caminhos prontos. Teve que abrir trilhas, enfrentar desafios e criar as oportunidades para si e os demais que vieram em seguida. Essa é a história de Manfredo Costa Neto, o pioneiro da Avenida Faria Lima, em São Paulo.
Um desbravador que chegou àquela região quando os imóveis com finalidade corporativa sequer dispunham de linhas telefônicas que permitissem o uso como escritórios.
E foi Manfredo que correu atrás de tantas condições que ajudaram aquela região a ser hoje reconhecida como o maior centro financeiro da América do Sul.
Atualmente, ele é o diretor comercial e de investimentos da Newmark, multinacional especializada no mercado imobiliário.
Acompanhe esta história apaixonante de um homem que dedicou a vida à
construção dos alicerces do mercado de imóveis corporativos do Brasil.
Clube FII News (CFN): Mesmo após escolher a faculdade de Direito, o que te fez mudar para o setor imobiliário?
Manfredo Costa Neto (MCN): Eu tinha um amigo formado em engenharia cujo pai era dono de uma indústria de brindes em Jundiaí, no interior de São Paulo. Era a década de 1970 e o ministro da Fazenda, Delfim Neto, tinha acabado de criar o BNH, o então Banco Nacional da Habitação. O meu amigo tinha o projeto de construir prédios de apartamentos e precisava de alguém para a parte comercial da construtora dele, criada a partir da indústria do pai. Então, os dois malucos começaram em Jundiaí e fizeram 11 prédios.
MCN: Começamos a trabalhar em loteamentos em Cotia, na região metropolitana de São Paulo. Fizemos cinco loteamentos. Só vendia para quem eu gostava porque tinha planos de morar lá e eu não queria vizinhos chatos (risos).
CFN: E quando a avenida Faria Lima entra na sua vida?
MCN: Nós montamos um escritório na Faria Lima para a imobiliária Quartier em que eu estava naquela época, em 1973. E as pessoas, sabendo disso, me pediam para arranjar um escritório lá para elas.
Inauguração da primeira linha do metrô (azul) em São Paulo, em 1974: meio de transporte foi responsável pela distribuição de escritórios por diferentes regiões da capital paulista (Foto: Arquivo - Metrô de SP)
E começamos a negociar naquela região e, ao mesmo tempo, acompanhar a evolução de São Paulo.
Havia três grandes construtoras desenvolvendo a avenida: a Gomes de Almeida & Fernandes [tinha um triângulo vermelho como propaganda no topo dos prédios] que hoje é a Gafisa, a Lindenberg e a Speci. Elas vendiam os prédios pela nossa imobiliária via BNH e dávamos cobertura junto aos clientes para a entrega das chaves.
A construtora entregava sem forro, sem luminária, sem piso Apenas parede e banheiro Nós tínhamos um engenheiro para o que fosse necessário e, ao mesmo tempo, fazíamos a gestão desses serviços.
Muitos investidores queriam alugar os escritórios e não tinham quem pudesse fazer esse trabalho para eles Assim, nos especializamos em prestar estes serviços Aí, começava a minha carreira
Em 1980, eu já sabia que mexer com milhões dos clientes corporativos não era algo positivo porque era um risco. Eu já era muito conhecido na Faria Lima e fui convidado para ser um parceiro na área comercial de uma empresa chamada Richard Ellis que veio ao Brasil com uma novidade: vender para grandes corporações estrangeiras Isso porque eles tinham escritórios e clientes no mundo inteiro Hoje, esta companhia se chama CBRE, a maior empresa de prestação de serviços imobiliários corporativos Aqui no Brasil, eu fui o funcionário número dois.
CFN: Manfredo, foi nessa época também que, junto com viabilizar a ocupação das lajes corporativas da Faria Lima, você também corria atrás de telefones para os clientes quando não havia cabeamento naquela região?
O Shopping Iguatemi na época da fundação, em 1966, e em imagem recente: empreendimento provocou a ‘abertura’ da Faria Lima para a fluidez do tráfego de veículos (Fotos: Divulgação)
O primeiro prédio era de apartamentos com dois dormitórios e fizemos uma linda propaganda. Era tudo de qualidade, mas não conseguíamos vender. Eu fiquei doente porque era responsável pelas vendas e não sabia o que fazer. Pensei: ‘Vou para Jundiaí conversar com os vizinhos do prédio’. Comecei a fazer uma pesquisa, batendo nas portas de todas as residências em torno do prédio para saber a opinião sobre os apartamentos. Os vizinhos responderam: ‘Vocês fizeram uma cozinha muito pequena. Recebemos visitas na cozinha. Não é na sala. Sala é para gente importante’. Nossa referência eram as cozinhas feitas em São Paulo. Então, sugeri ao arquiteto modificar a planta dos apartamentos. A sala passou a ser a cozinha e a cozinha passou a ser a sala. Vendemos que nem pão quente. Cheguei à conclusão do seguinte: qualquer projeto imobiliário precisa de pesquisa. Essa experiência fez com que eu me apaixonasse pela área imobiliária.
CFN: Por onde mais você passou antes de começar o trabalho na capital?
MCN: A Faria Lima foi feita logo após a inauguração do Shopping Iguatemi, em 1966, para receber o fluxo de veículos. A Rua Iguatemi - que existe até hoje - não comportava o movimento intenso. O Plano de Expansão [da rede telefônica] da então companhia estatal Telesp [Telecomunicações de São Paulo] para a chegada do cabeamento era muito lento. Você esperava anos para ser atendido.
Quando a Faria Lima foi aberta e os prédios ‘explodiram’ no início da década de 1970, não tinha telefone. O que isso significa? Um prédio de escritórios sem telefone é a mesma coisa que não ter escritório. Mas existia a Bolsa de Telefones que tinha um sistema que descobria quem estava vendendo telefone. O trabalho era conseguir o telefone no mercado e pedir a transferência para o escritório da Faria Lima que levava dois, três
A extinta concessionária de veículos Dacon que deu lugar ao emblemático prédio redondo da região da Faria Lima: o Edifício Dacon, que Manfredo Costa Neto ajudou a vender (Foto: Reprodução - edificiodacon.com.br)
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Manfredo Costa Neto, o pioneiro da Avenida Faria Lima, na cidade de São Paulo (Foto: Arquivo pessoal)
ou até quatro meses. Quando as linhas eram transferidas, eu conseguia alugar esses imóveis.
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que você imagina que vai acontecer?
MCN: Vai aumentar. O mercado em São Paulo ainda é pequeno comparado a outros centros de finanças do mundo. Nós tivemos nos anos 50 os melhores prédios de escritórios na cidade. Eram construídos por grandes empresas com uma qualidade muito grande. Há edifícios no centro de São Paulo que são maravilhosos em termos de arquitetura. A maioria com pé direito alto porque não tinha ar-condicionado na época.
CFN: Você foi um pioneiro empregando um esforço enorme para viabilizar muito da estrutura inicial da Avenida Faria Lima. Compensou?
Houve retorno financeiro e patrimonial para você?
MCN: O dinheiro era muito desvalorizado. Era uma instabilidade econômica muito grande. A gente conseguia ganhar um bom dinheiro quando vendia lotes. Não foi um sucesso em termos financeiros, mas para ficar conhecido. Principalmente, com a venda de imóveis como o Edifício Dacon [o redondo da Faria Lima].
CFN: Você fez um estudo sobre o aumento do metro quadrado disponível de laje corporativa por habitante da cidade de São Paulo que só aumenta nas últimas décadas (de 0,15m²/hab nos anos 1950 a 0,72m²/ hab em 2018). E agora após a pandemia e a tendência do home office? O
De lá, passou para a Avenida Paulista que foi aberta. Os casarões começaram a ser destruídos para a construção dos edifícios. Depois, a Paulista ficou pequena. Não tinha mais espaço. E aí a demanda foi para a Faria Lima. Hoje, se espalhou. Quando o metrô teve a primeira linha –a azul - inaugurada em 1974, houve uma grande influência no setor de escritórios. E não havia passeatas na cidade. CFN: Você falou dos planos econômicos e da instabilidade do país e de como eram prejudiciais para os brasileiros conquistarem um patrimônio. Como estamos neste momento comparado a todas essas situações que você viveu?
MCN: De todos, o Plano Collor foi a maior violência às instituições. Uma agressão aos princípios da livre iniciativa. Você tirar moeda, dinheiro de circulação, é uma agressão. Se você me perguntar o que vai acontecer hoje, eu te respondo que estamos vivendo uma grande incógnita.
Conforme sejam as escolhas do governo, se não houver um controle da economia, nós teremos uma inflação alta. Estaremos perdidos. Precisamos manter a atual política funcionando. A inflação leva o mercado a ficar descontrolado.
CFN: Já começamos o ano de maneira tumultuada, se a gente pensar nos atos antidemocráticos que aconteceram em Brasília. Tudo indica que teremos um ano atribulado. Diante do cenário que já se desenha, o que você imagina para o mercado imobiliário e, principalmente, ao mercado de lajes no qual trabalha há tantos anos?
Manfredo Costa Neto:
“Quando a Faria Lima foi aberta e os prédios ‘explodiram’ no início da década de 1970, não tinha telefone” (Foto: Arquivo pessoal)
MCN: Nós temos que trabalhar. Temos que continuar sobrevivendo, esquecer que governo existe e ir tocando pra frente. O empresário tem uma responsabilidade muito grande. Ele tem finanças para cuidar. Não pode se dar ao luxo de ficar fazendo politicagem. Nós temos que trabalhar e girar recursos para poder pagar os empregados. Então, o governo que se mate.
Para vencer tudo isso, o empresário precisa ser mágico e herói. Não dá pra pensar no que o Bolsonaro fez, no que o Lula vai fazer. É necessário pensar: ‘O que eu posso fazer? Quais são minhas obrigações com os meus dependentes e os meus funcionários?’.
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O antigo edifício Real Paulista é o atual BFC - Brazilian Finance Center - que pertence ao Fundo Imobiliário BRCR11. O imóvel está entre as dezenas que Manfredo Costa Neto ajudou a vender em São Paulo. (Fotos: Reprodução - spcorporate.com.br)
Manfredo Costa Neto: “O empresário tem uma responsabilidade muito grande. Ele tem finanças para cuidar. Não pode se dar ao luxo de ficar fazendo politicagem” (Foto: Divulgação - Newmark)
“Rainha do Mar”
Maria De Lourdes Camilo Souza
Se alguém pudesse representar a Rainha do Mar seria a eterna Clara Nunes. Vestes brancas, flores nos cabelos, olhar perdido nas nuvens dos céus azuis, sol brilhando nas faces, colares de conchas, cantando com os os pés na areia do mar, leve como brisa, iluminada dançando suave ou levitando.
Mareia “
Teve estória difícil, morte misteriosa...
Gosto de imaginar que os golfinhos vieram alegres buscá-la para voltar ao seu reino na Atlântida, de onde ela uma sereia deixou o rabo de peixe seduzida pelos olhos de um pescador.
Foram felizes por um tempo.
Nesse tempo ela cantou e encantou, mas o pescador, seduzido pelo vil metal só queria dela os frutos do seu canto sedutor.
Suas lágrimas juntaram-se as águas do mar escurecendo-as, e sua dor chegou aos ouvidos do conselho dos reinos das águas claras e os golfinhos foram convocados para vir por ela.
Numa noite de tempestade ela foi gloriosamente levada entre os raios de Oxum, a quem tanto louvou, e num cortejo levada num barco entre flores e perfumes ofertados num 02 de fevereiro a Iemanjá.
Muitas luzes de velas tremeluzindo ao som dos cânticos dos babalorixas vestidos de branco que pularam sete ondas para serem abençoados entre as muitas flores e barquinhos de oferendas.
A mãe das águas saiu das ondas poderosa e iluminada com raios saindo de suas mãos, vestida de azul, flores nos cabelos, colar e brincos de diamantes, olhos muito penetrantemente lindos e sobrepôs-se nos céus por um tempo, altaneira, agradecendo e abençoando aos fiéis que estavam ali na orla.
Olhando agradecida e encantada com tantas luzes, cânticos flores e oferendas.
Iepahé minha Mãe!
Rainha do Mar.
Depois das bênçãos mergulhou para seu reino seguida dos golfinhos num séquito feliz.
Diário da Cuesta 5
“É água no mar é maré cheia ô