Diário da Cuesta
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 732 SEGUNDA-FEIRA , 13 DE MARÇO DE 2023
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 732 SEGUNDA-FEIRA , 13 DE MARÇO DE 2023
(13/3/1940 – 17/7/2021)
Jacqueline Sassard contracenou com Marcello Mastroianni e Alain Delon
Nascida em Nice, na França, veio a falecer, aos 81 anos, em Lugano, na Suíça. Era casada com Gianni Lancia, fabricante de automóveis. A sua carreira durou pouco mais de uma década. Foi lançada na Itália, escalada para o papel título de “Guendalina”, de Alberto La�uada, com a idade de 17 anos. Com seu segundo filme “Caprichos de Mulher”, recebeu o Prêmio Zulueta de Melhor Atriz no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián. No auge de sua popularidade, Jacqueline Sassard foi capa das revistas “Tempo” e “Playboy”. Ela deixou o cinema ao casar com Gianni Lancia
FMVZ-UNESP, EUNICE
OBA foi até agora a única mulher a ocupar o posto
Pioneira na área de reprodução animal recebeu a Medalha Heleieth Saffioti
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O passado só existe em nossa memória e nos sinais gravados na matéria. O futuro só existe no potencial das coisas e na nossa imaginação alimentada por cálculos e previsões da inteligência.
O presente simplesmente não existe, ou é o grande filme que passa diante de nossas retinas existenciais, enquanto nossa capacidade perceptiva está em pleno uso, e cujos quadros vão se cambiando no tempo fracionado em instantes.
Já repetiam os filósofos medievais, o tempo é um “nunc fluens”, um agora fluente. Mas a absorção do tempo pela voraz eternidade não impede que fixemos com empenho os momentos mais felizes da existência humana.
No âmbito individual, os aniversariantes, cujas datas queremos o mais precisas possível, procurando registrar os nascimentos com exatidão de horas e minutos. Ou datas inesquecíveis, que para tanto tem que ser rememoradas ano a ano, efemérides e jubileus.
No âmbito coletivo, datas o mais exatas possível, dos principais acontecimen -
tos históricos, cuja importância obriga sua celebração com detalhes de verdadeiros rituais.
A repetição do momento anual impõe, a par dos sentimentos nostálgicos, quando recentes, ou de fervor religioso ou patriótico quando distantes, que se isole um instante preciso, com o que se possa ter a sensação de que esteja sendo revivido pela enésima vez.
Importante não é a certeza histórica da fração do tempo em que o evento tenha se dado, mas a fixação de um momento simbólico no qual se depositam, pela imaginação, os anelos e esperanças dos que querem revivê-lo. Dir-se-ia que, diante da impossibilidade de fixação do momento preciso nos calendários, a imaginação requer uma repetição virtual do fato.
Observemos a data do Natal cristão: diante da imprecisão da data histórica do nascimento de Jesus, a Igreja cristã oficializou a data fictícia, simbólica, de 25 de dezembro, na esperança de que esta, ao se repetir na volta do globo ao redor do astro-rei, retransmita aos homens os eflúvios cosmológicos de tal acontecimento.
Na impossibilidade do isolamento matemático e até filosófico do instante cele-
brado, escolheu-se uma data mística da cultura pagã, mais devotada aos momentos cíclicos do calendário astronômico, responsáveis pelas transformações da natureza terrestre. Com efeito, celebrava-se a 25 de dezembro, na cultura pagã europeia, a festa do “sol-invictus”, ou seja, o momento do solstício de inverno.
E muitos são os exemplos em que se observa a tentativa, às vezes desesperadoramente compulsória, de se fixar o tempo, para que as alegrias e exultações de um acontecimento não se percam na memória, e continuem se reproduzindo na imaginação humana, alimentada pela vivência.
Em toda celebração, seja ela de caráter civil ou religioso, existe o momento ideal, fração de tempo isolada, no qual se depositam todas as energias das mentes, produzidas pela memória reavivada ou imaginação fomentada. Tal momento especial, ao qual convergem todas as atenções e para o qual se dispendeu todo um esforço de preparação, representa a reprodução no tempo e no espaço do fenômeno que se deu no passado. Esse fenômeno é quase sempre bom, embora possa ser maléfico, quando dele se aguardam recordações de outro teor, que fazem eclodir sentimentos de justiça e dor.
É bom saber O artista plástico e conhecido webdesigner botucatuense Marco Antonio Spernega, foi quem idealizou a Cuesta de Botucatu estilizada e com todo o seu simbolismo: a escarpa, o verde representando as nossas matas e o azul do céu... A criação do Spernega valorizou a nossa CUESTA que teve, em sua estilização, o impacto que as obras dos grandes artistas tem. Vejam no Expediente o logotipo do Diário da Cuesta! Marco Spernega tem exposto seus trabalhos em concorridas exposições. Esta ilustração é uma obra de arte e de simbolismo histórico!
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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A reprodução animal é o mundo dos homens. Eunice Oba define assim a área de pesquisa a que se dedicou nos últimos 48 anos. Hoje, a trajetória desta professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), embasada por sua postura de perseverança, comprometimento e pioneirismo que lhe permitiu cruzar desafios e provações neste reduto essencialmente masculino, está sendo celebrada: na quarta-feira, 8 de março, a docente recebeu a Medalha Heleieth Saffioti, concedida em reconhecimento a mulheres notáveis que contribuíram para o desenvolvimento da Unesp.
A cerimônia de premiação “Medalha Heleieth Saffioti” ocorreu no auditório do Conselho Universitário, no prédio da Reitoria, em São Paulo. Esta é a segunda edição do prêmio, cuja entrega é realizada no Dia Internacional das Mulheres. Em 2023, foram indicadas 23 mulheres, de diferentes unidades universitárias, e a escolha da professora Eunice Oba foi feita por uma comissão com pesquisadoras de outras universidades públicas do país.
“O seu pioneirismo na inseminação animal, ainda na década de 70, área até então pouco desenvolvida no país, contribuiu de forma determinante para a projeção do nome da Universidade em vários cenários de desenvolvimento econômico e, certamente, social (…) A professora se inseriu em um ambiente predominantemente masculino, mudando paradigmas. Sua trajetória é inspiradora e continuará estimulando as mulheres da comunidade unespiana e projetando o papel da mulher no desenvolvimento do país”, afirmam as pesquisadoras da comissão avaliadora na justificativa da premiação.
Os antigos imigrantes japoneses costumavam dizer que mulher não precisava estudar. Mas a família de Eunice, formada por agropecuaristas de Mirandópolis (SP) filhos de imigrantes japoneses, não fazia coro à narrativa patriarcal e a incentivava para que continuasse seus estudos. Carregando uma marmita na sacola, enfrentava diariamente uma caminhada de 7 km para chegar à escola primária, tamanha era sua vontade de seguir estudando.
Depois do colegial, sem o conhecimento dos pais, Eunice prestou o vestibular para o curso de medicina veterinária. Em uma viagem de férias a Vila Velha, no Espírito Santo, descobriu sua aprovação na Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, unidade precursora do que se tornaria o Campus de Botucatu da Unesp. Em 1970, com o apoio da família, ingressou em veterinária e decidiu seguir na área de reprodução animal – que à época, além de pouco desenvolvida no país, era uma área predominantemente masculina.
Aqui mulher não entra
No ambiente acadêmico, a jovem médica veterinária enfrentou o machismo e o menosprezo de seus colegas residentes. Ela relembra a recusa de um professor quando prestou um concurso em Jaboticabal: “Aqui mulher não entra”, disse o docente na época. Hoje, aos 71 anos, com uma expressão divertida no rosto, Eunice Oba lembra a resposta certeira que deu naquele momento. “O senhor ainda vai se arrepender de não contratar uma mulher.”
Aos 71 anos, Eunice Oba assumiu a chefia do Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal da FMVZ-Unesp /
Arquivo pessoal
Na cidade de Botucatu, a reprodução animal é voltada para os cuidados com grandes animais, como o rebanho bovino, por exemplo. Sob o olhar de muitos homens, a docente provou inúmeras vezes sua capacidade de fazer o parto de vacas, demonstrando como a força física não é impedimento para a presença feminina na área. A competência e a perseverança permitiram que adquirisse experiência prática e pudesse ministrar aulas.
“Não é o fato de você ser mulher. É ter jeito para o trabalho. Não precisa ter força física para trabalhar, a gente pede ajuda. Eu calçava as botas e o macacão e os peões sempre olhavam e diziam ‘ela não vai conseguir, é muito pequena e frágil’ Eu sempre consegui e dei minha assistência”, comenta a professora da FMVZ-Unesp, que assumiu no último dia 23 a Chefia do Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal. Em sua trajetória na Unesp, Eunice Oba já esteve na Chefia do Departamento, outrora chamado de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária. Na posição de Coordenadora da Pós-Graduação da Medicina Veterinária, dedicou-se a elevar o conceito do programa na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Mesmo com um trabalho excepcional, relata a contrariedade de colegas que não compreendiam os seus métodos rigorosos. Porém, não deu outra: depois de 14 anos, o programa subiu de conceito na Capes. Apesar das resistências que surgiram no decorrer dos anos, a professora conta que sempre se manteve firme em suas escolhas profissionais. Não desistir, era o conselho dado por seu pai. Além de se tornar Chefe de Departamento, tomou a iniciativa de propor a criação de um programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Animal, hoje consolidado como um dos programas de excelência da Universidade, e se elegeu Diretora da Unidade Universitária por um mandato de quatro anos, iniciado em 1997. Entre os 11 Diretores da História da FMVZ-Unesp, foi até agora a única mulher a ocupar o posto. Na perspectiva da docente, o machismo ainda está presente na área. Contudo, além de abrir portas, a trajetória de Eunice Oba renova a mensagem de persistência que sempre ouviu de seu pai. Ao saber do reconhecimento conferido pela Medalha Heleieth Saffioti, a docente o compartilhou com as demais unespianas.
“Fiquei emocionada. Quando recebi o e-mail, perguntei ‘É verdade isso?’, até me arrepiou. É uma felicidade ímpar e o melhor presente que eu tive. Outras professoras concorreram e são merecedoras. Eu homenageio e parabenizo todas as mulheres deste país”, diz Eunice Oba.
A Medalha Heleieth Saffioti leva o nome da socióloga pioneira nos estudos de gênero no país e uma das mais importantes pensadoras feministas brasileiras do século passado. Heleieth Saffioti (1934-2010) foi Docente na Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr) do Campus de Araraquara da Unesp e ajudou a criar o Curso de Ciências Sociais.
(Fontes: Jornal da Unesp/Acontece Botucatu)
portas fechadas ao ingressar em uma área tradicionalmente masculina, e percorreu um caminho árduo até ser reconhecida no campo
Que mulher nunca se deteve fascinada diante das vitrines de loja de calçados?
Às vezes só para olhar mesmo, sem a intenção de comprar. Só esse mero olhar tem a capacidade terapêutica sobre seu estado de ânimo. Acho que faz parte desse código feminino de cura interior. Minha mãe era assim.
Cada vez que íamos a São Paulo, ela tinha na sua lista de consumo uns tais sapatos que denominava tressê (não sei se é assim que se escreve). Era um sapato fechado marrom, com uma espécie de couro finamente trançado.
Às vezes me fazia andar por horas pelas inúmeras lojas de sapato para ver se os encontrava.
Ela tinha ganho um par desses sapatos do meu pai. Só que com grande tempo de uso o sapato não cabia mais nenhuma meia sola.
Era o tempo que tínhamos os sapateiros. Trabalhavam em salinhas minúsculas com apenas um balcão.
Tinham seus objetos de trabalho que me intrigavam.
Enormes agulhas ponteagudas, umas formas parecidas a pés com um suporte aonde introduziam o sapato para trabalhar.
Seu Santos era um deles, pessoa amável, rosto fino e magro, nariz aquilino e argutos olhos azuis.
Trazia sempre aposto sobre as roupas um avental de couro para protege-las da graxa
Quantos sapatinhos nossos não consertou!
Vendo na Loja do Apae uma bela caixa novinha não contive a curiosidade. Pensei “isto é novo”.
Sabe aquela sensação gostosa que encanta a alma, olhos, coração ? Desse jeito!
Abri a caixa sobre o balcão lentamente e dei com um belo par de botas cinza de pelica.
Fiquei ali admirando.
Estava novinha! Quase sem uso.
Fiquei imaginando quem a doou.
Deve ter sido uma mulher de grande beleza e elegância.
Deve tê-la usado em apenas uma ocasião, com roupas cinzas na mesma cor compradas para combinar com elas.
Lembrei da Cinderela, e a estória dos sapatinhos de cristal.
Nas lojas Swarovski de um Shopping, vi as miniaturas da carruagem, da Cinderela, dos sapatinhos.
Eram de uma delicadeza !!!
A carruagem de cristal girava sobre um nicho.
Viajei no encanto de tão bela imagem!