UMA POETISA BOTUCATUENSE
Olavo Pinheiro Godoy
Meus olhos deitaram interesse num pequeno opúsculo “Carícias Perdidas” editado em 1953. Há, exatamente,70 anos passados. Um apanhado poético de Yara Regina J. Alves. Paulista, de Botucatu, nascida num 22 de outubro qualquer. Sabe, caro leitor, que é falta de educação perguntar a idade das mulheres!
Viveu sempre na vizinha Avaré, no mesmo Estado onde fêz seus estudos primários e secundários Na Escola Normal de Agudos obteve o grau de Professora. Mas o que realmente conta na sua vida é a poesia. A sua própria e a dos outros. Devotada à poesia segundo o melhor estilo clássico, certa vez confidenciou a amigos o que sentia devendo enquadrar-se na disciplina rígida de um colégio :
“ . . . tinha então o ser pleno de poemas sufocados, intactos, dentro do peito. Quantas vezes, às escondidas, a manhã me surpreendia com Goethe – passara horas e horas decorando “ Freudvoll und Leidvoll . . .”
“Quantas tardes, passei com o sublime Browning! Com Paul Whitman passeava constantemente pelas longas alamedas de seu cérebro. E com Baudelaire aprendi o mistério das rosas e a ternura dos espinhos. Depois, quando me vi professora, como por encanto fui descobrindo que os meus sonhos gotejavam pelo ser e comecei a sonhar um destino para mim: ainda a poesia . . .”
Yara Regina é assim, no prefácio do inesquecível historiador e escritor botucatuense Hernâni Donato:
EXPEDIENTE
“
...Pôs a poesia à frente dos mandamentos da sua vida e, surda às conveniências, ao quase imperativo dos tempos, aos panos-quentes das indecisões e das contrariedades, insistiu em publicar o livro. Tamanha dedicação à poesia, quando já não fora algo comovente é em si o melhor de quantos poemas poderíamos exigir nos tempos que correm.”
Essa criatura tão devotada à poesia, senhora de uma sensibilidade assim, desperta para as coisas sutis do espírito dos versos abaixo:
HERESIA
Entrei no negro templo dos teus olhos
Uma luz escura brilhava suavemente,
E aquela penumbra de veludo, Acariciava-me os sentidos. . .
Um cheiro forte de pecado
Embalsamava tudo . . .
Ajoelhei extasiada
E comunguei heregemente
Levando para minha alma
As duas negras hóstias dos teus olhos. . .
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
“Oscar 2023”
Maria De Lourdes Camilo Souza
Ontem a noite, resolvi ver o Oscar 2023.
Teatro Dolbi, Los Angeles, Califórnia
Anfitrião: Jimmi Kimmel.
Começa sobre o famoso tapete vermelho: pasmem, a marca registrada: não existe mais.
Tudo branco, onde claramente se vê toda sujeira, depois da passagem de cada suposto astro.
A enorme estatueta dourada num enorme vaso com flores vermelhas na entrada.
Muitos atores e atrizes sendo fotografados em variadas poses.
Admito surpresa que não conheço a maioria daquela gente.
Alguns conseguiram me fazer gargalhar alto devido a sua aparência estranha, cortes de cabelo, roupas tão elaboradas.
Comecei a ver quando Michelle Eow posava para fotos.
Linda, delicada, toda vestida de branco.
E na sequência fui notando que a seguiam outras e mais outras em seus vestidos brancos.
Assombrou-me uma linda mulher que estava carregando algo como um enorme lençol que a envolvia toda e tinha a arrogância de querer travestir algo como uma noiva.
Um só e imenso pano que cobria parte da cabeça e se desenhava como uma cobra pelo corpo. Algumas de preto.
Muitos vestidos eram cheios de panos transparentes que mal cobriam os corpos.
De repente surgiu o preto e branco unidos.
Uma atriz mal conseguia andar devido ao acúmulo de pano preto sobreposto ao branco.
Uma profusão de pano que tentava dar alguma forma.
Ela tentava desesperadamente mudar de posição aos berros dos fotógrafos imersa nos tecidos e nem conseguia andar ou posar.
Aí surgiu alguém conhecido, sempre charmoso: ninguém nem mais, nem menos que Hugh Grant.
Claro que tinham que inventar uma entrevista polêmica dele com uma modelo. Assisti a entrevista.
Hugh foi conciso em suas respostas.
Atribuíram que ele teria sido arrogante.
Discordo, afinal: perguntas cretinas e corriqueiras merecem respostas longas?
De repente surge Kate Hudson, muito linda, mas quase irreconhecível.
Precisei olhar duas vezes para identifica-la.
E a enorme fila seguiu.
Alguns quiseram tanto chamar a atenção que pareciam caricaturas. Uma nipônica com seu cabelo cortado num Chanel, muito armado usando um enorme óculos vermelho para acompanhar o vestido na mesma cor.
Aí ela surgiu, icônica, inesquecível: Cate Blanchet.
Caras e bocas, poses e os fotógrafos gritavam: Cate! Ela ia atendendo os pedidos e divando.
Atrás dela, acho que para dar uma gritante dessemelhança uma simpática gordinha com enorme vestido vermelho os cabelos presos num grande rabo de cavalo.
Melissa não sei oque
Devo reconhecer que alguns homens me surpreenderam !
A elegância dos smokings, alguns em duas cores, com coletes e casacos bordados.
Usavam jóias, correntes e até broches.
Passando à cerimônia em si, e a entrega de prêmios.
Filme: “Tudo no mesmo lugar; ao mesmo tempo”
A música do meu queridinho: Top Gun - Maverick , cantada pela sempre controversa Lady Gaga, vestindo jeans e camiseta esfarrapada, mas a voz grandiosa, essa continua a mesma.
Avatar, O caminho das águas. James Cameron sempre brindando com maravilhosas imagens.
“A baleia” estrelada por Brendan Fraser, emocionadíssimo.
“Entre mulheres” com Frances MacDormand.
“Os Banshees de Inisherin”.
Enfim o Oscar: diversão garantida como sempre, mas, ainda perdendo e muito para a grande idade de ouro da telona que já vivemos.
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