Diário da Cuesta
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 736 SEXTA-FEIRA , 17 DE MARÇO DE 2023
Botucatu: Capital do Ciclismo?!?
A Prefeitura de Botucatu lançou oficialmente Duas Rotas Ciclísticas com trajetos e níveis de dificuldades diferentes: as paisagens, rios, serras e encantos da Cuesta de Botucatu podem ser contemplados e admirados no ritmo das pedaladas em trilhas auto-guiadas no município que possui uma geografia única proporcionada pela CUESTA...
Página 2
A beleza da CUESTA DE BOTUCATU tem sido a preferida e um desafio para o cicloturismo cross ou de aventura...
São duas rotas, com percursos com trajetos e níveis de dificuldades diferentes
As paisagens, rios, mirantes, serras e encantos de Botucatu podem ser contemplados e admirados no ritmo das pedaladas, em trilhas auto-guiadas recém inauguradas na cidade que possui uma geografia única proporcionada pela Cuesta e está localizada a 230 quilômetros de São Paulo.
São duas rotas, com percursos com trajetos e níveis de dificuldades diferentes. Além de QR codes, são equipadas com totens e placas informativas em pontos estratégicos para melhorar a experiência de pedalar pela Cuesta, uma formação geológica única. A criação das rotas é uma ação da secretaria adjunta de Turismo que visa atrair mais visitantes e praticantes do cicloturismo, que é uma modalidade que cresce no Brasil e permite, além da prática física e esportiva, a contemplação da natureza, aliada à conservação ambiental.
Uma das rotas é a da Indiana, com três níveis de percurso e dificuldade. O ponto de partida é o Ginásio Municipal de Esportes, com ampla área de estacionamento, lanchonetes e padaria. No local é possível encontrar uma placa informativa da Ciclorrota, com QR codes para acessar as trilhas através de aplicativos. Também há placas indicativas por todo caminho.
Logo de início já é possível contemplar a vista parcial da Cuesta e a 700 metros do ginásio a aventura começa com o acesso à Serra da Bocaina. Uma descida rápida em estrada de chão batido e que requer cuidado por conta das curvas e trechos estreitos, como um túnel, em que só passa um carro por vez. Vale a pena descer devagar porque tem atrativos interessantes, como um lindo Mirante da Cuesta onde há um Toten da Ciclo Rota e o Morro do Peru, que é possível acessá-lo.
No pé da serra as rotas começam. No local há placas informativas com três opções: Indiana Clássica (15 km), Indiana Mediana (20 km) e Indiana Hard (34 km). Cada uma com uma beleza diferente.
Na Indiana Clássica é possível avistar as ruínas da Igreja de São João, local muito escolhido para fotos. A rota segue e passa por dois restaurantes rurais, o Cantinho da Paz e Cantina Bela Vista, onde está instalado mais um totem da Ciclo Rota. Após a parada, passa por dentro do Rio da Indiana, onde é necessário cuidado nos dias de chuva, porque o Rio sobe muito.
A Indiana Mediana aumenta um pouco o percurso e é possível ter a visão da Cuesta em uma posição privilegiada. Em dias quentes é possível ver o voo dos paragliders decolando da Base da Nuvem.
EXPEDIENTE
A Indiana Hard é um percurso desafiador, com muitas subidas e descidas rápidas com muitas pedras, que requerem atenção. Neste percurso é possível avistar uma grande expansão da Cuesta, e o Gigante Adormecido em alguns trechos. A parada é o Restaurante Estância Jacutinga.
Os três percursos se encontram na Ponte da Indiana para o retorno pela linda serra. O trecho é quase todo sombreado. Também passa pelo Espaço Indiana, onde há um totem da Ciclorrota e é possível visitar a famosa Cachoeira Indiana, caso tenha autorização. Alguns metros à frente está a Base da Nuvem e, em seguida, já é possível ver o Ginásio de Esportes.
Roteiro Pedra do Índio
A rota da Pedra do Índio tem 41 quilômetros. O ponto de saída é o Parque da Juventude, na Cohab 1, onde está instalado o Toten com os QR codes dos APPs para a trilha. Também há placas indicativas por todo o trajeto. O local tem um amplo estacionamento, lanchonete e restaurante próximos.
Ao seguir a rota chega-se ao Bairro da Demétria, de grande influência alemã com agricultura, dança, alimentação e escola Waldorf. É um bom local para se hidratar e tirar fotos no Totem. O percurso segue sem dificuldades até a Pedra do Índio, um dos locais mais visitados pelos turistas.
No parque tem infraestrutura, lanchonete, um Deck que garante lindas fotos e a Trilha do Guarani – para ser feita à pé.
O retorno é pela rodovia até chegar na Marechal Rondon, onde há opções de almoço e hidratação. Na sequência está o Parque Natural Cascata da Marta, a principal cachoeira de Botucatu, com centro receptivos, trilhas auto-guiadas e monitores, além da queda d’água de 35 metros. Do Parque da Marta até o ponto inicial são mais 4 quilômetros.
Pedalar em Botucatu – um dos destinos preferidos por aventureiros e esportistas que procuram paisagens e cenários encantadores para pedalar, fazer trekking ou praticar esportes de aventura. A cidade abriga eventos de esportes de aventura durante todo o ano e agora com as novas trilhas, vai proporcionar ao visitante a possibilidade de conhecer locais icônicos de diferentes pontos de vista.
A cidade localizada no centro do Estado de São Paulo, no Topo da Cuesta, tem clima e relevos de montanha e planalto, características que a colocam em posição de destaque pelos encantos, beleza cênica, fácil acesso, boa infraestrutura e estrutura turística cada vez melhor. (Fonte: Prefeitura e Acontece Botucatu)
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
Contato@diariodacuesta.com.br
Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Diário da Cuesta 2
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU WEBJORNALISMO DIÁRIO
A PALAVRA
Bahige Fadel
Desde criança, tive uma relação muito especial com as palavras, Os motivos nem sempre foram os mesmos, mas a relação nunca deixou de ser especial. Já aos cinco anos de idade, ao chegar ao Brasil, comecei o trabalho de conquista da palavra em língua portuguesa. Era importante conquistá-la o mais rápido possível, para poder comunicar-me com o novo mundo em que vivia. Conquista prazerosa. A cada palavra nova, mais uma possibilidade de compreender e ser compreendido. E depois, transmitir a conquista para os pais, que tinham a mesma necessidade.
Já na adolescência, a palavra continuou a ser importante em minha vida. Agora radialista, era preciso usar bem as palavras. Pronunciá-las com correção, para serem bem entendidas. Isso representava a conquista de audiência e prestígio. As palavras deveriam chegar perfeitas aos ouvintes. Daí, a preocupação com a escolha da palavra propriamente dita e do tom em que deveria ser transmitida. E haja treinamentos. Falar sozinho no banheiro. Ouvir a própria voz. Receber o retorno através da satisfação do ouvinte.
E essa relação com as palavras continuou. Virei professor. A responsabilidade aumentou ainda mais. Era preciso usar a palavra para informar e formar. Usar a palavra para auxiliar crianças e jovens a serem pessoas melhores. Trabalho árduo. Cada palavra errada poderia causar tragédias emocionais. Poderia causar raiva ou tristeza. As palavras transmitidas deveriam representar conhecimento e esperança. O conhecimento que deveria chegar ao educando como informação, para que ele pudesse transformá-la em sabedoria. E também como esperança. Sim, a palavra transmitindo esperança. Afinal, o que seria
o processo educacional, se nem ao menos pudesse transmitir esperança de uma vida melhor?
Essa relação durou muito tempo. Aliás, paras ser mais preciso, durou cinquenta e quatro anos. Mas não parou aí. Houve um tempo em que decidi embrenhar-me na política. Nova relação especial com a palavra. Usar a palavra para convencer, para debater, para esclarecer, para provar que a sua verdade é melhor que a do outro. Tive sucesso às vezes. Mas não foi sempre. Descobri, na época, que nem sempre se busca a verdade. Descobri que muitas pessoas preferem a palavra fácil, que convém para o seu ego e seus mais torpes anseios. Na política, muitas vezes, a palavra se envergonha de sair de determinadas bocas e de estar em determinadas cabeças. Palavras que são pronunciadas para ocultar a verdade, para espalhar o ódio, para o disfarce, para a soberba, para o engodo, para demonstrar poder. Palavras manchadas, palavras que se envergonham de quem as tem e de quem, por interesse, acredita nelas e as adota como verdades.
Diário da Cuesta 3
“Dia da Poesia”
Maria De Lourdes Camilo Souza
Ontem foi o “Dia da Poesia”
E a minha imagem de poesia veio do grande Manoel de Barros, que na sua simplicidade tirava imagens lindas das coisas mais corriqueiras.
Essa é a arte do poeta, mostrar a beleza aonde nem a imaginamos encontrar.
“O Menino Que Carregava Água
Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água O mesmo que criar peixes no bolso.
Na Peneira”
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos.”
*Manoel de Barros
Seria como tirar água de pedra? Ouvir estrelas?
Vamos supor que de repente começasse a acontecer. Ontem a noite comecei a ouvir no silêncio da noite uma orquestra que começava tocando muito suavemente e ir num crescendo contínuo e de repente explodir em pura vibração e alegria, como chegar ao auge de um acorde.
Todos os instrumentos seguindo a batuta de um Maestro enlevado.
Abri os olhos surpresa e olhei ao redor: estava só e no silêncio. Aquilo tudo veio de onde?
Recordei o poema de Manoel de Barros
Compreendi que aquela água mesmo que escoe pelos furos da peneira pode ter colhido algum ouro de um veio duradouro. Alguém terá a capacidade de ver que o menino garimpou puras joias por entre as águas do rio nas suas veias.
O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio. Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta. Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Juntou letra a letra, som com som.
Aliou palavras numa trama complexa.
Frases desconexas fizeram sentido. Do que são feitas as músicas?
Poesias em forma de notas musicais.
Um jardim florido de sons dançantes convidando estrelas para um baile.
Adormeci pensando amanhã vou juntar com as letras, essa água que escoou da peneira em um texto.
Brincadeira de criança que com uma pequena concha tenta pegar água do mar e ir construindo seu castelo.
Nem bem chegou a içar a pequena bandeirinha nas torres.
Vem as ondas num arroubo e leva tudo num segundo.
Diário da Cuesta 4
“Carregar água na peneira”
EsporteDestaque em
O futebol pré “Era Red Bull”
Gigante do mercado de bebida energética investe desde o início do milênio no esporte, tendo em seu portfólio, clubes por todo o mundo
Que o futebol profissional movimenta rios e mais rios de dinheiro, isso ninguém duvida. Em um momento onde o assunto que ronda os clubes brasileiros é a adesão às SAF’s (Sociedade Anônima do Futebol), uma famosa empresa vem à mente dos torcedores dada a sua fama e o sucesso dos clubes que estão sob a sua administração.
Criada em 1987, a austríaca Red Bull vem investindo pesado no universo esportivo, tendo o automobilismo e o futebol como grandes exemplos.
Mas, antes da chegada da empresa aos clubes que levam o seu nome, aqueles times de futebol já existiam e possuíam sua história e torcida.
RED BULL BRAGANTINO
O exemplo mais próximo a nós é o Red Bull Bragantino, que disputa a elite do Campeonato Brasileiro e neste ano é um dos semifinalistas do Campeonato Paulista.
Mas antes da atual parceria, deve-se voltar ao ano de 2007, quando em Jarinu, interior de São Paulo, o Red Bull Brasil inaugurou suas atividades.
Dois anos após o início do projeto, veio a primeira conquista, o título da quarta divisão paulista, que foi o início de uma jornada que teve o seu ápice em 2014, com o vice estadual da Série A2 e o inédito acesso à elite, chegando a participar da série D do Campeonato Brasileiro .
Em março de 2019, a Red Bull fechou parceria com o Bragantino e passou a estampar pela primeira vez os dois touros na Série B do Brasileiro.
Em sua primeira aparição como Red Bull Bragantino, foi campeão da Série B e voltou à elite nacional após 22 anos. Em 2021, a equipe chegou à final da Copa Sul-Americana e em 2022, disputou pela primeira vez a fase de grupos da Libertadores da América.
No entanto, antes da chegada da empresa, o “Braga” possuía história e tradição no futebol paulista e brasileiro.
Fundado em 1928, o clube já havia conquistado a segunda divisão nacional em 1989, além do estadual do ano seguinte.
O Massa Bruta foi apenas o último investimento da gigante austríaca, sendo que a Red Bull ingressou no mundo do futebol em seu país-sede.
RED BULL SALZBURG
Para falar sobre o Red Bull Salzburg, é preciso voltar algumas décadas.
O time que deu origem aos Bullen - Touros, em português - é o SV Austria Salzburg, fundado em 1933.
Antes de virar Red Bull Salzburg, em 2005, o clube ganhou outros três batismos. Atualmente é o terceiro maior vencedor da liga austríaca, com
16 títulos, mas desde 2014 nenhum outro time lhe tira o posto de campeão nacional.
A equipe disputa com frequência torneios continentais sem, no entanto, conseguir o destaque e domínio que possui nas competições domésticas.
NEW YORK RED BULLS
O segundo clube mais antigo dos Touros é o New York Red Bulls.
A história da equipe estadunidense começa em 1994 com a fundação do MetroStars, um dos pioneiros da Major League Soccer.
Em seu início, a equipe reunia jogadores-símbolo do Mundial dos EUA, como os americanos Tony Meola, Alexi Lalas, Tab Ramos, além do brasileiro Branco. Em 1997, chegou a ser treinado brevemente por Carlos Alberto Parreira.
A história do clube mudou quando em 2006, quando os dois touros desembarcaram em Nova York, período em que o francês Djorkaeff era o craque do time e MVP da liga.
Em 2010, o clube ganhou o destaque da mídia esportiva quando tirou o atacante Thierry Henry do Barcelona, naquela que foi sua contratação mais bombástica.
Em termos competitivos, o clube ainda chegou a grandes conquistas, sendo que o melhor resultado da equipe na MLS foi um vice-campeonato em 2008.
RB LEIPZIG
Foi no futebol alemão que a empresa obteve seus maiores feitos esportivos, conduzindo uma equipe da quinta divisão à elite nacional em um período de sete anos.
A escalada rumo ao topo começou em 2009, quando o SSV Markranstädt, fundado em 1990, virou Red Bull Leipzig após a empresa adquirir a licença da equipe da Saxônia.
Foram dois títulos, da quinta e da quarta divisões alemã, num intervalo de três temporadas. Em 2014, acesso da terceira para a segunda.
A última escalada, a cereja do bolo veio em 2015/2016, com o vice-campeonato da Bundesliga II e a promoção à elite.
Logo em sua temporada debutando na elite do futebol alemão, o RBL beliscou o vice-campeonato da primeira divisão e, assim, se classificou para a Liga dos Campões.
Atualmente, já estabelecido na Bundesliga, o Leipzig constantemente disputa a Champions League.
Na temporada 2021/2022, a equipe conquistou o seu primeiro título na elite, a Copa da Alemanha.
Com esses exemplos, é inegável que, com conhecimento de mercado, equipe capacitada e uma boa fonte de investimentos, o conceito de clube-empresa pode ser um conceito que trará bons frutos ao futebol brasileiro, fortalecendo e aumentando o nível técnico das ligas locais.
No entanto, não se pode dar as costas e esquecer que, antes da chegada de novos investidores, as equipes já possuem sua história, glórias e tradição.
Diário da Cuesta
Vinícius Alves